Absence

Capítulo 29


Aquela dor fazia Lucy lembrar de coisas que ela gostaria de acreditar não serem verdade. Deitada na cama, ela adormeceu. Ou melhor, desmaiou. Como Wendy já dissera; a mente dela havia sido desligada como uma forma de autodefesa. Ela dormiu novamente.

Na frente de seus olhos, a cor vermelha rebolava numa dança caótica e frenética, como a chama de um fogo. Quando essa chama encostava na pele de Lucy, ela chamuscava e fazia barulho, doía como um beliscão. Mas de beliscão em beliscão, a dor se tornou cada vez mais intensa, até que acordou Lucy de seu pesadelo.

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Então ela percebeu que tudo pegava fogo. As paredes de tom marrom, o chão vermelho, o teto de madeira. Uma viga em chamas tinha caído em suas pernas, queimando-as e esmagando-as ao mesmo tempo. Mas Lucy não sentia mais dor. Agora, essas imagens pareciam ter sido vistas de um terceiro ângulo, de uma terceira pessoa. De alguém que não era ela mesma. Pois as chamas apenas pareciam doer.

Então, um vulto esgueirou-se do meio do fogo.

Ela sentiu-se segura, achando que fosse ele. Fechou os olhos, em meio ao desespero, procurando acalmar-se. Seu corpo pareceu frio de repente, então abriu os olhos novamente, com medo de morrer. A viga que estava em suas pernas não estava mais ali, e o vulto que se esgueirara por entre as chamas colocou-a em seu colo, como uma donzela em perigo. Encostou o rosto chamuscado de Lucy em seu peito, e falou:

"Vai ficar tudo bem. Eu prometo."

Ela confiou nele.

E dormiu novamente.