Quantos minutos se passaram até que eu voltasse a falar? Minutos? Para mim se pareceu uma eternidade. Arthur falou alguma coisa do tipo "Meu Deus" e correu para socorre-lo, mas ele estava morto. Peeta chegou depois, com alguns "policiais" mas não havia jeito, ele estava morto mesmo. Cat deu um gritinho e Josh arregalou os olhos. Eu, saí correndo com muito esforço. Saí correndo para onde? Tinha perdido a noção de direção. Me ocorreu apenas uma coisa: Mary. As casas da Aldeia dos Vitoriosos ainda estavam girando, mas eu consegui distinguir a casa rodeada de rosas. Argh! Aquilo só piorou a minha situação. Gritei por Rose, quase arrombei a porta, mas quem me atendeu não foi Mary. Foi Rose. Aff.

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–Olá Katniss, você está bem? - Mesmo com alguém praticamente louca e berrando como eu

como eu, ela não perdia a calma.

– Eu... Eu matei o Dr. Aurelius... Matei... Dr. Aurelius... Morto... Ele está... Eu... Mais um.... Eu matei. - Eu gritava. Fui pronunciar mais alguma coisa, só que senti aquela sensação novamente. Morfináceo. A última coisa que vi antes de desmaiar foi Mary descendo as escadas com uma expressão assustada.


Eu não sabia que podiam se ter pesadelos com morfináceos. Eu via a mesma flecha que matou o Dr. voltando e me matando, vi Arthur com seus cabelos ruivos se transformando em fogo e depois me queimando. O pior de ter pesadelos quando se usa morfináceo é que você não consegue acordar. Durante dois dias eu fiquei vendo coisas horríveis e quando acordei, eu estava sem voz. Mas não foi isso que me surpreendeu. O que surpreendeu, é que eu estava numa cela.


– Peeta! - Tentei gritar, mas não tinha voz alguma. Minha cabeça doía. Tentava me esforçar para lembrar o motivo do qual eu estava lá, quando Arthur, Peeta e Gale apareceram.


– Katniss! - Peeta falou com um olhar de pena.

–Peeta! Por que eu estou aqui? - Eu tentava gritar. Eles me acalmaram, me tiraram da cela, me levaram pra casa e só depois me explicaram:

– Você matou o Dr. Aurelius, Katniss. - Disse Arthur diretamente.

– Ah, sim - Disse eu, relembrando de tudo e passando a mão na minha cabeça. Acho que eu bati a cabeça em algum lugar.

– Katniss, você está bem? - Perguntou Peeta, me abraçando. Antes que eu pudesse responder, ele retornou a falar. - Não foi culpa sua, não precisa se preocupar.

– Ninguém poderia prever aquilo - Complementou Arthur.

– E o Dr. também já estava com a pé na cova - Soltou Gale. Todos olharam para ele. De qualquer forma, não sei como, aquilo me fez dar risada. - O que foi? Não estava mesmo? - Terminou ele. De qualquer forma, o Dr. Aurelius já estava bem cansado, e as vezes eu podia reparar aquilo. Mas aquilo não era desculpa para matar ele. Matar ele? EU acho que a minha ficha ainda não havia caído. Eu tinha matado ele e não estava tendo nenhuma reação contra isso. Será que aquilo já tinha se tornado uma coisa natural para mim a ponto de eu não me importar tanto? Credo. Credo. Que coisa horrível. Nós mandamos seu corpo para a Capital, mas antes que ele fosse embora pra sempre, eu comecei a cantar:


Bem no fundo da campina, embaixo do salgueiro

Um leito da grama, um macio e verde travesseiro

Deite a cabeça e feche esses olhos cansados
E quando eles se abrirem, o sol estará alto nos prados
Aqui é seguro, aqui é um abrigo
Aqui as margaridas lhe protegem de todo o perigo

Aqui seus sonhos são doces e amanhã serão lei ...

... Tentei continuar, mas algumas lágrimas escorriam do meu rosto. A ficha estava caindo. E caiu mais ainda quando ele apareceu nos meus pesadelos. " Katniss... Cui... Cuida... Cuid...". Era isso que ele ficava pronunciando ou pelo menos tentando pronunciar. "Cuidado", pensei. Cuidado? Eu pensei que depois de ter derrubado a Capital, eu ficaria em paz...

... mas como quando eu pensei que estivesse salva depois do Jogos Vorazes, eu não fazia ideia do que estava por acontecer.