O Mistério Da Fera

Capítulo 23 - Liberdade e orgulho


Já havia amanhecido, e Gisele já estava consciente. Abriu os olhos e analisou o quarto. Olhou para o sofá e viu Estevão dormindo sentado. Ela se sentia fraca e faminta. Depois de uns cinco minutos que acordou, uma enfermeira entrou em seu quarto.

- Finalmente, acordou. – A enfermeira sorriu e Estevão acordou.

- Acordou? – Ele foi em direção a ela e a abraçou.

- Cuidado. – A enfermeira disse. – Ela ainda está um pouco debilitada.

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- Eu estou bem. – Gisele disse.

- Vou te medicar para que fique bem de verdade. – A enfermeira sorriu e lhe deu dois pequenos comprimidos.

Gisele os tomou.

- E Fernan? – Gisele disse.

- É mesmo! Preciso lhe dar as notícias. – Pegou seu celular de seu bolso e ligou para a mansão.

- Alô?

- A Gisele acordou!

- Estou indo para aí agora mesmo!

Fernan havia ficado muito feliz com a notícia. Pegou um dos carros e foi em direção ao hospital.

- Ela ficará bem. – A enfermeira disse.

Estevão sorriu para ela de uma forma que causou certo ciúme em Gisele. Mal sabia ela que a enfermeira se importava muito com as aparências.

- Com licença. – Fernan disse, abrindo a porta. Foi em direção a Gisele e sorriu. – Se quiser ir comer, eu cuido dela.

- Mas... – Gisele disse.

- Acho que quando como bastante, não sinto dores. Não entendo o porquê.

- Realmente, na mansão, antes do ocorrido, você não passou mal, não é? – Fernan disse.

- Sim.

- Pode ir tranquilo, então. – Fernan disse.

- Eu não sei se concordo com isso. – Gisele disse.

- Fique tranquila, meu doce. – Estevão beijou sua testa e saiu do quarto.

- Como se sente?

- Estou bem, Fernan. Eu preciso de um favor seu.

- O que quiser. – Sorriu.

- Eu preciso me encontrar com a bruxa que enfeitiçou Estevão.

- Mas por quê?

- Eu prefiro não dizer. – Olhou para a janela. – Mas eu acho que isso ajudaria na aparência de Estevão e me faria muito mais feliz.

- Não sei...

- Eu te imploro, Fernan! - Voltou a olhar para ele.

- Mas como vou achá-la? – Fernan se lembrou de quando contou que Estevão a encontrou no centro da cidade. – Já sei. – Fernan sorriu.

Estevão voltou para o quarto com um pedaço de torta e uma pequena lata de suco.

- Eu comi um pouco lá, mas não aguentei e vim para cá. – Estevão sorriu e se sentou no sofá.

- Eu preciso ir porque deixei alguns afazeres. – Fernan sorriu e lançou um olhar especial para Gisele. Ela havia entendido que ele iria atrás da feiticeira. – Eu volto à noite.

- Está bem. – Estevão disse, comendo.

E Fernan saiu.

***

Gisele passou a tarde ansiosa. Queria muito falar com aquela feiticeira. Estevão quase não conversava com ela. Um momento ou outro Estevão conversava com ela ou comentava algo sobre o que assistiam. A enfermeira havia entrado no quarto mais duas vezes até o anoitecer.

- Com licença. – Fernan disse, abrindo a porta. – Boa noite. – Aproximou-se da maca.

O doutor também estava naquela sala. Enquanto este falava, Gisele lançou um olhar duvidoso para Fernan e ele assentiu. Isso significava que a feiticeira estava ali.

- Você logo ficará bem. Pode comer o que quiser, mas mantenha uma alimentação saudável. – Ele sorriu. – O que precisar, pode me chamar. – Saiu do quarto.

- Pode ir comer, Estevão. – Fernan disse.

- Volto logo. – Sorriu e saiu do quarto.

Logo, aquele lugar foi tomado por uma suposta enfermeira.

- Mais remédio? – Gisele disse.

- Esta é a feiticeira. – Fernan disse.

- O que quer, menina? – Ela disse.

- Eu queria pedir para você reverter a situação de Estevão.

- O quê?

- Eu quero ficar com aquela aparência e quero que ele fique normal. Não aguento vê-lo mais daquele jeito. Acho que posso suportar mais do que ele.

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- Nossa, mas como você pode querer fazer isso por ele?

- Eu gosto dele. Eu faria isso por Fernan, se fosse preciso. – Ela sorriu.

- Mas sabe que para voltar ao normal terá que se apaixonar, não sabe?

- Como?

- A paixão deve ser recíproca. – A feiticeira estalou os dedos e uma fumaça amarela tomou conta do quarto. E tudo se transformou. – Eu só preciso dizer mais uma coisa.

Gisele soltou um gemido e fechou os olhos. Estava com as cicatrizes de Estevão. E ele, mesmo lá no refeitório, notou que as suas mãos ficaram lisas e disse para si mesmo “Não pode ser!”. Correu para o banheiro e se olhou no espelho. Ficou feliz porque poderia ter uma vida normal e Gisele o amava.

- Eu não acredito que ela fez isso. - Fernan disse. Ele foi em direção a Gisele.

- Ela só está dormindo. A vida de Estevão não mudou nada. Ele ainda terá que caçar seu próprio alimento. O que mudou foi só a aparência dos dois.

- Entendo. – Fernan abaixou a cabeça.

- Ultimamente, como pensei que Estevão estava indo bem em se apaixonar e respeitar todos a sua volta, deixei que ele saciasse sua fome como uma pessoa normal. Mas, pelo visto, não poderei mais fazer isso. – Olhou para Gisele e saiu do quarto.

- Fernan! – Estevão invadiu o quarto, gritando.

Quando se deparou com Gisele, ficou sem reação.

- Mas... Como? – Fernan abaixou o rosto e Estevão deu um soco na parede, o que fez com que Gisele acordasse.

- Estevão? – E deu mais um soco na parede. – Pare! – Deu outro soco na parede. – Você me acha feia?

A dor que sentia nos dedos era pouca perto da raiva que sentiu ao ver Gisele daquela forma.

- Você me amava só porque eu era bonita, aos seus olhos? – Gisele disse.

- Eu ainda te acho a moça mais linda desse mundo, mas não quero que sofra como sofri. – Tocou o rosto de Gisele.

- Você está muito bonito. – Ela tocou o rosto dele e tocou a mão dele que estava em seu rosto. - Promete não descontar sua raiva em paredes?

- Eu prometo. – Ele riu.

- As condições são as mesmas para você. – Fernan disse.

- Eu preferia ficar doente do que vê-la dessa forma.

Fernan sorriu, como se aquele sorriso consolasse ou aliviasse a tensão daquela sala.

- Vou chamar o doutor. – Fernan disse.

- Fernan, antes de ir. Eu queria lhe dizer uma coisa.

- O quê? – Fernan estranhou.

- Eu queria lhe demitir.

Os três sorriram. Nada era melhor do que ser demitido de uma quase escravidão que vivia naquela mansão.

- E quero lhe dar férias permanentes. Claro que ainda quero que nos visite, mas quero que seja livre. – Estevão sorriu.

- Por que está fazendo isso? – Gisele disse.

- Eu não sei. – Estevão sorriu.

Ele queria fazer isso porque, além de sentir compaixão por Fernan, queria que a aparência de Gisele melhorasse. Sentia como se Fernan fosse seu próprio pai.

- Eu queria lhe agradecer. – Fernan estendeu a mão.

Estevão o olhou e o puxou para um abraço.

- Antes de partir para a viagem, passe na mansão e pegue bastante dinheiro no cofre. Você sabe a senha. – Sorriu.

- Eu não posso aceitar.

- Você deve aceitar. Era o que eu deveria ter pagado a você durante todo esse tempo que trabalhou para mim. – Estevão sorriu.

- Eu não sei o que dizer.

- Vá visitar seus parentes, Fernan. – Gisele sorriu.

- Então, eu vou. – Disse Fernan, sorrindo.

Olhou para Gisele e a viu sorrindo, sem graça.

- Olhe, Gisele, eu...

- Vá, Fernan. - Ela sorriu. - Vai ficar tudo bem. Eu prometo. - Abraçou Gisele.

- Eu te mando as novidades. - Abraçou Estevão, novamente.

- Eu vou voltar! – Fernan disse. Sorriu, acenou e foi embora.

- Estou orgulhosa de você. – Gisele acariciou o rosto dele.

Fernan não podia se sentir mais livre. No mesmo momento, correu até a mansão e fez suas malas. Não queria o dinheiro porque isso não lhe faria falta, mas, para visitar sua família, precisava. Pegou o que era suficiente para viajar até a Alemanha, foi até o aeroporto num táxi e foi até lá. Não via a hora de ver suas filhas, sua esposa... Elas sabiam o que ele passava naquela mansão. Fernan ligava pouquíssimas vezes para lá, mas ligava quando podia. A saudade apertava mais do que tudo e ele sabia que ficaria tudo bem por ali. Gisele conseguiria descobrir seu amor por Estevão... Mesmo?