Más Vale Tarde Que Nunca !

Esqueça O Mundo... Esqueça A Dor !!


Tudo se resumia em um branco desconfortável.

Todos os meus momentos com eles, minha família, passava como um filme velho e danificado, em preto e branco. Aos poucos nem esses momentos se passavam mais.

Eu estava os esquecendo... Pouco a pouco.

Era sufocante aquele mundo paralelo, onde eu nada via nem ouvia. Apenas se passavam imagens – Quando passavam – sem áudio.

Tento gritar de raiva, chorar de medo, rir de minha infelicidade... Mas nada sai.

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A muito tempo parei de tentar me mover, era inútil, eu não conseguiria tal proeza.

Como explico a minha alma que tudo terminou ? Que não os verei mais ?

Posso não sentir emoção alguma, mas sei que... De uma forma louca e incoerente, eu tinha que vencer... Vencer esse mundo paralelo, esse vazio de sentimentos que eu estava sentindo.


Sinto que... Pouco a pouco meu coração vai perdendo a fé, perdendo a voz.

Proponho-me a continuar, a esquece-lhes, porque o amor é uma palavra que aprendi aqui á gosta de esquecer. Trás menos sofrimento e angustia.

Sobrevivo por pura ansiedade...

[...] POV/POSEIDON

– Eu quero a paz do teu sorriso, para enfeita meu mundo – Digo, tentando conter meus soluços.

Seguro uma de suas mãos entre as minhas.

Ela estava linda, deitada naquela cama de casal, em meu quarto, em meu palácio. Tive que travar uma briga intensa com Zeus, para que ele deixasse ela ficar comigo, até que se recuperasse.

Apolo diagnosticou que ela levaria dias, meses ou ate mesmo anos para volta para nós.

Atena como deusa imortal não morreria, - Assim como Éris - esse era meu conforto. Ela estava refazendo suas defesas e células. Poderia levar milênios para acorda, mesmo assim, eu esperarei.

Atena vale cada segundo de espera, ela vale tudo e muito mais para mim.

Suspiro.

Aperto suas mãos entre as minhas.

Seus cabelos agora grandes, estavam espalhados por seu busto, cobrindo-o. Sua pele era pálido e frágil. Seus lábios estavam um pouco ressecados. Apolo vinha três vezes ao dia, para dar-lhe remédios fortificantes. Fazia exatamente um mês que ela estava assim... Dormindo.

Minha rotina mudou completamente. Agora eu quase não sai de meu palácio, só para ficar com ela.

Ela adormeceu, e com isso adormeceu minha vontade de viver.

Apolo me falou que nada se podia fazer para acorda-la mais depressa. Como deusa, ela tinha que ter seu livre arbítrio e seu tempo necessário para se curar e se estabelecer.

Ele me disse algo preocupante.

“- Nunca lidei com um caso assim... Em que um deus entrasse em um estado de morte... Não sei como ela voltará. A semimorte dela pode afeta seus sentimentos.”

O corpo dela estava a se refazer, mas sua mente... Com o choque da morte, pode fazer suas emoções se alteraram, ela podia não voltar como foi.

Este era meu medo, que ela esquecesse de mim, do nosso amor.

[...] POV/ÁRTEMIS

Já fazia dois meses.

Dois meses de amargura, tristeza e arrependimento.

Dois meses sem Atena, minha melhor amiga.

Não posso dizer que parei de viver, não. Eu ainda caçava. Meus sorrisos por mais forçados que eram, era os únicos que eu podia dar nesse momento de dor e tristeza. Atena com certeza não gostaria de nós ver desistindo da vida - Se e que posso chamar isso de vida.

Segui meus dias com pesar no coração, por não ter impedido essa tragédia.

Por mais que Apolo me dissesse que ela iria volta... Quando isso aconteceria ? Ela seria a mesma ? Se lembraria de mim ? Voltaríamos a rir juntas ?

Eram muitas perguntas sem respostas.

Espero que onde vocês esteja... Esteja bem. Sinto sua falta, minha amiga... Muita falta.

[...]

ME TIREM DAQUI.

Grito ao nada.

Meu desespero era minha única companhia e meu único sentimento. Era torturante fica ali, sem ninguém, só vendo lembranças estúpidas, em preto e branco.

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Me tirem daqui. Por favor... Só me tirem daqui.

Choro em silencio.

Não sinto lágrimas escorrerem, nem nada. Mas sinto meu coração aperta, se comprimir em desespero.

[...] POV/POSEIDON

Cinco meses depois...

Já estava de madrugada, o céu lá em cima estava nublado e meu coração vazio.

Olho para o rosto sereno da mesma. Ela me parecia um anjo, um anjo lindo e adormecido.

Ela transpirava calma.

– Como estás ? Onde estás ? – Pergunto a mesma.

Como sou bobo.

Sorriu.

Passo meu polegar pela bochecha dela, acariciando-a.

Sinto algo molhado tocar meu polegar.

Uma lagrima ?

Olho pasmo para o rosto sereno dela.

Meu choque e inevitável.

Ela estava a chorar.

Engulo em seco.

– Como isso e possível ? Como ? – Pergunto para mim mesmo.

...

– Você tem certeza que ela chorou ? – Apolo me pergunta, tão abismado quanto todos que residiam naquele quarto – Ártemis, Zeus, Afrodite, Hera, Perséfone e o próprio Apolo.

– Isso... Como isso e possível ? – Zeus pergunta, segurando a mão de Atena entre as suas.

Ele fixou seu olhar no rosto dela, assim como os outros.

– Ela não deveria chorar. Ela deveria esta em um lugar tranquilo – Apolo diz. Ele parecia frustrado e irritado.

Sinto meu coração comprimir.

Ela está sofrendo.

Era só nisso que consegui pensar, no sofrimento dela.

[...] POV/PERSÉFONE

Seis meses depois...

Jogo meu sobretudo em cima do sofá de coura, que jazia ali, na minha sala de visitas. No submundo.

Eu tinha acabado de chegar de lá – Do palácio de Poseidon.

Me sento no sofá, completamente desnorteada.

Tudo era tão triste e sem vida, sem a loira estrategista.

Faziam seis meses que Atena não acordava. Depois daquela vez que ela chorou, ela não parou mais. A cada dia mas lágrimas eram derramadas. Eu sentia que Poseidon se afundava mais e mais na culpa.

Sinto braços fortes me envolverem.

– Como foi lá ? – Hades pergunta, mordendo o lóbulo da minha orelha.

Suspiro, satisfeita.

– Ela a cada dia chora mais e mais – Digo afetada, por sua presença marcante.

Ele resmunga algo incoerente, enquanto me condiz a deitar no sofá.

– Hades... – Tento o repreender.

– Hum... ? – Me olha, luxuriosamente.

– Você precisa falar com Poseidon. Tenho medo que a culpa o consuma – Digo por fim.

Ele suspira.

Logo sinto seus lábios cobrirem os meus com urgência.

Suas mãos habilidosas vão tirando meu vestido, aos poucos. Logo estou apenas de roupa intima.

Ele me olha e sorri.

Coro.

– Falarei com ele, não se preocupe. Mas agora... Eu tenho algo mais prazeroso para fazer – Diz, atacando sem piedade minha boca.

Como eu amo esse homem.

[...]

Riu.

Era uma risada louca e insana. Mas pelo menos era uma risada.

Cantarolo uma canção qualquer.

Au clair de la lune,
Mon ami Pierrot,
Prête-moi ta plume
Pour écrire un mot.
Ma chandelle est morte,
Je n'ai plus de feu,
Ouvre-moi ta porte,
Pour l'amour de Dieu.

A descarga de pensamentos insanos junto ao intenso fluxo de visões propriamente não minhas, tornam-me num ser desconhecido até mesmo por minha cruel e sensível mente…

Au clair de la lune
Pierrot répondit:
Je n'ai pas de plume,
Je suis dans mon lit.
Va chez la voisine,
Je crois qu'elle y est,
Car dans sa cuisine
On bat le briquet.

Riu.

Grito insanamente, sentindo prazer ao ouvir meu ecoo tamborilar por entre minha mente.

Hum… Talvez esse lugar não seja tão ruim. Posso me diverti muito aqui. Não tenho ninguém para dar explicações. Ninguém para querer me matar...

Riu.

Au clair de la lune
Pierrot se rendort.
Il rêve à la lune,
Son cœur bat très fort;
Car toujours si bonne
Pour l'enfant tout blanc,
La lune lui donne
Son croissant d'argent

Termino de cantar a música infantil.

“Em tua loucura quero perde a razão” Lembro-me das palavras de Poseidon.

Hum... O que você me acharia agora, meu amor ? Será que aguentarias minha insanidade ?

Riu.

Mas e claro que não. Você e romântico e melodramático demais.

Cantarolo minha música.

Esquecer de vocês foi a melhor coisa que fiz... Viva distante da sua realidade e perto da sua insanidade. Segui essas palavras a risca.

E com isso, só com isso, consegui esquecer a dor e o vazio.

[...] POV/POSEIDON

Dez meses depois...

Suspiro, cansado.

Eu tinha uma papelada enorme em cima de minha mesa, em meu escritório. Desde que Atena adormeceu eu não deia a devida atenção para com meus afazeres. Agora eu tinha que dar.

Me concentro nos papeis em minhas mãos.

Estava tudo atrasado e incorreto.

Vou ter mais trabalho do que eu pensava.

Me volto para os mais difíceis...

Uma hora se passa.

Logo tenho quase tudo pronto e organizado.

Ouso batidas na porta.

– Entre – Mando.

Apolo coloca a cabeça para dentro do cômodo, mas só a cabeça.

Ele sorri ao me ver.

– Vou dar os remédios necessários para Atena – Diz.

Sorriu, concordando.

– Está tudo bem ? – Pergunta, verdadeiramente preocupado.

Suspiro.

– Estaria bem melhor se Atena estivesse aqui, comigo – Digo.

Ele suspira.

– Já venho – Diz, já se retirando.

Me volto para os papeis em minha mesa.

Minutos depois Apolo reaparece.

Ele adentra o escritório como um furacão.

Já me levanto, assustado e esperançoso.

– Ela acordou ? – Pergunto.

Ele toma fôlego.

– Ela sumiu do quarto – Diz, exasperado.

Sinto meu coração se despedaça.

Corro para o andar de cima, tendo Apolo como companhia.

Vasculho cada sala, cada misera sala, mas nada. Nem um sinal dela.

Sinto um dor lasciva no peito, como se meu coração estivesse sendo arrancado de meu peito.

Onde você esta, meu amor ?