Ainda A Única

Líderes de torcida


Eu poderia te dizer que depois daquilo meus sentimentos por Chace vieram a tona e que ficamos o resto da tarde nos beijando em todos os lugares possíveis, discutimos nosso casamento, quantos filhos teríamos, e qual seriam as cores da nossa casa, mas essa não é completamente verdade.

Depois do beijo e de ele me dizer o que achava que estava sentindo por mim, eu fiz de tudo para tentar esquecer o ocorrido, mas ele não deixou, tanto é que quando me deixou em casa fez questão de me levar até a porta me dizendo que encontros deviam terminar assim e me beijou de novo na minha porta, e foi isso, esse completo clichê, que confesso me deixou mais empolgadinha do que eu deveria ficar afinal foi só um beijo... Ou melhor, dois e meio – se for juntar os selinhos demorados para dar o “meio beijo”.

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Mas assim que entrei em casa meu pai me olhou furioso, no hall de entrada.

- Então você sai de casa para passar o dia com um rapaz e não me pede Amélia Crawford?

- Eu pedi pra minha mãe – falei e apontei para a mesma que estava entrando naquele momento no hall.

- Eles só foram para a praia, Todd – minha mãe tentou tranqüilizá-lo.

- E por acaso você sabe o que eles fizeram na praia, Lilian? Não sabe! Pelo o que eu sei ela pode estar grávida agora mesmo!

- Pai! – falei de olhos arregalados.

- Todd! – gritou minha mãe histérica.

- Vocês duas estão erradas em terem me enganado. Amélia, um mês de castigo, vai limpar todo o andar superior dia sim, dia não, e vai cuidar sozinha da louça todos os dias, e sem celular por três meses!

- Pai, eu não tenho celular.

- Porque apronta! Se fosse uma adolescente comportada teria um!

- Todd, um mês é muito tempo por uma coisa tão pequena!

- Pequena Lilian? Esse menino pode muito bem ser um estuprador!

- Eles estudam na mesma escola Todd! Pare com esse exagero! – disse minha mãe histérica.

- Suba já Amélia, sem jantar hoje! – disse meu pai apontando para a cozinha de forma mandona, subi as escadas batendo os pés, joguei minha mochila no meu quarto, peguei um pijama e fui tomar banho.

Depois do banho e de já estar trocada no meu quarto, sequei meus cabelos com o secador e ainda eram oito horas da noite, deixei meus cachos soltos e fui ler, irritada por tudo aquilo, meus cachos começaram a sair nos meus olhos e eu os tirei dos olhos, repentinamente lembrando do que Chace havia dito sobre eu tirar o cabelo dos olhos e sorri sozinha, encarando a porta da varanda.

Lembrei de seu beijo e toquei meu lábio inferior, então sorri ainda mais e encolhi minhas pernas na cama, abracei meus joelhos e lembrei de todo o dia, acabei rindo sozinha ao lembrar de nossas conversas e de conversas que poderíamos ter um dia, então minha mãe entrou no meu quarto e eu parei de rir, mas ainda tinha o sorriso bobo no rosto, ela me viu e sorriu, fechou a porta do meu quarto e eu lhe dei espaço para se sentar ao meu lado na cama, ela envolveu meus ombros com um dos braços e começo a esfregar meu braço, então disse:

- Você está muito feliz não é mesmo?

Dei de ombros e ela sorriu ainda mais.

- Você levou uma bronca enorme, está de castigo, e ainda está feliz, o dia foi bom assim?

- Foi – confessei e ela se sentou no pé da cama, bateu no próprio colo e eu deitei a cabeça no seu colo e ela começou a passar os dedos por entre meus cabelos.

- Me conte – pediu ela.

Acabei contando tudo, desde a praia artificial de mentira, até nosso beijo no lago, minha mãe ficou empolgada com essa parte e disse que realmente Chace era muito lindo e que merecia ser beijado, eu ri e minha mãe quase me mandou ir pedir o Burns em casamento quando lhe contei sobre o que ele me disse.

Minha mãe fez aqueles alertas que ela sempre fazia para mim em relação a garotos, aqueles assuntos constrangedores haver com camisinha, anticoncepcionais e tal, mas como conversávamos sempre sobre isso – apesar de eu nem ter uma vida sexual- o assunto fluía como qualquer outro.

Então por fim ela me deu um beijo na testa, eu me sentei, ela se levantou e quando estava na porta do meu quarto disse:

- Eu e seu pai conversamos, ele viu o quanto era absurdo aquele castigo e baixou para três dias por não termos contado a ele para onde você estava indo, mas acho que ele vai aprender que você está crescendo... Um dia.

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Nós rimos e ela me soprou um beijo.

- Boa noite, querida.

- Boa noite mãe – respondi e ela saiu fechando a porta.

Seria tolice minha te contar que fiquei pensando no Chace por mais umas três horas antes de ficar com sono o bastante para adormecer? Acho que seria, mas foi isso o que aconteceu.

.-.

Acordei na manhã seguinte e me arrastei para o banheiro, tomei banho com um sorriso de orelha a orelha, coloquei jeans, tênis, e camiseta como sempre, deixei meus cabelos soltos, passei a maquiagem que passava sempre, peguei minha mochila e desci.

Só estava minha mãe na cozinha.

- Meu pai não vai comer? – perguntei quando terminei meu café da manhã e levei a louca para a pia, por ser pouca coisa e eu ainda ter bastante tempo, lavei, enxuguei e sequei a louça.

- Ele saiu de madrugada, emergências no hospital, sabe como é, então ele vem pra casa mais cedo hoje. - Ela terminou de comer e lavou sua própria louça suja. – Eu vou te levar pra escola hoje.

Assenti e depois que ela tinha terminado de comer fomos para a escola, ela me largou lá na frente e saiu lentamente, e eu podia jurar que ela estava procurando Chace em meio a multidão de adolescentes dali.

Depois que o carro sumiu, surgiu todo mundo, Sunny, Ariana, Miguel e Melody vieram me cumprimentar, os cumprimentei e então senti braços à minha volta e um beijo foi depositado no meu ombro.

Vi Sunny, Ariana e Melody prenderem a respiração e deduzi quem deveria ser, me virei e encontrei ali dois meninos.

O que me abraçou estava com um sorriso enorme, e o outro estava carrancudo.

- Que intimidade é essa Summer? – falei para Logan, que havia me abraçado.

- Somos praticamente melhores amigos posso fazer isso – disse Logan se sentindo, revirei os olhos.

- Bom dia – disse Chace segurando minha mão, então me puxou e roubou um selinho.

Acho que ouvi metade da escola arfar, incluindo meus amigos e Logan.

- Não faz isso! – falei dando um tapa no ombro de Chace, ele riu e passou um braço em volta da minha cintura.

- Vocês estão namorando? – falou todo um coral de uma vez.

Meus amigos, Logan e mais um grupo de líderes de torcida, falaram juntos.

- Não –falei, Chace não disse nada.

- Está beijando meu Chace porque então? – ouvi uma líder de torcida dizer.

A menina era tão bronzeada, que eu chegava a imaginá-la passando cenoura no corpo pra ficar aquela cor, os cabelos eram loiros, os olhos castanhos, o corpo de modelo.

- Shirley, não temos mais nada, já falei – disse Chace impaciente.

- Você sabe que não pode me dar um fora assim tão rápido Chace – disse a loira.

- Ele já te evita a dois anos Shirley, para com isso! – disse Logan se intrometendo – Não tem nenhum otário pra ir pedir coisas não protótipo de cenoura?

Segurei o riso e escondi o rosto com a mão, me virei de frente para Chace e de costas para as meninas para esconder meu rosto que queria muito gargalhar, Chace me olhou e sorriu segurando o riso também.

- Cala a boca Logan. – retrucou a loira, então senti um dedo ossudo cutucar meu ombro, engoli o riso e me virei séria – E você tocha humana, se cuida, porque sempre consigo o que quero, e eu quero o Chace de volta.

“Há, há, nos seus sonhos meu bem”.

Ergui uma sobrancelha e ela e as amiguinhas saíram rindo do apelido “tocha humana” me voltei ao Logan.

- As californianas não sabem inventar bons apelidos pejorativos? – questionei, o moreno meneou a cabeça.

- As que tem neurônios que não foram ou queimados pelo sol, ou atingidos pela água oxigenada, podem saber inventar alguns – disse ele e todos rimos – Agora Chace e Amélia, nos expliquem esse beijo.

Eu e Chace nos entreolhamos e eu senti meu rosto corar, ele riu baixo mas suas bochechas começaram a ficar vermelhas também.