All I Need

Stay with me.


– Pedro, eu... Não sei o que dizer. – Eu respirei fundo uma, duas vezes... Meu coração estava acelerado demais. Abaixei a cabeça, porque olhar para ele não me ajudava, eu me desconcentrava com aqueles olhos. Quando as palavras vieram, ergui finalmente a cabeça e o olhei, ele estava com uma expressão enorme de seriedade. – Olha, palavras bonitas não apagam suas atitudes. Eu realmente não estou pronta para te perdoar, talvez nem para acreditar nisso tudo... É demais pra mim, entende? Mas, tudo relacionado a você mexe tanto comigo... E eu também não te odeio, quero que saiba disso. – Ele pareceu decepcionado, e eu quase quis retirar tudo que disse. Minha vontade era de beijá-lo agora mesmo. Mas não, eu não ia dar o braço tão fácil a torcer. Não depois de tudo, tinha que dar valor a mim mesma. E eu nem o conheço o suficiente para saber se está realmente falando a verdade.

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– Eu te entendo. – Ele simplesmente disse.

– Ah...

– Eu errei mesmo com você, errei feio. Mas eu tô arrependido, e eu vou mudar, eu juro.

– Eu queria muito acreditar nisso.

– Boa noite, Beatriz.

– Você vai... Embora? – Estremeci. Não, ele não podia ir... Ele disse que não ia me deixar. Ah, claro, assim fica fácil de acreditar em você, Pedro. Se toca, Beatriz, ele só tá brincando com você. Mas, ainda assim, eu não queria que ele fosse.

– Meus pais nem sabem que eu vim. – Ele disse dando um sorriso meio fraco.

– Hum, tá.

– Tchau... – Eu não respondi, só ouvi seus passos indo em direção a porta. Eu queria chamá-lo, ir atrás dele, mas o orgulho não deixava... Não, não, Beatriz, se controla.

Pedro! – Gritei, me levantando e indo correndo atrás dele. E quando estávamos próximos um do outro, o abracei, pois sentia que ia cair. Não por estar doente, mas porque minhas pernas tremiam. Ele me abraçou de volta com muita, muita força. Como se não quisesse soltar nunca mais. – Fica comigo. – Peço sussurrando, e ao me soltar do abraço, pude ver um sorriso radiante em seu rosto.

– Eu só estava esperando você pedir. – Ele diz, também num sussurro, e nisso nossas respirações já se confundiam, nossas testas estavam coladas e meu coração batia acelerado, e eu podia ouvir o dele batendo também. Olhei seus olhos por um último segundo e fechei os olhos, e então ele me beijou, e nesse momento, parecia que éramos feitos um pro outro. Um beijo cheio de desejo, paixão, já que era algo que nós dois queríamos a muito tempo, só estava difícil mesmo admitir. Eu estava na ponta dos pés, e minhas mãos estavam sobre sua nuca, já as dele, seguravam com delicadeza minha cintura. Ele é tipo, uns vinte centímetros maior que eu.

– Da próxima vez, não espere. – Eu digo rindo, assim que nos afastamos. – Sou meio... Orgulhosa.

Eu sabia que aquilo tudo era errado e que, no final, eu com certeza sairia machucada. Mas não queria pensar em nada, não hoje, não agora. Só queria ficar com ele, nem que fosse por somente um dia.

– Eu pensei que...

– Shh! – Eu disse interrompendo-o, sabendo que o que quer que ele viesse a dizer, só traria mais discussão. "Eu pensei que não acreditava em mim, eu pensei que não havia me perdoado..." Isso tudo ainda era verdade, eu não acreditava nele, não havia o perdoado, mas eu sabia que se dissesse isso, o magoaria. E se dissesse o contrário, estaria mentindo. E eu não queria mentir. – Vamos só aproveitar o agora, sem discussões, sem pensar em nada, pode ser? Por favor. – Supliquei, e ele apenas fez um gesto que indicava sim.

– Quantos anos você tem mesmo?

– Hum, dezessete... E você?

– Dezoito. Não acha que tá na hora de crescer? – Ele riu.

– Você que é um poste. – Respondo com raiva.

– Eu não, só não sou um anão.

– Idiota. – Digo dando um tapa no ombro dele, e saio de perto, indo me sentar no sofá. Ele me segue, senta ao meu lado e me abraça de lado.

– Linda... – Não respondo, com vergonha, dando apenas um sorriso pra ele. – Tá melhor?

– Um pouco... – Eu tinha até me esquecido que estou doente. – Você vai ficar aqui, né? Não vai ir embora?

– Quer que eu durma aqui? – Ele pergunta com um sorriso malícioso, e em seguida cai na risada. – Tô brincando. Se você quiser...

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– Eu quero... – Digo e mentalmente acrescento, "mais do que tudo."

(...)

Acordo no dia seguinte com o braço de Pedro servindo de travesseiro, e fico feliz ao ver que ele ainda estava ali, fico feliz em sentir sua respiração, seu cheiro. E percebo finalmente o quanto tudo isso é estranho e ridículo. A um dia atrás a gente se odiava, e, hoje... Bom, eu não sei. É estranho, é ridículo, o que quer que seja... Mas é bom. E por mais que eu queira, não consigo evitar. Não consigo não querer sentir o que sinto quando estou perto dele, não consigo me afastar, é algo que eu simplesmente nunca senti antes... Por ninguém. Ninguém nunca conseguiu mexer comigo como ele mexe, e acho que ninguém mais nesse mundo vai conseguir um dia.

Levanto, tendo cuidado para não acordá-lo e vou até o banheiro, levando um shorts jeans claro, uma regata cinza e uma sapatilha de lacinho nude. Tomo meu banho, escovo os dentes, me visto e volto pro quarto, ele ainda estava dormindo, mas abre os olhos lentamente quando entro, e assim que me vê, sorri.

– Bom dia.

– Bom dia. – Eu digo, dando um sorriso pra ele.