Acredita Em Nárnia?

O que realmente é real?


Era uma aula normal em uma manhã quente de verão, Lúcia e Jake estavam correndo na pista da escola e conversando como se o treinador não estivesse gritando para que completassem as 20 voltas. Então soou um alarme bem alto fazendo todos pararem no lugar e ouvirem, então as turmas começaram a sair. Era o alarme de incêndio, mas não havia nenhum incêndio. Uma brincadeira idiota de algum aluno. Voltaram para a sala, mas o professor não estava lá. Estava um homem com um sobretudo preto, era alto e os cabelos longos caíam pelo rosto impedindo-os de ver quem era. Ele olhou as crianças se sentarem e olhou fixamente para Lúcia.

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-Você é o nosso novo professor? – perguntou um garoto do fundo.

-Não, não sou. Eu apenas estou por aqui... á procura de uma pessoa. – Lúcia soube na hora que era ela a quem o homem se referia. – Talvez possam me ajudar. Eu venho de muito longe, um lugar tão distante que muitos não conhecem.

“Eu viajei pelos vales encantados, assim como as florestas falantes, encontrei o leão que ganhou da feiticeira branca e preciso de uma filha de Eva para um portal para lá encontrar novamente”.

Todos ficaram quietos e Lúcia permaneceu imóvel e sem respirar.

-O quê? – sussurrou Lúcia com medo, mas o homem ouviu.

-Disse algo mocinha? – ele chegou perto de sua carteira e se curvou sobre ela. – Sabe de algo? Conte-me.

Os olhos eram de um verde brilhante. Lúcia ficou hipnotizada e as palavras saíram da sua boca sem permissão. Ela contou tudo que sabia sobre quem era e Nárnia sob o silêncio da turma. O homem se afastou dela que estava estática e tirou algo de seu sobretudo. Era um livro negro sem nada na capa.

-Escutaram bem o que essa garota diz? Acho que entendo bem minha função. Eu estou aqui para levá-la para um hospital psiquiátrico. – ele disse bem alto.

-Por quê? – Lúcia perguntou.

-Isso é uma doença. Não a culpo criança, seu cérebro acabou criando a falsa imagem que você viveu mesmo tudo isso. Só que não é real. Nérnio é o nome deste livro, onde Luce, Edwiges, Silvian e Pietro vivem as mesmas aventuras que acabou de me descrever. Você acha que é Luce, mas não é.

-Mas eu... Nárnia existe! – Lúcia resmungou.

-Sinto muito criança. Preciso levar-te imediatamente para um tratamento longo e difícil, se puder me acompanhar...

Mas Lúcia não ouvia. Levantou e saiu correndo pelos corredores que pareciam diminuir de tamanho, e continuou a correr até tropeçar e cair de joelhos no chão. Só estava ela em um largo corredor. Agarrou as pernas.

Isso não é verdade, eu fui para Nárnia, eu virei... eu sou a Rainha Lúcia. Meus irmãos e eu fomos até lá, lutamos ao lado de Aslan... isso foi real, é real, eu fui a primeira a encontrar Nárnia, eu entrei no guarda-roupa e acreditei em Nárnia mais que todos.

Lúcia chorava compulsivamente. As palavras daquele homem ecoavam em sua cabeça. Só poderia ser alguma brincadeira com ela, só podia. Nárnia existia. Mas aquele homem poderia fazer todos acharem que ela maluca, que tinha problemas na cabeça.

Ele vai fazer eu ir embora...

Ela desejou que o homem não fosse real tão intensamente quanto sabe que Nárnia é real.

Eu não quero que aconteça o mesmo que aconteceu com Susana... eu não quero me esquecer, vão fazer uma lavagem em mim!

Foi quando o homem apareceu no corredor. Se encararam e ela começou a tremer.

Por favor, isso não está acontecendo, por favor... Aslan, me ajude!

Ela quase conseguia ouvir os seus passos, e continuou implorando por ajuda até sentir uma mão em seu ombro. Aí a ficha caiu.

Ninguém ia ajudá-la.

Nem seu irmão.

Nem seus pais.

Nem Aslan.

Ela suspirou e olhou para cima.

O homem parecia maior do que era dentro da sala. Seu toque era frio e seus olhos a hipnotizavam ainda mais do que queria.

-Vamos Lúcia... – ele sussurrou e ela se arrepiou com a voz fria que ele tinha.

Ela fechou os olhos e tentou ver seu futuro. Em algum lugar branco e ela numa camisa de força. Começou a chorar mais ainda.

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E logo não havia mais a mão fria, apenas o calor que apenas outro humano teria.

-Não. – Jake a abraçou e disse firme para o homem. – Ela não vai a lugar algum.

-O que disse rapaz?

-Eu disse que você não vai levá-la.

-Não há como me impedir criança, alguns medos são mais fortes do que a coragem.

Jake não entendeu, só continuou segurando Lúcia enquanto o homem começou definitivamente a dobrar de tamanho. Seus dedos começaram a se alongar e a escurecer, assim como o seu rosto, a boca ficou afunilada e dentes saíram dela.

Aquilo era o próprio medo.

Na verdade era pior, era a incorporação dos medos de Lúcia.

Ela quis mandá-lo parar, mas realmente o medo podia ser maior que sua coragem.

-Lúcia... – chamou Jake ao seu lado. – Você disse alguma coisa para mim... eu não sei o que está acontecendo, mas você foi a Rainha...

-Destemida. – ela o completou e olhou para seu medo. – Eu sou a Rainha Destemida.

O medo parou um pouco e pareceu diminuir. Então ela criou coragem.

Eu sou Lúcia, coroada a Rainha Destemida.

Nárnia existe, eu lutei ao lado de Aslan.

Eu acreditei.

Eu acredito.

Então seu medo se dissipou, mas não somente por causa do último pensamento de Lúcia.

Foi por causa de um som.

Um rugido.