Por Laura

–Oi.

Eu mal podia acreditar em quem via e escutava, mais ainda dessa maneira tão amigável, sendo que da última vez, ele ficara tão furioso:

– Oi – respondi quase no reflexo, além de um pouco contida.

Edgar estava sorrindo, parecia feliz como se nada tivesse acontecido, como se ainda fôssemos casados, eu não o entendia, mas esse modo me trazia boas recordações e mexia comigo de um jeito que não conseguia resistir, sorri de volta. Ficamos nos olhando em silêncio por um tempo, quando já estava se tornando constrangedor, ele falou:

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– Eu estava no jornal do Guerra.

– Eu estou esperando a Isabel. A sua apresentação de dança foi hoje - mal havia falado isso e me arrependi, parecia que estava dando satisfações a ele, e não precisava lhe dar satisfações, mas já havia feito e resolvi continuar de modo cortês

– É mesmo! Ouvi falar, deve ter sido ótima! – ele sorria

– Foi belíssima! Isabel é muito talentosa.

– Eu imagino. – ele olhava para mim de modo sedutor, eu tinha que resistir e aproveitando que o assunto havia terminado tentei me livrar dele.

– Edgar, foi bom te ver. Mas vou entrar para saber por que a Isabel tá demorando.

– Não , não vá, Laura... Por favor, fica aqui. Não me parece tão necessário você ir, ela sairá em breve – seu olhar e sua voz eram de súplica.

– Tá bom, mas vamos direto ao ponto. O que você quer, Edgar? – eu não consegui dizer não quando ele me olhou daquele modo, mas ao menos consegui ser dura com ele.

– Me desculpa ... pelo o que fiz naquele dia ... pelas palavras que disse ... eu não tinha o direito, eu não podia ... – ele gaguejava e falava de maneira sentida, eu tentava me manter dura, mas estava sendo difícil vê-lo tão mal.

– Edgar ... não ... – ele me interrompeu

– Me deixa falar, Laura... eu preciso. Eu quase te bati...

– Eu percebi - falei com uma cara boa para tentar aliviá-lo

– Se eu tivesse encostado em você... Te machucado... Era capaz de eu arrancar o meu braço. Pois preferia não ter braço a te ferir.

– Você já me feriu muito, Edgar. E não foi com seu braço ... Foi com ...

Nós escutamos um barulho e vimos Isabel:

– Sinto muito. Não queria interromper. –ela falou

– Você não interrompeu – respondi no susto

– Podem continuar, vou indo. Tchau Edgar. – ela disse com pouca cerimônia

– Tchau, Isabel.- ele respondeu

– Isabel, eu vou com você! –tentava me livrar dele

– Não, Laura, vocês precisam conversar. Te espero no bonde.- falou Isabel decidida antes de nos deixar

– Me lembre de algum dia dar um presente a Isabel – ele ria

– Eu te lembro – dei um sorriso amarelo, Edgar me olhava de maneira tão profunda, que minhas pernas já ficavam bambas, e eu a xinguei mentalmente, que amiga era aquela que me deixou aqui?

– Laura ... eu sei que te feri, mas essa nunca foi a minha intenção. – ele falou sério

– É, mas ... Edgar, não precisamos falar sobre isso agora ... –a conversa estava indo longe demais - Me diga como você está?

– Horrível ... –ele falou sério, depois abriu um sorriso – desde a nossa briga, estou péssimo!

– Eu estou bem – falei sorrindo

– Isso... me espezinha – ele riu, era espirituoso, tenho que admitir, e depois continuou falando – E o seu filho?

– Está bem!

– Que bom, sabe, eu não sei o nome dele.

– Antônio.

– É um belo nome ... sério mesmo, adoro esse nome.

– Bom! – então acertei no nome

– E como ele é?

– Lindo e esperto – falei orgulhosa

– Não podia ser diferente ... tendo você como mãe – ele lançou o seu velho olhar de lobo, eu tremi e respirei fundo

– E a melissa? Como está? Como ela é? – tinha que disfarçar a minha reação de algum modo

– Está bem, tem a saúde fraca, mas está conseguindo superar isso, e claro, é muito inteligente. É a minha florzinha – ele falou orgulhoso e supreendentemente isso não chateou, parecia um pai tão bom quando falava da filha, será que algum dia ele falaria assim do Toninho?

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– Bom.

– Laura ... . – ele se aproximou de mim, e pelo seu olhar aparentava que iria despejar todo o peso do mundo.

– Edgar...

–Laura... Eu te amo! Durante todos esses anos, eu tentei te esquecer em vão! Tudo me fazia lembrar de você, ou porque era parecido e relacionado com você ou porque era totalmente diferente e não tinha nada a ver. Até tentei fugir, mas não tinha jeito, pois você estava aqui ... - ele colocou a mão no peito – marcada a ferro. Você estava aqui! Eu faria tudo para ter você de volta! Eu faria tudo para voltar aquele dia na biblioteca. – ele me olhava com ardor

– Edgar, por favor, não faz isso ... não me olha assim – eu estava confusa, queria tanto acreditar

– Assim como? – ele ainda me olhava da mesma forma

– Assim!

– Tá bom, eu não olho – ele se aproximou mais de mim, me puxou e me beijou com paixão.

Não resisti, ele se aprofundava em mim e eu nele. Era um beijo com vontade, urgência, como se o mundo estivesse desabando e aquela fosse a nossa última chance. Nossas bocas se moviam com fúria, nossas línguas se encostavam e eu senti o seu cheiro, a sua barba, era quase como sentisse o sangue dele pulsando nas minhas veias. Com um braço ele me prendia a ele e com o outro percorria o meu corpo. Estava no paraíso.

Após algum tempo, percebi a loucura que fazíamos e me afastei. Eu não conseguia respirar direito e ele também. Parecia que todo o ar tinha sido sugado dos meus pulmões, e meu coração explodia em meu peito, não podia falar, mas logo que me recuperei, disse:

– Edgar, aqui não! Estamos no meio da rua!

– Então vamos para casa – ele disse sério e sedutor

Não sei onde estava com a cabeça, eu fui. Não trocamos muitas palavras, nossos olhares eram suficientes. Já entramos nos beijando. Ainda na sala, tirei o seu paletó e colete. Ele queria tirar a minha roupa lá, mas não deixei, apesar de já estar em brasas.

Então subimos para o quarto, e enfim tiramos completamente as nossas roupas que naquele momento mais parecia uma prisão da qual precisávamos nos libertar.

Assim nos amamos, com muita vontade, uma vontade acumulada por mais de meia década. Ele desfrutou do meu corpo e eu do dele de maneira voraz. Foram muitos beijos e até mordidas ... em várias partes. Muitas risadas, e suspiros. Muitos toques e sensações que eu ansiava. Era muito desejo acumulado.

Por fim, me deitei suada em seu peito. Estava muito cansada, mas feliz e saciada. E a julgar pelo seu corpo até mais suado, Edgar também estava exausto. Ele virou meu corpo, me abraçou por trás e assim dormi em seus braços. Era como se voltasse ao céu. Como eu sentira falta daquilo: só eu e ele naquele quarto.