Pai

O som do celular tocou alto acordando o loiro abruptamente. Naruto sentiu a cabeça latejar. Xingou o infeliz que ligava e xingou mais ainda a bebedeira da noite anterior. Afogara as mágoas em diversas garrafas de uísque, vodca e conhaque, sem contar as latinhas de cerveja. Olhou com dificuldade para o nome que aparecia na tela. Hyuuga Hiashi.

– Sim? – Indagou tentando controlar a voz. Já estava no meio da tarde e não queria que o Hyuuga percebesse a voz de sono.

– Olá Naruto, como está? – Respondeu.

– Estou bem. – Bem morto, bem estressado, bem acabado. Completou em pensamento. – E o senhor como está? – Completou revirando os olhos.

– Estou ótimo. – Replicou. – Irei direto ao ponto, sim? Acontece que preciso falar com Hinata, contudo ela não está em casa e muito menos em minha casa, presumo que ela esteja com você. Poderia colocá-la ao telefone? – Disse por fim. Aquilo foi um soco no estômago do loiro. Sentiu o ciúme invadi-lo, mas tinha de controlar-se senão Hiashi desconfiaria de algo.

– Devo dizer que ela não se encontra aqui Hyuuga-sama. – Respondeu sem muita explicação.

– Como não? E aonde Hinata se meteu? – Rebateu o Hyuuga com voz de poucos amigos.

– Ela deve estar com alguma das garotas, ontem tivemos um pequeno desentendimento e ela saiu com as meninas. – Disse omitindo a parte da traição, discussão e principalmente omitindo Tsukasa.

– Entendo. Ligarei para Tenten ou Sakura. Até mais Uzumaki. – Replicou desligando antes de Naruto despedir-se dele.

– Velho rabugento! – Vociferou o loiro.

Mas sua raiva não era pelo “sogro insuportável”, mas sim por Hinata não voltar para casa depois da cena na Akatsuki. Tinha esperanças que a azulada dispensasse Tsukasa ao saírem, que ela fosse para casa e ficasse ali, assistindo filmes e comendo brigadeiro até a raiva por ele passasse. Ele sabia que era algo egoísta a se pensar. Mas o mundo fora tão egoísta com o loiro, na opinião de Naruto tudo fora injusto com ele, a única coisa que realmente fora boa era Hinata. E ela não o queria mais.

Lavou o rosto e desceu para academia que o pai tinha em casa. Na noite passada estava bêbado demais para conseguir chegar em casa, o máximo que conseguiu foi chegar a mansão dos Namikaze. Ao chegar ao recinto pôs-se a bater com força em um dos sacos de areia. Aqueles eram os socos que fora privado de dar no rosto do meio-irmão, misturado com toda a raiva de perder Hinata.

– Não devia andar nesses trajes, as empregadas podem ter um infarto. – Brincou Minato adentrando no local. Naruto revirou olhos.

– Não enche. Não tenho culpa se suas empregadas são taradas como você. – Rebateu. – Eu não tenho o direito de andar sem blusa na casa da minha família? Ou essa casa também pertence ao seu queridinho.

– Por que dessa violência hoje? O saco de areia roubou seu lamén? Ou perdeu outro M3 em rachas?– Indagou desconversando.

– Eu perdi de novo pro seu filhinho. – Respondeu simplesmente dando socos mais fortes.

– O que Tsukasa supostamente fez dessa vez?

– Ele me tirou Hinata. – Murmurou dando um soco fortíssimo no saco que começou a furá-lo. – Outch! – Exclamou apertando a mão sob a bandagem.

– O QUÊ? – Gritou o loiro mais velho. – Explique-me isso antes de eu matar um dos meus filhos.

– Ela descobriu um das minhas traições. Ficou furiosa. Ontem ela saiu com Tsukasa que até agora não voltou, com certeza passou a noite com ele aquele bastardo.

– Naruto! – Repreendeu o Namikaze e o rapaz apenas revirou os olhos. – É o que dá não ter cuidado. Qual delas Hinata descobriu?

– Olha quem fala de cuidado, você teve um filho meu chapa, eu ainda não tenho nenhum. Foi Shion. – Respondeu com um sorriso amargo.

– Pelo menos foi uma das menos vagabundas, mas o que fará se ela descobrir as outras? Karin, Kin, Moegi, Kurenai? O que você fará se ela descobri Hanabi? Nem venha com a desculpa que Hanabi não conta porque todas as vezes estão bêbados. Ainda sim é a irmãzinha dela. – Advertiu.

– Hinata não vai descobrir, Hanabi nunca falaria. Além dos mais só Hinata e Hiashi não percebem o quão vadia aquela menina é.

– Esqueça isso. Não é um caso perdido. Ligue para Hinata ou a procure se preferir. Faça o que você e todos os homens dessa família sabem, minta. Diga que estava bêbado ou drogado, diga que é mentira ou foi uma armação invente alguma coisa que dê para acreditar. – Aconselhou em um suspiro

– Não dá. – Sussurrou suspirando.

– Como assim não dá? Não vai me dizer que não quer casar com Hinata?!

– Não é isso. É que eu admiti ontem que a traí com a Shion... – Explicou constrangido.

– O QUÊ? Ficou maluco? – Vociferou. – Já decidi qual dos meus filhos vou matar! Você sua anta. – Deu um sorriso amargo e irônico.

– Queria que eu fizesse o quê? Era inegável, além do mais estou arrependido. – Rebateu com cara de poucos amigos.

– Você pelo menos pensou no que estava fazendo? Sabia que eu tenho negócios com o Hiashi? Isso pode acabar com nossa sociedade. – Articulou com irritação. – Pelo menos ela saiu com o Tsukasa, já cogitou que fosse outro? Em meio essa confusão talvez os meus interesses ainda estejam salvos. – Ponderou.

– Como é? Estou realmente ouvindo isso? Eu te falo que minha noiva me largou e está preocupado com negócios? Agora você deve estar feliz não é? Deve está bem orgulhoso do seu filhinho por estar com Hinata. Continua o acordo entre as famílias e ainda seu preferido fica com a garota. – Vociferou furioso.

– Naruto... – Repreendeu.

– Não me venha com “Naruto”. É a verdade. Você prefere o Tsukasa, gosta mais dele. Admita. Sempre foi ele. Desde que erámos pequenos, nunca ligou para mim, era só Tsukasa, Tsukasa e Tsukasa. – Continuou o loiro com mágoa.

– Não é verdade, sempre amei os dois igualmente, além do mais o que você pode reclamar? Olha onde você mora olha tudo o que você tem! Enquanto o Galego, que tem os mesmo direitos que você mora sozinho no subúrbio tendo de trabalhar todos os dias até tarde para ganhar uma mixaria. – Ponderou calmo.

– E mesmo assim você se orgulha dele e não de mim. – Murmurou com desanimo.

– Filho você sabe que não é assim. Você não lembra direito algumas coisas... – Começou.

– Não? Quem não deve lembrar é você. Porque eu lembro bem que sempre fingia que se importava comigo, que fingia que queria brincar comigo no parque, mas na verdade você só queria estar com Tsukasa e Mikoto. Você me largava sozinho naquela caixinha de areia, a única pessoa que eu tinha era Sasuke e as vezes Itachi. Só se importava em ficar com o seu bastardinho. – Gritou.

– Está se transtornando. Tomou seus remédios hoje? – Indagou preocupado. Além da hiperatividade, défict de atenção, o filho ainda sofria de alguns transtornos de personalidade que o faziam ter explosões graves e tender a violência.

– Foda-se os remédios, eu não sou maluco, não preciso tomar aquelas porcarias! Tsukasa também toma remédios por que não vai perguntar para ele? Ah claro porque ele é perfeito. Ele e a mãe dele eram sua família perfeitinha e feliz! – Rebateu.

– Meça suas palavras a Mikoto é mãe do Sasuke. – Advertiu o Namikaze levemente irritado.

– Nem que fosse a sua mãe. Ela não vale nada. Sinceramente espero que aquela vagabunda queime no inferno! – Exclamou possesso. Minato deu-lhe um soco fortíssimo e o Uzumaki foi ao chão.

– Lave a boca para falar da minha Mikoto, não importa se ela não me amava, eu podia gostar de Kushina, mas foi Mikoto quem amei de verdade. – O Namikaze quase cuspiu as palavras no filho.

– Você não tinha o direito de dizer isso para mim, você não tem o direito de falar da minha mãe. Você a matou, a culpa foi sua! Tinha outra opção, mas você escolheu ficar com ele.

– Do que está falando?

– A mamãe deu a opção de você esquecer Tsukasa para sempre, enterrá-lo junto do passado e não procura-lo mais, não pagar mais nada para ele e ela o perdoaria, fingiria que nada tinha acontecido, no entanto você o escolheu. Preferiu ficar com o bastardinho. Assassinou minha mãe, Minato. Você e Tsukasa. – Respondeu Naruto com frieza.

– Não foi assim. – Replicou o loiro mais velho.

– Não importa mais. Minha mãe morreu por culpa de vocês e é tudo que eu sei. – Replicou levantando-se. – Vou embora. Foi um erro vir aqui.