Two Kinds Of Hope

Capítulo 22


Eu entro em meu momento “reflexão sobre nada embaixo do chuveiro”, meu pai continua puto comigo, todos agora naquela casa me olham como se eu fosse uma bomba prestes a explodir, o que é praticamente verdade no final das coisas, Luke sempre foi o peso que equilibra a balança de coisas ruins e boas que acontecem na minha vida, e agora sem ele é como se todas as coisas ruins estivessem me atropelando com um rolo compressor. Tentei ligar pra ele tantas vezes ele se irritou e mudou a mensagem de voz para:

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“Se for a Axl, pare de me ligar que isso já esta me irritando”.

Quando eu olho as 23732794 fotos que a nós tínhamos juntos desde pequena espalhadas pela parede. Bufo e tiro o condicionar do meu cabelo, desligo o chuveiro e me enrolo na toalha, eu devo ter sido Hitler na vida passada para estar tendo tantos problemas de uma vez. Abro a porta do banheiro e vejo Dianna tomar um susto e esconder alguma coisa em suas mãos. Eu não havia pedido desculpas para ela por ter gritado, mesmo assim ela não deveria estar bisbilhotando minhas coisas.

- O que você tem atrás das mãos? – pergunto e ela quase me atropela com perguntas

- Por que sua mãe esta te ligando? Esse é o porquê de você estar agindo estranho esses dias? O que ela quer com você?

Um frio passa pela minha espinha, minha mãe tinha mesmo me ligado.

- O que você falou para ela?

- Falei que você estava ocupada; seu pai sabe sobre isso? – ela mostra o celular na mão direita

- Não – Quando tento pegar o celular da mão dela, ela desvia e me fuzila com o olhar – Eu não deveria saber que ela esta aqui.

- E como você sabe?

- Longa história – não era verdade

- Temos tempo, você não pode sair – Ela senta na cama e bate num lugar vazio ao seu lado, eu respiro fundo e sento ao seu lado ajeitando meus cabelos num coque.

- Se eu te contar você vai contar para o meu pai que vai me deixar de castigo... por mais tempo.

- “Para sempre” já é muito tempo, eu sei, vamos fazer um acordo, se você me falar como conseguiu entrar em contato com a sua mãe, que aliás é uma coisa que seu pai proibiu você de fazer, juro te livrar do castigo – ela faz um “x” no peito como juramento de escoteiro.

Eu analiso ela e faço que sim com a cabeça – Quando eu fui ver papai na galeria eu encontrei um papel com o endereço dela aqui em Nova Iorque, e eu fui atrás dela, é ridículo, eu sei, mas não conte para papai, porque ele com certeza vou ir atrás dela querendo explicações e isso só vai piorar tudo.

- Piorar o que?

- Ela está casada e tem uma filha que é muito fofa aliás, mas ele não pode saber porque eu sei como ele vai reagir a isso - respiro fundo, nunca falei algo tão rápido na minha vida.

Ela me encara fazendo um raio x completo por alguns segundos a mais do que o necessário e eu acabo fazendo uma careta, ela assente e me joga o celular antes de sair do quarto.

- Dianna - eu a chamo quando ela está quase fechando a porta

- Sim?

- Me desculpa, e- eu não queria gritar com você aquele dia, você é minha mãe, mesmo sem eu ter nascido do seu útero e meu pai te ama - ela coloca um pequeno sorriso no rosto quase que imperceptível e facha a porta.

1 ponto para o lado bom da balança, isso já me deixava melhor, uma coisa que eu posso aproveitar agora é minha recente liberdade da escrevidão que eu nomeio castigo, eu com sorte teria mais tempo para tentar pedir mais desculpas para Luke. Visto uma saia normal preta e uma camiseta listrada branca e azul, ligo de volta para minha mãe enquanto tento colocar as sapatilhas de Dianna que ficam amontoadas perto da porta, pego a bolsa e combino de ver a pequena Rose e Mary, que coincidentemente os dois nomes parecem Blood Mary, que é algum conto de terror e eu to falando besteira ao invés de estar correndo para o Central Park, eu não costumava entrar DENTRO do Central porque sempre me fazia lembrar as histórias de meu pai sobre como tudo era fofo na relação deles antes de eu nascer ou antes dela ir embora, mas agora ela esta lá sorrindo e tentando ajeitar Rose no carrinho como se nunca tivesse me feito ficar chorando noites e noites como uma condenada e a única coisa que consigo fazer é sorrir também, mas isso foi antes de meu pai aparecer do nada com dois sorvetes na mão com uma cara seria e eu quase morrer com uma paralisia no meio do parque.

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Ele deveria estar trabalhando

Alguém esbarra em mim com um cachorro e pede desculpas rapidamente, eu não sinto minhas pernas, eu não sinto meu cérebro, eu sinto meu celular vibrando dentro da minha bolsa e eu quero atender, mas não me movo, eles estão ali conversando com tanta animação e meu pai com um sorriso que eu não vejo a tanto, mas tanto tempo, quase faz com que eu queira ir lá e fazer parte daquilo, mas se eu fizer, meu pai vai saber que eu sei que ela estava em Nova Iorque todo esse tempo e principalmente, vai saber que eu menti pra ele tão feio que meus olhos ardem.

Pego o celular do bolso e vejo no visor o número da minha mãe, tenho uma batalha mental entre "atenda e morra" e "ignore e morra" e depois atendo o telefone quase tendo um ataque

- Querida, onde você esta? - ela parecia perturbada

- Huh, e-eu encontrei um amigo no caminho e ele quer que eu passe na casa dele para ajudar ele a estudar - eu sou rápida pra essas coisas

- Ah, claro - pareceu triste - Então porque outro dia nós não saímos fazer alguma coisa? Eu convenço Doug - esse é o apelido sexual do meu padrasto, que também é mais conhecido como Douglas - a cuidar de Rose para conseguir ter mais tempo com você.

- Claro - sorrio um pouco correndo pra fora do parque - Eu preciso mesmo desligar, meu amigo está me chamando para ir ler a matéria, tchau - desligo o mais rápido possível para que ela não questionasse o barulho que fazia ali.

E eu tinha uma nova missão, encontrar o real motivo de meu pai ter ido conversar com Mary, porque eu sei que não era pela falta dela na minha vida inteira, até ontem ele odiava responder minhas perguntas bestas de como tudo aquilo aconteceu e raramente o humor dele estava para "Vou ver minha ex-mulher que me largou e agora tem uma nova filha e um marido, que sinceramente é três vezes mais bonito só que com menos pelo facial que eu". Luke poderia não estar comigo nessa nova missão, mas eu resolveria ela do mesmo jeito, sem precisar de suas artimanhas policiais e seus video-games com pizza.