Eu Escolhi Você

I hate...


A aula pós intervalo de Draco e Luna seria de inglês, com a professora Sprout. Suas aulas podiam tanto ser chatas quanto legais ao mesmo tempo. Confuso né. Assim como a professora. Mas no fundo ela era boa e divertida. Luna gostava muito de inglês, era definitivamente uma de suas matérias preferidas, mas seu ânimo não estava a lá aquele dia. Pra falar a verdade, ter que conviver com Draco na mesma sala, recebendo aqueles olhares impregnados de mágoa, era a pior tortura que ela era obrigada a aguentar.

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– Turma! - Chamava a professora tentando acalmar o alvoroço dos alunos. - Turma, o intervalo já acabou! - Ela os lembrou em alto tom, mas foi ignorada. Draco tinha que admitir era divertido ver a professora nesse desespero todo. Mas nada estava sendo divertido pra ele naquele dia. - Silêncio! - Gritou Sprout, conseguindo finalmente chamar a atenção dos alunos. Alguns que ainda estavam em pé se dirigiram para seus devidos lugares. - Até que enfim. - A mulher disse soltando um suspiro aliviado e arrancando risadas de alguns alunos. - Agora posso falar?

– Pode professora, fala vai! - Falou Cho entre risadas.

– Como eu sei que vocês são alunos muito antenados .. - Começou a mulher, dando alguns passos pela sala. - Procurei um poema bem famoso de um filme para alguns de vocês recitarem pra mim. Em inglês, claro.

– Que poema Sprout? - McLaggen indagou curioso.

– Se chama Ten things I hate about you. Conhecem? - Perguntou a professora sorridente.

– Dez coisas que eu odeio em você? - Cho questionou animada. - Eu amo esse filme.

– Eu imaginei. - Sprout rebateu divertida e os alunos riram, com exceção dos dois loiros que vocês sabem bem quem são.Ambos pareciam longe dalí. Estavam cansados emocionalmente e mentalmente. - Eu vou separar uma menina e um menino para recitarem aqui na frente para mim. Mas relaxem, porque eu trouxe as folhas com todo o poema escrito na língua inglesa.

– Mas por que você é quem vai escolher professora? - Questionou Zacarias.

– É, deixa a gente escolher. - Susana pediu com um pouco de indignação.

– Ué, estão animados é? - A mulher ergueu as sobrancelhas, surpresa.

– Vai professora, escolhe logo. - Córmaco a apressou, divertido. Logo Sprout ficou pensativa.

– Vocês, vocês dois. - A mulher falou, por fim, depois de muito analisar os alunos. Os dois alunos à qual ela apontou pareceram não perceber. - Ei, Draco, Luna! - Sprout chamou-os em mais alto tom e ambos despertaram de tal mundo em que estavam. - Não me ouviram?

– Ãn? - O loiro perguntou aturdido.

– Eu chamei você e Luna para recitarem o poema de 10 coisas que eu odeio em você aqui na frente. - Explicou a mulher calmamente e sorridente.

– A gente? - Luna indagou com um nó na garganta. - Por que eu e ele?

– Porque vocês são fofinhos juntos. - Respondeu a professora com sinceridade e os alunos da sala começaram a assoviar. Draco e Luna coraram e se viram a par de não conseguir contrapôr. - Eu falei em sentido de amizade, alunos!

– Aham, amizade. - Cho debochou entre uma risada e os assovios cessaram depois de algum tempo.

– Já chega! - Sprout falou com calma vendo a turma parar o alvoroço. - Vamos, andem logo. - Chamou apontando para Draco e Luna. O loiro olhou a garota de esguelha. Se levantaram ao mesmo tempo e se dirigiram mais devagar do que o normal para a frente da sala. Pareciam sem saber muito o que fazer. - Tomem,peguem. - A mulher um tanto cheinha entregou as duas folhas xerocadas para ambos os dois.

– Como a gente vai ler? - Draco perguntou com a voz fraca.

– Ora, com a mente. - Sprout respondeu divertida e Luna se viu obrigada a rir enquanto a sala a imitava. Draco sentiu o coração palpitar só de ouvir o som daquela risada. Risada que há tempos não ouvia.

– Ele quis saber professora.. se vamos ter que recitar cada um uma frase, ou parágrafos .. - Explicou a loira com calma.

– Ah sim. Cada um uma frase. Quero boa pronúncia em? - A mulher pediu exigente e sorridente. - Comece Luna. Ah, se puderem entrar no personagem eu agradeço. - Luna tornou a rir e encarou a folha que segurava. Respirou fundo. Sentiu as pernas bambas só de interpretar a primeira frase. Finalmente começou, agora dirigindo seu olhar para Draco.

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* – I hate the way you talk to me. (Odeio o modo como fala comigo)– Falou a loira com seu tom meigo e ao mesmo tempo cheio de tristeza.

– And.. and the way you cut your hair. (E como corta o cabelo)– Draco completou tentando fazer as palavras soarem com um bom pronunciado e sentindo a sua mágoa desaparecer de súbito ao encarar os olhos de Luna.

– I hate the way you drive my car. (Odeio como dirigi o meu carro) – Continuou a garota com sua quase perfeita pronuncia enquanto Sprout os observava sorridente.

– And I hate it when you stare. (E odeio seu desmazelo)– Disse Draco se permitindo sorrir.

– I hate your big dumb combat boots. (Odeio suas enormes botas de combate)– Luna falou agora sorrindo junto e revirando os olhos, por não imaginar Draco com botas, mas sim em combate eterno com os sentimentos.

– And the way you read my mind. (E como consegue ler minha mente) – Falou o garoto com sinceridade quase se perdendo nos azuis olhos da loira á sua frente. Onde estaria toda aquela mágoa e tristeza agora? Ele não sabia dizer.

– I hate you so much it makes me sick. (Eu odeio tanto isso em você que até me sinto doente) – Luna falou entre um suspiro e Draco riu levemente. A sala parecia vidrada nos dois.

– I hate the way you’re always right. (Odeio como está sempre certa) – Malfoy continuou passando o olhar por vezes da folha presa em sua mão para Luna.

– I hate it when you lie. (Eu odeio quando você mente)– Falou Luna o encarando. Impressionante, pensou ela, era o fato de como todas aquelas palavras ditas até ali eram verdade.

– I hate it when you make me laugh. (Odeio quando me faz rir muito) – O loiro continuou, sua pronuncia não tão boa quanto a de Luna mas com seu esforço sincero em dizer aquelas palavras enquanto olhava a garota que ele tanto venerava nos olhos.

– Even worse when you make me cry. (Mais quando me faz chorar)Frase feita para mim, pensou a loira enquanto pronunciava.

– I hate it when you’re not around. (Odeio quando não está por perto) – O loiro deixou as palavras saírem naturalmente de sua boca. Isso era uma verdade absoluta.

– And the fact that you didn’t call. (E o fato de não me ligar) – Luna completou, o sorriso simplesmente murchou. Só de lembrar que logo aquele poema terminaria por ali,e ela não voltaria tão cedo a ouvir a voz do loiro tão doce quanto, sentiu o peito doer.

– But mostly.. I hate the way.. I don’t hate you. (Mas eu odeio principalmente não conseguir te odiar) – A voz do loiro também demonstrava tristeza nas frases finais. Os olhos tornaram a se encontrar.

– Not even close.. not even a little bit.. not even at all. (Nem um pouco, nem mesmo por um segundo, nem mesmo só por te odiar)– Concluiu Luna o poema com os olhos vidrados aos de Draco.

Ela se lembrava bem das frases pois havia visto o filme tantas vezes que perdera as contas, tais vezes dublado, tais vezes com áudio original. Sentiu que podia perder o chão de repente só por ter os olhares tão conectados aos de Malfoy. Droga, Sprout realmente não tinha o que inventar. Por que esse poema agora? Por que todas essas verdades à tona? Por que esse olhar?... Logo as palmas explodiram dentro da sala.

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– Passar a tarde toda com você é tão bom que nem parece ser de graça. - Comentava Rony enquanto caminhava ao lado de Hermione, os braços passados pelos ombros da garota.

– A gente vai estudar, lembra? Estudar! - A morena relembrou-o divertida enquanto ganhava um cheiro.

– Cheirosa. - Rony falou num sussurro tendo sobre os lábios um sorriso enquanto viu Hermione estremecer. Ela sempre ficava assim quando ele a elogiava.

– Bobo. - Respondeu sem jeito. - Ainda estou brava com você.

– Oh meu Deus,como minha namorada é ciumenta gente. - O ruivo brincou enquanto abraçava Hermione de lado e roubava-lhe dela um selinho. Nada que ela não tivesse gostado, claro.

– Olha, Gina está indo embora. - Hermione apontou para a garota que logo já saindo portão da escola afora.

– Estranho, sem eu, Harry e Draco? - Indagou o ruivo acompanhando Hermione nos passos mais apressados.

– Ei Gina! - A morena a chamou quando já estavam próximos, e Gina se virou para eles. Parecia acabada.

– Já estava indo embora maninha? - Rony perguntou.

– Aham. - Respondeu a ruiva monossilábica.

– É o Harry né? - Hermione questionou com a voz doce. Gina assentiu. - Sei que não quer ficar perto dele.

– E não quero mesmo. - A ruiva tentou ser firme.

– Acho que você deveria dar uma chance pro Harry. - Ron comentou com sinceridade.

– É, e pra Luna também! - Hermione completou. - Gina, eles não fizeram por mal.

– Mais fizeram. E se não perceberam, isso me magoou muito. - Respondeu Gina com a voz fraca.

– A gente sabe. Eles também sabem. E os dois também estão bem magoados. - Continuou a morena.

– Harry só perdeu a cabeça, e Luna já estava sem.. pensa nisso maninha. - O ruivo falou com simplicidade encarando a irmã.

– Você não vem? - Gina tratou de mudar de assunto.

– Vou pra casa da Mione. - Respondeu ele sorridente abraçando mais a morena de lado. Hermione lançou-lhe um olhar que nem ele mesmo conseguiu descrever e tratou logo de explicar. - Estudar.

– Estudar? - A ruiva ergueu as sobrancelhas. - Mas você nunca estuda.

– Ér.. bom.. dessa vez, é.. - Rony gaguejou ao se lembrar de que nunca contara a irmã do seu problema e de que sua própria namorada era sua professora.

– Estou obrigando ele. - Hermione respondeu o apertando de lado e Rony sorriu torto.

– Ah, então tá. - Gina deu de ombros. - A gente se vê. - A ruiva se despediu enquanto já dava as costas para os dois e atravessava a rua.

– Nossa, falei demais né. - Rony comentou voltando a se ver sozinho com Hermione, com exceção dos alunos que deixavam as escola e passavam por eles.

– Não, ela tá tão mal que não deve nem ter percebido. - Hermione o tranquilizou.

– Então vamos? - Convidou-a o ruivo, um tanto galanteador e tirando o braço do ombro de Hermione, lhe ofereceu para ser envolvido pelo próprio da garota. Hermione riu.

– Vamos cavalheiro. - Ela respondeu entrando na diversão e entrelaçou o braço dentro do de Rony.

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Luna ficara bem atordoada depois de tudo que acontecera na sala de aula. A confusão tomou conta de sua mente de tal tamanho que ela pensou que poderia enlouquecer. Já estava acostumada, há dois dias, receber olhares magoados e raivosos de Draco, mas naquela manhã foi tão diferente. O brilho foi tão intenso e verdade. O sorriso dele foi tão Draco de ser. E a voz.. aquela voz a tirava de si. Conseguiu, enquanto via o loira recitar aquelas frases verdadeiramente absurdas para si, se esquecer de que daqui há algumas tristes horas chegaria terça-feira e representaria mais um ano da morte do pai. Se esquecera de que não encontrou Neville na escola aquele dia e que não encontraria mais. Se esquecera da vida,do mundo.

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Evitou olhar Draco de todas as maneiras possíveis depois do passado poema que tiveram que recitar, e por sorte, conseguiu. Ou talvez não. Na hora de embora, não encontrou nem Hermione, nem Rony, nem Harry. Nem Gina.. só ele. Seguiram seus diferentes caminhos, é claro. Mas com os pensamentos fervilhando.

Por que ela tinha que ser assim? Era o que Draco se perguntava a todo momento. Ele sabia que poderia estar à beira da insanidade. Ao mesmo tempo que conseguia sentir mágoa e raiva, lembrando daquele beijo maldito, ele conseguia sentir ternura, desejo, uma vontade absurda de ter Luna. Era tudo tão estranho e diferente. Era tudo tão Draco e Luna de ser, de se amarem, que nem eles mesmo se davam conta. Eram dois tolos.