Nesta Bela Vida Cruel

Duro como um diamante


Dizem que a nossa existência é feita de momentos e que esses momentos podem definir uma vida inteira. Ehren não sabia disso até então, antes de virar aquela esquina.

As perspectivas das pessoas talvez sejam a maior causa da decepção ou do desespero... E desespero era mais do que ele sentia naquele momento, queria chorar, queria fugir, queria viver, mas também queria salvar a sua mãe. Se não conseguisse, como entraria para a Tropa de Exploração?

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“O mundo é cruel” dizem, mas o problema era que sempre fora – desde o início sempre foi, como Mikasa percebeu – apenas ignoramos tal fato, vivemos ignorando a dor e sofrimento alheio com a desculpa de que não nos afeta. E Ehren foi afetado.

O que fazer? Fugiria como um covarde ou lutaria como um homem? Mas ele não era um homem, era apenas um garoto que não entendia o lugar que pertencia, olhava para Mikasa desesperado, gritava com a mãe e chorava por ser fraco.

E como ele odiava aquele sentimento.

Ahh, a tal da impotência... Como é se sentir como um lixo? Um inútil? Hein Ehren? Você disse que um dia mataria os gigantes e exploraria o mundo, mas nem consegue tirar a sua mãe dos destroços, patético não?

Hannes chega e Ehren de repente sente um alívio. Poderia talvez salvar sua mãe? Sua honra? Não. Apenas mais uma ilusão, pois ele também era fraco, e ao encarar a face personificada da morte, e ao vê-la sorrir com escárnio, toda aquela coragem se vai, e ele é apenas um humano contra um gigante, um nada.

Decide então fazer a única coisa que o faria útil: abandonaria a mãe e salvaria as crianças. O sacrifício de um por dois valeria a pena? A culpa provavelmente o consumiria com sua vida e destruiria sua alma como geralmente acontece com as pessoas que sentem remorso. Mas era necessário, se existisse um Deus, que ele o perdoasse e guardasse a alma da mãe daquelas crianças.

E o Ehren? Claro que se debateu como um menino corajoso faria até assistir aquilo, poderia sentir que foi em câmera lenta, o tremor que causava no solo quando andava, seu cheiro de morte e carnificina o enjoava, viu a mãe hesitar perante a morte, viu aquele gigante apertar seu corpo que movia-se freneticamente, gritava em vão, implorava em vão, até que acabou: ele a comeu, como normalmente o predador come a presa.

Sentia o sangue quente bater no seu rosto sujo e molhado, o terror estava obviamente visível em seus olhos esbugalhados, sentiu-se estranho. Era diferente daquela vez em que matou: o sentimento era pior. Teria sido assim que Mikasa se sentiu ao ver seus pais sendo mortos?

A humilhação o matava.

A dor o lembrava.

E estar vivo o aliviava e o culpava.

Sua mãe morreu e por sua causa. Olhou para Mikasa e o que viu era um semblante mais controlado. Será que ela não sentiu o que ele sentia?

E ele, então, percebeu: a culpa não foi dele, e sim, da fraqueza.

Ele não seria mais fraco, não seria mais aquela criança ingênua com uma ideia de mundo fraca. Por dentro sentia vergonha de ter achado que conhecia como o mundo era e naquele momento em que o terror foi embora com o medo.

Naquele momento em que viu o Encouraçado e de repente tudo fez sentido e finalmente entendeu como a vida era regida, ele soube.

Soube o que fazer e não mais se culpou, seguiu em frente, levantou a cabeça e pronunciou sua vingança como um homem e não mais como criança.

Agora ele entendia qual era seu lugar, era um humano, um simples humano que sentia e sofria e por isso ele era forte, pois a dor nos lapida como um diamante e como um diamante seria forte, pois nesse mundo cruel só percebemos que perdemos tudo quando já se não há mais nada.

E, para Ehren, realmente já não havia mais nada, apenas o vazio que sua dor deixou.

"Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência." Martha Medeiros

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.