O Mistério Da Fera

Capítulo 18 - A reforma na estufa


Estevão havia ficado sem falar com Gisele durante um mês. Ele a observava uma vez ou outra pelo mesmo pequeno buraco que ligava seu quarto em direção ao dela. O buraco era quase imperceptível. Só quem tinha conhecimento daquele buraco conseguiria enxergar algo através dele.

Ela não havia ficado tão triste desta vez porque pensou que ele tinha seus motivos e pensou que tinha medo de contar para ela e, então, resolveu vê-lo pessoalmente. Era uma tarde ensolarada. Ela se levantou de sua cama e foi até o quarto de Estevão. O rapaz estava sem fazer nada, apenas pensando, como fez o mês inteiro. Ele percebeu que a maçaneta estava se movendo. Correu até a porta e a segurou com força. Gisele logo percebeu que ele estava do outro lado, até porque ele nunca tranca a porta. Estevão começou a pensar nessa possibilidade. Mas será que isso seria a melhor solução? Ou o melhor era deixar que ela descobrisse tudo desse modo?

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Enfim, a menina foi para o seu quarto. Mas ela não desistiria.

***

Havia anoitecido e Fernan chamou Gisele para jantar. Depois que Estevão lhe permitiu fazer favores e não obedecer às ordens deles, ele passou a tratar Gisele como uma filha, sempre lhe dizendo o melhor a fazer nos momentos certos, principalmente sobre Estevão, já que, mesmo sem sua alteza lhe dar a liberdade, lhe tratava como um filho, por mais que não o conhecesse muito ou que pensasse não conhecê-lo muito.

A menina desceu para jantar. Sentou-se à beira da mesa e Fernan também se sentou para comer, como havia feito de umas duas semanas para cá.

Os dois se serviram e começaram a comer.

- Fernan...

- O que foi?

- Eu tentei entrar no quarto do Estevão hoje.

Fernan havia parado de se concentrar na comida e olhou fixamente para a moça.

- E...?

- Ele segurou a porta e não consegui ver nada.

- Gisele, não queira saber de nada.

- Assim você me assusta. – Ela largou os talheres dentro do prato.

- É que você pode ficar triste.

- Obrigada pela preocupação. – Ela sorriu. – Mas ele disse que tem dúvida se me ama, não disse? Pra ele provar, ele tem que confiar em mim.

- Concordo, mas...

- Fernan, sei que você sabe o que tem naquele quarto e não estou te pedindo para me contar. – Ela segurou as mãos dele. – Só estou te pedindo para não me impedir de tentar descobrir. – Ela sorriu e ele devolveu o sorriso.

Continuaram comendo e conversando sobre uma futura reforma no jardim que seria organizada por ela e Fernan estava disposto a ajudá-la.

Gisele terminou de comer e subiu para seu quarto. Ela viu Estevão saindo de seu quarto e trancando-o.

- Já jantou? – Estevão sorriu.

- Sim. – Ela sorriu de volta.

- Há quanto tempo não nos falamos, não é?

- Pois é. – Ela sorriu e abaixou a cabeça.

- Parece que se passaram anos e não dias.

- É verdade.

- Quer conversar comigo?

- Pode ser. – Balançou os ombros e fez pouco caso.

Ela entrou em seu quarto e Estevão a seguiu. Gisele se sentou em sua cama e ele ficou em pé andando pelo quarto, observando cada detalhe daquele lugar, como fazia a maioria das vezes que entrava lá.

- O que você fez, ultimamente?

- Li muitos livros, conversei bastante com Fernan, tive muitas vontades, ideias...

- Que tipo de ideias?

- Eu queria reformar o seu jardim. Seria ótimo para ocupar o meu tempo.

- O que acha de uma estufa? Seria maldade demais maltratar as plantas.

- Mas eu colocaria outras no lugar.

- Você pode cuidar melhor destas em uma estufa.

- Eu nunca fui a uma estufa.

- Eu tenho uma estufa. Só que ela está vazia e ela é enorme. Acho que conseguiremos enchê-la de novo, não acha?

- Claro!

- Quer começar quando?

- Tem algo pra fazer agora?

- Não. – Gisele sorriu para ele. – Então, vem. – Ele segurou a mão dela e a puxou.

Os dois andaram, andaram e andaram e Gisele percebeu que não conhecia quase nada daquele lugar, apesar de estar morando ali há tanto tempo.

- Você disse que teve muitas vontades... Quais são estas vontades? – Estevão dizia enquanto andava.

- Acho que a que você poderia tornar possível é um espaço para que eu pratique balé, já que você não me deixaria sair para ir a um instituto.

- É perigoso para você, meu doce. – Ele sorriu e tocou seu queixo. – Eu posso arranjar um espaço sim.

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- Não sabe o quanto isso me fará feliz. Não uso minhas sapatilhas há meses.

- Falando em “não uso há meses”, há quanto tempo não toca piano, não é?

- Eu lembro que, na maioria das vezes que eu tocava, eu te incomodava e, então, achei melhor parar.

- Eu nunca disse que me incomodava.

- Bem... É que faz bastante tempo que eu não toco e acho que esqueci muitos acordes.

- Isso é invenção sua.

- Claro que não!

- Depois, eu vou te ajudar a recordar, então. – Os dois sorriram, sem mostrar os dentes.

Avistaram um lugar com gramado descuidado e uma estufa totalmente suja, gigante e vazia.

- Eu deixei algumas sementes aqui no canto neste saco. – Estevão pegou o saco que ficou perto da entrada da estufa.

- Vamos começar?

- Sim. – Sorriram.