Castigo

Eu...Nunca teria imaginado.


- Matt, isso não me parece uma boa ideia...

- Calma, Linda. A sala foi invadida anteontem, Roger não deve estar esperando por um novo ataque.

A menina olhou nervosa pros lados, sentindo-se intimidada por um quadro cheio de insetos mortos espetados que lhe encaravam de modo particularmente desagradável.

- Além disso, como nós vamos descobrir o que eles queriam? Por que simplesmente não pergunta pra eles?

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Matt lançou-lhe um olhar divertido por cima do monitor, onde comandos digitados freneticamente corriam tela a fora. Mello e Near que os desculpassem, mas ele era muito melhor com computadores que os dois grandes gênios.

- E você realmente acha que eles vão responder? Assim, tranquilamente? A gente conhece eles, Linda.- digitou uma série de comandos, enquanto a máquina zumbia, aborrecida- acho que eu consigo resgatar o que eles estavam tentando acessar, assim a gente pode ter uma ideia. E se você olhar os arquivos, deve conseguir mais ou menos uma pista igual... Alias, conseguiu abrir?

- Não, e nem vou tentar!- retorcia a gazua que o ruivo tinha trago para a missão entre os dedos, frenética- Vamos, Matt, vamos sair daqui!

- Calma, qual o pior que pode acontecer? Ficarmos andando de mãos dadas por ai?- insinuou, finalmente conseguindo abrir os documentos que queria.- Foi. Tem alguém vindo?

- Não...-respondeu de má vontade, os olhos esquadrilhando todo o extenso corredor em questão de segundos.- O que tem ai?

- Nossas fichas. Completas e atualizadas. Nomes, idades, condições médicas... Caraca, sabia que eu sou alérgico à amendoim?

- Você não sabia?

- Na verdade, não...- mexeu mais, passando por entre nomes e códigos e pseudônimos e letras. Letras e mais letras.- Aqui. Linda, de acordo com isso você tem tendências depressivas graves.

- Eu!? De onde eles tiraram isso?

- Exames psicológicos...- pensativamente, rolava os olhos pela chuva de informações- Agora, o que será que eles queriam com isso...

- Matt!- gritou num sussurro, abafado, pondo-se ao lado dele, prontamente a puxar-lhe a blusa da manga listrada- é o Roger!

- Esconde!- sussurrou de volta, desativando o computador rabugento, enquanto Linda analisava os móveis, buscando algum abrigo razoável.

Correram como deu para trás de um sofá vermelho, embolando-se um no outro, tentando enfiar os dois corpos no mesmo espaço pateticamente seguro, um sentindo a respiração do outro enquanto ouviam a maçaneta girando, preguiçosa.

Passos. Um tanto quanto arrastados, talvez cansados ou, quem sabe, absolutamente desinteressados. Pararam. Ouviram uma cadeira cedendo a um peso, e teclas de um telefone sendo digitadas.

Ouviram a voz do diretor falando com um alguém desconhecido, um tom sério e inflexível.

Ouviram o telefone sendo desligado.

Ouviram-no saindo.

Quando a porta se fechou, não ouviram mais nada, como se o mundo tivesse se silenciado, deixando para as duas crianças apenas o som se seus pensamentos ecoando, repetidamente.

Não havia espaço para mais nada em suas cabeças. Não depois de ouvirem o diretor perguntar naquele tom infeliz quanto tempo restava, e se realmente não havia nada a ser feito.

Near ia morrer.