Blue Bird

Capítulo 8


A Aberração sentou-se em sua carteira, suspirando. Fora a primeira a chegar na classe, então resolvera acessar a internet por seu celular. Grande parte das pessoas já havia esquecido da garota de cabelo verde, que aparentemente estava no terceiro ano do ensino médio.

Uma janela de bate-papo fora aberta, e o Monstro surpreendeu-se ao perceber que era um rapaz da sua turma.

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>Cara, é verdade que o Pedro te comeu?

>Quê?

>Tá todo mundo dizendo que ele te comeu lá na festa na casa da Alice, e que depois ficou com outra menina. É verdade?

>Não, cara. Não aconteceu nada na festa.

>Ah, jura? O Pedro não é lerdo, não!

>Porra, não aconteceu nada. Me deixa em paz.

Desanimou e desligou o celular. Já estava cansada de aturar seus colegas de sala, sempre inventando mentiras idiotas para deixa-la mal. Abraçou os joelhos, pondo a cabeça entre eles.

“Bom dia, Isabelle.” A voz grave de Richard, um de seus colegas, inundou seus ouvidos. Eles não conversavam muito, mas ele nunca fez mal para ela.

“Bom dia, Richard.”

***

“Você e o Pedro brigaram?” Alice despertou a Aberração de seus pensamentos tristes.

“Mais ou menos...”

“Vocês não conversaram o dia todo... É por causa daquele boato de que vocês... Bom, você sabe.”

“Não exatamente. Isso me deixou com raiva, sim, mas ainda acrescentaram que ele ficou com outra menina. Eu não duvido muito... O Pedro é bonito, seria fácil alguma garota cair na lábia dele.”

“Estão falando de mim?” a voz doce do rapaz inundou os ouvidos do Monstro, fazendo seu coração derreter.

“Sim.” Respondeu secamente, levantando-se “Ally, eu vou lanchar naquela lanchonete ali na frente da escola, te vejo depois.”

Afastou-se devagar, apertando o dinheiro em sua mão. Ia de fato para o lado de fora da escola, mas não na lanchonete, em um mercado.

***

“Mais alguma coisa, senhorita?” a ruiva esticou-se no balcão.

“Quero duas caixas de cigarro, por favor.”

“Tem que ser de maior pra isso, mocinha.”

“Por favor. É pro meu irmão mais velho, se eu não comprar, ele vai me bater!” fungou falsamente, mostrando as queimaduras de cigarro que o pai havia lhe feito.

“Tudo bem, garota. Mas é bom que ninguém saiba disso, ok?”

“Certo.”

Afastou-se devagar, com um sorriso fino entre os lábios. Quando já estava longe o suficiente, acendeu o cigarro e ajeitou-o na boca.

O gosto era amargo, mas depois de três tragadas, não lembrava-se mais de muita coisa. Sabia seu nome e idade, porém tudo parecia feliz, todos pareciam estar sorrindo para ela, então ela sorria de volta, alegre sem motivos.

Naquele dia, não voltou para a escola no fim do intervalo. Afinal, o que a memória defeituosa a deixava lembrar não incluía seus estudos. Incluía um cigarro amargo, um beco escuro e excluía qualquer problema no mundo.