Marylin

Anonymous


– Marylin, vamos sair daqui. – James me puxava escada abaixo, enquanto eu encontrava um meio de digerir tudo aquilo. – Vamos para a MB, você ficará segura lá. – Entramos em seu volvo preto blindado.

Durante todo o percurso até o campus da Máfia Britânica, eu fiquei em silêncio enquanto as lágrimas escorriam violentamente pelo meu rosto, e a imagem do que eu tinha visto me perturbava.

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Era Cinthia! A mulher que trabalhou durante a maior parte de minha vida com minha tia Janie, foi assassinada violentamente por minha culpa. Seu corpo estava jogado em baixo da cama, seus olhos abertos imploravam por socorro, e sua boca paralisada demonstrava sua vontade de gritar, em seu corpo estava evidente toda a violência que foi usada, o seu sangue que cobria os lençóis, e serviu de tinta para que pudessem escrever aquela frase ameaçadora na parede, também estava ao seu redor, seus braços esticados em minha direção pareciam deslocados, e suas pernas estavam presas com cordas extremamente fortes. Cinthia tem uma família, ela tem um marido que a ama, e uma filha que deve estar ansiosa pela volta da mãe em sua casa para ajuda-la com o dever, qual será a reação deles quando souberem que ela não voltará? O que a MB irá falar? Qual a história que irão inventar? E pensar que todo o sofrimento que essa família enfrentará, é minha culpa.

Quem invadiu a casa teve a oportunidade de matar, teve a oportunidade de me tirar dali mas não o fez. Quem invadiu aquela casa não quer me atingir, quer tirar todos que eu amo de perto de mim. E como eu não tinha ninguém, ele está matando pessoas que eu conheço, mas porque? O que ele quer comigo? O que eu fiz? O que eu tenho?

Olhei James através do retrovisor do carro. Ele estava nervoso, suas mãos tremiam no volante, e suas expressões demonstravam preocupação, raiva, e até medo. Ele era a única pessoa que eu tinha agora.

– James! – Gritei. – Você tem que ir embora agora! – Grudei no banco da frente, meus olhos arregalados encaravam James, que sem entender nada parou o carro em uma lanchonete em um bairro movimentado. – Você tem que se afastar de mim!

– Se afastar? Ir embora? – Ele estava confuso.

– Sim! – Meu coração pulsava acelerado, somente por imaginar que ele poderia ser o próximo. – Por favor, vá embora. Saia de Londres! – Solucei, voltando a me render as lagrimas. James em um movimento certeiro, passou para o banco de trás, e me encarou sem expressão. – Você não consegue ver? Querem me tirar tudo, querer me fazer sofrer James, e você agora é tudo o que eu tenho. – Fechei os olhos para não encara-lo. – Por favor, vá embora! Eu desisto de tudo isso, eu desisto de vingança, mas por favor, se afaste de mim!

– Eu não vou a lugar nenhum Mary. – Senti seus dedos limparem minhas lagrimas. – Tudo vai ficar bem, você sabe disso.

– Não, eu não sei! – Eu abri os olhos, gritando. Ele se assustou. – James, o próximo pode ser você, e se você ... se você... eu não vou aguentar! – Ele esboçou um sorriso, e eu levei meus olhos até meus pés. – Por favor, se afasta de mim.

– Não Marylin! Não me peça isso, por favor. – Sua voz era suave, fraca, e a mesmo tempo transmitia a segurança que eu precisava. – Eu não vou me afastar de você, nem que você implore. Eu vou te proteger, e vou te ajudar a se vingar, não quero que você desista! – Ele segurou meu queixo, me fazendo olhar para ele. – Não quero que desista por mim.

– Mas James...

– Sem mas! Eu vou descobrir quem é esse idiota que está atrás de você, e eu vou fazer ele se arrepender de ter nascido! – Ele cerrou os dentes. – Agora respira, e pare de chorar. – Eu olhei seu sorriso torto, e sua barba mal feita, e sorri corando. – Vem, vamos descer, você precisa comer alguma coisa. – Ele abriu a porta do carro descendo, e correu até a porta do meu lado, abrindo-a e me esperando descer.

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Entramos na lanchonete, e através do vidro espelhado, vi meu reflexo terrivelmente desarrumado.

– Oh céus! Preciso ir no banheiro. – Comecei a caminhar em direção ao banheiro, e percebi que James me seguia. – Onde está indo? O banheiro masculino é do outro lado. – Murmurei.

– Eu vou com você. – Eu arregalei os olhos, e cruzei o braços sob o peito. – Eu espero na porta. – Ele riu.

Entrei no banheiro, lavei meu rosto, arrumei meu cabelo, e fiquei encarando meu reflexo no espelho. Eu estava acabada! Meus olhos estavam inchados, haviam olheiras terríveis em meu rosto, e minha pele estava tão pálida que quem me visse poderia achar que eu sofria de alguma doença seríssima.

Um barulho saiu de meu celular, e eu respirei fundo antes de ver a mensagem que tinha chego.

Decisão errada, companhia errada, visual errado.

Você traiu minha confiança, provocou minha ira,

e agora terá que sofrer com as consequências.

Sabe todo o amor demonstrado nas mensagens anteriores?

Ele saiu de mim assim como todo o sangue que saiu da empregadinha.

Cuidado! Se contar sobre as mensagens para alguém,

o loiro MORRE!

–– Anônimo

– Marylin! – James gritou da porta do banheiro. – Está tudo bem?

– Sim. Eu... eu já estou saindo! – Gritei de volta.

Apaguei a mensagem, após lê-la novamente. Meu Deus! O que querem comigo?

Um barulho estrondoso ecoou vindo do corredor.

– James! – Gritei, correndo até a porta do banheiro, abrindo-a, e me deparando com ele na mesma posição que me lembro ter o visto. – Céus! O que foi esse barulho? – Perguntei assustada, porém com o coração batendo mais aliviado.

– Bêbados. – Ele riu. – Acho melhor tomarmos café na MB. – Concordei com a cabeça, começamos a caminhar. – Pensou que tivesse acontecido algo comigo? – Ele bateu em meu ombro, rindo graciosamente.

– Tire suas próprias conclusões. – Tentei rir, mas algo dentro de mim doía tanto, que tudo o que consegui fazer foi esboçar um fraco sorriso.

~X~

Mesmo com tudo o que tinha acontecido, resolvi seguir com os treinamentos que James tinha pedido, pensei que assim eu poderia ocupar minha mente com outras coisas, e esquecer pelo menos um pouco de toda essa tormenta. Eu parecia estar vivendo em um filme de terror.

Comecei com corrida, três quilômetros sem a companhia de James, que estava em uma reunião com os agentes do caso de meu pai, ou o meu caso, eu não sei direito. Meus pulmões me avisaram que poderiam explodir a qualquer momento, então resolvi parar perto de um bebedouro, e sentei na grama verde, enquanto retomava o folego. Muitas pessoas passavam por ali, todas aparentemente acompanhadas de um protetor, ou de agentes uniformizados.

Meu celular tocou.

Você sabe que não pode se esconder de mim Marylin.

–– Anônimo

Resolvi responder.

O que quer comigo?

–– Marylin

Recebi a resposta imediatamente.

Eu quero você Marylin Hayley Benson.”

–– Anônimo

Respirei fundo, pensando no que escrever, e após alguns minutos pensando, enviei outra mensagem:

Porque? O que eu tenho? O que eu te fiz?

Quem é você? Me deixa em paz por favor! “

–– Marylin

Esperei ansiosa a próxima mensagem que parecia nunca chegar. Bebi um pouco de água, e voltei a me sentar, dessa vez em um banco de madeira, perto do pequeno lago que havia no campus. Meu celular tocou, e meu coração acelerou.

Eu te amo. Mas você decidiu ficar com o loiro!

Um coração partido é suficiente para querer vingança!

Não se preocupe, deixarei o loiro morrer bem rápido,

sem sofrimento... ou não!

–– Anônimo

O medo voltou a percorrer por todo o meu corpo, e imediatamente senti algumas lagrimas ameaçarem a sair de meus olhos novamente.

Por favor, não faça nada com ele. Me diga o que quer,

me diga quem é, e eu faço qualquer coisa! “

–– Marylin

Comecei a andar de um lado ao outro, em volta do banco, sentando e me levantando, sem rumo, sem saber no que pensar, meus olhos não desgrudavam do celular, eu precisava saber quem era, eu não podia deixar que nada acontecesse com James. Onde está o James?

Uma nova mensagem!

“ Você faria tudo por ele, não é mesmo?

E é por isso que eu tenho que dar fim nele,

Só assim vou poder te ter. Só para mim. “

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–– Anônimo

– Marylin! – James gritou, me assustando, e fazendo com que eu deixasse meu celular caísse. Ele pegou o celular e assim que iria me entregar, seus olhos passaram pela tela do mesmo, lendo a mensagem. – O que é isso? – Droga! Senti minhas pernas amolecerem. – O que é isso Marylin?

– James, por favor... não saia daqui! – Implorei em meio a lagrimas. – Por favor. – Coloquei a cabeça entre as mãos, fechei os olhos com força, enquanto sentia meu corpo todo tremer.

– Vou rastrear esse anônimo agora mesmo! – Ele começou a andar em direção ao laboratório de analises tecnológicas, e eu corri atrás dele. – Eu vou quebrar a cara desse idiota! – Ele gritava enquanto dava passos rápidos.

– James, não, por favor... – Eu tentava seguir seus passos, mas era impossível. – James! – Ele parou em minha frente, se virando para me encarar. – Mas que droga! – Gritei sentindo minhas pernas amolecerem, cai no chão, e o encarei séria. Ele correu até mim, se ajoelhando ao meu lado.

– Você está bem?

– Por favor, se vai fazer algo não saia daqui, não saia de perto de mim. – Implorei apertando minhas mãos em seu braço. – Eu não posso perder mais ninguém James. – Fechei meus olhos para não encara-lo, e não sentir aquelas coisas que eu sentia toda vez que meus olhos encontravam o dele.

– Ninguém mais irá se machucar, eu prometo. – Senti sua mão agarrar meu ombro. – Porque sempre fecha os olhos quando fala comigo Marylin? – Ele riu. – Vem, vamos para a sala de analises.

~X~

Eu estava na sala de analises tecnológicas esperando James, e os investigadores, decidirem o que fazer a respeito das mensagens que eu tinha recebido. Eu cambaleava de um lado ao outro, tentando entender a conversa entre eles, mas eu parecia uma garotinha de cinco anos sem entender as palavras difíceis que eles usavam.

Dentro de mim tudo estava uma completa bagunça. Medo, angustia, culpa, e raiva me invadiam o tempo todo, e pareciam estar dançando de mãos dadas por minhas veias. Meu estômago doía como se eu tivesse levado um soco certeiro, minha cabeça começou a doer, com certeza devido as inúmeras lágrimas derramadas por hoje. Eu me sentia vulnerável a tudo, meus sentimentos pareciam gritar em desespero, procurando alguma forma de sair de mim.

– Temos um nome! – O rapaz barbudo e careca, que estava sentado em frente a um computador de ultima geração, gritou. Todos olharam para ele, caminhando ao seu redor curiosos.

James fez um sinal para que eu verificasse o nome que apareceu na tela. Corri até ele desleixadamente e forcei meus olhos a lerem o nome que estava em baixo da foto do rapaz.

– Você o conhece? – O careca perguntou.

Deslizei meus olhos por todos, que me encaravam aflitos, enquanto pensava sobre aquele nome, que me parecia muito familiar.

– Marylin, você conhece esse rapaz? – James segurou meu braço, me fazendo fitar seus olhos arregalados.

Em um flashback rápido e exato as lembranças desse nome invadiram minha cabeça.

– Sim! Eu o conheço... mas ele? Não pode ser ele!