Two Kinds Of Hope

Capítulo 36


Acontece que aquela coisa de deixar o Luke fora de tudo não deu muito certo, porque quando eu apareci na delegacia, para me encontrar com o Sr. Sawyer e finalmente contar sobre tudo que aconteceria, ele estava lá (e não ficou nada animado quando me viu, aliás) mas acabei contando tanto para o pai dele quanto para ele no final das contas. O senhor Sawyer ficou meio desconfiado no começo, mas como eu sabia de detalhes que complementavam ou batiam com as informações dele (tipo como era dentro do cassino e que tinha uma parte acima que não era permitida a entrada de qualquer um), ele começou a acreditar em mim, e quando eu terminei de contar tudo que eu tinha contado para Luke antes, e mais o que eu sabia agora, a sala já estava com uma investigadora e um perito em operações especiais pensando na melhor forma de agir e descobrir quando aquele encontro daqui a uma semana aconteceria e quando. Deixei de fora a parte da carta de Adam e do anel também, porque aquilo era pessoal demais, eu não queria chorar mais do que eu andava chorando ultimamente e casamento não é bem uma coisa legal de se falar com o pai do seu melhor amigo quando você nem mesmo contou para o seu pai. Não que eu queira casar com Adam... tão cedo. Acho que o anel foi uma medida desesperada de comprovar que ele me amava, mas acho que não quis dizer que precisaríamos correr para a igreja no dia seguinte.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Aqui estou eu, pensando em Adam enquanto eles falam sobre como evitar que ele MORRA. A vida é tão engraçada que dá vontade de chorar por causa dela às vezes.

-Então, o que faremos? -A investigadora -uma mulher negra, com voz profunda que se chama Sasha - pergunta para todos nós na mesa. Penso em falar alguma coisa, mas o que sairia seria "vamos entrar com bazucas achar Adam e matar todo mundo que queira nos matar também". A parte das bazucas é complicadas, e a parte de matar todo mundo mais ainda, então melhor não.

-Podíamos usar agentes para fingirem serem... zeladores do lugar.

-Precisamos descobrir que lugar, especificamente, também. -Luke comenta. Me surpreendente esses três adultos estarem levando a nossa opinião a sério, então finalmente eu falo alguma coisa.

-Não acho que zeladores é a melhor opção, se pegarem eles perto demais é capaz de os matarem antes de chegarem perto de Adam e Dash. -Adiciono Dash, porque lembro que isso não é necessariamente sobre Adam. É sobre pegar Dash e os outros, só o meu objetivo é salvar Adam. Isso me dá uma ideia. -Tem mais uma coisa que eu tenho que falar. -Todos imediatamente me olham, curiosos. -Ontem, em casa, eu recebi uma ligação, de Adam. Mas não era ele, acho que o celular dele ligou para o meu sem querer, porque ele não disse nada, mas eu ouvi Dash e ele. Aparentemente, depois de meter a porrada em Adam, Dash disse que se ele não conseguisse o dinheiro Adam e a sua vadiazinha acabariam machucados.

-Vadiazinha? -Fico meio nervosa, subitamente.

-Eh... acho que essa seria eu. -O senhor Sawyer me olha, esperando por uma explicação. -Hmm, quando eu conheci Dash, tive que me fingir de... bem, de uma vadia, para ele não desconfiar de nada, sabe? Adam me enfiou um vestido minusculo...

-Espera, o da escola? -Luke interrompe, lembrando do jogo de basquete que eu e Adam jogamos antes de tirarmos a roupa. Oh.

-É. Continuando. Acho que de alguma forma ele descobriu que eu e Adam... nós... nós... -Não consigo achar o termo, a palavra certa para descrever o que nós éramos, mas Luke intervém.

-Estavam em um relacionamento.

-É. Obrigada. Acho que ele descobriu, porque eu passava bastante tempo com Adam, por mais que nós estivéssemos tomando cuidado para não sermos vistos. Adam tinha que fingir que não ligava para ninguém porque caso eles precisassem, se soubessem de alguém chegado a ele, podiam usar essa pessoa para machucar ele. -Então, assim que eu termino de falar, a compreensão me atinge. Adam queria me proteger. Adam. Não sei porque ainda fico surpresa com isso, já que ele me deu um anel, pelo amor de Deus, mas mesmo assim, descobrir esse fato óbvio me faz ficar mais corajosa. -Enfim. Eu estava pensando que eu poderia ir... -As reações em seguida vem assim:

-Não!

-De jeito nenhum!

-Você ficou MALUCA?

-Sorvete demais deve ter afetado seu cérebro! -A última, claro, é de Luke.

-Mas é uma boa ideia! Posso fingir que estou do lado de Dash.

-Axl. -Sasha diz. -Isso não é um jogo de videogame, esse cara é procurado pela polícia há anos, e não tem medo de acabar com ninguém. No segundo que ele duvidar da sua fidelidade, tudo pode ir por água abaixo.

-Mas eu quero ajudar. -Digo, solene. -Eu posso ser a vadiazinha que ele acha que eu sou.

-Axl. -Luke me repreende.

-Não, vocês não entendem. Dash acreditou mesmo que eu era uma garota de programa qualquer quando nos encontramos. Vocês podem fazer... a mágica de vocês e me dar informações sobre, sei lá, a casa de vadias que ele liga sempre que quer uma garota, e eu vou saber encenar. Eu posso fazer isso. -Não sei o quando eles percebem o quanto eu estou desesperada, só sei que parece que eu vou explodir se eles recusarem minha oferta. -Eu não posso não ir. Eu amo ele. -Digo baixinho e uma rodada de silêncio se passa e eu posso quase sentir a tensão no ar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

-Agora mesmo é que você não vai. -O perito -que eu não sei o nome- fala.

-POR QUE?

-Agora nós sabemos que você ainda nutre sentimentos por ele, e isso pode afetar suas ações. Se ele estiver a beira da morte e você ainda estiver no seu teatrinho pode estragar tudo. Não estou te julgando, eu faria o mesmo no seu lugar, mas é esse o ponto. Você não vai se controlar.

-Eu vou com ela. -Luke fala, de repente.

-Não! -Seu pai quase grita. Ainda bem que essa é uma das salas confidenciais, se não todo mundo ouviria. -Isso é ridículo, não vou mandar dois adolescentes para dentro de uma cova de leões para serem mortos. Não vou mandar meu filho. -Ele adiciona, para dar ênfase.

-Até lá, nós dois teremos dezoito. -Ele adicione e eu lembro do pequeno detalhe que é meu aniversário um dia antes do final daquela "semana" que Dash falou. -Não precisamos de permissão dos pais.

-Estou falando como policial, não deixo você ir lá. -O senhor Sawyer diz.

-Pode dar certo, quer dizer, se ele for. -Sasha diz. -Pode fortalecer nosso lado. Se ela for, terá que usar uma roupa minuscula, mas com ele, terá bastante lugar para esconder uma arma, ou uma escuta. -Ela pondera.

-E ele pode ajudá-la a lidar com suas emoções.

-Por que não mandamos alguém nosso? -Sr. Sawyer insiste.

-Por que eles já a conhecem. Se Luke fizer seu trabalho direito pode convencer eles de que ela é mesmo uma garota qualquer e que só está lá porque alguém ligou, pedindo uma garota. E isso evita que venham atrás dela quando terminarem lá.

-E se eles não ligarem?

-Faremos alguma coisa pra certificar que eles liguem. Conheço esse tipo de caso, sempre tem prostitutas envolvidas no meio. -Sasha confirma. -Enfim, cabe a você decidir. -Todos nós olhamos para o Sr. Sawyer.

-De jeito nenhum.

-Pai, isso é importante.

-Importante demais pra você se envolver.

-Sr. Sawyer isso é importante pra mim também. Pense se você precisasse salvar sua mulher, como reagiria? -Ele fica quieto e eu sei que estou fazendo ele pensar direito.

-Vou concordar, com algumas condições: proteção, nos dois, não ligo se você vai ir praticamente sem nada, vai ter que usar alguma coisa. Vão usar comunicadores. E um time nosso vai ter que ir junto, pelo menos ficando a distância para cobrir a área. Nossas viaturas vão ficar na frente do lugar, e se algum de vocês dois voltarem machucados gravemente ou não voltarem, vou matar vocês. -Quase rio da sua última frase, mas não faço, por causa da intensidade das palavras.

-Por mim tudo bem. -Luke concorda e olha pra mim. Por um segundo quero abraçar ele com toda minha força, por me ajudar com isso.

-Por mim também.

-Ótimo. Sasha, Peterson, cuidem do treinamento deles, e eu preciso resolver minhas coisas. -Sr. Sawyer se levanta e sai e eu sei que está tentando controlar suas reações. Os dois adultos conversam entre si por alguns instantes e é nessa hora que eu puxo Luke para o lado e digo:

-Obrigada.

-Sem problemas.

-Você acha que vai dar certo? -Pergunto, porque estou nervosa. Sempre tem a possibilidade das coisas irem errado.

-Não sei.

-E se a gente morrer? -Ai, Deus.

-Foi por uma boa causa.

-O Adam?

-Não, sua idiota. Por causa de você. Pra falar a verdade, não te aguento se lamentando por tudo, então, por que não, pelo menos a gente vai tentar. E não dá pra negar que você gosta mesmo dele, então é meio inútil te deixar fora disso. Mas se o Adam se machucar um pouquinho, não me oponho a nada. -Ele dá de ombros e eu sorrio, reprimindo a vontade de chorar, porque ia parecer uma bebezona.

-Você é o melhor.

-Eu sei. -Então nosso plano começa a ser montado.