A Tale Of War

Lorde John Windsor − o Senhor de Harrenwood


Mesmo sendo tarde, o castelo inteiro estava acordado.

Criados corriam pelos corredores para servir aos pedidos dos senhores e senhoras. A notícia chegara.

John Windsor, o Senhor de Harrenwood, andava correndo pelos corredores do castelo com a carta na mão. Estava indo até a reunião do conselho, pois o convocara urgentemente. A morte do rei pegara todos de surpresa, lógico, pois Rikard era jovem demais para morrer. E o pior: não tinha herdeiro. O trono teria de passar à Rainha Bayforth, o que complicava ainda mais as coisas.

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John sabia que esse dia não tardaria a chegar. E era hoje. Sentia isso desde o dia em que Rikard casara-se com a Bayforth. Sabia que era um erro. Mas agora já era tarde demais.

Uma vez que o reino sem rei e herdeiro, tudo estaria perdido; e para essa hipótese não havia exceções.

Entrou na sala do conselho e viu que todos já estavam lá. Tomou seu lugar à mesa e pôs-se a ler a carta novamente; mas, obviamente, as palavras continuavam as mesmas, informando a mesma tragédia, deixando as mesmas duvidas. Depois de ler duas vezes, disse ao seu conselheiro, Jorge Forn:

− Isso é tudo que chegou da Província Real?

− Sim, senhor.

John Windsor bufou. A sala estava escura, iluminada por apenas quatro dos seis archotes nela presentes. Algumas velas do lustre pendurado em cima da mesa estavam apagadas. Tinha muitas preocupações, mas não sabia sobre o que falar.

− Senhor, creio que não fui informado da causa da morte do rei – disse Lorde Burke.

− Natural – respondeu Forn.

John pensou um pouco e concluiu que estava certo; que não havia nenhuma outra opção senão sua hipótese. Disse:

− Ou pelo menos é o que a Rainha quer que pensemos.

Depois desse comentário, a sala entrou em um silêncio súbito durante uns quatro segundos, até que o Forn disse:

− O Senhor ainda pensa em ir até Rivyric?

John ainda não pensara nisso, mas tinha quase certeza de que sim. Planejava a viagem há anos, pois tinha assuntos importantes para tratar com o Senhor de Rivyric, que não podiam ser adiados. Pretendia vingar-se de Goryn Greyard. O Senhor de Rivyric era um velho conhecido seu. Nunca se falaram, mas John o conhecia mais do que desejaria. O motivo de vingança era uma rivalidade Windsor-Greyard, que começara centenas de anos atrás, quando um Senhor Greyard muito rico, que morava na Província de Harrenwood, decidiu rebelar-se contra o Governador Windsor; a guerra em questão durou quarenta anos, e acabou que os Greyard ganharam, e o território governado pelos Windsor – antes o maior de Windermere − foi dividido para dar origem a Província de Rvyric. Mas deu origem a outro tipo a outro tipo de guerra, antes nunca visto no Reino, uma guerra silenciosa entre os Greyard e os Windsor.

A rivalidade ficava maior a cada guerra que havia em Windermere, pois os Windsor apoiavam um lado enquanto os Greyard apoiavam o outro. Mas, quando John era apenas um garoto de nove anos houve outra guerra entre os dois clãs pelo mesmo motivo: território. Mas o final dessa última guerra fora diferente. O pai de John governava Harrenwood e fora ele mesmo quem travara a guerra, depois de invasões de tropas dos Greyard. A guerra durara três anos. Mas acabou quando o pai de Goryn invadiu Harrenwood e o castelo dos Windsor e matou toda família de John, exceto o próprio. Lorde Greyard ficou conhecido como O Impiedoso. Inspirou canções e histórias devido à sua ousadia, seu modo de governar e, principalmente, sua crueldade.

E era esse o motivo de sua viagem sigilosa à Rivyric; pretendia vingar-se. E talvez até pudesse tornar-se tão famoso por sua bravura e crueldade como Lorde Greyard fora.

Enquanto estivesse fora, seu filho, Henry Windsor seria o Senhor de Harrenwood. Como já tinha dezessete anos, John sabia que ele era capaz de governar a província. E, além do mais, sua mulher e o Conselho de Harrenwood estariam ao seu lado para auxiliá-lo. Isso era bom, pois eram tempos perigosos, e havia grandes chances dessa vingança acabar em guerra.

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− Sim – respondeu John. – Essa viagem é inadiável, lamento senhores. Mas como sabem meu filho estará falando em meu nome.

− O Senhor acha que Goryn Greyard o receberá de braços abertos? – perguntou Lorde Tyte. – Digo o Senhor sabe que sempre existiu certa rivalidade entre os Windsor e os Greyard, e acho que com o Senhor não será diferente.

John não contara a eles o real motivo de sua viagem; iria fazer um “tratado de paz”, mentiu, pois, como já foi dito, eram tempos perigosos, e não se podia confiar em ninguém, até mesmo nos conselheiros. Principalmente conselheiros como os de John, os quais ele não sabia de que lados estariam na possível guerra a começar.

− Não acho nada – respondeu. – Mas espero que sim. – John voltou ao assunto da reunião: − Rikard morreu de forma natural, estranho, não? Deixando o trono sem herdeiros. Tem alguma coisa muito errada aí. – Levantou-se e foi até a janela.

− O Senhor disse a mesma coisa quando o irmão mais velho do Rei desapareceu.

− Exatamente. Não vêem? Alguém quer o trono e vai matar quantos herdeiros for preciso para consegui-lo. Não acham?

− Senhor, acho que se a Rainha realmente quisesse o trono de volta para os Bayforth o teria pegado muito tempo atrás. Quero dizer, não acho que esperaria dez anos para matar o rei – disse Forn.

− Nisso concordamos, Lorde Forn. Mas não a deixa menos suspeita. Embora eu tenha quase certeza de que a Rainha o tenha matado. Como vocês, conheço a história dos Bayforth, e sei que a intenção de Albert quando prometeu sua filha a Donnavan Castenhul foi exatamente essa. Ele queria recuperar o trono para os Bayforth. O Trono que foi tirado dos Bayforth quatrocentos anos atrás.

− Mas ele não vai conseguir, pois ela será Rainha Regente até que seu filho seja capaz de governar Windermere – argumentou Tyte.

− Exato. Mas e se o filho dela não nascer? – disse John.

− O que quer dizer? Acha que a Rainha seria capaz de matar o filho antes mesmo dele nascer.

− Só sei uma coisa: os Bayforth seriam capazes de fazer qualquer coisa para reconquistar o Trono de Windermere.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.