Breakaway
Capítulo 41
Meu celular tocou quando saí da Universidade na segunda feira. Era minha mãe. Meu coração começou a saltitar em meu peito e eu atendi trêmula.
- Querida?
- Oi mamãe.
- Como você está?
- Bem. Eu acho. E você? E o papai?
- Ah, seu pai está melhor. Lembrou-se de mim e faz avanços a cada dia. – ela disse animada e eu suspirei de alívio.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Ah, mamãe, não podia ouvir notícia melhor. – eu falei e ela riu.
- Você está bem mesmo? Sua voz está estranha.
- Estou mamãe. Só... Estou um pouco cansada. – eu disse encostando-me a moto.
- Sei. Estou com saudades. – ela disse baixinho e eu sorri.
- Eu também, mãe. – falei mordendo o lábio. Olhei ao redor e passei a mão no pescoço. – Acho que vou voltar pra casa. – eu disse rápido.
- O que?
- É...
- Sarah... Isso é maravilhoso. – mamãe falou alto parecendo mais animada, eu sorri.
- Não se empolgue tanto. Só estou cogitando isso ultimamente. Quero ver o papai, e quem sabe não fico por ai. – eu disse e ela sorriu.
- Não sabe o quanto isso me deixa feliz. Não sabe liebe. – ela riu e eu sorri.
- Que bom, mamãe. Agora preciso desligar, tenho que trabalhar tá?
- Tudo bem. Depois conversamos. Eu amo você.
- Eu também te amo mãe. – eu disse antes de desligar.
Montei na moto, pensando sobre o que tinha dito. Voltar... Seria uma boa ideia?
Talvez sim.
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Dirigi até o Dinner, que já estava lotado de gente. Trabalhei a tarde inteira, sem nenhuma novidade sobre Chad e Taylor.
No final do dia, o Dinner estava praticamente vazio. Apenas duas ou três pessoas estavam comendo nas mesas do fundo da lanchonete. Taylor e Chad estavam limpando o chão, e eu estava limpando as mesas.
Eu estava cansada. Minha cabeça estava doendo, como nunca. Ouvi o sininho da porta balançar e virei-me pra ver Chloe entrar no Dinner. Ela falou com Chad e Taylor e depois sentou-se no balcão. Os três começaram a falar sobre alguma coisa que eu não me esforcei pra escutar. Estava cansada. Cansada demais.
Passei pelo balcão e comecei a limpar as manchas de chá e queijo que tinha nele. Chloe me olhou de soslaio e eu a encarei por um tempo. Ela enfim virou para me olhar.
- Qual o problema? – ela perguntou e eu suspirei.
- Quando isso vai acabar hein? – perguntei num suspiro cansado. Chad, Taylor e Chloe me olharam. – Estou cansada disso. – eu disse, mordendo o lábio para impedir que minha boca tremesse. Eu não ia chorar. Não mesmo.
- Também estamos. – Chloe disse virando o rosto. Forcei um sorriso derrotado e joguei o pano no balcão.
- Quer saber? Eu desisto. – eu disse enquanto tirava o avental. – Não vou mais insistir. Não sou esse mostro todo que vocês estão pintando. – eu quase gritei, mas minha voz estava rouca demais para soar alta. - Não quis magoar você Taylor, realmente não quis. E você Chloe, não entendo de verdade o porquê de estar tão brava comigo. – Taylor e Chloe abaixaram a cabeça. – E quanto a você Chad... Também não sei o que fazer sobre você... Por isso... Eu cansei. Estou cansada, como nunca estive. Minha cabeça está doendo e eu não sei o que fazer. Não sei o que fazer. – a essa altura meus olhos já estavam inundados de lágrimas. Funguei e me virei pra sair.
Sair a passos rápidos do Dinner, coloquei o capacete e subi na moto. Ela roncou de modo estranho e eu dei a partida cantando o pneu na calçada.
Eles não podiam ser tão cruéis comigo. Não podiam, não é?
Acelerei na pista e vi a sinaleira mais a frente ficar no amarelo, cinco segundos antes do vermelho. Apertei o freio devagar, mas assustei-me ao ver que ele não fez a moto diminuir. Apertei com mais força e nada. Olhei pra frente tentando pensar no que fazer, quando a moto passou no cruzamento. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, outra moto veio na minha direção e chocou-se contra a minha.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Não posso realmente descrever o que aconteceu. Só sei que pensei que ia morrer, mas notei que minha moto não estava tão rápida pra isso. Mas ainda assim, quase voei da minha moto e caí do lado da calçada. Caí em cima do meu braço e depois bati as costas no chão com força. Gritei de dor e me encolhi devagar.
Droga. Era só o que faltava.
Minha cabeça estava zunindo, quando ouvi alguém gritar do meu lado. Um cara meio loiro virou-me devagar e segurou meu rosto.
- Você está bem? Meu Deus, você é a Sarah, não é? Meu Deus. – ele estava gritando e isso estava me incomodando. – Você não freou. Você passou no sinal vermelho. Estava querendo se matar? – o garoto parecia estar tentando provar pra si mesmo que a culpa não era dele.
- Tudo bem. Estou bem. Pode parar de gritar? – eu falei devagar, tentando levantar. Meu braço estava doendo, mas eu levantei com a ajuda do loiro.
- Eu sinto muito. Não podia prever que você ia ultrapassar o sinal.
- Relaxa, ok? Estou bem. – eu disse antes de tentar passar a mão na cabeça. Meu braço esquerdo doeu e eu gemi baixinho.
- Vou te levar para o hospital.
- Não! – eu gritei e ele me olhou.
- Quer que eu chame o Matteo?
- ÃHN? Matteo? O que? – eu o olhei confusa.
- Você é namorada dele não é? – ele perguntou franzindo a testa. Parecia estar preocupado e um pouco desesperado também.
- De onde o conhece? Como sabe meu nome?
- Sou amigo do Matteo. Sou da Universidade. Estava agora mesmo indo me encontrar com ele. Ele está no galpão, estamos a uma quadra de lá. – ele falava rápido demais, e minha cabeça estava doendo.
- Olha... Eu vou pra casa... Estou perto já... Não quero que diga nada ao Matteo... Estou bem... E você... Relaxa, tá? – eu pisquei forte antes de olhar ao redor a procura da minha moto. Ela estava do outro lado da rua, jogada no chão.
- Tá pensando em ir de moto? Não...
- Vou andando...
- Não, tem um ponto de táxi ali... Você é meio maluca, não é? – o cara estava ofegante.
- Você não se machucou? – eu perguntei de repente e ele sacudiu a cabeça em negação antes de colar o ouvido no celular. Ouvi-o pedir um táxi e em menos de dois minutos ele estava lá. Ele me ajudou e pagou o motorista. Pediu meu endereço, e disse que mandaria minha moto pra lá. Ele coçava a cabeça e ofegava ao mesmo tempo. O motorista me analisou preocupado e perguntou se eu não queria ir ao hospital. Eu só queria ir pra casa. Porque estava sendo tão difícil?
- Meu nome é Louis. Aqui meu cartão. Se precisar de alguma coisa me liga... Tem certeza que não quer ir ao hospital? Meu Deus, sua testa...
- Tchau Louis. Obrigada. Eu estou bem. Vamos. – eu pedi ao motorista. Ele arrastou o carro e eu olhei Louis ficar pra trás. Ele estava olhando ao redor enquanto coçava a cabeça. Meu braço estava avermelhado e senti minhas costas doer, mas sabia que não era nada demais. Queria dormir. Apenas dormir.
Quando cheguei ao meu prédio, o motorista insistiu pra me ajudar a subir, mas eu neguei. Subi a escada sozinha e entrei em casa. Tirei a roupa devagar, e entrei em baixo do chuveiro. Gemi ao sentir a água bater forte em meu corpo.
Droga, eu tinha sido atropelada. Podia estar morta agora. Como eu era sortuda. Ou não.
Vesti meu pijama e me deitei devagar na cama.
Estava cansada. Cansada demais.
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