Imagine Leonetta Casados
Septuagésimo segundo capítulo
– Meu Deus – ela praguejou assim que entrou no taxi que havia chamado a pouco – Eu sou a pior mãe do mundo. A pior pessoa do mundo!
Violetta havia chegado a essa conclusão no momento em que havia percebido que perdera seus filhos em um aeroporto imenso, que decepcionara um amigo que realmente queria o bem dela (apesar de já ter causado inúmeros problemas para sua família) e, o pior, quando havia mentido para a pessoa que tinha sido atropelada para salva-la.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Aqui – ela tirou um pouco de dinheiro da bolsa e jogou no colo do motorista – Me leve para o aeroporto da cidade. O mais rápido que puder. Agora.
Ele não discutiu, apenas pisou fundo no acelerador e começou a correr pelas ruas de Madrid.
Violetta batia os dedos em sua poltrona, tentando controlar sua preocupação, até que seu celular tocou.
– Alô? – ela tirou o aparelho do bolso – Quem é?
– Vilu! – Ludmila riu do outro lado da linha – Como você está?
– Agora eu estou um pouco ocupada, Ludmila, será que posso te ignorar depois?
– Nem pense nisso – Ludmila ajeitou o cabelo – Não se atreva a desligar esse telefone. Sei que está ocupada agora, mas acho que você vai gostar de encontrar a Letícia e o Chris são e salvos no aeroporto, não?
– O que? – o medo estava evidente em seu rosto – C-como você sabe que eles estão aí?
Ludmila gargalhou.
– Você já parou para pensar no que acontece quando não está olhando, Violetta? – ela sorriu – Eu sempre sei o que está acontecendo, e sei tantas coisas sobre você que não acreditaria.
– Então você é uma psicopata que me persegue? – Violetta tentou entender – É isso?
– Mais ou menos – Ludmila sorriu – Mas isso não vem ao caso agora. Para encurtar, eu estou fazendo um favor para você no momento, e vai ter que me retribuir com outro.
– Eu vou chamar a polícia! – Violetta gritou – Se afaste dos meus filhos agora!
– Vamos pensar... Não. – Ludmila tentou conter o riso – Eu já disse que estou fazendo um favor para você, então se quiser ver os dois novamente, vai me retribuir.
Violetta rangeu os dentes.
– E que diabos de favor seria esse?
– Encontrei duas criancinhas andando pelo aeroporto, sozinhas, porque alguma irresponsável os largou aqui – Ludmila deu ênfase a palavra “irresponsável” – Quando vi que eram seus filhos, percebi que eu precisava tirar proveito disso!
– Vai logo para os finalmentes – Violetta revirou os olhos
– Chamei a menininha para vir comigo e ela aceitou. Peguei na mão dela e do menininho que estava a seu lado e fomos para uma lanchonete. Estamos aqui até agora. – Ludmila sorriu
– Não é minha culpa se pela primeira vez na vida você resolveu fazer uma boa ação.
– Pobre Violetta, já se esqueceu de que eu sou capaz de muita coisa – Ludmila ameaçou – Você vai fazer o que eu mandar, certo? Certo.
– Você não vai me convencer tão facilmente assim – Violetta balançou a cabeça
– Você é quem sabe – Ludmila deu de ombros – Estou na lanchonete, se você quiser ver seus filhos de novo, você venha falar comigo.
Ludmila desligou e Violetta teve que segurar-se para não atirar o celular pela janela do taxi.
– Chegamos – o motorista anunciou enquanto parava o carro
Ela desceu do veículo, agradeceu ao senhor e entrou correndo no aeroporto.
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– Leon? - Camila parou na porta do quarto em que estava - Posso entrar?
– Camila? - Leon exclamou surpreso
– Sim - ela sorriu - Posso entrar?
– É claro que pode! - ele sorriu de volta
Ela agradeceu com um gesto de cabeça e sentou-se em um banquinho ao lado da cama na qual ele estava deitado.
– O que você está fazendo aqui? - ele guardou uma revista que estava lendo
– Queria ver como você estava - ela deu de ombros - Você está bem?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Sim - ele apalpou seu gesso - Tirando a perna.
Ela forçou uma risada.
– Pensei que você estivesse passando férias em Portugal com o Broduey - ele a encarou - Por que veio para Madrid?
– Para te ver, claro! - ela sorriu
– Você está perdendo suas férias e seu dinheiro para me ver? - ele apontou para si mesmo e sorriu
– Acredite se quiser, mas sim - ela riu - Eu precisava me desculpar com você, e isso não é uma coisa que eu consiga fazer por telefone.
– Então todos que entram no meu quarto vem aqui para se desculpar?
– Como assim? - ela perguntou, confusa
– A Violetta também veio aqui faz algumas horas - ele sorriu - Para se desculpar.
Camila abraçou-o.
– Ainda bem que vocês fizeram as pazes - ela sorriu - Eu liguei para a Violetta algumas horas atrás para saber como estava aquele negócio de "vá para Madrid e nunca mais veja sua família" e ela me disse que vocês tinham brigado por minha causa. Por causa daquele beijo.
Leon suspirou.
– É, ainda não fizemos as pazes muito bem. Ela só veio se desculpar por eu ter sido atropelado. Digamos que ela era quem ia ser atropelada, mas eu a "salvei". Ela está com o Diego agora.
– Me desculpe - ela abaixou a cabeça - Eu não queria ter te beijado, mas eu sou teimosa, você sabe, e quis dar uma lição no Broduey e, e...
– Está tudo bem - ele sorriu - Não precisa se desculpar.
– É claro que preciso! – ela disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo
– Não, não precisa.
– É sério - ela levantou as mãos - Eu preciso me desculpar.
– Já está desculpada.
– Obrigada, mesmo – ela abraçou-o e sorriu – Eu juro que nunca quis que isso acontecesse.
– Às vezes era para acontecer mesmo – ele forçou um sorriso – Não foi sua culpa. Nós estávamos brigando muito ultimamente.
O sorriso de Camila murchou.
– Por acaso você recebeu o convite para o baile de aniversário do Frederico? - ela perguntou tentando desviar o assunto
– A Violetta comentou alguma coisa comigo - ele deu de ombros
– Então vocês dois vão juntos? - ela deu pulinhos de alegria
– Sim - ele sorriu - Mas não é nada para valer. A Violetta está com o Diego no momento. Só vamos juntos porque ela não quer que a Francesca saiba de tudo agora. Você sabe como é, a Francesca sempre deu o maior apoio para ficarmos juntos...
– Ah – ela desviou o olhar - Me desculpe, mesmo.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo, até que Violetta entrou no quarto correndo com Chris no colo.
– Vilu! – Leon pulou da cama e Camila quase caiu da cadeira – Que susto! O que houve?
Ela deu Chris para Camila segurar, sentou-se ao lado de Leon e escondeu a cabeça em seu peito.
– O que aconteceu? – Camila sussurrou para ele, que sussurrou um “Não sei” de volta – Violetta, está tudo bem? Você está chorando?
Letícia entrou correndo no quarto, arfando, e abraçou a perna de Camila.
– O que foi, Vilu? – Leon levantou sua cabeça de seu peito – Por que está chorando assim?
Ela pegou a bolsa e tirou alguma coisa de dentro.
– É por causa disso – ela levantou o objeto e soluçou – Pode parecer besteira, mas eu perdi tudo o que havia escrito durante anos. Eu tinha escrito praticamente minha vida inteira aqui, e agora acabou.
Leon e Camila se entreolharam assustados.
Nas mãos de Violetta, havia um diário completamente destruído.
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Uma semana depois...
– Tem certeza que está bom o suficiente para ir nesse baile? – Violetta o barrou quando ia passar pela porta de entrada do salão – Se você quiser podemos voltar para casa e descansar. Não quero que se machuque mais ainda.
– É claro que eu estou bom o suficiente – Leon sorriu – E não, eu não vou voltar para Madrid depois de nove horas de voo até aqui.
– Você está de muletas e com a perna quebrada – ela apontou para baixo – Você foi atropelado a menos de uma semana, se lembra? Não é uma boa ideia ir a um baile nessas condições.
– Será que podemos entrar logo? – ele riu – Já disse que não vou embora daqui.
Ela suspirou e os dois deram as mãos para entrarem no salão.
– Vilu, Leon! – Francesca e Frederico apareceram assim que os dois entraram – Que bom ver vocês!
Os dois olharam em volta: praticamente todos que já haviam feito aulas no Studio estavam ali, sem contar os familiares e amigos de Fran e Frederico. O lugar estava realmente cheio. Todos vestiam trajes formais, e se alguém entrasse ali sem saber do que se tratava a festa, pensaria que era um baile de formatura, e não um aniversário.
– É verdade que vocês dois vieram de Madrid para Buenos Aires só para virem a essa festa de aniversário? – Francesca perguntou surpresa
Violetta assentiu com a cabeça.
– O que aconteceu? – Frederico apontou para Leon – Por que está de muletas, cara?
– Não foi nada – ele deu de ombros – Caí de bicicleta.
Violetta se mexeu desconfortável a seu lado.
– Por que não nos sentamos? – ela sugeriu
– Fiquem a vontade – Francesca sorriu – Eu e o Fede precisamos receber os outros convidados.
Leon e Violetta se dirigiram a uma mesa em um canto onde não havia muitas pessoas.
– Por que mentiu para eles? – ela perguntou enquanto sentava-se – Por que não disse que havia me salvado de ser atropelada?
– Porque eu sei que você não se sentiria bem com a situação – ele sorriu – E eu sei que isso não tem haver com o que estamos conversando e que agora você está feliz com o Diego, mas eu sinto sua falta.
– Leon, eu... – ela sorriu de volta
– Quer dançar? – ele a cortou e olhou em volta, observando alguns casais que bailavam contentes
– Dançar?! – ela riu – Sério?
– Qual o problema?
– Faz anos que eu não danço – ela rolou os olhos, mas não pode conter uma risada – E não podemos nos esquecer de que você está com a perna quebrada.
– Por você eu faço o esforço – ele estendeu a mão e levantou-se
Violetta revirou os olhos e viu-se obrigada a levantar-se também e ir dançar.
Ela entrelaçou as mãos sobre seu pescoço e ele sobre sua cintura. Quer dizer, ele tentou segurar em sua cintura, mas se desequilibrou e quase caiu.
– Acho melhor você manter as mãos em suas muletas – ela arqueou uma sobrancelha
– Certo. Você tem razão.
Os dois riram.
– O que você queria me falar? – ele perguntou depois de um tempo em silêncio
– O que? – ela franziu a testa – Eu queria te dizer alguma coisa?
– Sim! – ele riu – Pelo menos eu acho que sim. Você ia dizer algo quando eu te convidei para dançar, não?
Ela suspirou.
– Eu estou com vergonha de te falar isso – ela fechou os olhos
– Você sabe que não precisa ter vergonha de mim – ele sorriu e segurou em seu queixo – Pode me dizer o que quiser, que eu estarei aqui para te escutar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Ela corou.
– Certo – Violetta forçou um sorriso – Mas você precisa prometer que não vai ficar bravo comigo.
– Eu prometo.
– Tudo começou naquele dia no hospital, se lembra? – ela disse – Naquele dia, eu ia te falar que havia terminado com o Diego, mas...
– Espera – ele arqueou uma sobrancelha – Você terminou com o Diego?
– Sim – ela suspirou – Eu percebi que por mais que nós estivéssemos brigados, você era a pessoa com quem eu queria ficar. Eu percebi que eu havia voltado com o Diego só para te esquecer, então nós dois terminamos.
– E por que você não me disse isso? – ele perguntou
– Porque eu fui muito orgulhosa – ela abaixou a cabeça – Eu ia te contar, mas você disse que estava feliz por mim e o Diego estarmos juntos e estarmos felizes, então deixei meu orgulho passar na frente de tudo e não te disse nada. Me desculpe.
Ele sorriu.
– Você sabe que não precisa pedir desculpas.
Leon soltou a mão de uma das muletas, segurou na cintura de Violetta e trouxe-a para mais perto. Os dois estavam a pouquíssimos centímetros de distância e podiam ouvir a respiração um do outro. Para completar o momento, ele beijou-a.
– Não! – Violetta afastou-se depois de alguns segundos de beijo – Eu não posso fazer isso! Nós não podemos fazer isso!
– Por quê? – ele avançou em sua direção – Achei que nós estávamos de volta.
– Se lembra daquele dia em que eu cheguei chorando no seu quarto do hospital, por causa que meu diário havia sido destruído?
Ele assentiu com a cabeça.
– Vou te contar a verdade, por mais que eu não me orgulhe dela – ela suspirou e uma lágrima desceu por seu rosto – Naquele dia, eu havia esquecido a Letícia e o Chris no aeroporto. Fui para lá o mais rápido que pude, mas Ludmila os achou primeiro.
– Espere – ele coçou a cabeça – Foi ela quem destruiu seu diário, certo?
– Sim – ela assentiu com a cabeça – Não sei como, mas ela o achou em algum lugar e o destruiu para me ver sofrer. Sei que parece bobo sofrer por um diário, mas eu havia passado minha vida escrevendo nele.
– Não precisa ter vergonha disso – ele forçou um sorriso – Mas o que a psicopata fez com a Letícia e o Chris?
– Felizmente, nada – ela enxugou uma lágrima – Mas ela só aceitou me devolver os dois quando eu jurei fazer o que ela me mandasse. Eu peguei os dois e tentei fugir, é claro, mas ela ameaçou fazer coisas terríveis com nós quatro, principalmente com você, se eu não cumprisse a promessa.
– E que promessa é essa?
Ela soluçou e escondeu o rosto sobre as mãos.
– O que foi, Vilu? – ele ficou preocupado – Qual é essa tal promessa?
Ela enxugou algumas lágrimas e suspirou.
– Leon, eu não posso mais te ver.
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