Sogno D'amore

Capítulo 7


Capítulo 7

Chegamos no colégio em alguns poucos minutos, encontrando ali minha irmã, batendo o pé impacientemente.

- Precisavam demorar tanto para arrancá-la da cama?! - perguntou nervosamente, arqueando uma sobrancelha.

- Sinto muito se ela prefere ficar com um garoto estranho num sonho estranho, ao invés do gostosão aqui! - Travis reclamou, fazendo-me revirar os olhos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Nem começa, Travis! - irritei-me

- Enfim! - interviu Caroline, sabendo muito bem que aquilo daria briga. - Já sabemos que o tal Nicholas é lindo e tudo mais e depois vou querer mais detalhes, mas agora quero aprontar um pouco.

- E então, vocês me fizeram mesmo faltar aula à toa?! - Trevor quis saber.

- Ansioso pra uma pegadinha básica? - perguntei ironicamente.

- Por quê mais você acha que eu e Trevor estamos faltando a nossas aulas?! - perguntou Talinha, no mesmo tom que eu.

- É assim que se fala! - mandei-lhe um piscadinha, enquanto jogava uma mochila para ela e outra para Trevor. - Já sabem o plano?!

- Eu ainda não. - disse Talinha.

- Trevor te explica enquanto vocês preparam as aranhas falsas.

- E vocês? - ela perguntou.

- A nossa parte não será tão divertida quanto a de vocês. - Caroline reclamou, cruzando os braços abaixo dos seios.

- Ah, vamos logo, resmungona! - puxei-a pelo braço em direção ao ginásio. Mas então eu lembrei que não podia deixar de zoar um pouco com a cara dos meninos. - Travis, eu te castro se você não vigiar direito!

- Sim, senhora, capitã! - ele bateu continência e foi correndo até o prédio C.

- Trevor - chamei sua atenção -, nada de se agarrar com minha irmã! - eu brandei, apontando um dedo acusadoramente a ele, que corou violentamente. Talinha revirou os olhos e Caroline riu.

- Bia, você é má! - disse Caroline, assim que nos afastamos o suficiente e paramos de rir da reação de Trevor.

- Fazer o que, não é?! - me gabei, jogando meu curtos cabelos para trás.

- Vamos, Bi, temos que arrumar tudo logo! - ela disse, me puxando pelo pulso em direção ao vestiário feminino do campo de futebol.

Entramos no vestiário sem fazer barulho, mesmo que não precisasse. As líderes de torcida estavam todas em aula, por mais que isso fosse algo extremamente incomum. Tentamos garantir que quando estivéssemos colocando o plano em ação, elas estivessem todas assistindo às aulas mais importantes. Dito e feito - por Travis, mas foi feito. Ele ficou de checar todas as turmas onde haviam as líderes, ou até mesmo os jogadores de futebol americano; e de garantir que não saiam de lá tão cedo. Assim que recebemos uma mensagem de confirmação, era hora de eu e Caroline cumprirmos nossa parte do plano.

Invadimos armário por armário daquelas criaturinhas mórbidas que eu realmente não gosto muito. Agora, você deve estar querendo saber o por que. Simples, já ouviu falar do clássico de colocar tinta de cabelo no shampoo?! É exatamente isso que pretendemos. Sabe, depois do sonho de hoje à noite, não tive muita vontade de pensar em algo mais original. Mas, enfim! O importante será a parte que Travis vai gravar tudo e colocar na internet. Além de que planejamos colocar no filme de homenagem de fim de ano. Clássico, mas divertido.

O plano não é muito difícil de executar: eu e Caroline colocamos tintas diferentes em shampoos diferentes. Daqui meia hora as líderes vão vir tomar um banho para o treino da tarde - patricinha é assim mesmo, tem que tomar banho antes e depois. Quando todas acabarem os banhos, Trevor e Natalia vão ativar as aranhas falsas - não são de borracha, são mecânicas - para que elas saiam dos escoderijos do lado de fora do vestiário, passarem pela janela e expulsar todas para fora. Além de estarem com os cabelos coloridos, vão estar seminuas, apenas de toalha. Todos os outros alunos estariam no campo, esperando para ver o treino. O resto acho que já se dá para imaginar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Havia também a segunda parte do plano, que ficou nas mãos de Trevor e Travis, para garantir que não tivéssemos aulas o resto do dia, mas isso ainda era outra história.

Senti meu celular vibrar no bolso da calça e soltei a tinta verde para olhar o que dizia.

Rápido, o sinal bateu e elas já devem estar indo!, mensagem de Travis.

Olhei desesperada para Caroline e ela pareceu entender, pois terminou correndo de colocar a tinta rosa e guardou os potes na mochila. Terminei com a tinta verde e logo a segui para a saída. Um problema? Elas já estavam do outro lado do campo. Não parecem ter visto a gente saindo do vestiário e eu aproveitei essa distração para puxar Caroline para debaixo das arquibancadas. Vimos enquanto elas entravam animadas no vestiário, conversando sobre o próximo jogo e discutindo quem era o jogador mais gostoso do time da escola. Não sabia se ria pelo que estava por vir ou se vomitava pela futilidade delas. Ok, admito que eu tinha minha própria opinião sobre garotos, mas não iria dividí-la assim com garotas que eu sei que são falsas.

- Bia, vamos. - chamou Caroline, enquanto nos esgueirávamos por trás da arquibancada até os portões do campo.

~*~

Ah, acreditem, se você nunca viu vinte meninas saindo correndo de aranhas mecânicas só de toalhas e com os cabelos de diversas cores diferentes e ainda por cima na frente do colégio inteiro, você não sabe o que é rir. O colégio inteiro estava na mesma letargia se vê de repente sem conseguir parar de segurar a barriga, que doía de tanto rir, enquanto as líderes olhavam ao redor atordoadas. E então quando elas viram os cabelos, a risada só aumentou. Elas começaram a rir das outras até perceberem que o próprio cabelo estava pior. E então olhavam ao redor furiosamente, procurando um culpado. Mas todos estavam rindo de tal maneira que era impossível para elas descobrirem. Tipo, eu e os quatro estávamos mais afastados, mas quase ninguém sabia que nós sempre éramos os autores dessas pegadinahs. Ser isolado e excluído tem suas vantagens.

- Bia... - Talinha me chamou, ainda rindo bastante de tudo aquilo. - Não precisamos checar as bombas de pum alemão lá no prédio C?!

Olhei para Travis, que estava filmando tudo como planejado. - Vão vocês, estou meio ocupado aqui. - ele disse.

Dei de ombros e fomos eu e Natalia correndo até o prédio. Mas ainda não conseguimos parar de rir. Era extremamente cômico. Paramos alguns minutos para respirar e voltamos a andar, quando finalmente conseguimos segurar o riso. Chegamos no prédio C e, sem nem mesmo entrar, olhei por uma das janelas, encontrando as bombinhas no lugar certo - ou seja, longe de lugares inflamáveis. Até aí tudo bem. O pior foi a parte em que vimos a velhinha estranha que anda me perseguindo bem ao lado da bomba.

- Bia, aquela não é... - começou Talinha, mas eu sabia que aquela velhinha iria fazer algo de ruim, pois simplesmente pressenti isso. E se ia acontecer algo de ruim, não deixaria que minha irmã mais nova participasse disso também.

- É sim. - interrompi-a, sabendo muito bem que ela ia dizer sobre a mulher que me deu o cordão que ainda estava em meu pescoço. - Vá buscar Trevor, ele deve saber como mexer com as bombinhas.

- Mas e a...

- Vá buscá-lo, eu cuido disso. - eu disse rapidamente e a empurrei para ir de volta ao campo.

Ela correu, olhando várias vezes para trás e quando percebi que ela estava fora do meu campo de visão, voltei minha atenção para a velha que estava do outro lado da janela. E então algo surpreendente aconteceu. Ela estendeu a mão e uma bola de fogo se formou ali, envolvendo toda a extensão da palma, sem ao menos se queimar. Tocou a palma cercada de fogo na pilha mais alta de bombinhas e a explosão ocorreu - as bombinhas soltam apenas cheiro ruim, mas são extremamente inflamáveis.

Senti todo o meu corpo sendo jogado para trás devido a força da explosão. Vidro quebrado das janelas cortaram minha pele enquanto eu sentia-me sendo jogada há dez metros de distância no gramado do lado de fora do prédio. Virei meu rosto em direção ao prédio a ponto de ver uma segunda explosão de chamas lambendo a estrutra sem queimá-la, mas eu sentia que seria queimada viva. Coloquei meu rosto na grama e segurei minha cabeça entre as mãos segundos antes de uma terceira explosão de chamas lamber o ar centímetros acima de mim.

E então, sentindo todo o meu corpo pesar e meus sentidos falharem, entreguei-me à escuridão que me rondava.