Lorien Remains

Capítulo 9


Depois de um minuto de procura eu consegui achar a bendita sala. Era impossível confundir como eu geralmente faço. Um esqueleto de mentira estava do lado do quadro, que, por sua vez, estava repleta de frases sobre o funcionamento dinâmico do organismo dos seres vivos. Gostei.

Fui o primeiro a realmente chegar a sala. Me sento na última carteira da última fila.

O minuto seguinte foi ocupado inteiramente de sussurros sobre entre os grupinhos que chegavam.

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–Quem é esse? – a menina mais distante pergunta baixinho no ouvido da amiga.

–Eu que sei? – a outra responde.

Algumas coisas desde “garoto estranho” até “fofinho” - credo - chegavam aos meus ouvidos desenvolvidos enquanto eu tentava ler o livro de biologia.

–Ei cara – um garoto autoritário fala do meu lado – Será que você podia levantar a bunda do meu lugar?

Ok. Eu consegui me controlar, mordendo a parte interna da bochecha e apertando o punho sem querer; Mas duas das três vozes em minha cabeça são psicóticas.

Não tem o nome dele marcado aí!

Se levanta logo, sem problemas no primeiro dia.

ARREBENTA A CARA DELE!

–Desculpe – digo sem desviar meus olhos do livro – cheguei primeiro.

–Eu vou ter que te tirar daí?!

–Você pode tentar.

Ele joga a bolsa no chão e tenta me agarrar pelo colarinho da camisa, pra sorte dele a professora chega bem na hora e manda todos sentarem. Quando olho pra ele consigo marcar na mente seu rosto coberto por um cabelo artificialmente loiro e olhos castanhos claros.

Ele era um pouco musculoso, talvez isso o fizesse se achar tanto.

–Você é louco, garoto? – Liah pergunta do meu lado.

Sim, bastante.

Dá pra mandar ela ir embora?

Não gostei dessa garota.

–Um pouco – minto. Eu sou muito, muito louco. – Por quê?

Ela me olha surpresa e depois sorri.

–Hump. Nem te conheço, mas gostei de você.

Essa menina também deve ser louca. Seu irmão a chama e ela vai sentar ao seu lado na outra extremidade da sala.

Me apresenta pra ela!

Cara, você é uma voz.

CALADOS.

Acho que essa coisa tá piorando. Viu o que vocês fazem quando incentivam elas?

–Oh! – a professora anuncia – Parece que temos um novo aluno.

Droga. Posso sentir minha pele mudar de cor. Me obrigo a sorrir e aceno pra classe, que mantém seu olhar sobre mim o tempo todo. É, eu realmente odeio isso.

–Qual o seu nome? – a professora pergunta.

–Sky.

–Oh, seja bem-vindo Sky! Ok, começando a aula...

Todos os olhares se voltam novamente pra professora, menos o do brigão – decidi chamá-lo assim, já que não pretendo descobrir seu nome. - que, mesmo que não o conhecesse, era a pessoa que eu queria que mais ficasse longe de mim. É incrível minha capacidade de arrumar amigos, não acham?

A aula, como prometida por ela anteriormente pros alunos, era sobre aves.

–Alguém pode me dizer qual o pássaro estadual de Oregon? – a professora pergunta olhando pra nós.

–Meadowlark Ocidental.

–Isso mesmo... Hum... Sky. – ela diz se lembrando do meu nome.

Hum? Eu falei em voz alta mesmo? Mas eu pensei que isso só tinha passado pela minha mente. Mas, pensando bem, coisas demais tem passado na minha cabeça ultimamente.

Quando olho pra frente eu ganhei a atenção de todos novamente.

Fecha a boca, cara.

Como se você não gostasse da atenção.

E eu não gosto.

Gosta sim!

Será que vocês dois podem calar a boca?

Qual é o meu problema?

Bem... Além do fato de eu ser metade alíen, mas isso é um detalhe.

Passo o resto da aula de boca fechada, mas eu continuo sendo o assunto principal daquela aula. Os sussurros sobre mim são inconvenientes e desnecessários, assim como os olhares que todos me lançam, enquanto tento fingir que não posso percebê-los.

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O sinal bate e todos correm pra fora da sala.

–Hum... Licença – digo pra uma garota que estava saindo da sala – Você podia me dizer onde é a sala... 11?

Ela me olha como se eu fosse louco – coisa que eu era – por um segundo antes de perguntar:

–Tem certeza que é a 11?

–Sim.

–Hum... Só virar a esquerda, é a última sala.

–Ah, obrigado. – digo sorrindo e vou em direção a sala, ainda segurando o livro de biologia.

Eu disse que sabia fingir bem.

Ele disse mesmo.

Entro na sala e me dirijo pra ultima carteira outra vez. Antes que eu perceba já estou lendo o livro de novo.

Que foi? Eu gosto de ler, não me julguem.

Sete pessoas entram na sala cinco minutos depois... Todas garotas.

Nossa cara. Você tá muito ferrado.

–Ok – a professora fala fechando a porta - classe, preparem-se para... – ela olha pra mim. – Hum? – ela olha pras garotas, que tem o mesmo olhar que ela – Um aluno novo? - ela volta seu olhar pra mim, e então pra classe, e então pra mim - Ér... Qual o seu nome querido?

–Sk...

–Oh! Sky certo? Tudo bem, Sky, bem-vindo e será que você podia se sentar ao lado da senhorita Maggie? – ela aponta pra primeira carteira. Ai, droga. – Seria mais proveitoso que trabalhássemos em grupos.

Eu assinto com a cabeça e vou pro lado da garota. Seu cabelo castanho recai sobre seus ombros esguios. Quando ela me olha, seus olhos verdes brilhantes me deixam envergonhados, mas ela é a única que não apresenta um olhar estranho quando olha pra mim.

–Maggie – ela diz estendendo a mão.

–Sky – digo cumprimentado-a.

Olho pras duas meninas atrás de nós, acho que pra elas eu devo ser um maníaco ou alguma coisa assim, por quê elas ou estão me matando com o olhar, ou estão me analisando.

–Ah – ela diz, retirando sua mão. – Não se preocupe, elas só estão te estudando.

–Estudando?

–Sim, provavelmente pra saber se você é pegável. – Olho de volta pra ela confuso, o que a faz sorrir – Ou por que a maioria dos meninos que vem nessa aula só querem saber de ficar com as meninas ou vigiar as namoradas... – Ela olha pra mim com o olhar das outras – Então, algumas dessas opções lhe é familiar?

–Maggie – a professora diz – não assuste o garoto no primeiro dia. Mas eu também estou curiosa, por quê veio à aula?

Todos os olhos estão sobre mim outra vez, o jeito que elas me olham conseguem ser mais irritantes do que o do brigão, ou o de um Mog quando está lutando com um humano.

–É porque... – paro antes de responder. Eu já enfrentei alienígenas malucos do mal sem pestanejar, mas eu não posso enfrentar oito garotas me olhando ao mesmo tempo. – É que eu moro sozinho...

A professora me analisa por alguns segundos antes de perceber que eu não estou mentindo.

–Ok, alguém poderia me dizer pra que serve o cominho?

Por um segundo os olhares cessaram. Tudo estava até legal, calmo... Até alguém atravessar a porta, com todo o seu esplendor de um verdadeiro idiota, o brigão tropeça pela porta.

–Me atrasei, desculpe.