O Homem que Eu Amo

O HOMEM QUE EU AMO - PARTE XVIII



Passei o dia inteiro andando de um lado ao outro de Konoha buscando me refugiar nos lugares mais afastados da aldeia, e quando me cansava ia para outro. Em minha mente muitos pensamentos giravam, e eu não conseguia me concentrar em nenhum.



Não tinha ânimo para nada, apenas queria sentar e chorar. Eu percebi que essa depressão começava a tomar conta de mim, e que se continuasse assim poderia acabar adoecendo, mas eu não conseguia evitar me sentir triste e com raiva do mundo.



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No final da tarde a chuva começou a cair por Konoha, e eu que estava sobre um dos telhados da cidade fui surpreendida pelas grossas gotas de água que caiam do céu. A princípio as gotas de chuva não me incomodaram, mas com o tempo fiquei impaciente e sai a andar pelas ruas vazias da aldeia.



Um lugar tão agitado como eram as ruas de Konoha ficavam vazias ao menor sinal de chuva forte. Um relâmpago cortou os seus e seu ruído fez estremecer os vidros das janelas das casas; isso era um presságio de que a chuva se prolongaria por toda a noite.



A chuva caia sobre mim e eu não me importava, na verdade a chuva trazia-me uma sensação boa, como se a chuva conseguisse lavar todas as minhas angústias. Envolvi meus braços ao redor do meu corpo como se eu mesma me abraçasse; eu me sentia tão sozinha e impotente ante a um mundo que me estava tomando algo que me era mais precioso.



Os raios cortavam os céus de Konoha e iluminavam a cidade por breves instantes. O som ensurdecedor do trovão não me assustava, eu estava totalmente indiferente a tudo que me cercava.



Tantos pensamentos passavam por minha mente enquanto eu andava pelas ruas encharcadas; eram pensamentos que quase me deixaram louca de tão distintos que se apresentavam; eu pensei em tudo o que poderia fazer e não poderia fazer por Naruto.



Simplesmente não era justo nem comigo, muito menos com Naruto, não era certo que ele tivesse que morrer pelo bem da aldeia; no entanto, eu não sabia como podia salvá-lo.



Soltei meus braços e me pus a caminhar, deixei que meus pés me conduzissem a qualquer lugar, pois em minha mente havia uma tempestade maior do que a estava caindo. E em meu coração, mergulhado nas profundezas da escuridão, havia apenas o vazio e a solidão.



As ruas vazias não me assustavam. As pessoas estavam abrigadas em suas casas quentes e confortáveis.



Detive-me em frente a um bar que estava bem movimentado para o horário e o clima.



- Talvez se... Eu poderia esquecer tudo isso...



Algo que nunca havia pensado antes veio a minha mente como se fosse uma solução temporária a dor que eu sentia. Acreditei na falsa crença que o deus do álcool poderia vir a me ajudar na hora que eu me encontrava na beira do precipício do desespero.



Acerquei-me a entrada do bar e num relance vi Tsunade-sama no fundo do bar sentada numa mesa, como companhia ela tinha uma garrafa de sake a seu lado. Fiquei algum tempo na porta observando minha sensei engolir um gole atrás do outro de sake, no rosto tinha estampada a mesma expressão de tristeza que frequentemente a acompanhava.



Curto foi o tempo de minha vigia silenciosa, pois Tsunade-sama logo notou minha presença. Ela ergueu o olhar em minha direção, e eu apenas fiquei parada deixando que ela me visse ali.



Tsunade-sama levantou-se, visto que eu não tinha intenções de me mover, e se aproximou da porta do bar.



- Então Sakura veio beber ou vai ficar aí parada na chuva a noite toda? – perguntou-me séria



A voz de Tsunade-sama estava visivelmente alterada e suas bochechas estavam rosadas. Ela tomou mais um gole de sake da própria garrafa que trouxera nas mãos.



Ao olhar para minha sensei que estava ali a minha frente totalmente bêbada e infeliz eu tomei a decisão de não beber, afinal não era o álcool que me faria esquecer minha dor e meu sofrimento, não era o álcool o companheiro que eu queria a meu lado nos momentos de tristezas.



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- Quer que eu a acompanhe até em casa? – eu ofereci minha ajuda a Tsunade-sama.



Ela me sorriu em retribuição e voltou a tomar um novo gole de sake direto da garrafa.



- Muito bem... Pensei que estivesse aqui para beber... – Tsunade-sama ergueu a garrafa na altura dos olhos e voltou a baixá-la – Um bom companheiro, mas tudo fica pior quando vem a sobriedade.



Pela primeira vez eu enxerguei o real sofrimento de minha sensei, antes eu somente imaginava. Ao vê-la ali bêbada me dizendo que o álcool apenas lhe proporcionava pequenos momentos de falsa alegria, e que tudo piorava quando vinha a sobriedade e as lembranças do que se passou, eu percebi como era grande a dor dela, e como era pesado o fardo que ela carregava; tão grande era sua dor que ela aceitava viver tão breves momentos de esquecimento baixo a influência do álcool.



- Vai ficar a noite inteira na chuva? – Tsunade-sama me perguntou – Pode ir para casa que eu estou bem, e diga aquela chata da Shizune que não precisava ter te mandado para me procurar... Que idéia! Como Shizune pode mandar uma mulher grávida ficar embaixo dessa chuva...



- Shizune não me mandou... Eu apenas estava de passagem por aqui.



Tsunade-sama me olhou séria e mesmo bêbada percebi que ela me olhava com um olhar de indagação. Ela recostou-se na lateral da porta e apoiando as costas deixou seu corpo deslizar até sentar no chão, a água que escoava da chuva passava bem próximo de onde estava sentada, mas não chegava a molhá-la.



Tsunade-sama balançou a cabeça e sorriu, ela tomou mais um gole de sake e virou-se para mim que ainda estava sob chuva ao seu lado.



- O que está esperando garota? Saiba que não vou te tirar das missões porque está gripada. Ah! Se quiser ir visitar o Naruto, amanhã ele sai de missão com o Yamato... Aquele garoto teimoso, eu disse para ele não ir dessa vez, o pessoal da água quer briga... Vão ver que não podem com o fogo – Tsunade-sama começou a gargalhar – Olha, se conseguir convencer aquele de não ir te dou um dia de folga...- Tsunade-sama ficou pensativa por um tempo - Convencer o Naruto de algo hum... – ela resmungou consigo mesma – Eu te dou dois dias, eh, vale; só se o convencer.



Ainda que as palavras de Tsunade-sama estivessem desconexas eu pude entender o que ela me dizia. Naruto sairia numa missão perigosa amanhã, e ela queria que eu o impedisse.



- Faça tudo o que puder para salvá-lo... Não o deixe morrer, entendeu Sakura? Diga a ele a verdade se for preciso.



- Sim, e... Obrigada.



- Agora vai que eu estou muito bem... – disse ela me enxotando com mão.



Tsunade-sama voltou a levantar-se com certa dificuldade e voltou a entrar no bar. Eu lhe dei as costas e continuei a caminhar.



Naruto sairia de missão novamente, ele realmente estava empenhado em ser morto o quanto antes.



Decidi ir procurá-lo, mesmo estando brigados eu tinha que vê-lo e tentar fazê-lo desistir de ir nessa missão. Eu usaria qualquer argumento para convencê-lo a não ir, apenas não contaria sobre minha gravidez; eu ainda não estava preparada para dizer essa verdade.