O Mistério Da Fera

Capítulo 24 - Agora, somos somente nós


- Eu quero ir embora daqui, Estevão. – Gisele disse.

- Tenha paciência.

- Chame o doutor, por favor. – Ela sorriu.

- Um momento.

Estevão foi até o corredor e chamou o doutor. Ele entrou no quarto e não acreditou no que viu.

- O que aconteceu? – Arregalou os olhos.

Estevão tentou explicar toda a história.

- Feitiçaria? Acha que eu acredito nisso?

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- Então, você acredita em quê? Que eu substituí Gisele por alguém? Olhe para mim!

- Eu não creio...

- Mas não conte a ninguém. – Gisele disse.

- O que eu digo a enfermeira?

- Mande outra vir aqui. – Estevão disse.

- Está bem. – Ele respirou fundo. - Eu preciso falar com você, Gisele.

- Pode falar. – O doutor se aproximou dela.

- Eu preciso saber de um tombo que você tomou no jardim... – Olhou para Estevão para confirmar a história e ele assentiu.

- No labirinto. – Estevão completou.

- Isso. Você se lembra?

- Eu... Lembro de ter ido ao labirinto e lembro de ter caído. Eu apenas tropecei e, quando me dei conta, já estava em meu quarto.

- Você tem certeza disso?

- Sim. Estava escuro e eu estava correndo, perdida.

- Entendo. – O médico sorriu.

- E então? – Estevão disse.

- Ela vai poder ir embora amanhã.

Os dois sorriram. Gisele se animou muito mais do que Estevão.

- Mas... – Os dois tentaram se conter. – Terá que se medicar corretamente para melhorar logo, certo?

- Está bem.

- Você sente algo a mais além de tonturas? Talvez enjoos, vontades estranhas...

- Eu não reparei. Por quê?

- Se você tiver estes sintomas, o que você sente se chama gravidez. Mas se é só tontura, os exames não confirmaram nada de anormal. É apenas uma queda de pressão.

- Entendo. - Gisele sorriu. - Vou precisar tomar esses remédios por quanto tempo?

- Por poucas semanas. Talvez uma ou duas.

- Que maravilha! - Ela sorriu. - Eu não gosto de tomar remédio.

- Quem é que gosta? - Estevão disse e todos riram.

***

Era de noite e Gisele já havia dormido. Estevão resolveu sair um pouco daquela sala, até que viu uma das últimas pessoas que gostaria de ver naquele momento.

- O que você quer aqui?

- Eu só quero vê-la. – Disse Bruno.

- Olhe. – Ele afastou a cortina que ficava do lado de fora e Bruno conseguiu ver.

- Bem que notei que havia algo estranho por aqui. – Mediu o rosto de Estevão.

- Você pode ir embora.

- Como você teve coragem? - Ele gritou.

- Está em um hospital. Respeite e diminua seu tom. - Bruno ficou sem graça.

- O que você fez com ela?

- Eu não fiz nada. Muito pelo contrário. Foi ela mesma quem fez isso.

- Como? - Disse Bruno, confuso.

- Ela pode não me amar, mas acha mesmo que ela pensa em você? Com essa atitude dela, Gisele não se importa com você!

- Ela se importa!

- Você não a respeita. Vá procurar uma mulher que seja uma idiota e acredite em você. Mas, Gisele... Você já pode esquecê-la porque, se depender de mim, você não vai nem olhar pra ela.

- Pelo visto, você deve gostar muito dela.

- Tem dúvidas?

- Não...

- Eu sei que você não gosta mais dela. Se importa com aparências, não?

- Mas é claro que não!

- Então, por que gostava dela?

- Eu... Eu não sei... Eu simplesmente gostava. E ainda gosto.

- Não. Você não gosta. Se gostasse, você a trataria bem. - Bruno abaixou a cabeça.

- Ela deve gostar muito de você.

- Espero que sim.

- Posso falar com ela?

- Vou te dar mais um motivo para sair daqui e nunca mais voltar: - Estevão diminuiu o tom da voz. - é possível que ela esteja grávida. Não vai querer assumir um filho que sequer seu é, não é?

Bruno saiu andando, com a cabeça baixa. Estevão não pensou que seria tão fácil assim.

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***

- Obrigada pelo atendimento. – Gisele agradeceu a enfermeira.

Estevão e ela estavam indo embora do hospital. Tudo havia voltado ao normal. Mas agora eram apenas os dois. Sem Bruno, sem Fernan... O que seria deles sem Fernan?

Entraram no carro. Estevão no volante e Gisele no banco de passageiro. No caminho para a mansão, foram sem pronunciar nada.

Chegaram lá e Estevão ajudou Gisele a descer do carro.

- Obrigada. – Ela sorriu.

- Quer tomar um lanche?

- Se eu comer, você pode sentir dor. A não ser que...

- A não ser que?

- Que eu saia caçando por aí. – Ela riu, tentando ironizar.

- Eu posso caçar para você.

- Acho que não. - Ela sorriu.

- Estou disposto a sentir o que for preciso por você.

- Eu não tive tempo de pensar, Estevão. Pedi para ela fazer isso, mas não queria te causar dor. Queria te aliviar. – Ela começou a chorar.

- Não chore. - Ele a abraçou e acariciou a cabeça dela.

Estevão secou as lágrimas dela com suas mãos e Gisele se afastou para olhar nos olhos dele.

– E... – Respirou fundo e cessou as lágrimas. – É verdade que eu preciso me apaixonar para tudo voltar ao normal?

- Sim. – Abaixou a cabeça.

- Por que não me disse isso antes? Prendeu-me aqui para tentar fazer com que eu me apaixonasse por você?

- Não, Gisele, eu...

- Porque, se foi, você está perto de conseguir. – Ela acariciou o rosto de Estevão.

- Eu já não me importava com a minha aparência. Eu só queria que você me amasse porque... Porque sim. – Deu de ombros.

- Eu não sei se te amo, Estevão. Minha cabeça está uma bagunça.

- É um dos sintomas. Você não pode se estressar. Eu vou cuidar de você. – Ele sorriu e a pegou no colo. – Vamos comer algo.

Ele a levou até a cozinha e a colocou em um dos altos bancos que ficavam perto de um balcão na cozinha.

- O que vai preparar?

- Eu não sei.

- Estevão... Eu não quero que sinta dores...

-Shhhh... – Ele sorriu. – Vou preparar, por enquanto, apenas um suco.

- E quanto aos seus pais?

- O quê? – Ele abaixou a cabeça. Não gostava de tocar naquele assunto.

- Não gostaria de falar com eles para resolver tudo isso?

- Gisele, é difícil.

- Você não tem mais desculpas. Eles te aceitariam assim. Ou você tem medo deles não aceitarem a mim? Porque eu não me importo.

- Não. Eu não me importo com eles, mas eu sei como são e não quero que te ofendam.

- Quando tudo isso passar, promete que vamos até lá?

- Porque está insistindo nisso, Gisele?

- Porque quero que você seja feliz! Eu não tenho certeza, mas acho que sinto algo forte por você, Estevão. - Ele sorriu, mas parecia não acreditar. Talvez, ela estaria falando aquilo só para deixá-lo feliz.

- Aqui está. – Estevão disse, depositando um suco e um lanche em cima do balcão.

Estevão se sentou no banco do outro lado.

- Coma uma das metades. – Gisele disse. – Quem não pode comer sou eu. Você pode. – Ela disse.

- Se você não comer, eu me tranco naquele quarto de novo. Não é isso que você quer, né?

- Você está fazendo chantagem.

- Ah, Gisele. – Sorriram.

- Se você comer, prometo te dar uma recompensa. – Sorriu.

Estevão a olhou, maliciosamente. Pegou uma das metades do lanche e comeu, assim como Gisele. Sentiu uma forte pontada na barriga e começou a sentir calor. Tentou disfarçar. Tirou sua capa e seu casaco. Gisele havia tomado todo o lanche e ele ainda sentia muito calor. Até que veio a dor de cabeça. Ele era forte, mas será que conseguiria disfarçar?

- Estevão... – Gisele disse. – Eu vou ao banheiro. – Saiu cambaleando da cozinha. Será que ela também estava sentindo o mesmo?

Estevão correu para o banheiro e tentou respirar. Jogou um pouco de água no rosto e logo os sintomas já estavam passando. Voltou até a cozinha. Depois de alguns minutos, Gisele voltou também.

- Eu preciso te dizer uma coisa.

- O que foi? Está tudo bem?

- Eu não sei. É que...

- Gisele, fale! – O coração dele estava acelerado.

- Eu acho que estou grávida.