About Sirius Black

Durante - 6º


THE IMPOSSIBLE COUPLE

CASA DOS MCKINNON

QUARTO DA MARLENE

Vestir-te o terno,

Tecer-te o tempo.
Proteger-te do relento
Como sempre fez.

Sorrir-te a prosa,

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Caçar-te em poesia,

Como quando sorria,

E alegria era coisa nossa.

Tecer-te o eterno,

Vestir-te o vento.
Carregar-te nos braços

Reconstruir abraços
Soprar carinho aos pedaços

De mansinho.

E lembrar.
De
va
ga
ri
nho



– Esse é seu quarto? – perguntei, maravilhado. As paredes brancas com bolinhas cor-de-rosa faziam o quarto de Marlene ficar feminino entre tantos pôsteres de bandas e seu time de Quadribol. A sua escrivania tinha bonecos de desenho e muitas canetas. Uma parede de seu quarto tinha uma longa estante até o teto repleta de livros e eu fiquei apavorado com a ideia de Marlene já ter lido todos eles. Um quadro na parede perto de sua cama com edredom de arco-íris e unicórnios tinha uma foto de Evans fazendo uma careta atrás da outra.

Depois tinha uma onde Dorcas estava rindo ao lado de Emmeline, que fazia uma cara sexy para a câmera. Lily era a mais descontraída, fazendo o símbolo do rock com as duas mãos ao lado de Marlene que sorria timidamente, elas estavam no quarto ano. Entre tantas fotos dela e seu irmãozinho Kevin e sua família, tinha uma foto minha, no terceiro ano, onde eu sorria para Marlene, de braços cruzados, esparramado no gasto sofá da sala comunal. Acabei rindo, lembrando-me do passado, quando estávamos começando a ser amigos.

– Você chorou no enterro da sua tia? – perguntou Marlene, balançando-se feito uma menininha sapeca. Maneei a cabeça negativamente. – Você não estava triste?

– Na casa dos Black não interessa se está triste ou não.

– Se eu morrer, você vai chorar?

– Bem, vamos esperar que eu nunca descubra isso. – ela sorriu docilmente, olhando-me.

– Eu não estou bêbada, só tomei um copo de uísque de fogo pra tomar coragem. – ela respirou fundo e aproximou-se de mim. – Eu recolhi coragem por anos. Está na hora de eu dizer, ok? E você precisa calar a boca e escutar.

Marlene respirou fundo antes de começar.

– Eu amo você. Minha nossa! Amo você. Isso mesmo. Amo você! E tenho tentado não expressar. Dei duro para esmagar isso dentro de mim e ignorar. Régulo é um cara legal, ele é lindo, mais novo que você, não beijou toda Hogwarts e não é um babaca, ele gostava de mim e era muito, mas muito gentil. Ele gostava de mim. Mas nunca iria funcionar porque eu amo você. Eu amo tanto você. E você está em mim. É como uma doença. Eu estou infectada por Sirius Black! E não consigo pensar em ninguém, nem em nada. Não consigo dormir. Não consigo respirar. Nem comer. Eu amo você. Amo você o tempo todo. Cada minuto de cada dia. Eu amo você. É tão bom dizer isso! Estou me sentindo muito melhor. Eu… eu amo você. Entendeu? Eu amo tanto você, tanto, tanto, tanto que eu posso explodir e a causa que vai no meu túmulo é: “Explodiu de tanto amar Sirius Black!”. Eu não quero explodir, eu preciso colocar isso para fora. Então está dito.

GRAVITY - COLDPLAY

Eu nem sabia o que dizer. Mas eu não queria dizer nada.

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O pessoal lá embaixo estava fazendo contagem regressiva para meia-noite como se estivéssemos no ano novo. Marlene passou suas mãos delicadamente por meu peito até meus ombros, cruzando os braços em minha nuca, aproximando seu rosto delicadamente do meu e eu nunca estive tão tranquilo.

Um... Dois... Três...

– Está na minha frente. Mova-se. – mandou Marlene McKinnon, muito mal educada para uma pirralha de onze anos.

– Peça com educação.

– O quê?

– Peça com educação. – repeti. Ela cruzou os braços, debochada. Era uma garota muito bonita com os olhos verdes e as sardas, mas seus cachos pareciam que nunca tinham visto um pente na vida. Ela aproximou-se, rápida como uma gata.

– Eu não vou tratar com educação quem não merece. Então saia da minha frente! – e empurrou-me com força ao passar. Garota insuportável, pirralha asquerosa!

Quatro... Cinco... Seis...

– Marlene, me desculpe por tudo que fiz quando nos conhecemos. – ela olhou-me surpresa. Estava no auge dos seus treze anos e já tinha me derrotado pela quarta vez no xadrez bruxo, tanto que eu já estava até arregando. E então maneou a cabeça negativamente com um sorrisinho vitorioso. Estava diferente da garota do primeiro ano, agora com o rosto marcado pela varíola.

– Bem, você me deve desculpas mesmo. Apesar de eu já saber.

– Saber o que?

– Que você era um babaca.

Sete... Oito... Nove...

As garotas são más com os garotos que gostam.

Pobre James que o diga, um escravo de Lily Evans. Jurei a mim mesmo que jamais me envergonharia da maneira que James se envergonhava por aquela garota.

– Você quer ter filhos um dia? – perguntou Marlene, pintando as unhas de azul. Ela gostava de pintar e tirar o esmalte na semana seguinte, como se fossem pequenos flocos. Tinha acabado de fazer quinze anos e os garotos estavam começando a nota-la.

– Nem que me obriguem. Não vou casar, vou estar muito ocupado sendo rebelde. – balancei meu coturno, sorrindo para ela, que girou os olhos.

– E quando estiver velho, quem vai cuidar de você?

– Uai, você. – Marlene arregalou os olhos.

– Vai se casar comigo? – gargalhei.

– Claro que não. Você vai cuidar de mim quando eu começar a ficar gagá. – Marlene fez uma careta e continuou pintando as unhas.

– Você acha mesmo que vou deixar meu marido e meus netinhos em casa pra ir cuidar de um velho chato e nojento?

– Eu não vou ser chato e nojento!

– Aliás, acha mesmo que meu marido vai me deixar ficar cuidando de um rebelde sem causa?

– Cadê a Marlene feminista que eu conheço? Ela não vai precisa da aprovação do marido!

– Arranje uma esposa Sirius, é sério. – ela terminou de pintar as unhas e fechou o esmalte, colocando de volta na bolsa. – Pois eu não vou cuidar de você.

– Ok, então case comigo. – Marlene riu, olhando-me com descaso. – Não tem graça, é sério!

– Não vou casar com você.

– Por que não? Daríamos um ótimo casal. Eu te dou os filhos que tanto quer, mas não vou cuidar deles, nem tenha esperança! – avisei. Marlene olhou-me, tímida.

– Casaria mesmo comigo? – perguntou ela, baixinho. Beleza era uma dádiva imensa e imerecida, distribuída aleatoriamente e estupidamente. Marlene era a pessoa mais linda da humanidade, mas seu rosto marcado contrariava sua beleza. Poderia eu me casar com ela um dia?

– Não.

Dez!

Eu podia muito bem descrever como foi meu beijo com Marlene, mas era impossível colocar em palavras tudo que eu senti em menos de um minuto.

A sensação de estar fazendo algo certo pairava em minha mente quando eu suguei a língua de Marlene, com uma vontade incontrolável de costurá-la em mim. Eu estava submisso a Marlene. Era simplesmente oficial. Eu amava seu sorriso, seu cabelo, seus pulsos, e simplesmente surtava de paixão quando ela colocava os cachos atrás da orelha, amo como ela ri estranho e quando ela fica tímida.

E eu me lembro quando eu a conheci, era tão clara e única. Primeiro nos odiamos, então nos gostamos, em seguida nos apaixonamos. Ela era carismática, magnética, elétrica e todo mundo sabia disso. Era a melhor batedora da Grifinória, foi líder do Clube de Duelos e a primeira aluna em Feitiços. Ela chorava quando algum animal morria, socava garotos que mexiam com ela e ria de piadas idiotas. Era forte, guerreira e corajosa. Nobre e doce. Incrivelmente e calculadamente planejada e feita para mim.

Essa era minha Marlene McKinnon.

Quando o ar faltou, nos desgrudamos. Marlene respirou fundo e olhou-me, com um sorriso vitorioso. Eu preparei-me para dizer isso a ela, mas um barulho estranho atrás de nós fez com que nos virássemos para a porta.

James, tira a mão da minha perna! – um sussurro raivoso atravessou a fresta da porta. Alguns risinhos atravessaram.

Desculpe Lily, é a posição.

Calem a boca, eles vão ouvir! – estrilou Remo.

– Será que eles vão transar? Não sei se quero ver Sirius pelado. – sussurrou Dorcas. Mas que é isso? Marlene apontou a varinha para a porta, fazendo ela abrir. Então um bolo de pessoas coloridas caiu no chão em um baque. Lily estava em cima de Pedro, e em cima dela estava James, aproveitando a situação. Ao lado deles, Dorcas, Remo, Alice e Frank tentavam se levantar.

– O que estão fazendo? – quis saber Marlene.

– Pensamos... Pensamos que era... A... A cozinha. – disse Dorcas, levantando-se. – É, isso.

– Finalmente vocês se pegaram, caramba! – riu Lily. – Eu pensei que morreria mas não veria esse momento!

Todos riram, até eu, mas Marlene estava envergonhada demais para poder rir. Quando a música lá embaixo trocou para Cherry Bomb de The Runaways, estávamos todos reunidos ao redor do malão de Marlene.

– Caras. – começou Remo – Esse não é o malão do Pedro, mas está ótimo.

– Ok... Eu nunca reparei que minhas mãos eram tão grandes. – disse Dorcas, fitando as mãos. – Parecem luvas de boxe. – ela riu durante um minuto inteiro. – Um, dois três, quatro...

– Pontas, é vergonhoso, mas eu uso aquele suéter que sua mãe tricotou para mim quando vou dormir. É bem quentinho. – admiti, com Marlene sentada no meu colo, quase dormindo no meu ombro. James gargalhou.

– Mamãe tricotou Almofadinhas bem na frente, parece um ursinho. – riu James. – Sabe o que eu lembrei? No aniversário do Sirius quando a Marlene fez aquele piñata que cai doces, aí o Rabicho disse “Bate no burro, Almofadinhas” e o Sirius bateu nele. Foi tão engraçado.

– Não acredito que vocês fumam isso. – disse Evans. – Isso dá câncer, demência e milhares de outras coisas. Até você, Remo?

– Lily, dá um trago. – disse Dorcas. – Ah não, eu perdi minha conta de novo! Um... Dois... Três... Por que será que temos sobrancelhas? E porque elas não crescem?

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– Não, quero ter pulmões aos trinta anos. – disse ela.

– Eu sempre soube que vocês iam ficar juntos. Tipo que nem na Bela e a Fera mesmo. – disse Pedro, finalizando o baseado. – Lembra de quando o Sirius chamou a Marlene de pedreira no primeiro ano, quando ela pisou no pé dele?

– Querem um conselho? A base de um relacionamento se formam em três palavras: Eu não sei. São sábias palavras. Onde está indo? Não sei. Quem é essa? Não sei. No que está pensando? Não sei. – expliquei, verificando se Marlene estava prestando atenção na conversa. E estava. Ela olhou-me de canto de olhou, ainda com os braços ao redor do meu pescoço.

– Por que vocês são amigos desse babaca? – perguntou Lily, olhando-me como se eu fosse um idiota.

– Não sei. – sorriu Remo, fazendo todos gargalharem.

– Então era isso que vocês ficavam fazendo no dormitório? Fala sério. – riu Evans. – Meu Deus, já imaginou o diretor descobre?

– Eu estive aqui pensando comigo mesmo... Como cabia tudo aquilo na garrafa da Jane a Gênia? – perguntou James, pensativo. – Cara, é muita coisa.

– Deve ter um feitiço que diminui. – pensou Marlene. – Deve ser isso.

– Vocês são Sandy e Danny. – sorriu Lily, estralando os dedos com a música que tocava alto no andar debaixo. – You are the one I want! Uh, uh, uh!

– Então você e eu somos Johnny e Baby. – sorriu James para Lily. – Dirty Dancing, perfeitos um para o outro.

– Aham, com certeza. – debochou Lily, risonha. O resto da noite foi incrível. Grande parte foi embora poucos minutos depois da meia-noite, mas eu fiquei e dormi lá. Ajudei-a a limpar a casa e arrumar seus discos. Conversamos normalmente como se o beijo e a declaração não tivessem passado de um sonho que nunca aconteceu. Marlene arrumou um colchão ao lado de sua cama e fez questão de colocar todos os lençóis cor-de-rosa que ela tinha. Lá estava eu, deitado entre milhões de ursinhos e um edredom de corações, olhando um álbum de foto de Marlene.

– Quem é essa menina feia vestida de princesa? – perguntei, sorrindo para a linda garotinha de olhos verdes e cachos bagunçados, de sete anos no máximo.

– Sou eu. – riu ela em sua cama. Ela tinha diversas fotos com seu irmãozinho Kevin, tantas posso dizer que ela era a mãe dele.

– Esse Kevin deve ter paciência pra aturar você. – comentei.

– Ele me chama de mamãe. – disse ela, orgulhosa. – Apesar de ficar a maior parte do ano em Hogwarts, sou eu quem mais cuido dele. Aliás, minha mãe está grávida de novo.

– Ah, mais filhos pra você. – brinquei, ouvindo o riso dela.

– É... Mais bebês. Não vejo a hora de ter o meu.

– Não entendo essa obsessão das garotas por bebês. Eles são bonitinhos, mas são muito nojentos e birrentos.

– Sirius, birra não é problema pra mim até porque eu lido com você. E segundo porque... Você não quer pegar no colo um bebezinho que tem o rostinho da sua esposa, mas tem seus olhos e a cor do seu cabelo? Que depois de um tempo vai começar a te chamar de papai, que vai carregar seu sobrenome e tudo mais? – suspirou Marlene, como se estivesse viajando em pensamentos. – Eu sei que é ridículo, mas é isso que eu quero. Um monte de filhos e netinhos perto de mim.

– Vai viver pra isso? Pra cuidar de seus bebês? – perguntei, não vendo sentido.

– Também.

– Marlene, o que você vai fazer depois de Hogwarts?

– Vou ser Curandeira. E você?

– Auror, é claro. – sorri para o teto, fechando o álbum de fotos. – Vou ser um grande auror.

– Eu sei que vai. – disse ela, baixinho. Olhei para a cama e fitei o rosto vago de Marlene. Brinquei com seus cachos pendendo para fora da cama. – Ei, psiu.

Ela olhou-me, reprimindo um sorrisinho.

– Você é linda. – Ela sorriu. – Você é a garota mais linda que eu conheço. A mais inteligente, a mais gentil, corajosa... Você é linda.

Ela assentiu, reprimindo a cara de choro. Quando Marlene fechou os olhos e lágrimas correram por seu rosto, então ela levantou-se de sua cama e deitou-se no colchão, abraçando-me fortemente com o rosto enterrado em meu pescoço. Beijei o topo de sua cabeça e acariciei seu braço enquanto Marlene chorava. Essa garota morria todo santo dia e renascia como uma fênix. Ter uma doença mortal e sobreviver a ela em todos os sentidos da palavra. As pessoas sempre diziam que era um caso perdido, que não havia solução. Não... Não, ninguém lembrava que ela era a solução. Quase um milagre. Eu sentia um misto de orgulho e admiração por conhecer, gostar, ter alguém como Marlene ao meu lado. Era angustiante ver tanto em alguém que não via nada em si mesmo. Trabalhadora, ela era a cabeça do grupo. Acolhedora, era a mãe de todos. Mulher, não tinha um homem que não se encantasse por seu sorriso. Guerreira, a mulher mais corajosa que já conheci. Ela tentou sorrir entre lágrimas e eu quis dizer o que eu sentia. Como eu poderia dizer a ela que morreria por ela se fosse necessário? Que rodaria o mundo, compraria Gringotes, mataria, roubaria... Como posso resumir isso em palavras?

– Obrigada por me escolher. – soluçou ela. Então eu engoli as milhões de palavras que eu deveria dizer a ela naquele momento, eu disse apenas uma, que resumia tudo o que eu sempre guardei no lugar mais obscuro de minha mente.

– Eu sempre escolhi você. – respondi.