Paradise On Hell

Viagem; - Parte 1


ELENA'S P.O.V.

(Dia da viagem)

- Caroline, pra que TANTA COISA MINHA FILHA? Tu vai se mudar pro Caribe e eu não to sabendo? - Perguntei.

A garota tava com duas malas rosas, muito rosas, cheia de roupas, e agora tava arrumando mais uma pequena maleta! Cara.. Eu tinha jogado minhas roupas de qualquer jeito na minha mala, que era metade do tamanho da dela, e já tava satisfeita. Caroline era muito exagerada.. Até Rebekah, que era outra loirinha fresca, não tava exagerando tanto. Tudo bem que a mala dela era gigante.. Mas a da Carol também era, e ela tava com duas.

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- Uma garota nunca sabe do que vai precisar. - Falou, orgulhosa. - e você vai levar só isso?

- Ta achando pouco?

- Ta lembrando que vamos encontrar pape.. Digo, seu pai e minha mãe depois de lá né? - Ela me olhou, apertando os olhos.

- Sei.. E eu não vou em nenhum desfile de moda depois disso! Sem contar que se faltar algo, eu peço dinheiro pro papai e compro! - Falei.

Eu parecia aquelas adolescentes que não trabalham, não estudam, e vivem pra gastar o dinheiro da família. Talvez eu fosse ser assim, num futuro distante, ou talvez próximo. Quem sabe!?

A coordenadora de atividades bateu em nossa porta, nos apressando, já que deveríamos pegar o ônibus em meia hora. Essa era a pior parte da viagem: viajar. Tínhamos que ir de "busão" até a cidade vizinha, e lá, longe dessa roça, pegaríamos um avião. E o tempo de viagem era muuuuuito demorado.

Nessas horas eu pensava em ser tipo aquele cara do X-Man, que pode ir pra qualquer lugar em um segundo. "Nossa Elena, como você é madura".

Bonnie foi a primeira, depois de mim, de acabar de arrumar as coisas. Nós duas saímos do quarto, e deixamos as outras pra trás.. Elas ainda não tinham acabado, e já tinham com quem sentar no ônibus. Eu estava sozinha. E não queria sentar perto do Tom, porque ele fedia, nem perto da garota a qual eu não sabia o nome, mas ela era meio nojenta, o rosto cheio de espinhas e o cabelo ensebado. Então, não poderia ficar pra trás.

Depois de uns minutos nós finalmente chegamos no lugar que dois enormes ônibus de dois andares estava nos esperando.

- Oi Chuck, oi amiga da Chuck. - Tyler chegou, com um boné na cabeça e com a cara super animada.

Espera.. Do que ele me chamou?

- Quem é Chuck? - Perguntei, o fuzilando com o olhar.

- Um boneco assassino do filme que eu assisti ontem, ele parece com você Elena. - Ele sorriu largo.

- Engraçado, sabe? Eu tava assistindo Shrek ontem, e o Burro parece muito com você! - Falei, e o sorriso dele sumiu no mesmo segundo. Bonnie deu uma risadinha do meu lado.

Ele ia se preparar pra me responder, quando o cabeçudo metido chegou, passando o braço em volta do ombro do amigo, e segurando uma mala no outro braço.

- E AI GENTEEEE. - Começou animado, e eu revirei os olhos. - Uau, quanta animação! - Provocou.

Damon usava um boné também, com a aba pra trás. E.. Droga, ele ficava muito bonito com aquela porcaria. Sem contar que ele estava usando uma barba rala.. FOCO!

- Pra que essa caixa? - Bonnie perguntou.

Eu estava tão distraída com, bem, vocês sabem, que nem percebi que tinha uma caixa no chão, em frente aos pés dos dois idiotas.

- Comida, dã, você acha que vai ter comida no onibus? - Tyler respondeu.

- Mas vocês vão comer isso tudo? Que espécie de animais vocês são? - Perguntei, zombando. A caixa era enorme, e deveria estar cheia de porcaria.

- Olha, Chuck, só não vai envenenar a comida com todo esse olho gordo ok?

- Chuck? Gostei do apelido. - Damon falou, e Tyler sorriu orgulhoso.

Massageei as têmporas pra tentar reprimir a vontade de dar um soco na cara desses dois. Sorte que eu estava extremamente feliz de que ia sair da chuva para o sol em poucos minutos. E o frio que estava fazendo era insuportável.. O choque térmico quando chegarmos no Caribe vai ser gigante.

- Droga! - Bonnie murmurou enquanto lia alguma coisa no celular.

- Que foi? - Perguntei.

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- Jeremy não vem! - Ela falou com o olhar triste.

- Que ótimo, quero dizer.. Ruim pra você, mas o bom é que eu vou poder sentar contigo, sem ter o risco de ficar ao lado de alguém indesejável. - Lancei um olhar pro Damon, e ele me respondeu com um sorriso de deboche.

Depois de um tempo esperando Caroline, Klaus, Stefan e Rebekah, nós finalmente estávamos dentro do gigante ônibus, que pouco a pouco foi enchendo. Eu e Bonnie sentamos bem atrás, e depois de minutos de discussão, ela ficou com a janela. Mas o pior mesmo foi que Damon e Tyler se sentaram bem atrás de nós, na tentativa vitoriosa de me irritar.

Essa seria uma longa viagem...

Depois de pouco tempo o ônibus começou a andar, fazendo com que a ansiedade de todo mundo só aumentasse. Praticamente metade da escola iria, e estavam todos muito animados. Essa seria a primeira e unica viagem do ano, era algo pra se comemorar vindo de um lugar como esse. Todos estavam felizes, menos Caroline que tava tendo que lidar com Tyler jogando salgadinhos de queijo no seu cabelo, e Klaus ficando irritado ao seu lado. E nessas horas eu dava graças a Deus de não ter um namorado e...

- PORRA DAMON, QUER PERDER A PERNA?? - Gritei, ignorando o "calma amiga" que Bonnie havia falado.

Damon tava chutando minha cadeira, fazendo com que a cadeira se mechesse, e pegando de leve na minha coluna. Eu sabia que ele sentar atrás de mim seria problema.

- Mas o que eu fiz? - Perguntou, fingindo ser inocente.

Fiquei de joelho no banco, e o encarei. Ele abriu um sorriso de orelha a orelha, e eu mostrei o dedo do meio.

- Insuportável. - Murmurei, e em seguida dei um tapa na cabeça dele.

- Olha quem fala, né!?

- Não me provoca, eu to quieta no meu canto. Depois você apanha, e não sabe o porque! - Ameacei.

- Uh, agora é minha mãe por acaso?

- Não, mas.. esclarece uma coisinha: quanto tempo sua mãe levou pra te chocar? - Dei um sorriso falso, e Bonnie deu uma risadinha baixa do meu lado.

- ELENA GILBERT, SENTE-SE DIREITO NA CADEIRA! - A gorda da coordenadora de atividades, a qual eu não fazia ideia do nome, começou a berrar.

Bufei e voltei a minha posição inicial. Pude ouvir Tyler sussurrando "Chuck e sua tpm eterna" mas preferi ignorar.

Um dos caras da minha sala passou mal, e roubaram a cueca dele quando ele foi pro banheiro. Como fizeram isso? Não faço a menor ideia, mas foi bem engraçado ver o cara gritando, e as coordenadoras nervosas. Foi a parte mais divertida daquela viagem chata. Com o insuportável fazendo de tudo pra me tirar do sério no banco de trás, os gritinhos da Caroline pro Tyler, Stefan e Rebekah discutindo no banco da frente, Bonnie fazendo ioga, e eu tentando ouvir musica. Sem contar o transito.. Eu não via a hora de chegar no aéroporto mesmo. Pelo menos no avião tinha comida, tipo amendoim, aqui nem isso tinha.

- Você trouxe alguma coisa pra comer? - me virei pra Bonnie, interrompendo sua meditação.

- Eu tava meio ocupada! - Me olhou brava.

- Buda vai te perdoar. - Dei um sorrisinho.

- Não tenho nada, também to com fome, e parece que não vao dar nem chips vagabundo pra gente comer aqui!

Damon e Tyler não pararam de mastigar nem um segundo.. Eram pra ser duas baleias, mas acho que a comida do Damon ia pra cabeça, e a do Tyler ia pro pé. Pro cerebro que é bom, não ajudava em muita coisa. Fiquei de joelho no meu lugar, me virando pra encarar os obesos atrás de mim.

- Não querem dividir não? - Perguntei. Eu tava morrendo de fome, e não tinha pegado comida.

- Qualé Chuck, tu tava zoando a nossa comida pouco tempo atrás! - Tyler falou, praticamente cuspindo o biscoito recheado todo.

- Primeiro, não fala de boca cheia comigo! Segundo, POR FAVOR!!!! - Aquele cheiro de doce e mais um monte de porcaria tava me dando água na boca.

- Eu te dou esse pote de chocolate, que tá uma delicia aliás.. Se eu ganhar uma coisa em troca! - Damon falou, com um olhar cheio de segundas intenções.

O encarei, apertando os olhos, meio que querendo dizer "Olha lá, em". Mas como resposta, tive um risinho filho da puta vindo dele.

- Tá, o que é? - Perguntei, revirando os olhos.

- Um beijo! Beijão. - Ele piscou.

- Não! - Falei de uma vez.

- Qualé, vai ficar agindo como criança agora? Eu posso te beijar a hora que eu quiser, na minha mente principalmente.

- Pode nada. - Falei.

Odiava quando ele ficava provocando daquele jeito. Deus, porque eu me envolvi com uma pessoa assim?

Estremeci por dentro com a palavra "envolver". Soava forte demais. Eu não tava envolvida com ele... era uma coisa muito mais fisica do que emocional, eu acho. Espero.

Sem que eu pudesse impedir, Damon me roubou um selinho. E quando eu ruborizei, ele me olhou satisfeito.

- Tá, eu te beijo. Mas pra isso o Tyler vai ter que trocar de lugar comigo! - Falei.

Eu não ia perder nada, já tinha beijado ele muitas vezes. E, eu ia ganhar chocolate né.. Nossa, eu tava parecendo aquelas gordas que não podem sentir cheiro de comida que viram umas selvagens. Mas nesse momento, meu estomago me venceu pela fome.

Depois de umas insistências, vindas somente da parte de Damon, conseguimos tirar o jegue do lugar. Digo, Tyler. Me sentei do lado do Damon, e o encarei, balançando a cabeça.

- Pra que eu preciso de te beijar? Faz parte de ser um bom menino, dividir as coisas com os amigos!

- Você não é minha amiga! - Ele falou, com um sorriso torto. - Não tem como eu ter uma amizade com você. Amigos não querem pegar amigos!

- Ta falando como se eu fosse um objeto. - Disse, cruzando a mão no peito, fingindo estar ofendida.

- Você me trata feito um objeto, então estamos quites.

Ele até que tinha alguma razão, mas mesmo assim.

- Vamo fazer um trato. - Propus. - Eu te beijo, mas depois. Porque eu vou querer comer porcaria, e você comeu salgadinho de cebola. Isso vai ser meio nojento!

- Você tem um pouco de razão. - Ele disse, enquanto pegava o celular no bolso da bermuda. - Mas.. Grava aqui a sua promessa de que vai me beijar.

Damon ligou o gravador do aparelho, e colocou perto da minha boca. Respirei fundo, tentando me manter calma. Porque aquilo tudo já tava me irritando. Por fim, comecei a falar..

- Eu, Elena, prometo que assim que chegarmos no hotel, estivermos limpos e com o hálito agradável, vou te beijar, cabeção. - Falei, quase mau-humorada, pro celular.

A verdade era, que bem la no fundo, nas profundezas mesmo, do meu coração, eu queria muito beija-lo. E eu não sabia explicar o que era isso, porque bem, vejamos: lindo ele é, charmoso, tem os olhos perfeitos, mas tem a mente de uma criança de 6 anos. Eu devo gostar de encrencas afinal. Parece até exagero falando assim, mas Damon Salvatore é exatamente aquele tipinho que só pega por pegar. Mas comigo eu sinto que ele é diferente, e é exatamente por isso que eu tenho medo. Todas as vezes que eu me permiti sentir algo, eu me dei mal.

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Finalmente ele me deu um pacote de salgadinho e outro pra Bonnie, mas ao contrario do que eu deveria fazer, eu não troquei de lugar com o Tyler de novo. Fiquei ali, do lado dele. Não que isso significasse alguma coisa.

Quando chegamos no aeroporto, finalmente pela graça divina, os alunos se dividiram em três partes: alguns foram comprar comida, outros foram comprar coisinhas em algumas lojinhas de conveniência, e outros (aka eu) ficaram praticamente deitados nas cadeiras, esperando a hora do voo. O que não demorou muito pra acontecer, já que tínhamos chegado no aeroporto faltando 20 minutos.

A viagem agora seria bem mais longa, mas eu sempre achei menos cansativo viajar de avião do que de carro/ônibus. Tirando a parte de que eu fiz confusão com os números dos assentos e acabei do lado do Tyler, o resto tava tudo ótimo.

- Precisa mesmo desse travesseiro? - Olhei para a anta do meu lado.

Tyler praticamente tava fazendo seu assento de cama.

- Precisa. - Falou simplesmente.

Acho que ele tava cansado demais pra discutir qualquer coisa, já que tava com aquela tipica cara de cansado, representando que não havia dormido a noite passada. Mas assim que ele virou a cabeça de lado, o boné se levantou um pouco e eu pude perceber um "buraco" na cabeça dele. Mordi o lábio pra não rir muito alto.

- Que cratera é essa na sua cabeça? - Perguntei, ainda segurando a risada. Eu devia estar roxa.

- Ah. - Ele arrumou o boné na cabeça de novo, e se virou pra mim. - Não tem cratera nenhuma, você ta alucinando.

- Claro né, até porque eu uso muitas drogas. - Falei.

Ele tava mesmo querendo me fazer acreditar que eu não vi o que eu vi? Tinha um pedaço enorme atras da cabeça dele, sem cabelo.

- SÉRIO? - Ele perguntou.

- NÃO, cara, qual é o seu problema?

- Você fala que se droga, e eu que tenho problemas?

Desisti de tentar conversar com ele. Por que era simplesmente impossível. Eu tinha uma teoria, que a mãe dele devia tê-lo deixado cair do berço quando era pequeno, ou deu pra ele comida estragada assim que deixou de mamar. Alguma coisa que afetou o cérebro dele.. Ou aquilo que ele chamava de cérebro. Acabei adormecendo.

Caribe - Bahamas; Isla Caribe Beach (hotel)

- Estudantes, me acompanhem até a recepção do Hotel, para dividirmos o quarto. - A coordenadora ordenou.

O hotel era maravilhoso. Perfeito, na verdade. Eu me senti no paraíso ali, principalmente pelo motivo mais óbvio: sol. Eu não aguentava mais aquela escola, que mais parecia Hogwarts nos seus piores dias, ainda mais com aquela chuva. Pode até parecer exagero, mas pra mim, qualquer casa/prédio feitos de tijolos, parece o cenário perfeito para filmar um filme de terror. Ainda mais com as frequentes chuvas e as trovoadas.

Aqui o calor e a umidade eram tantos, que minhas costas já estavam começando a suar. Mas não era aquele calor de queimar a pele e que faz com que a gente se sinta mal. É um calor de praia, com um vento gostoso.

Me virei pra Bonnie pra poder dividir minha felicidade, quando avistei Caroline de longe e quase gritei de susto.

- Que guaxinim que engoliu a cabeça da Caroline? - Perguntei, não conseguindo segurar o riso.

A loira azeda tava sofrendo com a umidade, seu cabelo estava começando a ficar crespo nas pontas e alto. Acredito eu que daqui a algumas horas, aquilo ali vai parecer uma vassoura.

- Caramba. - Bonnie falou, um pouco alto demais, e começou a rir.

Caroline pareceu ouvir, e veio até nós, com a cara confusa.

- O que houve? - Ela perguntou. - Vocês tão rindo, e Klaus ta agindo estranho desde que chegamos!

Não perdi meu tempo tentando explicar o estrago que ela estava, ao invés disso, procurei um espelho dentro da minha bolsa e assim que o achei, o apontei pra cara dela.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH - A maluca começou a gritar de horror, o que só me fez rir ainda mais. - NÃO É POSSIVEL! DROGA DE UMIDADE.

- Não ta tão ruim assim.. - Bonnie tentou acalmá-la

- TA PÉSSIMO.

- Ta bem ruim mesmo. - Falei, com a bochecha doendo de tanto rir.

- Não piora. - Bonnie sussurrou e me deu um beliscão.

- AI, a culpa não é minha se ela ta parecendo uma vassoura. - Falei, fingindo de brava mas logo caindo na risada de novo.

Caroline parecia que ia infartar a qualquer momento, de tão nervosa. Eu não conseguia parar de rir, tava até ficando sem ar. Como amiga e meia irmã eu sei que eu deveria dar uma força e tal, mas como "eu", só o que eu fiz foi piorar a situação, rindo e soltando piadinhas sem graça.

- Olha, se você fingir um desmaio, não vai dar pra arrumar essa crina. Então, fica calma! - Falei, entre as risadas.

- Calma meu anjo, você está linda. - Klaus chegou, a abraçando por trás.

- Ta vendo, se você tem um namorado que mente tão bem, pra que se preocupar? - Perguntei.

- ELENA!! - Klaus e Bonnie me repreenderam. Fiz cara de inocente.

Eu Caroline e Bonnie ficamos no mesmo quarto, e eu agradeci pela Rebekah ter ficado em quarto diferente. Stefan que me perdoe, mas a namorada dele é um porre de tão chata. E ele ficava chato junto com ela também. Quando a gente namorava (mais ou menos) ele era bem mais legal. Mas, fazer o que, ele gosta da sebosa patricinha, e eu gosto de idiotas cabeçudos. A vida não é justa.

Assim como fazem na escola, aqui dividiram os meninos no andar de baixo, e as meninas no andar de cima. Eles realmente acreditavam que a gente respeitava essa regra. Na verdade, era a mais desrespeitada.. Volta e meia eu via um menino saindo do quarto das meninas da torcida. Tyler principalmente. O impressionante é que ninguém era pego. E aqui vai ser muito pior, não duvido nada que vão encontrar cordas ligando janelas de cima com as de baixo, ou camisinhas em ambos os quartos. Porque de santos, os alunos só tinham a cara. Alguns, nem isso.

DAMON'S P.O.V.

- Ty, não adianta cara, não ta escondendo. - Stefan falou.

Tirei minha revista da cara e olhei pros dois. Tyler estava tentando esconder o buraco atrás da cabeça, com spray de tinta para cabelo.

- Cara, ta só piorando. - Falei, sentando na beira da cama.

- Calem a boca, se não vão ajudar, não atrapalhem. - Ele brigou.

- TYLER, TA HORRIVEL. Usa a porra do boné que vai esconder mais. - Falei.

Tyler se fingiu de surdo, e foi pro banheiro, com cara feia, batendo a porta com tanta força que parecia que ela ia cair. Eu e Stefan nos olhamos e demos de ombro. voltei a deitar na cama e a ler minha revista. De tarde íamos a praia, e mais a noite ia ter um Luau, então eu tinha que estar relaxado. Stefan fez a mesma coisa, mas ao invés de ler revista, ele tava com o notebook no colo. Ignoramos todos os barulhos vindos do banheiro.

Finalmente, minutos depois, Tyler saiu do banheiro. Com o cabelo raspado a maquina 2 em volta.

- MEU DEUS! - Stefan falou. - O que você arrumou ai?

- Gostaram? Foi a saída mais rápida que me veio a cabeça.

Eu até ia rir, mas na verdade achei a ideia bem inteligente. E o cabelo dele nem ficou tão ruim, Stefan que era muito exagerado. Se fosse eu iria ter feito a mesma coisa, só não ia demorar tanto pra pensar nisso.

- Você pensou nisso sozinho? - Perguntei.

- Sim.. Não. Eu vi numa revista que tinha ali dentro. - Ele falou, dando de ombros. Em seguida pegou uma toalha que tava em cima da mala dele.

- Já vai pra praia? O pessoal só vai pra la depois. - Falei.

- Não vou pra praia pra nadar com todo mundo. - Ele falou, e tirou uma pá pequena e vermelha de dentro da bolsa. - Vou cavar um buraco! Estamos no caribe, certo? Aqui já teve piratas.. Piratas significa tesouros escondidos. - Tyler abriu um sorriso e olhou pra cima.

Provavelmente ele estava se imaginando vestindo uma roupa de diamantes, uma coroa.. Eu preferi não explicar pra ele que isso eram apenas historias, e que mesmo se tivesse um tesouro ele não encontraria. Isso levaria a uma discussão, e no final ele sairia sem entender nada mesmo.

Mais tarde um pouco, fui até a lanchonete do hotel pegar alguma coisa pra comer, porque a comida do quarto era simplesmente muito cara. Enquanto caminhava pelos corredores, alguém me chamou. Me virei e não vi ninguém. Até que chamaram de novo, uma voz de mulher. Procurei por Elena, mas infelizmente, quem tinha me chamado era Lexi. Ela me olhou com segundas intenções, eu a conhecia bem pelo olhar. Mas eu sabia que aquilo seria confusão, então simplesmente sorri e sai andando o mais rápido. Mas pude ouvir sua reclamação "além de mal educado, não sabe apreciar as coisas boas da vida". Boa ela era, mas não era o tipo de "boa" que era certa pra mim.

E quem eu achava que era boa e certa pra mim, não ligava pra isso. Nem um pouco. Eu acho que curto ser pisado.. Tudo que é fácil demais, vai embora fácil demais.. Então, eu não ligo que Elena seja difícil. Se um dia ela chegar a ser minha, isso vai ser eterno enquanto durar. E vai durar tempo o suficiente, até que a morte nos separe.

"Droga Damon, para de se iludir. O que você é? Uma garotinha de treze anos?"

Avistei Elena correndo atrás de alguma coisa, em direção a área de trás do hotel. Eu não ia segui-lá, mas me lembrei de uma promessa que ainda estava pendente, o que me fez mudar de ideia. Eu sei que eu não deveria ser assim tão insistente, mas se ela era difícil, eu era fácil demais. Os opostos se atraem, afinal de contas.

- EI. - Gritei, enquanto ia atrás dela.

- Droga! - Ela falou, com uma careta indecifrável.

- Tão ruim assim me ver? - Perguntei

- Não é isso, é só que a pilha do controle do ar acabou de cair dentro daquela piscina, e a gente precisa de ar condicionado pra domar o cabelo indomável. - Elena se lamentou.

- É só pedir outra no hotel. - Falei. - Para de complicar tudo. - Ela me olhou e revirou os olhos.

- A gente paga pela pilha, se Caroline quiser, ela paga. - Deu de ombros. - Mas e você? O que quer?

Ela colocou uma mão na cintura, e me encarou. Eu sabia que ela sabia o que eu queria, mas também sabia que ela ia arrumar uma desculpa pra não ter que pagar a promessa.

- Tu ta me devendo uma coisa.. Sabe?

- Sério que você quer tanto assim um beijo? - Ela riu, e depois me olhou séria. - Não!

- Você também quer!

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- Não!

- É pecado não cumprir as promessas.. - Falei, chegando mais perto.

Elena ficou pensativa por uns segundos, e depois abriu um sorriso esperto. Em geral eu ficaria com medo daquela cara, mas o que ela poderia fazer, afinal?

- Ta bom, mas não vai demorar. - Pediu.

Me aproximei dela, segurando em sua cintura, mas assim que ia avançar para o beijo, ela nos virou de posição, e me empurrou, fazendo com que eu caisse dentro da piscina, de roupa e sapatos. Subi na superficie da água, tirando o cabelo dos olhos.

- DROGA! - Olhei em volta, e não só Elena, como os outros que estavão ali, riam da minha cara. - Vai ter volta. - Ameacei.

- Jura? Que medo que eu to sentindo. - Ela falou, ainda rindo. - Você sabe como funciona: eu só te beijo quando eu quero. Uma promessa boba por causa de um salgadinho não vai mudar isso. - Ela jogou um beijo no ar.

Calculei mais ou menos a distancia dela e da beira da piscina e, sem pensar duas vezes, puxei seu calcanhar, fazendo com que ela caísse na água também. Quando ela subiu na superfície, ela tava com uma cara tão brava e tão engraçada, que eu comecei a rir. Elena começou a me bater com toda a força que ela tinha, tava doendo, mas eu não conseguia parar de rir dela. O pior é que ela estava usando uma blusa branca, que estava começando a ficar transparente. "O pior" na verdade era bem bom.

- Você ta linda toda molhada. Parecendo um palhaço com a maquiagem toda borrada! - Provoquei.

- O QUE? Minha maquiagem ta borrada? - Perguntou, com a voz mais alta que o normal. - Culpa sua seu idiota. - Voltou com os tapas.

- Ei ei ei. - Segurei suas mãos. - É brincadeira, sua maquiagem não ta borrada. E mesmo que tivesse, ficaria bonita.

- Cala a boca, não tenta concertar as coisas, porque não ta dando certo. - Falou, quando finalmente parou de tentar me acertar a mão.

- Só falei a verdade. - Falei. - E você que começou, não lembra?

- Eu posso, você não!

- Existe uma regra agora?

- Sempre existiu. - Revirei os olhos.

- A gente tem que rever isso aí.. Não to falando só dessa regra.

Antes que ela pudesse discutir, a puxei mais perto, tirando o cabelo molhado de seu rosto, levei uma mão em seu pescoço e a beijei. No começo ela resistiu, e começou a bater nas minhas costas, mas depois de um tempo finalmente cedeu, abraçando meu pescoço e deixando que minha língua invadisse sua boca. Esse beijo me lembrou o nosso primeiro, só que o primeiro foi menos agressivo e mais calmo. Mordi seu lábio inferior de leve, enquanto ela sugava minha língua. Apertei seu corpo contra o meu, parecia que todo espaço era grande demais. Ela parou o beijo com um selinho.

- Só pra lembrar - Falou ofegante. - Esse beijo só aconteceu porque eu fui forçada a querer. - Ela disse, e sorriu, ainda com os olhos fechados.

- Vou deixar que você viva nessa ilusão.

Beijei sua boca de novo, e dessa vez o beijo foi mais calmo e correspondido no mesmo segundo. Ficaríamos nos beijando por horas. Acho que nos beijaríamos até..

- Ei, crianças, não é permitido entrar de roupa na piscina.

Até um dos funcionarios do hotel atrapalhar. Nos separamos, e eu olhei pra cima, para um homem alto e magro, com um cavanhaque mal feito.

- Desculpa, nós caímos e depois não conseguimos sair. - O cara riu.

- Tudo bem, mas saiam logo, antes que mais alguém os veja aqui assim! - Ele pediu.

Nós dois rimos e saímos. Eu pude jurar que ela tinha ficado vermelha, mas preferi não zoar ou fazer qualquer tipo de piadinha, porque essa não era hora da bipolaridade da Elena atacar e acabar com a felicidade de todo mundo. Todo mundo tipo eu.

- Conseguiu a droga do beijo que tanto queria.. Ta satisfeito? - Ela falou, enquanto se sentava em um dos bancos e torcia o cabelo.

- Não mais do que você!

- Até parece.. - Revirou os olhos, eu ri.

Meu celular começou a vibrar no meu bolso, alerta de nova mensagem. Piscava na tela o nome "Tyler", com uma foto dele em um restaurante chinês, e dois palitos enfiados no nariz. A mensagem dizia, em letras maiúsculas "SOCORRO". Eu ia ignorar, mas aí lembrei que quando se tratava de Tyler tudo é possível.

- Eu tenho que procurar o Tyler. - Falei, me virando pra Elena.

- E eu tenho que ajudar a Caroline a domar o guaxinim na cabeça dela.

Nos levantamos juntos, e fomos cada um pra um lado. Sem se despedir, sem selinho ou beijo no rosto. Nossa relação era meio estranha... Isso me fazia perder várias noites de sono, em que eu ficava pensando no que existia entre a gente, no que poderia existir. Tudo com ela era meio estável, e eu tinha sempre que tomar os minimos cuidados com as palavras. Coisa que eu não fazia. Eu não tinha motivos pra gostar dela, e exatamente por isso que eu gostava. Muito. Mais do que eu deveria. O pior era a incerteza de tudo.. Ela sempre correspondia os beijos, mas era como um gato: é misteriosa, sedutora, vai embora e volta quando quer. Eu ia acabar ficando louco.

Mas o que eu estava fazendo mesmo?

Tyler...

Andei atrás do infeliz praticamente por todo hotel, até que lembrei que ele havia dito que ia pra praia. Me amaldiçoei pelo tempo perdido e rezei pra que ele não estivesse morto. Vindo da anta, era possivel ser uma coisa boba, ou ser algo muito perigoso e urgente. Mas nunca se sabe.

Quando finalmente cheguei até a praia, o encontrei com cara de bobo, não a tipica, olhando para o mar. Ele parecia estar incomodado com algo, ou ter visto um fantasma. Talvez perdido a pá que iria usar pra cavar o tal buraco na areia. Fiquei até com medo de perguntar o que estava rolando, mas..

- Que foi? - Perguntei, quando já tava bem perto.

- Uma coisa muito IRADA! - Ele falou, mas o rosto dele ainda estava estranho. - Tu não tem noção.

- La vem...

- EU VI UMA SEREIA.

EU SABIA que ia perder meu precioso tempo dando atenção pra esse babaca. Respirei fundo, contei até dez. Será que eu ia precisar contar aquelas historias pra criança, do tipo “ei, papai noel não existe” ?

- Você sabe que sereias são criaturas magicas, do mundo da imaginação, que não-existem-no-mundo-real, né? – Fui o mais calmo possivel. Mas não aguentei, e dei um tapa no alto da cabeça dele. – Não acredito que me fez vir aqui pra isso!

Balancei a cabeça.

- Eu to falando sério. Eu vi uma sereia. – Ele olhou pro mar de novo. – Mas ela sumiu. Juro.

- SEREIAS NÃO EXISTEM TYLER!

- Era uma mulher, muito bonita, e quando ela mergulhou, um rabo de peixe apareceu.

Revirei os olhos. Quantos anos ele tinha? Seis? Talvez menos.

- AI MEU DEUS, UM NAVIO.. OLHA DAMON! UM NAVIO! ESSE LUGAR É MAGICO. IMAGINA O JACK SPARROW SAIND...

- Tyler, isso é UM NAVIO DE PETRÓLEO SEU IMBECIL. – Gritei, chamando sua atenção. – E “Piratas do Caribe” é um filme da disney. Não é real. Assim como “A Pequena Sereia”.

- Isso pode até ser um navio de petróleo, mas que eu vi a sereia, eu vi. Você só ta com inveja. – Ele deu de ombros, parecendo nem ter escutado nada do que eu falei.

- Uhum, é bem isso mesmo.

Eu estava começando a andar de volta para o hotel, quando vi a turma toda andando em direção a praia, então fiquei por ali mesmo. O mais longe possivel do Tyler, se não eu ia acabar batendo nele. Com cuidado pra não afetar ainda mais a cabeça, claro.

Avistei Stefan, por um milagre sem Rebekah grudada nele, e resolvi ir falar com ele. Ter pelo menos um amigo inteligente, ou quase, era bom né!?

- Cara, o Tyler ta alucinado. – Falei, me aproximando.

- É a historia da sereia? – Fiz um sim com a cabeça. – Ele me mandou uma mensagem. Eu nem me dei ao trabalho de responder.

- Eu tava com a Elena, e ele me fez vir até a praia. Sacanagem. – Reclamei, fazendo uma careta triste. Stefan riu.

- E vocês dois em? Nunca saem do lugar.. O que ta acontecendo?

Essa era a unica pergunta que eu não conseguia responder. Eu não entendia o que estava acontecendo.. Muito provavelmente, nada. Igual ela disse “São só beijos, não significam nada.” Mas também poderia ser tudo! Ninguém beija desse jeito quando não quer nada. Ela não é obrigada a corresponder, ela corresponde porquê quer. As vezes eu fico voltando no tempo, lembrando de todos os momentos que a gente passou quase juntos, nessa relação de cão e gato, e é sempre tudo tão vago, mas ao mesmo tempo me preenche por inteiro.

Eu ia responder Stefan, até que alguma coisa me chamou atenção. Não “alguma coisa”. Vindo ao lado de Caroline (bem, essa correu até a água do mar o mais rápido, provavelmente para abaixar o cabelo), vinha Elena, com uma saia de praia amarrada na cintura, um biquini azul com alguns desenhos que de onde eu estava não consegui ver, óculos de sol e cabelo meio preso.

Aquilo era uma “sereia”.

(continua)