Two Kinds Of Hope

Capítulo 29


-Axl, acorda. -Escuto uma voz me tirando do sonho sobre unicórnios e Napoleão Bonaparte. Só murmuro alguma coisa e sinto o sonho voltando para mim. Mas a voz vem de novo. -Acorde, agora. -Ela me chacoalha e então, quando eu tento abrir os olhos, a luminosidade me atinge tão forte que BUM, caio da cama, de costas para o chão. Logo que eu percebo que eu só estou vestindo calcinha e sutiã e lembro do que aconteceu na noite passada (graças a Deus eu botei minha roupa de baixo depois), eu fico MUITO agradecida pela coberta estar enrolada no meu corpo e ter vindo para o chão junto comigo.

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-AI! -Boto as mãos nos olhos, e depois na cabeça e viro o rosto para o chão para esconder minha careta. Ouço alguém rindo.

-Bem, eu tentei te acordar tranquilamente.

-Vá se foder, Adam. -Minha voz é afetada pela dor. Isso não dá tempo para pensar em algo mais... complicado ou mais correto devido as circunstâncias, e ele não deixa escapar, porque ri mais forte ainda.

-Se eu me lembro bem, acho que você fez isso mesmo noite passada. -E então eu deixo a vergonha me atingir. Não é como se eu FOSSE virgem, mas é ADAM de que estamos falando e ADAM sempre vai ser um assunto delicado para mim.

Eu não acabei de pensar isso.

Assunto delicado? O que está ACONTECENDO na minha cabeça? Nem minha mãe era um assunto delicado. Quando eu não respondo nada, tímida demais e só olhando pro chão gemendo de dor, ele fala de novo, mas sem gracinha essa vez.

-Olha para mim. -Eu abro um olho e o encaro. -Foi mal, eu devia ter tomado cuidado pra te acordar. Está doendo?

-O quê? -Por um segundo, acho que ele está falando do meu corpo. Um sorriso mínimo se forma no rosto dele.

-Estou falando da sua cabeça, está doendo muito? -Toco na minha cabeça, no lugar onde bateu bem forte no chão. Dói. Faço uma careta de novo e ele percebe e sai da cama. -Vou pegar um gelo. -E então eu percebo que ele está vestido. Jeans, camiseta e a famosa jaqueta de couro.

-Você saiu? -Grito, porque ele está na cozinha.

-Não, mas preciso. Tenho um jogo daqui há pouco e não posso me atrasar. -Uma coisa me ocorre.

-Espera. Que dia é hoje?

-Sábado? -Ele pergunta, de sobrancelha erguida e confuso. Me ajuda a levantar e eu me sento na cama, junto com ele. As meias dele se confundem com o lençol branco. Ele senta na minha frente e pressiona o gelo na parte dolorida, e imediatamente eu estremeço e faço uma coisa esquisita com os braços deixando a coberta cair e ele encara meu corpo. Não sei por que ainda fico surpresa com isso. Quando me recupero da sua análise corporal (?), lembro do que ele disse e dou um pulo pra fora da cama.

-SÁBADO!

-O que que tem?

-TRABALHO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! -Digo, exasperada o suficiente para ele ficar alarmado. Começo a correr em busca de roupas mas não acho e vejo ele pegar minha bolsa e jogar na cama rapidamente. Sem me preocupar mais em estar seminua na frente dele, começo a tirar as roupas freneticamente até achar algo apresentável. Ele só me observa pirar, em silêncio. -Eu estou tão ferrada. -Grunho de irritação. -Pior, eu estou TÃO demitida. -Olho no relógio, e vejo que tenho quinze minutos pra chegar no café ou Holly me manda pra rua, e sem piedade. Vi ela fazendo isso com milhares de garçonetes. Enfio uma calça (dando uns pulinhos vergonhosos pra ela servir direito) depois uma blusa e um moletom. Meus tênis são os próximos e eu corro para o banheiro para arrumar o ninho que é meu cabelo. Depois paro na porta e encaro Adam perdida, ele só parece um daqueles espectadores, esperando a atriz dar o próximo passo.

-Estou esquecendo algum detalhe... -E então vem. MERDA. -Estou sem carro! Droga, droga, droga. -Junto minhas coisas e puxo Adam até a porta.

-Eu posso te dar uma carona.

-A gente não pode ser vistos juntos, você não lembra?

-Queria que você fosse no jogo.

-E bem, eu quero poder me sustentar quando a faculdade começar, então, querido, hoje não. -Ele abre a porta para mim e fica na minha frente.

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-A gente mal conversou sobre o que aconteceu. -Ergo uma sobrancelha. Conversar? Era isso que Adam fazia com todas as outras? Conversar?

-Você pode me ligar.

-Essas coisas não podem ser conversadas por TELEFONE.

-Você quer que eu durma aqui de novo, não quer?

-Garota esperta. -Tento reprimir um sorriso mas não consigo. Dou um beijo delicado nele e ele passa a mão pelas minhas costas.

-Vamos ver. Boa sorte no jogo! -Digo, já correndo pelas escadas.

-Boa sorte em chegar a tempo! -Ouço ele dizer, mas já estou longe para responder. Quando eu saio na rua, começo a rir quando ouço alguém assobiar e vejo que vem de uma janela lá de cima do prédio: A de Adam. Continuo a correr, para não perder nenhum ônibus ou algo assim, mas por mais ferrada que eu esteja com Holly Alguma-Coisa, não consigo parar de sorrir.

***

Quando eu chego no trabalho, não é Holly quem aparece. Surpreendentemente, é a minha mãe.

E eu fico feliz de vê-la, realmente, até ver a sua expressão. Ela está segurando Rose firme em seus braços, e parece séria demais. Fico lembrando de todas as vezes que eu vi essa expressão no rosto de alguém e tento ignorar o fato de que todas as outras vezes, nada bom aconteceu. Aliás, lembro vagamente dela usando essa mesma expressão alguns anos atrás.

Algo. Aconteceu.

-Mãe? -Ela está sentada no balcão, mas não parece que vai ficar muito tempo, ela me olha como se meu gato ou algo assim tivesse morrido e não sabe o jeito certo de me contar.

-Preciso falar com você.

O sangue deixa meu corpo e eu fico nervosa, pensando no que ela vai dizer.

-Aconteceu alguma coisa?

-Uma... mudança de planos.

-O que isso quer dizer? -Por que ela não me fala de uma vez? O que está acontecendo?

-Axl, eu... eu estou indo embora. Embora de Nova York.