Por Laura

– Cândido, pense bem. Não faça nada que possa se arrepender. Você tem uma mulher, filhos. Eu os conheço... Você conheceu o meu filho! - tentava apelar para a sua consciência

– Como se você fosse uma mulher inocente e descente. Como se não soubesse como isso funciona! Meus filhos e mulher estão em casa...Já você é uma vadia divorciada, e pelo o que vi seu filho não é nem do seu ex-marido. É do seu amante, não é? Aquele homem loiro que as vezes aparece para te ver. Ele é casado, não? Se você já é amante de um homem casado, porque não pode ser minha também? È por que ele é mais alto e mais bonito? Ou por que ele é rico? Se esse for o problema, eu pago pode ficar tranquila...- ele falava com raiva e seu olhar de cobiça se acentuou

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– Você está enganado, eu não sou uma prostituta. Por favor ,vá, ninguém precisa saber disso que aconteceu.- eu estava muito assustada, mas ainda tentava convencê-lo

– Você ainda acha que tem como fugir? – ele se aproximou e eu joguei os livros que segurava nele, percebi que um deles acertou a sua cabeça em cheio e corri

Mas ele se recuperou . E mesmo com a adrenalina percorrendo o meu corpo me fazendo correr como nunca, ele me alcançou. Me segurou firme, e bateu em meu rosto:

– Vagabunda, você vai ver o que é bom. Sou bem melhor do que aquele engomadinho.- meu rosto latejava, sentia o meu sangue pulsando, e o cheiro daquele homem horrível.

Ele me jogou no chão, senti muita dor ao cair. Mas nada era pior do que vê-lo partir feito um louco para cima de mim. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Esperneava e gritava tentando afastá-lo. E ele tentava me segurar.

Mas então percebi que ele caia em cima de mim, e não se mexia mais. Olhei para o o alto e vi Isaura, uma das faxineiras da biblioteca. Ela sempre me parecera trabalhadeira, e quase não a notávamos, era negra, e devia ser uns 15 anos mais velha do eu:

– A senhora tá bem, D. Laura ?– ela perguntou enquanto me ajudava a tirá-lo de cima de mim, quando me levantei, vi um livro enorme no chão, ela deveria tê-lo usado para acertar Cândido.

– Estou, Isaura. Obrigada... Você não sabe como ...- eu estava nervosa e lágrimas começavam a cair em meu rosto

– A gente tem que se ajudar, né? Agora vamos embora, antes que ele acorde - ela falou relativamente calma, e como eu estava em choque, me amparou até a saída

Quando estávamos quase saindo, encontramos seu Assis, ele ficou preocupado ao me ver:

– Laura, o que aconteceu?

– Um acidente, seu Assis. Alguns livros caíram em cima de mim. A Isaura me ajudou. – eu já estava me recuperando do choque, só queria ir embora, e não estava preparada para contar aquilo ao meu chefe

– Meu Deus! Você tem que ser levada a um médico! - ao ouvir aquilo, me arrepiei, não queria ir a médico nenhum.

– Não, eu estou bem. Nada de médico. Quero ir para casa... Meu pai é médico, se for o caso, o chamo.

– Está bem! Mas então, Isaura... a ajude a ir embora.

Isaura me levou até o bonde, enquanto ele continuou na biblioteca. Não sei como, mas consegui forças para chegar em casa. Ainda consegui contar o que acontecera e pedi a Isabel e Celinha que cuidassem do meu filho. Ele não podia me ver naquele estado. Eu não aguentaria se ele me visse assim.

Fui tomar um banho, nunca me sentira tão imunda. E enquanto me lavava, lembrava daquele homem sórdido tentando me atacando, tentando me tocar. Só de imaginar ...se ele tivesse conseguido ir além … Ai … eu não suportaria.

Fui para o quarto, Isabel me trouxe um chá. Eu o tomei e pedi que me deixasse sozinha. Precisava ficar sozinha.

Deitei na cama, me lembrava do ataque, sentia dor em meu corpo por causa dos golpes daquele crápula. E não aguentei ... voltei a chorar, apesar do banho, ainda me sentia suja. Como isso acontecera? Como não percebi as reais intenções daquele homem desde o início? Eu o deixei brincar com meu filho...Escutei a porta se abrir e vi Edgar entrar:

– Laura... - parecia desesperado, desolado...

Ele veio até a mim e me abraçou carinhoso. Os braços dele a minha volta tinham uma sensação purificadora. Era como se eu transcendesse e encontrasse o meu lugar. Como precisava daquele abraço.

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