O silêncio na enfermaria era perturbador, a curiosidade do trio estava devorando seus sentidos. Elas queriam mais que tudo saber o que acontecera na sala do diretor. Anna respira fundo e finalmente abre a boca.

— Como eu já disse a vocês, eu sou uma garota sem dons — Gerla fez uma careta tensa, não aceitara que alguém que entre na POFT não tivesse dom algum, Suaila estava a ponto de um choro e Gabirella apenas suspirou frustrada. — Lá, na sala do Sr Aphirian eles tentaram refazer o ritual de Expisco.

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— Ritual do que? — Pergunta a índia.

— Expisco, — Responde Gerla — é o ritual que permite o feiticeiro encontrar seu dom elemental. Assim como nós magos fazemos o ritual de animália, para se conectar mais afundo com nosso animal interior.

— Obrigada Gerla, — Anna agradece com um sorriso — apesar da professora Mistsey já ter tentado na sala, o diretor também queria fazer um teste. E... — A garota do campo parou um tempo, seus olhos estavam ficando quentes e pequenas gotículas salgadas de lágrimas, já estavam embaçando sua visão. Segurando o choro, ela fecha os olhos e respira fundo. — Mais uma vez o circulo me rejeitou.

Gerla ergueu os olhos, Suaila estava com a boca aberta e a bela morena com marcas verdes em seu corpo, estava séria, tentando entender.

— Como assim rejeitou? — Pergunta Gabriella tensa.

— Fui arremessada contra parede. — Anna diz abaixando a cabeça.

— Foi aí que você desmaiou? — A loira perguntou.

— Não. — Anna bebe mais um pouco de água — O senhor Aphirian pediu para que as fadas do oráculo que me descobriram, refizessem o ritual.

— O que? — Grita Gerla.

— Mas como assim? — Gabriella pergunta.

— Isso é assustador. — Suaila choraminga.

— Eu também me assustei — A garota do campo admite — mas o que eu poderia fazer? Eu não tenho dons.

— Mas por que refazer? As fadas nunca erram. — Gerla pensa alto.

— O diretor disse, que é raro acontecer, mas não é impossível. Elas poderiam ter errado minha classe mágica.

— E erraram? — A índia perguntou impaciente.

— Aí é que está, — Anna responde aflita — quando elas refizeram o ritual, continuaram a afirmar que sou uma feiticeira.

— Então não tem o que temer, não é? — A elfa tenta raciocinar — Se você é uma feiticeira, você é um ser mágico e você pode continuar na POFT. Então você não vai embora.

— Mas Anna continua sendo uma feiticeira sem dons. — Diz Gerla e todas ficaram em silêncio.

— Gente, a história não acaba aí. — A garota do campo fez com que suas amigas se assustassem.

— Essa não era a parte importante? — Gabriella pergunta.

— Depois que fizeram o ritual, as fadas ficaram estranhas e suas asas emitiram um tipo de magia que me fez arrepiar. — Anna segura seus ombros como se sentisse novamente aquela sensação.

— Que tipo de magia? — A maga veterana questiona, colocando mais uma vez sua franja azul atrás da orelha.

— Não faço a menor ideia. — Diz a garota deitada no leito. — Mas elas começaram a falar coisas estranhas e pareciam estar cantando.

— É um cântico. — Afirma Suaila.

— Como você sabe disso? — Gabriella perguntou afiada.

— Lá em Elfária, é comum nascerem elfos com dons de visão futura. — A elfa de repente ficara séria. — Não é um dom que muitos se orgulhem de ter, para elfos, o dom da profecia é como um veneno. — A elfa sente um aperto em seu coração. — Um cântico é uma das formas de se prever o futuro, mas é cheio de enigmas, palavras sem sentidos. E ninguém pode dizer quando, como, ou onde a profecia vai se realizar.

Havia mais alguma coisa que a elfa não tinha falado, as meninas a olharam com estranheza mas nenhuma ousou ir mais além. A loira parecia sofrer por causa disso, por causa de algum segredo que ainda prefere guardar para si mesma.

— Então o que as fadas me disseram, é uma profecia? — Anna perguntou, a elfa assentiu.

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— Então, o que as fadas disseram? — Gerla questiona.

— Algo como só a luz poderá me guiar, eu deveria confiar em mim mesma, alguma coisa desse tipo.

— Anna você precisa lembrar — A maga de curtos cabelos azuis parecia séria — não vamos poder te ajudar se você não lembrar das palavras. Lembre-se é um cântico como a Su falou, isso pode ser muito importante.

— Não pressiona ela tá legal? — Briga a índia — Ela não está bem, foi por isso que ela veio parar aqui.

— Você tem razão Gabriella, — admite a maga veterana — desculpe Anna.

— Tudo bem. — A garota do campo sorrir.

— Mas a Gerla tem razão. — Todas param para olhar a elfa que parecia muito séria.

— Como você disse? — A morena disse encarando a loira.

— Se as fadas do oráculo fizeram um cântico, então quer dizer que algo grande poderá acontecer. Algo tão grande, que precisou das três fadas para uma só profecia. — A elfa ainda séria responde.

— Quer dizer que algo mal vai acontecer? — Anna se assusta.

— Provavelmente. — Responde a loira.

— Desde quando ela ficou tão inteligente? — Debocha a índia.

Anna respirou fundo e como se ainda estivesse na sala do diretor, vendo as fadas cantarem a profecia ela disse.

Só a luz poderá te guiar. Mesmo quando a escuridão tocar em seu coração e o medo enfraquecer a sua alma, confie em si mesma, pois só a luz poderá te guiar. — Todas olharam para a amiga deitada com surpresa e Anna continuou a falar. — Foi isso, foi exatamente isso.

— Ok, só eu estou arrepiada? — Pergunta Gabriella com os olhos arregalados.

— Isso não parece uma profecia. Fala a maga veterana.

— Mas é. — A elfa demonstra certeza. — Algo de grande vai corromper seu coração Anna e você deverá resistir a este grande mal.

— Isso é meio obvio. — Fala a índia.

— Acho que tem algo mais nessa profecia — Gerla coça o queixo em duvida — há algo familiar nestas palavras.

— Você as conhece? — Anna se empolgou com curiosidade.

— Acho que sim, já as vi em algum lugar, mas não sei onde? — Ela coça mais rápido o queixo, agora se esforçando para lembrar. Antes que Gerla pudesse dizer mais alguma coisa, a porta atrás delas se abre e todas ficaram surpresas quando viram quem aparecera.

— Posso entrar? — Ele disse. E todas as garotas ficaram vermelhas, com exceção de Gabriella que achara o belo garoto metido demais.

— Cl-claro. — Anna disse tímida.

— A gente já tava de saída mesmo. — Gerla sorri.

— Mas você não ia falar que... — Antes que a elfa pudesse continuar Gabriella lhe joga um travesseiro.

— Acho que essa elfa repetiu a dosagem de poção anti sono. — Ela sorriu brincalhona.

— Mas eu não bebi nada hoje além de águ... — E mais uma vez a loira foi impedida de falar bobagem, mas dessa vez por Gerla, que pegou o mesmo travesseiro e tampou a boca da garota.

— Enfim, — a índia se aproxima de Anna e sussurra em seu ouvido. — Só pra você saber, nós conseguimos ganhar das princesas do mal, o jogo está empatado. — Anna sorri com a vitória e Gabriella da um beijo em sua testa, numa forma de lhe desejar saúde.

— Bem, tchau Anna, até mais. — Gerla diz, segurando o braço da elfa e saindo rápido da sala em que estavam, atrás das duas, a índia empurrava a loira fazendo com que ela não tentasse voltar. Mesmo longe ainda podiam ouvir os gritos da pobre Suaila.

— Mas eu quero dar tchau para Anna, ela vai magoar e achar que eu não gosto dela. Por que vocês duas são tão más comigo?

— Suas amigas são bem, — Ele repensou nas palavras que sairiam de sua boca — incomuns.

— Elas são perfeitas. — Anna ri.

— Bem, eu — o belo mago de olhos castanhos se aproxima do leito — fiquei preocupado.

— Como pode ver, estou bem. — Anna tentara parecer indiferente, mas sabia que a cada passo dado por Stevan, seu coração acelerava, sua pele esquentava e suas mãos soavam.

— Você pode me prometer uma coisa? — O mago parecia estranho como se estivesse preocupado.

— Eu não posso dizer que sim, — a garota do campo engole em seco — meus pais disseram que você não pode prometer algo sem saber o que é.

— Quando você sair da enfermaria — Ele fitou seriamente os olhos de Anna, fazendo a garota ofegar. Aqueles incríveis olhos castanho escuro dele, fitando de forma honrável as belas orbes azuis da garota deitada. — quero que me prometa, que você não abaixará a cabeça.

— Como? — Ela estreitou os olhos, mas não parou de olhar Stevan diretamente.

— As pessoas estão espalhando boatos sobre você. — Ele disse — Todos com teorias estranhas e algumas até maldosas, então por favor me prometa que não irá abaixar a cabeça. Não para estas pessoas, não para estes boatos.

— O que eles estão falando de mim? — A garota do campo se irrita.

— Apenas me prometa. — Ele fala ainda sério.

— Por que? — Ela questiona aflita — Por que se importar comigo?

— Você é diferente das outras garotas, — O dominador de serpentes parecia estar corado — algo em você é puro, é único. — Ele deu as costas para ela e pediu. — Me prometa.

— Mas...

— Me prometa. — Ele repetiu.

— Tudo bem, eu prometo. — Aceitando seu pedido, Stevan ainda de costas para garota, inclina sua cabeça para o lado e Anna pode ver, um sorriso brotar calmo no rosto dele. — Stevan. — Ela o chamou.

— O quê? — O mago pergunta antes de atravessar a porta.

— Obrigada.

E mesmo sem falar nada o mago saiu. Deixando a garota sozinha com um bobo sorriso no rosto. Fazer ela prometer algo assim, é um imenso sinal de que ele realmente se importa com ela. Anna não podia negar, que seus sentimentos por Stevan estavam de fato crescendo.