Breakaway

Capítulo 6


- Bom dia meus futuros jornalistas. – a professora Dana, de histórias, entrou na sala com um sorriso largo. – Como vão seus trabalhos? Estou ansiosa por eles. – ela riu colocando sua bolsa ecológica em cima da mesa. Burburinhos animados ecoaram pela sala. Eu apenas ri. – Sarah? Sobre o que é o seu trabalho? – ela perguntou me fazendo pular na cadeira.

- O que?

- Sim. Sobre o que é? – ela perguntou novamente apoiando-se à mesa.

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- Er... Eu não posso falar muito sobre ele... Tudo que posso dizer é que é um trabalho investigativo... Sobre algo... Alguém... – eu hesitei nas palavras e ela assentiu.

- Ok. Estou ansiosa. Seus trabalhos sempre me deixam orgulhosa, sei que não vai me decepcionar. – ela sorriu e eu forcei um sorriso nervoso.

Eu espero não me decepcionar também. Pensei afundando na cadeira.

****************

Quando as aulas do dia acabaram fui para o estacionamento e fiquei surpresa por não encontrar nem Chloe nem Chad lá. Meu celular tinha pifado de vez, então não pude ligar pra eles. Subi na moto e dirigi até a lanchonete. Encarei a caminhonete verde nos fundos da lanchonete e bufei. Chad com certeza ainda estava bravo comigo.

- Porque não me esperou? – perguntei entrando na sala de funcionários. Taylor me encarou e Chad continuou amarrando os sapatos.

- O que foi? – Taylor perguntou.

- É assim agora? Não vai mais falar comigo? – perguntei e ele apenas suspirou se levantando para fechar a porta do seu armário, depois de pegar a camisa.

- Pensei que viria com seu italiano. – ele disse simplesmente.

- Meu o que? Não seja idiota Chad. – eu berrei andando até o meu armário.

- Você é que está agindo como idiota aqui. – ele disse e eu me virei para encará-lo. Sua expressão era dura, mas eu sabia que ele estava preocupado. – Você está se colocando em perigo e quer que eu faça parte disso? – ele falou e eu balancei a cabeça, pegando meu uniforme. Andei a passos duros em direção ao banheiro, mas antes de entrar o encarei.

- Talvez eu esteja me colocando em perigo, mas... Eu esperava que você estivesse comigo pra me proteger. – eu disse e voltei a andar.

Eu odiava brigar com Chad, porque nossas brigas eram raras, mas quando aconteciam demoravam pra se resolver. Diferente de Taylor que brigava por coisas bobas e minutos depois estava rindo pra mim, Chad e eu só brigávamos por motivos fortes. Eu sabia que estava me colocando em perigo, mas... Eu o queria perto de mim. Porque é isso que amigos fazem.

*****************

O resto do expediente foi normal. O clima entre Chad e eu ainda estava tenso, e nós dois nem nos olhávamos. Eu sabia que ele viria falar comigo no final do dia, mas essa demora estava me matando. Odiava de verdade ficar assim com ele.

- Minha Sarah? – Taylor chamou aparecendo na porta da sala dos funcionários.

- Oi? – encarei seu rosto e ele sorriu.

- Me empresta sua moto, pra eu ir pra academia de luta? – ele pediu e eu assenti.

- Tudo bem eu pego um táxi. - eu disse jogando a chave pra ele.- Tenta voltar inteiro. – eu disse e ele sorriu.

- Deixa comigo, e você tenta falar com Chad. Ele só está preocupado. – ele disse antes de soltar um beijo no ar e sair. Assenti, e suspirei pegando minha bolsa, pendurei-a no ombro e saí.

Saí pelos fundos da lanchonete e encostei-me a caminhonete verde. Vi as luzes do Dinner serem apagadas gradativamente e encarei a porta dos fundos esperando que ele saísse. Alguns minutos depois Chad saiu. Uma expressão dura no rosto que me fez suspirar. Ele se aproximou da caminhonete e só notou minha presença quando parou ao meu lado. Ele me encarou e soltou um som gutural quase inaudível.

- Pode me dar uma carona? – perguntei e ele balançou a cabeça.

- Como se você precisasse pedir. – ele murmurou e eu sorri fraco. Chad andou e abriu a porta do lado do motorista, mas eu entrei na frente fechando-a de novo.

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- Vamos parar com isso? Odeio esse clima. – eu disse alto demais e minha voz ecoou na rua. Ele riu.

- Eu também odeio, mas...

- Mas nada. – eu disse puxando-o para um abraço.

- Me desculpa por hoje, mas você há de convir que o que está fazendo ou tentando fazer é loucura. Pare de bancar a CSI, por favor. Por mim. – ele pediu afastando-me para olhar em meus olhos.

- Chad...

- Sarah, por favor.

- Chad, por favor. É o meu trabalho. Quando eu for uma jornalista, vou precisar correr perigo de vez em quando. – eu disse e ele revirou os olhos. – Por favor, não quero ficar brigada com você, mas também não posso desistir disso.

- Você nem sabe se é verdade, pode ser apenas um boato. Vai perder tempo com nada, em vez de se dedicar a uma matéria realmente importante? – ele perguntou me fazendo suspirar.

- Ok. – eu disse e ele abriu um sorriso. – Vou ter um plano B. – seu sorriso sumiu dando lugar a um revirar de olhos. – É sério. Vou tomar todo cuidado do mundo e vou ter um projeto paralelo a esse. Eu prometo. – eu disse beijando os dedos. Chad me analisou e suspirou por fim.

- Entra logo, já está tarde. – ele pediu abrindo a porta da caminhonete.

- Chad? – chamei e ele respirou fundo antes de me encarar.

- Tudo bem. Mas se fizer qualquer coisa sem estar em total segurança e principalmente sem me deixar a par de tudo antes, eu... Eu... Eu mato você. – ele disse me fazendo rir.

- Tudo bem. Obrigada, você é o melhor. – eu sorri abraçando-o.

Agora estava tudo realmente bem, mas eu ainda precisava traçar um plano para o italiano. Para o Matteo... Matteo de que?

**************

Joguei minha bolsa no sofá e andei vagarosamente até o banheiro. Tomei um banho e vesti meu pijama velho. Sentei no sofá com meu caderno de anotações e escrevi. ‘Matteo ?’ em letras garrafais, no topo da página em branco. A caneta pendeu entre meus dedos quando meus pensamentos começaram a voar. Pensamentos sobre a verdade. Perguntas sobre a verdade. Será mesmo que ele teria feito isso?

Suspirei e endireitei meu corpo quando meu celular começou a tocar entre as almofadas do sofá. Quando ele tinha voltado a funcionar?

- Alo? – murmurei ao atender.

- Liebe? – a voz doce e hesitante fez meu coração dançar no peito.

- Mamãe? – perguntei e ela suspirou.

- Oi minha querida. – ela sussurrou e eu soube por quê.

- Mãe, eu estou com saudade. – eu disse já sentindo meus olhos embaçarem.

- Eu sei minha princesa, eu sei. – ela disse antes de fungar.

- Como meu pai está? – perguntei.

- Ele está bem meu amor, mas sente sua falta. Você sabe que ele sente. – ela disse a última frase depois de me ouvir murmurar alguma coisa.

- Eu sei.

- Você precisa voltar logo.

- Não posso.

- Venha nos visitar então. Ele vai ficar feliz em vê-la.

- Não acredito nisso. Não depois do que eu falei.

- Ele já te perdoou meu amor. Por favor. Venha nos visitar.

- Mãe...

- Por favor. – ela pediu e eu suspirei.

- Vou tentar. Eu prometo. – eu disse e ela sorriu.

- Obrigada. Preciso desligar agora, mas vou tentar te ligar depois, tá?

- Tá bom, mãe. – eu sussurrei. – Ah, manda um beijo pro meu dhaidí. – eu disse hesitante e ela sorriu.

- Vou mandar. Durma bem, eu te amo. – ela disse antes de desligar.

Segurei o celular junto ao rosto mais alguns segundos e depois suspirei, jogando-o em cima do sofá. Eu precisava acabar logo com isso. Precisava terminar a faculdade e resolver as coisas. E pra isso eu precisava dele. Ou melhor, da história dele. Eu pensei encarando o nome rabiscado no topo da folha do meu caderno de anotações.