Loucuras no Internato

Peça Parte 4 – Escute o seu coração.


Nick não teve nem tempo de protestar, por que todo mundo se dispersou e entrou para trás da cortina.

– Você acha que é ela? – Bê perguntou enquanto eles seguiam para trás da cortina.

– Não sei, mas ela diz ser a garota, e também foi que mais chegou perto das respostas – ele suspirou – Não tenho certeza, mas vou descobrir.

E eles sumiram atrás da cortina também.

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– Você estava ótimo amor – Annie disse e deu um selinho em Bê.

– Você também – ele disse sorrindo e estava prestes a beijá-la quando a professora apareceu e atrapalhou.

– Menos papo e mais ação, vão meninas e a vez de vocês.

– Mas... – Annie tentou e a professora a cortou.

– Nada de “mas” agora vão! – disse e nos empurrou para fora da cortina, e eu dei de cara com uma espécie de parque, tinha umas arvores de papel e um banco (o mesmo que eu e Nick sentamos para com versar no baile), eu e Annie nos sentamos e ela suspirou.

– Você não vai mesmo falar com ele? – ela perguntou.

– Não – assegurei – Afinal o que eu diria? “Oi Peter esse colar é meu e eu sou a sua ‘garota mistério’”? Acho que não.

– Por que não?

– Por que sou eu Luna, por que ele nunca iria querer nada comigo, afinal ele tem a Mary e também eu nem devia ter ido aquele baile.

– Ok, agora você já está exagerando, por que você não devia ir?

– Por que a bruxa keka de farmácia deixou bem claro que eu não podia ir, se ela desconfiar só por um segundo que eu estive lá é “Olá” para um colégio interno na Groenlândia.

– Você está exagerando – Annie garantiu.

– É talvez eu esteja mesmo, mas não vou pagar pra ver, agora vamos por que ainda temos que descobrir quem era o seu gato misterioso certo?

– Certo – ela concordou, mas não parecia muito feliz com isso.

Nós entramos outra vez para trás da cortina e Lucy saiu de atrás de uma das arvores.

– Então o colar é seu minhoca contorcida? – ela perguntou com um sorriso divertido nos lábios - A mamãe vai ficar mais do que satisfeita com a novidade, a se vai! Se bem que isso pode ser útil, é está na hora de termos uma conversa maninha. – ela deu um sorriso meio psicopata e saiu rebolando.

A cortina se fechou e quando se abriu novamente eu estava no corredor da escola em frente ao meu armário.

– Mas que droga! Abre coisa estúpida! – reclamei com o armário enquanto Lucy vinha na minha direção, ela encostou no armário ao lado do meu e sorriu.

– De quem é o colar? – perguntou sem rodeios.

– O que? – perguntei com a minha melhor expressão de confusão desistindo do cadeado do armário e a encarando.

– O colar que está com o Peter, de quem é? – ela perguntou sem expressão e eu engoli em seco.

– Co-Como eu poderia saber? – gaguejei em fiz menção em sair andando, mas ela não deixou, colocou o braço na minha frente.

– Olha minhoca contorcida é o seguinte, vou ser bem clara com você. Eu ouvi a sua conversinha com aquela sua amiga irritante e já sei de tudo e sei também que se a minha mãe sonhar que você foi aquele baile você está morta, então vou te fazer um favor, você me diz de quem era aquele colar e eu fico com o Peter, eu não deduro você e todos ficamos felizes, Ok?

E a olhei em choque e Lucy parecia divertida, mas é claro que a expressão seria ainda estava lá, só que como diz o ditado, quem ri por ultimo ri melhor.

– E se eu não disser? – a desafiei.

– Ai eu te deduro para a minha mãe, você vai para o colégio interno e eu fico com o Peter. Por que te todo o jeito eu vou ficar com ele.

– Como eu vou saber que você não vai me dedurar depois que eu contar?

– Você não vai saber, essa é a graça. Então? Você vai falar ou eu vou ter que ligar pra minha mãe agora mesmo?

Fechei os punhos e trinquei os dentes de raiva. Até na peça ela consegue o que quer. Que ódio! Respira Mellyssa. Respira e segue o roteiro.

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– Era da minha mãe – praticamente cuspi as palavras – Ela me deu pouco antes de morrer.

– Muito melhor assim – disse sorrindo e saiu desfilando.

Eu encostei as costas no armário e escorreguei até o chão e abracei os meus joelhos. Essa era cena que eu mais tinha problemas para fazer, por que eu tenho que chorar, mas dessa vez, depois de tudo o que a Lucy fez comigo não foi muito difícil.

– Cindy? Você está chorando? – Annie perguntou tocando meu braço. Levantei o rosto e limpei as lagrimas.

– Não é nada – garanti ficando de pé.

– Nada? – ela perguntou arqueando uma sobrancelha - Eu te conheço, o que foi que a Mary fez dessa vez?

– Por que você acha que ela fez alguma coisa? Não é só por que eu estou chorando que a culpa é dela.

– E Não é? – ela perguntou.

– Ela ouviu a nossa conversa sobre o colar Luna, ela ouviu tudo! E depois veio aqui e disse que se eu não dissesse a ela quem me deu o colar ela ia me dedurar para a bruxa keka de farmácia.

– E você disse?

– Que escolha eu tinha? – perguntei exasperada.

– Então você está me dizendo que aquela vaca está indo agora falar com o Peter, para roubar o seu príncipe, e você ainda pode ir para um colégio interno, é isso mesmo?

– É – disse com um sorriso cínico – Viu como a minha vida é maravilhosa?

– Você tem que falar com ele!

– O que!? – perguntei chocada – Falar com o Peter é a ultima coisa que eu tenho que fazer!

– Se você falar com ele antes da Mary, você fica com ele!

– Ta, mas no que isso vai me ajudar com fato de que a Vera com certeza vai me mandar para o colégio interno?

– Nisso a gente dá um jeito e...

– Não Luna – a interrompi – Não tem mais jeito, o baile foi perfeito e eu amei cada segundo, mas o conto de fadas acabou e eu tenho que focar na realidade agora, e ela é torcer para a Mary não me dedurar para a mãe dela.

– Mas...

– Não Luna, chega. Vamos. – a chamei e nós seguimos para o outro lado do palco onde era o jardim da escola.

Lucy e Nick estavam lá juntos, Bê também estava com eles, mas só olhava.

– É Peter esse colar era da minha mãe, ela me deu antes de morrer – a vaca oxigenada garantiu e eu tive vontade de socar a cara cheia de maquiagem dela.

– Co-Como disse? – ele perguntou parecendo chocado.

– Que esse colar era da minha mãe – ela repetiu com um sorriso vitorioso.

– Se quiser podemos ir embora – Annie disse pra mim.

– Não – murmurei – Tudo bem, não tem nada a ver comigo mesmo.

– Cindy... – ela me olhou triste.

– Tudo bem Luna – garanti – Eu ficando aqui pra mim já está bom.

– Como você... É... Sua Mãe? – Nick não sabia bem o que dizer. Como pode ser? Até confuso ele fica lindo.

– Eu não te disse Peter? Eu sou a sua garota mistério – o sorriso dela aumentou e ela deu um passo na direção dele – E agora que tal continuarmos de onde paramos no baile?

Ela deu mais um passo e Nick continuou estático a encarando, ela estava prestes a alcançar a boca dele com a sua quando um garoto que eu não lembrava o nome apareceu gritando.

– Peter! Luke! Ai estão vocês, vamos o treino já vai começar!

– Certo – Nick murmurou balançando a cabeça e se afastou de Lucy num pulo – Depois a gente conversa é...

– Mary – ela completou e ele assentiu. Os três meninos voltaram para trás da cortina. – É Peterzinho, você vai ser meu – murmurou com outro sorriso psicopata nos lábios e saiu rebolando mais uma vez.

– Ele não devia estar com ela! – Annie contestou indignada.

– Ele quer estar com ela – garanti.

– Não – Annie discordou – Ele quer estar com você!

– Já chega de falar disso. Vamos, temos dever de História.

– Mas...

– Anda Luna – a interrompi e a arrastei comigo - Vamos.

Eu e Annie fomos para um lado e Nick e Bê saíram em outro, ambos com uniformes do time.

– Isso não faz sentido – Nick disse – Não é a Mary!

– Mas ela não sabia a resposta? – Bê perguntou sem entender.

– Sim, mas... – ele suspirou - Então vai me dizer que a sua garota mistério é aquela irmã dela? A Mara?

– O que!? – Bê perguntou com os olhos arregalados o encarando - Como assim a minha garota mistério é a Mara?

– Não foi a sua garota que levou a minha? Então quem mais anda pra lá e pra cá com a Mary?

– Ok – Bê disse andando de um lado pra outro – Definitivamente não é a Mara a minha garota mistério, mas se não são elas, como a Mary sabe sobre a coisa do colar? E Você como sabe que não é a Mary?

– Não sei, só estou achando isso tudo muito estranho.

– Bota estranho nisso – Bê concordou. – Quer dizer, antes do intervalo ela parecia não fazer a mínima sobre o que estava falando e depois chegou aqui toda, toda afirmando tudo de uma vez.

– É isso foi estranho mesmo.

– Você não vai mesmo falar com ele? – Annie perguntou pelo que me pareceu à milésima vez.

– Já disse que não.

– Mas ele esta bem ali – ela disse apontando para o outro lado do palco, atrás de mim.

– Já chega Luna, vamos embora – disse e me virei para onde eles estavam e Nick fez o mesmo, nossos olhares se cruzaram e eu desviei o meu.

– Eu tenho que ir é... Ali – dei a minha desculpa esfarrapada a Annie e virei para o outro lado.

– Vamos cara – Bê chamou Nick e ele piscou algumas vezes antes de encará-lo.

– Ok – murmurou e seguiu com ele.

Annie já tinha sumido e assim que os meninos entraram para trás da cortina eu me sentei no banco que tinha ali e a melodia da minha música começou.

– É engraçado quando você se vê
Olhando pelo o lado de fora
Estou aqui, mas tudo que eu quero
É estar ali
Por que me deixei acreditar
Que milagres podiam acontecer?
Porque agora eu tenho que fingir
Que não estou nem aí

Fiquei de pé e comecei a andar lentamente para frente, essa música é linda e triste ao mesmo tempo, e eu tentei transparecer toda a emoção que eu estava sentindo, por que ninguém melhor que eu sabe o quão doloroso é fingir que não se importa.

Eu achei que você fosse meu conto de fadas
Um sonho quando eu não estou dormindo
Um pedido feito às estrelas
Que está se realizando
Mas todo mundo podia perceber
Que eu confundi os meus sentimentos com a verdade
Quando havia eu e você

A essa altura eu já estava bem perto da beirada do palco tudo estava escuro, só tinha um holofote de luz branca sobre mim.

Eu jurei que conhecia a melodia
Que ouvi você cantando
E quando você sorriu
Você me fez sentir
Que eu poderia cantar junto
Mas aí você foi lá e mudou as palavras
E agora meu coração está vazio
E eu fiquei com o que sobrou
E uma música antiga

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Agora eu sei que você não é um conto de fadas
E que os sonhos são feitos para quando se está dormindo
E que os desejos feitos as estrelas
Não se realizam
Porque agora até eu posso perceber
Que confundi meus sentimentos com a verdade
Porque eu gostei da visão
Que você representava

Não consigo acreditar
Que eu podia ser tão cega
Era como se você estivesse flutuando
Enquanto eu estava caindo
E eu não me importava

Porque eu gostava da visão
Eu achei que você também sentia
Quando havia eu e você

Terminei a música apertando uma rosa branca, que eu tinha pegado em uma das arvores, contra o peito.

As luzes ligaram e tudo voltou ao normal com pessoas passando pra lá e pra cá como se nada tivesse acontecido.

Voltei a me sentar no banco.

– Isso simplesmente não faz sentido! – Nick vinha na minha direção resmungando. – Será mesmo que é a Mary?

Eu o encarei e ele ia passar direto por mim, mas tropeçou no meu pé.

– Há desculpe – se apressou em dizer olhando pra mim – É que eu estou meio perdido hoje.

– Tudo bem – garanti deixando a rosa em cima do banco – Muitos problemas?

– É eu estou muito confuso a respeito de algo, algum conselho?

– Vou te dar o que a minha mãe me dava quando eu era criança: Escute o seu coração. – disse ficando de pé. – Melhor eu ir.

– Hei qual é o seu nome mesmo? – ele perguntou assim que eu fiz menção em ir embora.

– Melhor você não saber – garanti e segui para trás da cortina.

– Espera! – ele chamou, mas eu entrei para trás da cortina.

– Você estava ótima – Sophi disse sorrindo.

– Obrigada – sorri me virando para ver o resto da cena, Sophi se espremeu ao meu lado.

– Quem será que era aquela? – Nick perguntou a si mesmo ainda no mesmo lugar.

– Falando sozinho perto desse banco outra vez? – Bê perguntou divertido surgindo do nada. – É melhor você parar de vir aqui.

– Haha palhaço – Nick ironizou – Eu não estava falando sozinho estava com uma garota.

– Nossa que déjà vu – Bê murmurou balançando a cabeça. – E quem era a garota misteriosa da vez?

– Boa pergunta – Nick suspirou sentando no banco em que eu estava minutos antes – Ela estava aqui no banco e eu meio que tropecei nela, e não sei bem o por que mais e lhe contei sobre o meu dia e pedi um conselho.

– E o que ela disse?

– Pra eu escutar o meu coração.

– Bom conselho – Bê disse por fim – Hei, o que é isso? – perguntou apontando para a rosa que a pouco eu estava segurando.

Nick pegou a rosa e a analisou.

– Era dela – disse ainda olhando a rosa – Essa garota, a que estava aqui com a rosa, acho que a conheço, mas não consigo me lembrar de onde, nem o nome dela eu sabia, sou um idiota mesmo!

– Pelo menos nisso nós concordamos – Bê disse se sentando ao lado dele – E então o que vai fazer a respeito de toda essa confusão com a Mary e o colar?

– Ele vai devolver o colar para a dona! – Annie disse atrás deles e ambos deram um pulo do banco – E acreditem, não é a Mary.

– E quem é você? – Bê perguntou a olhando de cima a baixo.

– Sou a melhor amiga da Cinderela em questão – disse sorrindo.

– Você é ela! – Bê exclamou de repente.

– Ela!? – Nick perguntou aparentemente confuso – Ela quem?

Bê o ignorou.

– Você é ela não é? A amiga da Cinderela? A minha garota mistério?

– É você? – Annie perguntou com um sorriso enorme.

– Ainda estou esperando você voltar com o ponche – Bê disse divertido – E quer saber mais? Você é muito mais bonita sem a mascara.

Annie corou.

– Ta tudo muito bom, ta tudo muito lindo - Nick os interrompeu - Mas e a minha garota mistério quem é? Se você é amiga que arrastou ela na noite do baile, quem é ela? Você disse que não era a Mary, então o que está acontecendo aqui?

– Não está acontecendo nada aqui! EU sou a sua garota mistério Peter! – Lucy surgiu do nada (esse povo tem que parar de fazer isso) gritando, se meteu na conversa e olhando feio pra Annie.

– Não é nada! E você sabe muito bem disso! – Annie também levantou a voz.

– Sou sim e quem não está entendendo as coisas aqui é você projeto de irritante. Mas um piu e as coisas vão ficar feias!

– Isso é uma ameaça!? – Annie perguntou incrédula. – Você vai mesmo me ameaçar na frente deles?

– Não isso não é uma ameaça é um aviso - Lucy disse com toda a tranquilidade do mundo e um sorriso mais falso que o cabelo loiro dela no rosto – Você não tem nada pra fazer aqui e muito menos pra dizer ao Peter, agora vá embora!

– Eu não vou embora daqui enquanto não dizer a eles o que está acontecendo! – Annie gritou e seus olhos brilharam de raiva, foi como se Bê tivesse previsto o próximo passo da namorada, por que a segurou pela cintura (é infelizmente a Annie voar no pescoço da Lucy não está no roteiro).

– Não vale a pena – ele disse a ela.

– Você tem alguma coisa a me dizer Mary? – Nick perguntou.

– Não, você já sabe de tudo – ela garantiu.

– E você é... – ele se virou para Annie e Bê a soltou.

– Luna.

– E você Luna, tem alguma coisa pra me dizer?

Lucy a olhou feio, mas ela nem se quer desviou o olhar.

– Sim – Annie disse com um sorriso no rosto – A Mary não é a sua Cinderela, o nome dela é Cindy e acho que você já a conhece, ela mora na casa da Mary, anda comigo e vive se atrapalhando.

– Isso é mentira! – Lucy gritou, ela estava ficando vermelha. – Aquela minhoca contorcida não tem nada a ver com isso! Eu sou a sua Cinderela! Peter não a escute!

– Mary cala a boca! – ele praticamente rosnou e eu sorri, toma vaca oxigenada – E Luna, como você quer que eu acredite em você? Você pode ter inventado tudo isso.

– Primeiro – Annie suspirou – Por que eu me daria ao trabalho de inventar tudo isso? Segundo, eu não estaria aqui batendo boca com a Mary se não valesse mesmo a pena, e terceiro por que eu sou a melhor amiga da Cindy e sei que ela também tem um anel, com uma pedra exatamente igual a do colar e com a inscrição “Meu Anjo” gravada nele. Isso é suficiente pra você ou quer mais?

– Co-Como você...? – Nick gaguejou a encarando.

– Eu disse que a conheço e você também – Annie garantiu – Ela disse que você foi a casa dela e rolou uma confusão envolvendo camarão e...

– Já chega! – Lucy gritou de verdade dessa vez. – Nem mais um piu projeto de irritante!

– Eu não tenho medo das suas ameaças! – Annie garantiu – Peter já sabe a verdade, você perdeu.

– Será mesmo? – Lucy perguntou retomando a compostura e sorrindo. Ela pegou o celular.

– O que você vai fazer? – Annie perguntou a olhando feio.

– O que eu devia ter feito há muito tempo – disse simplesmente e discou um numero – Alo? Mamãe? É sou eu e tenho novidades, pode comprar a passagem só de ia pra Groenlândia, a minhoca contorcida foi ao baile e se achou tão no direito de nos enganar que enfeitiçou até o Peter! É isso mesmo e...

– Já chega sua vaca! – Annie gritou e simplesmente pulou em cima da Lucy, isso não estava no roteiro e tanto à professora quanto a Lucy ficaram meio chocadas com a cena, a vaca oxigenada olhou pra professora em busca de respostas e ela apenas fez movimentos com as mãos para que elas continuassem, e foi a ia que a coisa desandou de vez, por que a Lucy revidou e as duas saíram rolando pelo palco.

Como isso não estava no roteiro os meninos ficaram lá com cara de taxo olhando as duas rolarem pelo chão. E tenho que admitir que quando imaginei alguma de nós saindo no tapa com a Lucy, imaginei a Kate, a Sophi, ou até mesmo eu, mas a Annie? Não mesmo. Isso não faz o estilo dela, mas aparentemente temos uma primeira vez pra tudo, certo?

Quando finalmente perceberam que elas não iriam parar os meninos resolveram interferir, Nick segurou a Lucy (não gostei nada disso), e Bê a Annie, eles as separaram e elas se olharam feio.

– Olha o que você fez! – Lucy gritou com o rosto vermelho, ela e Annie estão totalmente descabeladas, mas a julgar pelo sorriso no rosto da morena, cada fio fora do lugar valeu a pena.

– Se quiser faço mais! – Annie gritou de volta e Lucy estava prestes a revidar, mas Nick as interrompeu voltando a peça para o rumo que ela devia seguir.

– Já chega vocês duas! – ele gritou e soltou Lucy para poder encarar Annie – E onde está a Cindy?

A expressão de raiva da Annie se desfez e Lucy riu.

– Deve estar embarcando para a Groenlândia.

A cortina se fechou e os quatro vieram para trás da mesma.

– O que foi aquilo Annie? – a Sra. Laurence perguntou assim que elas apareceram – Eu esperava uma coisa dessas de qualquer um menos de você.

– Professora essa daí precisa de um belo castigo isso sim! – Lucy se fez de vitima – Olha o que ela fez comigo – choramingou mostrando o cabelo despenteado.

– Desculpa mesmo professora, mas você tem que entender que eu não fiz isso do nada – Annie respondeu.

– Fez sim! – Lucy a acusou.

– Chega! – a professora as interrompeu – Vamos ver isso direitinho depois, agora, Mellyssa você e a Sophia já para o palco, está quase chegando o gran finale!

Meio contra gosto Lucy calou a boca e cruzou os braços, já Annie seguiu para um dos camarins acompanhada do Bê.

A cortina abriu outra vez e eu estava sentada em uma poltrona da sala.

– CINDY! – Sophi gritou enquanto adentrava a sala. – Como assim você foi ao baile?

– O que!? – perguntei dando um pulo da poltrona e deixando o livro que estava no meu colo cair. – A-ao baile, eu? C-como assim?

– Assim como? Você foi não é? Você quis dar uma de espertinha? Provar que é melhor do que eu?

– N-não é nada disso... – gaguejei – Eu só... Só queria ir a uma festa na escola.

– Você se acha tão no direito de me enganar que roubou até o namorado da minha filha!? – gritou me ignorando.

– Quem?

– O Peter! – gritou outra vez me olhando feio, e tenho que admitir, minha cunhadinha é assustadora quando quer – Ou vai me dizer também que agora a Mary está inventando tudo isso!?

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– Mesmo se ela tivesse não faria diferença não é!? – gritei também – Não importa o quão absurdas as mentiras dela pareçam, você sempre acredita! Por que mesmo que você ficou comigo? Pelo dinheiro do meu pai? Você é mesmo uma bruxa!

– Calada! – gritou e eu me assustei de verdade – Hoje você não dorme mais aqui! Vai agora mesmo arrumar as suas malas, você vai para um internato na Inglaterra!

– Você não pode fazer isso! – gritei desesperada.

– Não só posso como vou, e se não quiser ser mandada para o outro lado do mundo só com a roupa do corpo é melhor se apressar, e é melhor nem tentar ligar para aquela sua amiga irritante também, ela não vai ter nem chance de entrar! – Sophi terminou e simplesmente saiu andando, e eu fiquei lá com a boca aberta e a cortina se fechou e logo em seguida se abriu outra vez.

– Bruxa keka de farmácia, vaca idiota – eu xingava enquanto enfiava minhas roupas na mala. Eu estava no meu quarto socando tudo que via pela frente dentro da mala, peguei meu enorme livro de histórias e encarei a capa sentindo as lágrimas escorrerem. – É mamãe, a madrasta da Cinderela não é nada com parada a minha.

Joguei o livro dentro da mala e estava prestes a fazer o mesmo com a caixinha de jóias onde estavam o colar e o anel minutos antes, mas me detive.

– “Escute o seu coração” – li a inscrição – É isso não funcionou muito pra mim. – disse com amargura e atirei a caixinha vazia na parede e no mesmo instante alguma coisa caiu dela.

Era uma chave.

A peguei e analise com curiosidade.

– Não pode ser – murmurei – Será?

Fui até o armário e revirei tudo, na minha humilde opinião a professora não devia ter colocado tanta coisa aqui dentro, mas achei a caixa, uma caixa de madeira razoavelmente grande, coloquei a chave na fechadura e ela se abriu como mágica.

Revirei os papeis e coisas dentro da caixa e peguei o envelope com os dizeres: “Testamento”.

Tirei os papeis do envelope e passei os olhos por eles varias e varias vezes como mandava o roteiro, mas parei.

– “[...] Minha filha Cindy Collins viverá sob a guarda legal de Vera Belmont apenas até completar seus quinze anos, a partir daí ela poderá responder legalmente por si mesma, podendo também usufruir de todo o patrimônio que eu lhe deixar. Ass.: Kevin Collins.” – li ainda encarando o papel em choque – Isso não pode ser verdade – murmurei – Ela mentiu pra mim, aquela bruxa, eu poderia ter me livrado dela há dois anos, mas não ela mentiu e me roubou! Mas isso não vai ficar assim! Não mesmo! – disse e fiquei de pé segurando o testamente com tanta força como se ele fosse fugir de mim, peguei meu celular e disquei um numero – Alô? Dr. Jenkins? Você sabe alguma coisa sobre um testamento do meu pai?

– Você finalmente o encontrou?

– Como assim finalmente?

– Seu pai me pediu que caso alguma coisa acontecesse a ele, que não te falasse nada, que você iria encontrá-lo na hora certa.

– Como sempre ele tem razão – garanti ainda olhando o pedaço de papel – Será que o senhor pode me ajudar?

– Claro, mas com o que?

– Eu vou explicar – garanti sorrindo e a cortina se fechou.