Eu e Rachel começamos a namorar, naturalmente. Eu fiquei um tanto cabreiro com a atitude de Rachel, achei um pouco estranho, mas guardei essa sensação para mim mesmo.

No domingo, o Miranda Owls teve mais um jogo, desta vez na própria quadra, e vencemos sem grandes dificuldades, com show de Jason Grace, que tinha começado no banco, entrou e resolveu a parada. Os alunos lotaram nossas quadras e vibraram o tempo inteiro. As líderes de torcidas nem foram realmente necessárias, pois nossos colegas já ficaram animados em todos os momentos, impulsionados por nosso desempenho em quadra.

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Eu passei a manhã com Rachel, andando pelo colégio, conversando sobre nossas vidas. Eu falei sobre todos os meus problemas em colégios anteriores, minhas expulsões, minha tristeza por decepcionar minha mãe...

- Mas acho que é uma coisa boa, sabe? - ela disse. - Se você não fosse tão encrenqueiro, você jamais seria matriculado aqui, um dos melhores colégios do planeta.

- É estranho como as coisas andam - concordei. - Se eu fosse um bom aluno, acho que ainda estaria estudando em Manhattan.

Rimos juntos. Rachel me mostrava alguns lugares do campus que eu ainda não conhecia, como a biblioteca, a sala de cinema (porque havia uma aula sobre Cinema, que seria no ano seguinte), o alojamento dos professores, o Prédio Histórico (com diversas fotos, pinturas, escritos e objetos que contavam a história das turmas antigas) e a garagem. Rachel, aliás, já havia tirado a carteira e tinha um carro. Ela me contou que o pai era estupidamente rico (foi o termo que ela usou) e que sempre estava se mudando e viajando, obrigando Rachel a estudar em vários colégio e a vê-lo bem pouco. Quando o pai descobriu sobre a Academia Miranda, não hesitou para colocar a filha lá. Rachel parecia bem triste ao contar tudo isso e eu fiquei com pena e um pouco sem graça, pois não sabia exatamente o que dizer a ela para que consolo. Apenas murmurei em concordância, triste, com tudo que ela dizia.

De tarde, após o jogo, tomei um banho rápido (afinal, não tinha suado), e voltei a ficar com Rachel. Dessa vez, fomos jantar em um restaurante chinês em Williamsburg com três casais: Luke e Annabeth, Grover e Juníper e Jason e Reyna. Os seis foram bastante simpáticos com Rachel, querendo incluí-la no grupo. Rachel ficou um pouco nervosa e arredia no começo, mas logo se soltou.

Ao chegar em casa (porque era assim que eu já me referia aos dormitórios), conversei bastante com os meus três companheiros de quarto.

- O que acha da Rachel, Grover? - perguntei.

- Achei ela legal... - ele disse, meio vagamente.

- Sério mesmo?

- É. Ela é meio estranha, mas de um jeito bom, sabe? - começou Grover, mais empolgado. - Daquelas pessoas com um estilo próprio, entende?

- Entendo - afirmei, balançando a cabeça.

- Eu já a conheço - disse Nico, sem tirar os olhos dos quadrinhos que lia. Era 'Watchmen', um clássico do gênero. Pensei que depois que Nico terminasse de ler, eu iria pedir emprestado.

- Como? Da onde? - perguntei. Eu ainda não tinha a apresentado para a galera. Na verdade, Grover e outros cinco só a conheciam porque nos encontramos na caminhada até Williamsburg.

- Eu já fui da turma dela - disse Nico, dessa vez deixando seu livro de lado. - Mas só conheço ela de vista. Acho ela meio calada, meio tímida. Parecia sempre ficar meio afastada do resto do pessoal.

- Que nem você! - acusou Grover, brincando. Depois, se virou para mim e acrescentou: - Se o Nico não fosse companheiro de quarto meu, do Luke e do Tyson ele não ia nem olhar pra gente. Nós que enturmamos ele!

- Não seja convencido - disse Nico. - Minha personalidade sagaz é que me enturmou.

Após três segundos de silêncio, nós quatro desatamos a rir. Tyson foi quem recuperou a seriedade primeiro e disse:

- Eu ainda não sei quem é essa moça.

- Claro que sabe - interrompi. - Ela faz Informática com a gente.

- É uma menina ruiva? Meio quieta? - perguntou. Murmurei que sim e ele acrescentou: - Ela é bonita.

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- Ih! - gritou Grover. - Tyson vai furar o olho do Percy.

- O que é furar o olho? - perguntou Tyson, enquanto eu e Nico ríamos.

- É passar a frente, pegar a mulher alheia.

- Sai pra lá, Grover - disse Tyson, injuriado. - Eu jamais faria uma coisa dessas. Ainda mais com um amigo.

- Relaxa, cara. Eu só estou te zoando - justificou-se Grover.

- Eu sei que você é gente boa, Tyson - eu disse. Ele sorriu e decidi mudar de assunto: - Por falar nisso, hoje você jogou pra caramba, hein?

- Obrigado, Perseu - ele disse, encabulado.

- Percy - corrigi, ao mesmo tempo que Grover e Nico. Eles dois se olharam e trocaram sorrisinhos.

- É, Percy - Tyson falou, apressado. - Mas quem jogou muito hoje foi o Jason.

- Hoje ele estava o bicho - elogiou Grover. - Aliás, Percy jogando me lembra um pouco dele.

Continuamos conversando sobre basquete e outras amenidades até o início da madrugada.

A semana com Rachel foi ótima. A maioria do pessoal passou a conhecê-la por meu intermédio e ela já tinha se soltado um pouquinho, se revelando muito mais falante e espontânea do que eles imaginavam.

Nos treinos, eu jogava com muita vontade, doido por um espaço no time. Gostava de ficar em times diferentes dos de Octaviam, apenas para o prazer do jogar sob sua marcação. Recebi elogios durante e após os treinos dos outros jogadores e até mesmo de alguns estagiários. Na reunião da equipe, na quarta, Luke me disse que apostava que Hedge já me colocaria de titular logo de cara no próximo jogo.

- Pessoal, reúne aqui! - chamou Hedge, ao final do treino de sexta. Ele passara a maior parte do treinamento conversando com Octaviam e Jason e eu estava um pouco decepcionado, por achar que ele não tinha visto meu desempenho. - Pois certo, já vou mudar um pouco o time titular para os próximos dois jogos. Jackson, Solace e Fletcher já vão poder entrar em quadra, de modo que os acomodados terão que abrir o olho. Jason Grace, por exemplo, correspondeu bem a barração e volta pro time.

- Valeu, treinador - agradeceu, sorridente. Leo Valdez deu um tapinha em seu braço, comemorando.

- Vou colocar Jackson de saída também, para estrear logo no time - disse, e eu tive que conter minha euforia e não sair correndo pelado e gritando pelo campus. Apenas concordei com a cabeça e apertei a mão de Grover, sorridente.

- E quem sai, então? - perguntou Octaviam, que olhava com ferocidade para o treinador, mas que apresentava apenas cordialidade na voz.

- Vou barrar o Tyson Smith e você, Octaviam - Hedge disse, sério. - Jason e Percy darão velocidade e qualidade no passe da equipe, e a gente vai enfrentar um time muito lento no próximo jogo. Só vamos precisar de um pivô, e como o Beckendorf e o Mason são mais velozes que o Tyson, eles ficam. Tudo certo?

- Certo - afirmou Tyson, calmamente. Ele olhou para mim e fez sinal de papo firme com a mão.

- Não - reclamou Octaviam, ríspido. Depois, amenizou o tom para continuar: - Desculpe, treinador Hedge, mas eu não entendi. O time dos caras é lento, certo. Precisamos de velocidade e jeito, mais do que força, certo. Entendo porque o Tyson Smith foi barrado, mesmo depois de dois bons jogos. E o Jackson e o Grace treinaram absurdamente bem essa semana. Mas porque eu saí? Eu sou rápido e sou bom no passe.

- Por causa da marcação, cupcake. Sem o Beckendorf nosso time não existe e Jake Mason marca bem. Nós conversamos sobre isso durante o treino, não? - Hedge respondeu, calmamente. Octaviam se retraiu um pouco, enquanto Charles Beckendorf e Jake Mason sorriram genuinamente felizes com os elogios.

- Mais alguma coisa, treinador? - perguntou Luke, olhando de rabo de olho para a arquibancada. Annabeth estava sentada próxima a Nico, mas conversava com Malcolm, que estava atrás dela.

- É só se lembrar do que eu disse nos treinos. O jogo de sábado parece fácil, contra um time lento, mas quero atenção total. Sem essa de menosprezar o adversário. E no domingo, vai ser um jogo bem mais difícil e contra um time mais habilidoso, mas afobado. Pra esse jogo, Octaviam, dependendo de como o nosso time se sair amanhã, talvez você volte, certo? Estão dispensados, mas lembrem dos velhos conselhos de não encher a cara, não quebrar a perna ou não ser preso na véspera do jogo, ok?

Eu falei rapidamente para Rachel que ia tomar banho, dei um selinho rápido sem abraço e nem nada (estava suado) e fui para o vestiário, junto com Grover, Beckendorf e Tyson.

- Mandou bem, Percy - elogiou Beckendorf, sincero. Sorri em resposta.