As Aventuras De Um Cacumbu Ordinário

Capítulo 1 - Miki Hoshi


Capítulo 1: Miki Hoshi

Os fatos que vou relatar em instantes realmente aconteceram. É perfeitamente compreensível se você não notou nada de diferente nas ultimas semanas, as criaturas mágicas sabem como esconder certos fatos da humanidade – só espero que Londres se recupere logo. Meu nome é Charles de Oliveira e irei contar com eu, um mero humano – alguns preferirão usar o termo, Cacumbu –, viajei para lugares diferentes no mundo, enfrentei situações que nenhum garoto de 16 anos deveria viver, só para cumprir uma “obrigação” que eu tinha com uma raposa encardida.

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Vamos do começo.

Minha vida era monótona demais para alguém de 16 anos. Eu não saia para nenhum lugar divertido, só ficava trancado em casa jogando LoL todo dia, o dia todo. E para piorar a minha situação ninguém no colégio parecia ligar para minha existência – exceto Lorena, ela é a única com quem eu troco palavras e de vez em quando ela joga LoL comigo, que amizade – meu nome está na lista de frequência, mas sempre tem alguém que pergunta: “Quem é Charles?”, “ esse Charles vem para o colégio? Nunca o vi”. As pessoas falavam isso até quando eu estava do lado delas. Com os professores não era diferente, na verdade, era do mesmo jeito L.

Eu parei de ligar depois de um ano, desde do oitavo ano que sou ignorado eu estava no segundo ano do ensino médio.

Um dia eu estava na cozinha preparando um toddynho – leite puro é muito ruim – quando eu ouvi o tilintar de um sino. Olhei pela janela e notei que ao lado do meu prédio alguém tinha montado uma tenda roxa e ao lado tinha uma placa, que dizia:

Madame Zucrinéia

Recupera a paixão perdida em 2 dias; lê cartas, mãos, joanetes, ossos de galinha. Vende amuletos da sorte, leva os cães para passear, também trabalha como dentista, diarista e assistente de pedreiro.

Tudo bem, eu sei que esse negócio de macumbas não da muito dinheiro, mas assistente de pedreiro? Provavelmente deveria ser alguma fraude. Simplesmente ignorei.

Uma hora depois, a pedido da minha mãe, fui levar o lixo para fora. Dei uma espiada na tenda, uma fumaça branca saia por debaixo do tecido, luzes multicoloridas brilhavam pela entrada. Juro que naquela hora fiquei curioso, mas não sei o que deu na minha cabeça, eu resolvi visitar a dona Zucrinéia só para ouvir o que ela tinha para falar da minha vida.

Até hoje tem vezes que eu me arrependo de ter falado com ela, foi a partir daquele momento que tudo mudou.

Meu primeiro pensamento foi: ela é branca. Do tipo branco-corretivo. Depois disso tive quase certeza que ela era uma fraude, mas não tinha como voltar atrás, ela já estava me encarando com um olhar faminto. Segundo pensamento: ela devia ter uns quinhentos anos, tudo na Madame Zucrinéia era caído, se é que vocês me entendem.

- Bem-vindo a tenda da Madame Zucrinéia, os espíritos me disseram que você apareceria, pequeno Charles, o que eu posso fazer por você? – Eu não sabia o que era mais estranho o fato dela saber meu nome ou o fato dela ter sotaque baiano. Definitivamente era o sotaque, Madame Zucrinéia é branca e baiana? Sem querer criar nenhum preconceito, mas nunca vi um baiano de pele clara, o máximo foi um com a pela tostadinha.

- Mil desculpas, é melhor eu ir, não quero incomodar. – Era melhor eu ir embora o mais rápido possível.

- Não, não – Madame Zucrinéia balançou o indicador pelancudo na minha frente. – Eu vou te provar que o serviço que eu tenho a oferecer é de qualidade, senta-te.

Aquele sotaque baiano forte não combinava com ela. Obedeci sentei num banquinho bambo e coloquei os braços sobre a mesa. Não tinha notado antes, mas havia desenhos na mesa, difíceis de interpretar, iam de figuras animalescas até um dialeto estranho. Aqulea velha era mais estranha do que eu pensava.

Debaixo da mesa ela tirou um cigarro já aceso, deveria estar grudado em algum chiclete e ela só estava guardando-o para a situação certa. Fechou os olhos e tragou. Passou se uns minutos quando ela abriu os olhos.

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- Os espíritos me disseram... – ela colocou a mão livre na têmpora, como se tivesse com dor de cabeça. – Eles me disseram que você deve parar de usar Zhonya no Garen porque ele não é um campeão AP. Isso tem algum significado para você?

Fiquei de boca aberta, até os espíritos sabiam jogar LoL melhor do que eu. Madame Zucrinéia sorriu de satisfação com minha reação e ainda me lançou um olhar de “eu te disse”.

- Bem, que tal uma espiada no futuro? – Ela tirou debaixo da mesa um baralho de cartas, embaralhou-as e espalhou uma a uma pela mesa. – Escolha três cartas e veremos o que lhe aguarda.

Fiquei feliz que os espíritos só mencionaram o Garen, não sei o que falariam se descobrissem a build AD que faço para Lux. Com a mente mais aberta peguei as três cartas, até que não seria ruim ver o futuro, né? [seria sim, deveria ter parado aquela sessão quando eu tive a chance].

Ela pegou as cartas da minha mão e deu uma olhada, fazendo uma careta piora do que outra para cada carta.

- A primeira carta foi o infortúnio dos fortunios, essa carta diz que você está fadado ao fracasso. – Madame Zucrinéia começou a falar com uma tensão na voz que não combinava com seu sotaque baiano. Fadado ao fracasso por essa eu não espera. – A segunda foi viúva trapadeira, você será infeliz e solitário. – Que horror, pensei, mas apesar de tudo eu não estava surpreso, minha vida era um lixo, por que meu futuro não seria um lixo também? – A ultima carta é o valete bêbado, com essa carta você pode mudar o futuro que lhe espera. – Ela se aproximou de mim, eu pude sentir o seu hálito de tabaco e menta. Sem tirar a voz de tensão disse. – Me diga, Charles, você quer mudar o seu futuro?

Deixe-me pensar, ter um futuro medíocre ou ter, talvez, a chance de mostrar que eu posso ser alguma coisa nessa vida? Mas, se eu aceitasse, meu futuro seria melhor ou pior? Relutante, eu aceitei. [idiota! Idiota! Idiota!]

- Lembre-se, não tem como voltar atrás. – Dito isso ela colocou o cigarro em baixo da mesa e tirou outro cigarro, de cor verde. Definitivamente ela deve ter chiclete debaixo dessa mesa. – É o meu cigarro mentolado, guardo-o para cerimônias como essas.

Curiosamente o cigarro já estava aceso, que nojo. Ela entoou:

Ráxaxaxaxaxa! Ráxaxaxaxaxa! Ráxaxaxaxaxa!

Tragou o cigarro e liberou a fumaça no meu rosto. Imediatamente meus olhos começaram a arder e respirar tinha ficado difícil.

- As estrelas irão trabalhar ao seu favor, aguarde depois do por do Sol.

Madame Zucrinéia e sua voz altamente baiana estavam distantes. Senti meu corpo sendo puxado para baixo. Minha bunda bateu no mato. A tenda, a mesa, até mesmo Madame Zucrinéia tinham ido embora.

Já tinham passado das dezoito horas e eu superei o fato que ocorreu de tarde. A única coisa que denunciara que algum dia Madame Zucrinéia tinha passado por ali foi um cartão com os mesmo dizeres que a placa da tenda. O cartão estava no meu bolso.

No momento eu estava concentrado na minha partida de LoL com minha amiga Lorena – pode se dizer que ela é minha, Lorena é a única pessoa no colégio que as vezes fala comigo.

Eu estava solo top de Lux e ela no bot de Vayne. Ela começou a escrever no chat:

XxLolit@xX : vc ta fazendo lux ad dnovo?

Alguns hábitos eram difíceis de deixar. [hoje em dia eu sei fazer uma build AP com a Lux]

Charl00ser: eu n sou taum ruim com lux ad

XxLolit@xX: vc eh péssimo, reportem lux por ser noob

Charl00ser: D:

Que decepção, minha amiga me reportando na cara de pau.

Depois de vencermos a partida e eu ter morrido umas sete vezes, decidi que era melhor eu parar um por e fazer outro toddynho.

No instante que eu botei o pé na cozinha, uma explosão. Poeira subiu rapidamente, cai no chão, me cachorro começou a latir. Eu não conseguia e ver nada. Meu computador! Será que ele estava bem? Levantei-me num salto e através o corredor cheio de poeira.

A pior visão do mundo foi ver meu quarto destruído, algum tipo de meteoro chocou-se logo no meu quarto! Uma luz começou a brilhar no centro dos destroços.

Que sujeira, não consigo respirar direito, uma voz penetrou na minha, parecia a de um criança, DISPERSAR!

Uma rajada de vento invadiu o que sobrou do meu quarto e limpou a poeira sem deixar um vestígio.

O que tinha no centro da cratera era uma raposa [maldita seja ela], pequena, focinho curto, um pelo impecavelmente laranja, uma cauda pomposa. E o animal estava brilhando. Parecia que cada fio do pelo da raposa era uma fibra luminosa que emitia um brilho alaranjado.

Ela me olhou com os olhinhos negros, até que era bonitinha.

Oh, que surpresa um cacumbu, a voz de novo, será que pertencia a raposa, seria louc... é claro que sou eu falando cacumbu retardo.

Arregalei os meus olhos, não era possível, eu devia estar sonhando.

Eu sou a raposa do poente oriental, Miki Hoshi, e convoco sua ajuda para me levar de volta aos meus parentes.

Dizendo isso a raposa abriu a boca e soltou uma espécie de rugido, quando eu menos esperava ela cospe na minha testa. Levo minha mão imediatamente à cabeça, mas já não tinha nada para limpar, corri para o banheiro e olhei-me no espelho.

Onde a raposa cuspiu havia um desenho de uma caveira sorridente. Voltei para o meu quarto destruído querendo respostas.

- O que você fez comigo?! – Olhe para mim gritando com uma raposa? Eu devia estar ficando louco mesmo.

Eu roguei uma maldição em você e escarrei na sua cara ao mesmo tempo, respondeu casualmente.

- Como assim maldição?

É uma Maldição da Morte; TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ; outro som invadiu o cômodo, uma musica tenebrosa.

- O que foi isso?

É que toda vez que você fala esse nome a musica aparece, é irritante.

- Que nome?

Cacumbu, a Maldição da Morte; TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ.

- Ah, então toda vez que eu falar Maldição da Morte - TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ – essa musica vai parecer? Que legal.

Não, não é le...

- Maldição da Morte - TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ – Maldição da Morte - TÃ-TÃ-TÃ-TÃÃÃÃÃ.

Cale a boca cacumbu ignorante! Minha cabeça começou a doer como se alguém estivesse batendo na minha cabeça com um martelo. E de repente foi embora.

Como eu estava dizendo eu, Miki Hoshi, convoco sua ajuda, estou muito longe de casa. E como Cacumbu, você deve me ajudar ou morrer.

- O que? Vamos lá, uma coisa de cada vez, o que é um cacumbu?

Humanos, Cacumbus são seres inferiores.

- Ah tá, então a raposa metida a holofote se acha supe... – De novo minha cabeça doeu mais forte do que a ultima vez e de novo parou de repente.

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Você não está em situação para retrucar. Quando uma raposa do poente convoca ajuda a um Cacumbu, eles têm que aceitar ou a maldição os matará.

Tá bom, esse foi um ótimo argumento, mas tinha uma coisa que ainda me incomodava:

- Eu não sou um humano inferior – defendi, eu podia ser um Zé Ninguém, mas inferior ao uma raposa? NUNCA.

Não sou eu que dito quem é Cacumbu e quem não é. Todas as criaturas mágicas e animais consideram humanos inferiores e inúteis. Portanto sim, você é um Cacumbu.

- Exagero seu ao dizer que até os animais tem opinião.

Siga-me, e Miki foi até a sala onde Tobby, meu cão, estava.

Ao me ver Tobby mostrou os dentes e a rosnar. Era uma atitude normal dele, eu já tinha me acostumado. Sem falar nada, Miki me mordeu, não doeu, mas levei um susto.

Ouça. Olhei para Tobby que continuava a rosnar. E ouvi:

Seu Cacumbu miserável, eu odeio quando você começa a falar comigo como se eu um retardo mental!

Agora, ouça a mosca, Miki disse. Só ouvi um zumbido perto do meu ouvido:

Cacumbuuuuu.

Que decepção, até meu cachorro me odeia, até as moscas. Miki estava certo, eu sou inferior. Desisti de entender o que estava acontecendo, o que sabia era que tinha que ajudar Miki a voltar para o seus parentes, se não eu ia morrer. Olhei para a raposa, arrasado.

- Eu vou te ajudar, para onde eu tenho que te levar?

O rabo de Miki Hoshi balançou animado.

Monte Fuji, Japão.