Almas Sombrias

Capítulo Quinze


Capítulo Quinze

- Vicent... - eu nem termino de falar ou no caso perguntar o que ele fazia ali, quando ele me puxa pelo braço e começa e me arrastar pelo corredor me tirando de perto da sala.

Tento me soltar da sua mão, mas não consigo, ele continua me puxando fazendo-me descer as escadas rapidamente.

- O que você faz aqui? - pergunto enquanto tento não cair dos degraus da escada.

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- Você tem que ir embora, aqui não é seguro.

Entramos na sala de leitura onde o Henrique está quase dormindo sentado no sofá, ele leva um susto quando estramos e fica meio paralisado sem saber o que fazer.

O Vicent pega o braço do Henrique e começa a arrastar ele também.

- Ei cara, me solta! Está querendo arrumar confusão, é isso? - o Henrique fala como se fosse muito corajoso.

Um único olhar do Vicent fez o Henrique ficar quietinho e andar mais rápido, eu sei que ele é medroso e não teria coragem de arranjar confusão, ainda mais com alguém que é bem mais forte que ele.

O Vicent nos joga no banco traseiro de um carro parado ao lado da casa e fecha a porta, mas como eu não gosto de fazer o que as pessoas querem , saio do carro e bato a porta atrás de mim, o Henrique continua encolhido lá dentro olhando assustado para tudo quanto é lado, coitado, nunca vai esquecer essa noite, talvez ele não vá querer mais sair comigo, isso ia ser legal.

- Pode me dizer o que está acontecendo? - pergunto cruzando os braços e me apoiando na porta do carro.

- Eu já disse que você precisam ir embora, vou tira-los daqui. Agora entre logo nesse carro!

- Você não manda em mim, o que me garante que é confiável entrar ali, eu não te reconheço mais, não sei se é mais seguro.

O garoto que não sei o nome ainda aparece na entrada da porta da casa e para ali observando a cena e dando uns risinhos sem necessidade.

- Com medo, irmãozinho? Eu vou te dar cinco minutos para sair daqui, senão já sabe...

- Eu não tenho de você, Dereck, faça o que quiser - o Vicent diz.

Esse nome "Dereck"... Tinha me esquecido que o Vicent tinha um irmão, me lembro vagamente de quando éramos crianças, ele não aparecia muito...

- Ah não, Vicent, eu já disse que esse lado da floresta é meu - disse enquanto sentava num tronco de árvore perto da cachoeira.

- Mas você disse que gostava mais do lado que tinha mais árvores - ele respondeu se sentando do meu lado.

- Mudei de ideia e...

Quando olhei para a cachoeira vi um garoto que deveria ter um pouco mais que a nossa idade pulando as pedrinhas e depois parou em frente ao tronco de árvore em que eu e o Vicent estávamos sentados.

- Vejo que meu irmãozinho está em boa companhia - o garoto disse.

- O que você quer, Dereck? - o Vicent perguntou se levantando e ficando na minha frente de forma protetora.

- Nosso pai está te chamando, então pare de brincar de boneca com essa garota e vamos logo - o Dereck disse e depois se virou andando na frente.

- Não sabia que tinha um irmão - eu disse me levantando.

- Era melhor que não o conhecesse, digamos que ele é...perigoso.

- Como assim?

- Eu já vou, depois nos falamo - o Vicent disse e se virou indo atrás de seu irmão.

- Entra logo nesse carro, Alyssa - o Vicent diz e me tira dos meus pensamentos antigos - E você, Dereck, espero que não fale nada para nosso pai, conheço seus segredos e acho que ele não vai gostar quando descobrir.

O Dereck tira aquele sorrisinho do rosto e fica sério olhando para o irmão, dá alguns passos a frente e diz:

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- Por enquanto estamos quites, mas isso não vai ficar assim muito tempo - ele vira saindo dali e batendo a porta quando entra em casa.

O Vicent me tira de frente da porta do carro e me coloca lá dentro no banco onde eu tinha até me esquecido do Henrique que continua quieto no canto encolhido.

O carro acelera e eu começo a pensar, esse lugar em que estamos só pode ser a fazenda do pai do Vicent e isso quer dizer que fica perto da cachoeira que brincávamos quando crianças e que quer dizer de novo que do outro lado fica as ruínas da fazenda da minha avó. Não tinha imaginado que ficamos tanto tempo assim no carro e não consigo entender como viemos parar aqui, o caminho do restaurante é completamente diferente, para vir para esses lados das fazendas tem que mudar muito o caminho.

Como não conheci o caminho antes? Passando por essa estrada agora me lembro dela quando minha avó levava eu e me minhas primas para a cidade e... Ai meu Deus, me esqueci da minha amiga e do Ryan, será que estão bem? Não posso ir embora e deixa-los aqui.

- Não posso ir. Para o carro, Vicent, tenho que achar minha amiga e o Ryan - digo batendo no banco do motorista.

- Eles estão bem, tenho certeza disso - o Vicent diz bem calmo.

- Como pode ter certeza? Não posso deixa-los aqui nessa floresta com lobos.

- Vou te tirar daqui primeiro, tenho certeza de que em casa você vai poder ligar para a polícia e vai dar tudo certo, se eu te largar aqui nessa estrada não vai achar seus amigos e vai acabar morrendo por um...alguma coisa - ele diz e eu tenho certeza de que não ia dizer "alguma coisa", não sei o que ia dizer, mas não quero perguntar para ter mais dúvidas na minha cabeça.

Me recostos no banco, o Vicent tem razão, não os acharia nesse lugar enorme e de noite, quando chegar em casa faço alguma coisa.

----****----

O caminho até a minha casa foi em silêncio, o Vicent parou o carro e destravou as portas, O Henrique disse que não queria ter que ir para casa dele e dar a notícia a mãe que o irmão tinha desaparecido, então resolveu que iria lá para casa para ligarmos para a polícia.

- Perai... Como sabia onde eu morava se eu nem te disse nada? - eu pergunto me ligando nisso agora, nem tinha me dado conta de que não tinha dito o endereço.

- Você me disse - o Vicent diz.

- Eu não disse, tenho certeza.

- Gente, dá para agirmos logo e ligarmos para a polícia? - o Henrique fala.

- Ok, vamos entrar e obrigada, Vicent, mas você me deve muitas explicações ainda - eu digo e saio do carro e o Henrique sai logo depois.

Olho para o relógio e são duas horas da manhã, a hora passou rápido e nem sei se a Laura deu falta de mim, eu acho que não.

Chego perto da porta e ouço um som alto de música vindo lá de dentro, quando abro a porta, tenho uma surpresa. Está tendo uma festa na minha casa com direito a luzes piscando e pessoas dançando em cima das mesas e quando olho para a bancada da cozinha, vejo a Laura dançando ali junto com um homem que não faço a mínima ideia de quem seja.

Pelo visto minha mãe não sentiu mesmo a minha falta, estava dando uma festa aproveitando que eu estava fora.

Puxo a Laura pelo braço e a levo para o meu quarto que não tem pessoas, ainda bem.

- Que diabos está acontecendo aqui? - pergunto indignada.

- Uma festa, não está vendo? - a Laura diz rindo.

- Você pensa que tem quantos anos? Não acha que já passou da idade de fazer festas em casa escondido não?

- Olha aqui, eu sou a mãe e faço o que quiser. E você o que faz chegando a essa hora da noite? - a Laura pergunta cruzando os braços e me olhando.

- Você não está no direito de perguntar nada, Laura, então volte para a sua festa e me deixe em paz - digo e abro a porta.

A Laura sai e o Henrique estava parado do outro lado da porta sem saber o que fazer.

- Entra, Henrique, a Laura não vai ajudar em nada mesmo, então vamos ligar para a polícia.

Ele entra e se senta na cadeira giratória da escrivaninha.

- Esse encontro foi horrível, nunca imaginei isso - o Henrique diz, acho que ele está meio abalado com tudo que aconteceu.

- Pois é.

Pego o telefone no momento exato em que ele toca.

- Alô - atendo desanimada.

- AMIGAAAAAAAAA, NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTÁ EM CASA! - a voz da Brianna berra do outro lado e eu tenho que desencostar o telefone do ouvido.

- ENTÃO VOCÊ TAMBÉM ESTÁ BEM! IA LIGAR PARA A POLÍCIA - grito de volta.

- Eu também ia fazer isso, acabei de chegar em casa, mas minha intuição me disse para ligar para aí - minha amiga diz do outro lado da linha, posso sentir o alívio na voz dela.

- Cheguei agora também, e aliás, posso dormir aí na sua casa? Aqui não está com um clima muito bom - digo pensando na festa lá embaixo.

- Claro que sim, e aproveita e diz para o Henrique que o irmão dele está bem.

- Ok, até daqui a pouco.

Coloco o telefone no gancho e olho para o Henrique que está com um olhar curioso para saber o que houve.

- Estão bem - eu digo - e vamos lá para o seu prédio, vou dormir na casa da Brianna e como você mora em frente, aproveito e te deixo lá.

- Sabia que iam ficar bem, meu irmão aprendeu a ter a minha coragem e força - o Henrique diz se levantando com um ar superior, ele não confessa mesmo que é um medroso.

Passo pela multidão de gente dançando na sala da minha casa e nem vejo mais a Laura, deve estar com algum cara por aí e eu nem vou avisar que vou sair, sei que ela não liga. Pego a chave do carro da minha mãe, ela vai ficar brava quando descobrir, mas não estou nem aí.

Entro no carro e algo me vem na cabeça... Quando cheguei no meu quarto, o coelho não estava lá e nem a gaiola, o que será que houve? Será que a Laura tem haver com isso?