Pov Sophia

~ 12 anos atrás ~

–Sophia, vamos logo Sophia!- minha mãe chamava na porta de casa.
–Eu não sei onde deixei a minha boneca, eu queria levá-la.-disse cabisbaixa.
–Meu amor, você não precisará da sua boneca na escola, você irá fazer amigos e terá com quem brincar lá. - mamãe se abaixou e acariciou o meus rosto. -Agora nós temos que ir.
Depois de alguns minutos dentro do carro minha mãe estacionou na escola e se despediu de mim falando mais uma vez que daria tudo certo e que eu faria muitos amigos. Passei a mão no meu cabelo arrumado em uma trança embutida impecável, sorri para ela e entrei na escola.
Naquela época eu estava completamente confusa naquele lugar enorme repleto de estranhos, não tinha parado pra pensar que aquele dia marcaria minha vida.
Depois do discurso da diretora, uma mulher gorda com cara de bruxa, fomos orientados a seguir para a sala de aula.
A professora parecia legal, Lurdes seu nome, e só perguntou o nosso nome e a nossa idade.
Não prestei muita atenção aos nomes. Me lembro de um menino chamado Pablo Willians que viria a ser a primeira decepção da minha vida. Uma loira de cabelos cacheados chamada Liza De Monteiro, ela disse ser filha de alguém importante, mas não dei muita atenção.
Na hora do recreio eu me sentei em um banco de frente para o parquinho, foi quando algo me chamou atenção. Tinha uma menina sentada sozinha em um balanço comendo batatas-fritas, o que a diferenciava de todas as outras garotas era a falta de laços e enfeites em seu cabelo. Ele era bem liso e estava solto, de modo natural, eu achei bonito. Não um bonito extravagante, mas um bonito natural.
Eu estava tão concentrada na menina do balanço, achava que ela tinha algum poder hipnótico, que não percebi Luiza e mais duas garotas se aproximando.
–O que está fazendo aí bebê?
–Lanchando. Ei, eu não sou bebê, tenho a mesma idade que vocês!-respondi a Luiza.
–Mas você é tão redonda que me lembra um bebê!- ela falou e as meninas riram.
Eu sabia que era um pouco mais "cheinha" do que as outras garotas da minga idade, mas isso nunca tinha me afetado antes. Algo no sorriso impecavelmente branco de Luiza me fez querer chorar.
–Não... Pareço... Um... Bebê!-disse entre soluços.
–Tanto parece, como está chorando igual a um!
Limpei a lágrima que consegui escorrer do meu olho esquerdo. Até hoje não consigo entender como as crianças conseguem ser tão cruéis.
Luiza me deu um empurrão e eu só não cai porque esbarrei em alguém.
–Ai!- reclamou uma voz atrás de mim. Recuperei o equilíbrio e me virei, era a menina da batata-frita. -O que foi?- ela perguntou, provavelmente ela percebeu meus olhos cheios de lágrimas.
–Nada, ela é apenas um bebê chorão! -a amiga ruiva de Luiza falou, foi a primeira vez que alguém além da loira falou.
–Bebê? -a garota sem nome riu- Quem são vocês pra chamar alguém de bebê suas piralhas.- Acho que não foram as palavras, mas sim o olhar mortal de Selene, que fez as meninas se afastarem rapidamente.
–O-Obrigada-sussurrei
–Não agradeça, detesto idiotas!-ela revirou um olhos e eu sorri.
–Meu nome é Sophia, e o seu?- indaguei.
–Hum... Selene.
Nós não falamos mais nada, só caminhamos juntas para a sala de aula, que inclusive éramos da mesma.
Selene, esse era o nome da minha "heroína", e pensar que essa só foi a primeira das muitas vezes que ela me protegeu.
A noite, deitada na cama, pensei que minha mãe estava errada sobre eu fazer vários amigos. Mas isso não importa mais, eu fiz a melhor amiga que alguém poderia ter.

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