Almas Sombrias

Capítulo Vinte e Sete


Capítulo Vinte e Sete

O Pierre estava com aquele novo estilo dele vestido todo de preto e com o cabelo caindo no olho. Eu realmente não esperava encontrar com ele ali, será que dava para ter menas sorte? Até quando saio para um shopping lotado tenho que encontrar alguma coisa estranha. Não sei sei quem é pior, ele ou o Henrique.

- Calma, Lyssa, eu só estou andando por aí, não vou fazer nada com você - ele tinha aquele sorriso nem um pouco confiável no rosto.

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- Eu espero mesmo.

Passei por ele esbarrando em seu ombro e quando achei que já estivesse livre, vejo que não foi bem assim.

O lugar ao redor desapareceu, lojas, pessoas, chão, teto, tudo. Não tinha mais nada, só uma completa escuridão e uma luz em cima de mim e do Pierre. Eu não sabia o que ele estava fazendo, mas gritar não estava adiantando muita coisa, o lugar era um vazio, não tinha som nem nada.

- O que é isso? - perguntei com a voz trêmula, já tinha passado por muitas coisas naquela cela e não queria voltar para aquele lugar nunca mais.

- Tenho uma mensagem do Mitzcael para você.

O Pierre juntou as mãos e ficou andando de uma lado para o outro, ele realmente me dava medo, como pude confiar nele? Se é que já confiei mesmo, sempre tinha minhas dúvidas.

- Você é o que dele? Algum tipo de mensageiro do mal? - eu não me atrevia a andar como o Pierre, tinha medo de dar um passo e cair num poço escuro sem fim.

- Isso aí, ele é meu mestre. Agora o recado.

Ele estalou os dedos e a luz que incidia sobre ele se apagou e não pude ver para onde ele foi, mas uns segundos depois o Pierre surgiu atrás de mim. Quando falou, sua voz estava próxima do meu ouvido me fazendo certas cócegas.

- Sabe aquele professor que morreu? Então, o mestre Mitzcael mandou te avisar que ele não vai ser o único, o próximo já está na lista e vai ser...Veja você mesma.

Uma imagem se projetou na escuridão e quando vi gelei. Era o Henrique, ele estava num lugar imundo e sujo que logo reconheci. Era aquela mesma cela que fiquei da outra vez, só que o corpo pendurado não estava mais lá, talvez o próximo seja do Henrique...Não, não e não, não posso pensar nisso.

- O que é isso? O Henrique pode ser um chato, tarado, babaca, idiota e várias outras coisas ruins, mas não tem nada haver com isso, deixa ele ir embora!

O Pierre saiu detrás de mim e foi para minha frente, ele balançou a cabeça como se estivesse desapontado e disse:

- Sinto muito, não posso fazer nada, querida. Nos vemos em breve - ele me deu um beijo na bochecha e depois desapareceu me deixando ali sozinha naquele breu sem saber para onde ir.

Comecei a ficar nervosa, qualquer lugar que eu andava dava no mesmo, até que a luz que estava sobre mim se apagou e eu me encontrei totalmente no escuro. Eu comecei a me sentir tonta até que me senti caindo, caindo e caindo na escuridão...

----****----

Levantei com a visão embaçada, ainda não conseguia localizar onde eu estava, mas tinha certeza de que não era o chão duro do shopping, o lugar embaixo de mim era macio e acolchoado. Quando minha visão se esclareceu, notei que eu realmente não sabia onde estava, nunca tinha visto aquele quarto na minha vida, mesmo com a luz apagada dava para distinguir o lugar, tinha as paredes azuis e o teto era de vidro dando para ver o céu a noite cheio de estrelas brilhantes e a lua iluminando o ambiente. Era tão lindo ver aquilo.

Estava tão hipnotizada vendo o teto que nem me liguei quando a porta do quarto se abriu, quando olhei para o lado o Vicent estava parado ao lado da cama, eu fiquei muito surpresa de vê-lo ali e ao mesmo tempo meu estomago começou a revirar de nervoso com a proximidade dele, por que tenho que sentir essas coisas quando ele está por perto?

Coloque as pernas para fora da cama e me sentei normal.

- O que está fazendo aqui e onde estou? - perguntei, estava confusa.

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- Eu consegui te resgatar das visões do Pierre, você estava caindo e eu consegui te segurar antes que você parasse em algum lugar que não sei, pois não tinha ideia de que lugar ele tinha reservado para você.

Olhei ao redor mais uma vez e parei meus olhos num espelho que tinha no canto do quarto, eu estava com cara de morta e com os cabelos todos em pé, eu realmente não queria que o Vicent me visse assim, pelo menos o lugar não está com tanta claridade.

- Então estou na sua casa? E que negócio é esse de visões?

- Sim, está na minha casa, mas não se preocupe que não estamos na fazendo do meu pai, essa moradia aqui é onde fico quando estou na cidade. E em relação as visões, é que o Pierre pode colocar coisas na cabeça das pessoas ou coloca-las na cabeça dele e consegue criar lugares "imaginários" para onde faz as pessoas ficarem presas lá, num lugar onde tem as coisas que o Pierre quer...É algo confuso, mas o importante é que você está bem.

O Vicent me deu um sorriso que fez eu ficar igual uma idiota olhando para cara dele e aqueles olhos também eram tão verdes e lindos. Consegui desviar dos olhos dele e me levantei, precisava ir embora, a Laura ficaria preocupada, ou eu pelo menos acho.

- Eu já vou.

- Fica mais um pouco...

Ele me puxou para junto de si e me beijou, um beijo intenso e faminto e que eu também precisava daquilo, minhas mãos estavam nos cabelos do Vicent e as mãos dele na minha cintura. Eu queria que a distância entre nós não existisse mais, conseguia sentir as borboletas no meu estômago se revirando, a proximidade dele era algo inexplicavelmente bom.

De alguma forma fomos parar na cama, as mãos do Vicent percorriam minhas costas por debaixo da minha blusa e minhas mãos percorriam os músculos das costas dele, queria arrancar aquela camisa dele fora e...Ai meu Deus, as coisas já estavam indo rápido demais.

Tirei o Vicent de cima de mim, acertei mina blusa e me levantei.

- Eu preciso mesmo ir embora - falei olhando para baixo e sabia que estava vermelha.

Ele se levantou se ajeitando também e disse:

- Tudo bem, deixa que eu te levo.

Eu poderia ir embora sozinha, mas eu não sabia onde estava e fora que o Vicent não queria deixar isso, então deixei que ele me levasse.

----****----

O final de semana passou normal, até porque não saí de casa de jeito nenhum, queria ficar longe de problemas por pelo menos dois dias e assim foi, felizmente. E a única coisa que ainda me preocupava era o Henrique, ele não tinha dado sinal de vida, tentei ligar para a Brianna para saber se ela sabia dele, mas minha amiga disse que não fazia ideia e que iria perguntar para o Ryan.

Consegui fugir do final de semana, mas agora não podia mais fugir da realidade, era segunda e as aulas voltariam ao normal e a minha vida de estudante também, isso quer dizer mais Violetta e Karmin para atrapalhar a minha vida que já não andava boa.

Nem sabia mais onde estava o uniforme do colégio, o achei todo amarrotado no fundo do guarda-roupa, tive que passa-lo pois estava em um estado terrível. Ajeite meu cabelo, peguei minha mochila e saí de casa. Fui andando tranquilamente já que estava cedo ainda e quando cheguei no colégio o portão já estava aberto e tinha umas pessoas pelo pátio, pelo menos aquele dia teria aula, isso quer dizer que mais nenhum professor morreu.

Vi a Brianna sentada nos degraus da escada e fui até ela.

- E aí, como vai? - perguntei me sentando ao seu lado.

- Triste por o professor de química não ter morrido dessa vez - ela respondeu fazendo cara de decepção.

Dei um empurrão no seu ombro fazendo-a cambalear um pouco para o lado.

- Deixa de ser má, Bri - disse rindo.

- Agora vamos ter um teste surpresa hoje do qual eu não sei nada!

- Nem eu...Mas e então, descobriu onde está o Henrique? - não sei se queria saber a resposta mais precisava saber.

- O irmão dele disse que ele foi para casa de um primo deles passar uns dias e sei lá, isso é estranho. O que aconteceu nesse encontro? Precisa me contar!

Comecei a contar minha história no shopping com o Henrique e toda a tragédia de mim ter jogado sorvete nele e a Brianna não parava de rir, a única parte que não contei foi a do Pierre, não a quero metida nisso.

O sinal bateu e fomos para a sala de aula, o primeiro tempo eu tinha com a minha amiga, ainda bem, pois tinha mais coisas para contar para ela, tipo do Vicent e me lembrando dele, não o vi na escola e nem sei se iria.

O problema todo era que na aula do Sr. Gugino ninguém podia dizer um nada, ele gostava de silêncio para dar seus discursos filosóficos todo, mas dava era sono, já estava quase dormindo quando sinto algo encostar em mim. Olho para o lado e vejo a Brianna me estendendo um papelzinho.

Olhei para frente para ver se o professor está vendo e abro o papel:

Me conte o que rolou entre você e o Vicent que essa aula está muito chata e quero saber!

Não sabia como descrever o que aconteceu, então só escrevi que nos beijamos e enviei o papel para ela. Mas como sei que ela não fica satisfeita só com uma palavra, me enviou outro papel, mas esse eu não consegui pegar, pois o professor o pegou antes. Ele olhou da cara de uma para outra e foi em direção a frente da sala.

Ai meu Deus, esse professor é daqueles do tipo que pega papelzinho e lê em voz alta lá na frente, e eu não fazia a mínima ideia do que minha amiga tinha escrito ali.

- Bom gente, vejo que tenho um papel aqui com algo que provavelmente não é da nossa matéria - ele abriu o papel e começou a ler - Aqui diz "Como assim se beijaram? Me conte detalhes, ele beija bem? Rolou algo a mais? Me diz como é aquele corpinho gostoso dele!".

Não sei quem ficou mais vermelho, se foi o professor por ter lido aquilo, se foi a Brianna por ter escrito aqui, ou se fui eu a quem estava destinada a mensagem. Só sei que todo mundo começou a rir e eu agradeço pelo Vicent não ter vindo hoje ao colégio, ia ser muito mico se ele estivesse na sala de aula.

Depois do Sr. Gugino ter colocado ordem na sala ele passou um trabalho e eu estava muito bem escrevendo a redação quando sinto algo estranho no ar do ambiente, algo não estava muito normal.

Comecei a escutar barulhos de coisa pingando e um silencio que com certeza não costumava ficar na sala. Fui levantando o olhar devagar e quando me deparei com o lugar que estava, senti o medo subindo pelo meu corpo e me dominando.

Não tinha mais sala de aula.

Estava tudo em ruínas, como se a escola estivesse fechada a tempo.

Um cheiro podre dominava o ambiente.

As pessoas estavam...

Mortas.