Hankei no Gifuto - 半径のギフト

Chega de perguntas ! Hora de provar desse poder.


A mãe de Nekomura corre até ele para tranquilizá-lo.

- Nekomura, o que aconteceu?!

- Não sei explicar, mãe. Não sei explicar... -dizia com medo e olhando para o vazio.

- Quer que eu fique aqui até você se acalmar?

Nekomura responde dando um forte abraço e pondo sua cabeça no colo dela.

A noite passa lenta e Nekomura sonha algo que o faz se debater muito na cama.

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Era uma manhã cinzenta, um frio queimava a pele de Nekomura enquanto ele caminhava na direção de uma árvore alta e repleta de folhas com um verde vivo e um tronco cheio de lascas e cascas de madeira. Suas raízes eram extensas, apareciam acima da grama baixa, dando uma impressão de imponência e força.

Ele se encosta na árvore e começa a observar o céu cinza e triste, quando a árvore começa a diminuir, como se estivesse ficando mais jovem, e o ambiente em torno da árvore começava a escurecer, a grama crescia rapidamente, as nuvens do céu passavam depressa pela paisagem e várias vezes o sol e a lua nascem e se põem ligeiramente.

Sua visão começa a embaçar, ele olha as mãos e vê que seus olhos começam a embaçar, a imagem da árvore rejuvenescendo e da paisagem envelhecendo fica cada vez mais fosca e indefinida.

Uma voz feminina ecoa pelo campo:

"Devolva-me o que é meu por direito"

Ele subitamente acorda. Ofegante, ele olha no relógio e pensa:

- Estou atrasadíssimo!

Ele se arruma e corre rumo à escola todo apressado e tenta alcançar Mira, que estava no seu campo de visão.

- Espera! Mira, espera!

- Atrasado de novo?! Você vai se encrencar quando decidirem trancar o portão para os atrasados!

- Tenha pena de mim, Mira. -dizia fazendo cara de fofinho.

- Pena? De quem acorda atrasado porque adora dormir? Eu não, pena eu teria se você tivesse um motivo sólido.

Nekomura pensou em falar do caderno, do atentado terrorista e da previsão que o fizera surtar, mas pensou melhor e decidiu guardar aquele segredo consigo mesmo, não queria que todos soubessem de um caderno que prevê o futuro, ou pior, a morte.

- Você me conhece, não é? -coçando a cabeça com um sorriso forçado.

- Claro. O velho e preguiçoso Nemui-san... -dando risada.

- Soube do atentado terrorista de ontem?

O sangue de Nekomura gelou naquele instante.

- Eu vi na televisão. Tantos mortos e feridos, me deixou meio triste saber que há pessoas dispostas a matar para defender uma ideia. -disse Mira ao ver que Nekomura ficou mudo. - Se existissem meios de impedir atos tão covardes... Mas o mundo espera acontecer algo para agir, não é mesmo?

Nekomura sentiu aquilo pesar em suas costas. Ele tinha sim, um meio de evitar atos covardes, de evitar mortes inocentes, de impedir injustiças. Podia ser um sinal de que ele devia se manifestar.

Quem sabe um herói?

Chegando na escola, foram para a sala de aula. Nekomura se sentou no seu lugar de costume e percebeu que todos estavam conversando, empolgados com algo.

- Bom dia, Kotatsu.

- Bom dia pra você também. O que houve para todos estarem conversando assim?

- Você não sabe? O que aconteceu ontem, o - O atentado terrorista? -interrompeu.

- É, nemui-san... O povo adora uma tragédia logo de manhã, principalmente se for bomba e terrorismo.

- Não vejo o motivo de tanta conversa. Parece que só têm isso na mente.

Nekomura falou isso, mas sentiu que também estava se advertindo. A cena de ontem não saía da sua cabeça, aqueles escombros, aquele caderno maldito.

Decidiu que quando chegasse em casa, iria direto à gaveta e veria o que há mais naquele caderno. Estava empenhado a tirar tudo a limpo.

A aula acaba, ele e Mira voltam juntos pra casa. Estava apreensivo por decidir que enfrentaria aquilo, quer queira ou não.

- Tadaima! Cheguei, mãe!

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- Okaerinasai!... O que foi, Nekomura? Por que a pressa?

- Tenho que fazer um trabalho urgente, mãe. -inventou uma desculpa para não dizer a verdade.

Abriu a porta, foi até a gaveta da escrivaninha, tomou o caderno e o abriu até a página do atentado. Leu a página seguinte.

10 de Abril de 2008

Suspeito que meu pai mandou capangas para me levar pra casa. Típico dele e de seus truques sujos. Para mim o tempo passa mais nitidamente, comparada aos outros. O tempo está se esgotando e minhas forças estão escassas. Só me resta deixar meu legado aqui, meu dom sanguíneo.

"4:27pm - Assalto a mão armada - 2 mortos e 1 ferido"