Ago(u)ra

A neblina suja das tardes dos terços de terça.


O dia é nada senão nublado

Eu estou de pés dopados

Daqui eu não saio

Eu dou passo, eu caio.

~

Eu sou o teu amor, a tua dor e pavor

Eu sou quem nos lugares as coisas vai por,

Esse furacão serve pra nos dar dor

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Não se curve a ninguém, não sou seu senhor

Onde está o Senhor?

~

Examinei mil vezes essa aprovação

Isso que vi e revi inúmeras vezes é tão

Eu achei meu ódio debaixo do sofá, junto ao Cão.

Estou são? Que horas são? Não. Vão.

~

O amor se assenta à ponta de mesas e não paga,

O jantar termina e ele então te esmaga,

É a minha praga, a lâmina que nos rasga,

Corações fortes mata, aos desolados, afaga,

Torna-os fortes e, enfim, do mapa apaga.

~

É o destino que vive sem sentido

O sentido que vive sem destino

A sina de fitar eternamente céus anis,

Céus anis transformados pra sempre em sina.

~

Eu não te vejo, mas te beijo,

Tua boca seca como velho e roceiro queijo

O pálido de fogo da tua pele ruiva nunca almejo

Porém, minha sensatez, por amor aos teus rubros beijos, aleijo.

~

Nada do ter que para sempre enfim resta

Ganho e perco tudo que sim e que não, não prestam.

Nem música, nem os céus e nem os anjos comigo mais flertam

O ódio é o meu amor pra toda a vida, no qual me apego.

~

E a lápide é vaga, vazia como o espaço,

Eu não passo, sem passos, te dou meu compasso, passo.

Este não ser é um conceito tão vago,

E as noites cheias de nada são o que pra ver eu pago.