Capítulo 6

Quando dei por mim, estava deitada na minha cama. Já quase anoitecera e a pouca luminosidade chegava para ver as formas do meu quarto. Olhei em volta. Estava sozinha.

Desci para lá para baixo e deparei-me com Rosalya nos braços de Leigh, deitados no sofá grande.

-Acordou! - exclama Rosalya, ao ver-me.

Ela ajeitou-se nos braços de Leigh. Aproximei-me e esfreguei os olhos. Eles estavam a ver televisão.

-Que horas são? - perguntei numa voz fofa por causa do sono.

-São quase nove horas. - respondeu-me Leigh.

-mm... que aconteceu? - perguntei.

-Quando chegámos estavam tu e Lysandre no sofá; ele sentado e tu aconchegada nos seus braços a dormir. Estavam tão fofinhos que nem queria incomodar! - disse ela.

Leigh olhou-a, como que se algo o incomodasse.

-Ia-mos para te deixar dormir no sofá, mas Lysandre insistiu em levar-te para o quarto e levou-te ao colo escadas acima. - finalizou ela.

-mm... ok... e... onde está Lysandre? - perguntei.

-Ali. - respondeu ela, fazendo sinal com a cabeça, já que estava "presa" no abraço de Leigh.

Olhei para onde ela indicava. Lysandre estava no sofá pequeno, encostado e dormindo profundamente. Sua cara parecia a de um anjo e seu rosto mostrava felicidade... uma felicidade diferente das que normalmente se vê... uma felicidade... de rapaz apaixonado.

Não pude evitar sorrir. Ele realmente era adorável até a dormir. Ele tinha um bloco quase fechado a cair do sofá, da sua mão.

-Não queres ir comer algo? - perguntou-me Leigh.

Olhei para ele.

-Não, obrigada primo. Não tenho fome.

-Nós comemos ainda à pouco. O jantar está ainda em cima da mesa.

-Ok, obrigada! - e sorri.

Voltei a olhar para Lysandre, admirando-o amorosamente.

-Primo Leigh... não achas melhor acordá-lo para ele ir lá para cima? - perguntei, não desviando e mal piscando os olhos, de tanto observar Lysandre.

-Sim... Acho que é melhor.

-Vou acordá-lo. - disse eu.

Dirigi-me até Lysandre e peguei no seu bloco, poisando-o na mesinha que ali havia mais perto. Sentei-me no seu colo e peguei na sua mão, poisando-a no meu colo. Não larguei a mão dele por nada. Segurava a sua mão com uma mão, e com a outra poisei-a na sua cara.

Com todo o cuidado que tinha, fiz a sua cara voltar-se de frente para a minha. A sua respiração profunda e quente batia na pele do meu rosto, fazendo-me ter uma enorme vontade de o beijar. Mas não o fiz.

Ele, de repente, abriu os olhos e olhou-me meio confuso e ensonado. A sua cara deixou de ter quase o peso que ela tinha dantes. O contacto da nossa pele queimava-me e o dos nossos olhos deixava-me desesperada por seus lábios e seu toque. O nosso olhar manteve-se fixo durante um pouco. Meus olhos saltitavam de um olho para o outro. A sua mão apertara a minha, não me querendo largar.

-Olá... disse eu baixinho.

Ele sorriu-me.

-É-É melhor ires para a cama, primo Lysandre.

-Tens razão... - disse ele, fechando os olhos e apoiando de novo um bocadito a sua cabeça na minha mão.

Ele teve assim um pouco até que abriu os olhos e eu fiz apenas deslizar a minha mão da sua cara e levantei-me do seu colo. Ele levantou-se e olhou-me nos olhos.

-Devias ir também...

Surpreendentemente bocejei.

-Mas não tenho sono! - refilei molemente.

Os três começaram a rir-se.

-Nota-se! - diz Rosalya.

-Não tenho!... - voltei a insistir e esfreguei os olhos, para tentar despertar.

Lysandre apenas me envolveu um pouco com os braços, ainda a rir-se.

-Anda bonequinha. Amanhã ainda tens que te levantar cedo.

-Eu sei... - disse num suspiro.

Não insisti mais. Apenas deixei que Lysandre me levasse pela mão até lá acima.

-Tchau Rosalya. Tchau primo Leigh. - despedi-me, mesmo antes de subir as escadas.

-Tchau! - despediram-se os dois.

Subimos até lá acima. Quando vi que Lysandre ia para o meu quarto, parei e agarrei a maçaneta do seu quarto. Ele parou e olhou para mim. Eu olhava para ele. Ele lá deu meia volta e entrou então no seu quarto, levando-me atrás.

Como estava com sono, não reparava muito nas coisas. Cheguei até à cama dele e deixei-me cair, pondo-me virada de forma a vê-lo. Ele começou a tirar o casaco e depois o lenço. Quando ele começou a desapertar os botões da camisa, perdi o sono. Olhava-o agora envergonhada. Quando ele me olhou e viu que eu o olhava fixamente e já sem sinais de sono, ele sorriu-me.

Tirou a camisa. Ele tinha peitorais e músculos, sim; mas não muito exagerados. Eram simplesmente... perfeitos.

Sentia-me envergonhada, pelo que escondi a cara nas almofadas. Só ouvi a porta a abrir-se e quando olhei, Lysandre já havia desaparecido e fechado a porta. Tive a contar lentamente e cheguei ao numero 162 quando ele voltou, já vestindo as calças de pijama. e uma camisa com só alguns botões apertados.

Ele aproximou-se de mim e eu voltei-me para cima, acabando-o por o receber de braços abertos. Finalmente senti os seus lábios nos meus. Uma saudade tremenda dominava o nosso beijo. Ele poisara uma mão de cada meu lado e apoiara-se com os joelhos no lado da ponta da cama. Os meus braços encontravam-se à volta do seu pescoço, puxando-o para mim. Queria sentir mais do seu toque... eu necessitava...

Nem notara que a porta se abrira e alguém entrara. Só quando a porta se fechou com um leve barulho, mas audível, é que eu e Lysandre olhámos repentinamente, parando o nosso beijo e afastando-nos um pouco.

Na porta estava nem mais nem menos que Rosalya, que nos olhava em choque e nada nos dizia. Lysandre apenas me agarrou a mão e a cintura e me puxou para ele, aconchegando-me um pouco, de forma a que eu me sentisse mais segura.

Ele a olhava de forma protectora, incerteza e até medo e ela olhava-nos admirada, chocada e assustada. Eu sentia-me mais segura por me encontrar nos braços de Lysandre, mas na mesma me sentia bem assustada e arrepiada. Escondi um pouco da minha cara em Lysandre, que me apertou um pouco para ele.

Necessitava de algo mais.

Estiquei-me um pouco e beijei-o na bochecha. Fechei os olhos mal senti a sua pele e o seu cheiro viciante. Lysandre olhou para mim, e soltando-me agora uma mão, poisou-a na minha cara. Rosalya parecia menos "carregada" e já sorria.

-Já se notava que a vossa relação era especial. - declarou ela, sorrindo-nos.

Surpreendentemente, Lysandre também sorriu.