Capítulo 14 - Sensações.

A porta de madeira rugiu anunciando a minha entrada.

O jardim estava escuro, contanto, imaginei que ninguém estaria em casa.

Errado.

- Onde você estava, Bells ?

Uma figura menor do que eu e com uma roupa vulgar descia a escada.

Degrau por degrau com um salto que batucava irritamente.

- Ér... Com Alice.

Esme tinha o rosto de uma mulher refinada, porém, sua aparência denunciava o seu trabalho.

Ela trajava uma meia-rastão com furos e um vestido vermelho.

A cor favorita de Edward.

Ele me contou esta tarde.

Talvez porque seja a cor que o lembra a sangue.

Ou alguma coisa a seu passado.

- Tanto faz. - A fumaça que saia de sua boca marcada por batom me cegou por alguns segundos. - Preciso que você fique em casa essa noite.

- Ah... Mas eu combinei de ir na casa de Alice.

Seu instinto materno, muito tempo esquecido, captou toda a mentira e o tremor de minhas palavras sussurradas.

- Você passou o dia com ela, certo ? Então, Bells, que mal teria de ficar um tempo em casa ?

Mordendo meu lábio concedi a vitória para Esme.

- Ótimo.

Andando apressadamente até a porta e mandando um beijo, sussurrou :

- Use camisinha com esse menino que você está, Bells, sou muito nova para ser avó.

A batida na porta silenciou minha risada.

- Ah... Claro... - Meus passos eram lerdos até a cozinha. - Camisinha... - As risadas secaram minha garganta, por isso, caminhava em direção a geladeira para beber água. - Edward e eu...

- Por que você está falando sozinha ?

O barulho do copo caindo no chão, e minha respiração acelerada, eram os únicos barulhos.

Encontrei o olhar de um Edward risonho e desviei antes de minhas bochechas corarem.

- Ér... Eu... - Mordi meu lábio com força enquanto enrolava a palavra. - O que você está fazendo aqui ?

Sua mão buscou a minha.

- Pensei que ficaria feliz em me ver.

- E... Estou. - Minha voz era mais calma e baixa do que um sussurro. - Eu acho.

Sua risada foi calorosa.

- Quer conhecer meu quarto ? - A pergunta foi entendida de um ponto diferente por Edward.

- Hum... Já ?

Meu olhar o reprovou.

- Estou brincando, Bella.

/

- E é aqui.

Observando cada detalhe de seu perfeito rosto, observei por mais algum tempo seu olhar.

Ele absorvia com riqueza cada detalhe de meu quarto da cor verde.

- Nada feminino.

Eu me encontrava encostada em um móvel branco.

- Eu não sou.

Seu olhar decepcionado foi o que fez minha voz sair em um murmuro.

Me senti indesejada, ou até, desgostosa.

Minha visão foi tampada por seu alto corpo a minha frente.

- Você é perfeita, Bella.

Seus braços rodearam cada centímetro de meu corpo e eu o imitei.

Nossos lábios eram desesperados.

Nosso corpo reagia a cada toque.

Edward era um vulcão preste a tornar-se o desespero de toda uma pequena ilha.

Eu era um tornado preparado para absorver cada pedaço do homem a minha frente.

Senti meu corpo afundar no colchão e o peso de Edward sobre mim.

Eu desejava me entregar.

Entregar meu corpo, minha alma e toda a minha existência.

Tudo para Edward.

Tudo por Edward.

Mas ao mesmo tempo, eu desejava fugir.

Ir embora para o mais longe possível.

Para o outro lado do horizonte.

A brisa fria que entrava pela janela aberta enrijeceu o bico de meus seios.

Quando senti minha blusa sendo rasgada, ainda em meu corpo, ocultei todo pensamento que era transmitido por Edward.

Em um grito desesperador, o empurrei para longe e precisei observar seu olhar culpado :

- Não!

Seu corpo foi parar ao meu lado.

Eu estava encolhida como uma criança medrosa.

Os braços de Edward tentavam me proteger da escuridão que eu insistia em mergulhar.

- Desculpe, Bella, me desculpe.

Senti sua cabeça encostar em minha nuca.

- Eu tenho medo. - Meu pensamento foi sussurrado por meus lábios. - Medo de você me machucar.

Meu olhar procurou pelo seu por conforto.

- Não irei, Bella. - Seus lábios nos juntaram novamente. - Juro por minha vida que não irei.

Meus braços o envolveram e senti meu corpo ser puxado, sem qualquer esforço de sua parte, para seu colo.

Aninhando minha cabeça em seu peitoral, mergulhei na escuridão, antes enjoativa e que me dava calafrios, agora, calma e embriagante por seu cheiro, escutando uma velha canção dos Beatles.

- Eu sempre irei protege-la, Bella. - Antes de ocultar todo o universo ao meu redor, e nos prender em um casulo apenas meu, sorri com suas novas palavras : - Você é minha... Agora e sempre!