Meu Príncipe Às Avessas

Capítulo 6 - Como assim?



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Fui pega de surpresa por aquilo, não esperava que isso fosse acontecer, ou melhor, não era para acontecer. Afastei-me dele rapidamente o empurrando.



Apenas nos encaramos, deu pra notar que ele parecia tão desconcertado quanto eu. Ele virou o rosto e afundou na cadeira do carro, e eu fiz o mesmo, virei para o outro lado fitando as gotas de chuva.

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Caramba. Eu fui beijada pelo meu chefe.

Mil coisas me passaram pela cabeça, uma delas era a expressão maliciosa de Nana rindo para mim, tipo, “eu te avisei”. O que eu queria era justamente me esconder, mas eu estava ali com ele do meu lado, e, eu não tinha para onde correr.

– Droga – ele praguejou.

Foi só então que eu olhei para ele. Loki sangrava pelo nariz.

– Oh minha nossa! O seu nariz! – eu exclamei assustada.

– Culpa sua! - ele inquiriu irritado tampando o nariz com um pano.

– Precisamos ir ao hospital! E se você tiver algo grave? – podia-se dizer que eu era tão dramática quanto a minha mãe.

– Não seja dramática – ele falou seco.

– Olha quem fala – eu retruquei irônica – você fica aí me culpando!

– Mas a culpa é sua!

– Quem é que dormiu quando não devia?

– Quem deveria fazer o que eu pedi não fez?

Fuzilamo-nos com os olhos, tal como duas crianças briguentas.

– Ah, chega – ele falou irritado – vamos sair daqui.

E como se não bastasse, a Lei de Murphy estava mesmo conspirando contra nós dois, e para o desgosto de Loki, o pneu do carro havia atolado. Ótimo.

– Que maravilha – ele resmungou azedo.

– Aposto que vai me culpar por isso também – eu falei com um riso frio.

– Não é uma má ideia. Saia do carro – ele ordenou.

– O quê! – eu falei incrédula – Ficou louco! Tá a maior chuva lá fora, e eu to de vestido!

– Saia – ele falou seco.

– Mas?

Ele arqueou uma das sobrancelhas.

Bufei contrariada e abri a porta do carro.

– Não acredito nisso! – eu, a idiota obedeceu. Logo não demorou muito para a chuva encharcar todo o meu vestido, o meu penteado se desfez. Ele tentou acelerar o carro, mas roda não saia do lugar, ao invés disso, ela me deu um belo banho de lama.

Loki, seu grande filho da p...

Gritei de pura raiva, fui em direção à parte da frente do carro e o fitei furiosa, ele me olhou com riso inocente e discretamente travou as portas do carro.

Cretino.

Possessa pela raiva, eu não medi minha ações e pulei em cima dos para-brisas do carro dele e comecei a esmurrar o vidro.

– DESGRAÇADO! EU TE MATO! EU TE MATO! – esmurrava o vidro enquanto ele me fitava horrorizado dentro do carro – ESPERE SÓ ATÉ ARREBENTAR VOCÊ!

Loki apertou o botão do limpador de para brisas e logo senti um jatinho de agua indo na minha cara, mas ignorei, continuei esmurrando vidro.

Foi então que ele saiu do carro, acuado. Eu o fitei de forma quase assassina. Esqueci até mesmo que ele tinha batido a cabeça pouco tempo antes e me atirei em cima dele.

– Ficou maluca! Saia de cima mim! – ele tentava se defender.

– Você pediu por isso... – se alguém visse a minha feição risonha diria que era irmã do coringa.

– Eu não faria isso se fosse você – ele me olhou com o “olhar” 43 dele, mas não me intimidei.

Saímos rolando pela grama enlameada. Brigando feito duas crianças, nossas roupas estavam cobertas pela lama da chuva, no fim ele ficou por cima de mim. Descabelado e estado completamente deplorável, mas eu também não ficava muito atrás.

Ele rolou para lado ficando de barriga para cima.

– Há um mal entendido muito estranho aqui – ele falou de repente.

Eu não sei bem o que houve, mas acabamos por desatar a rir.

Só nos restou voltar para o carro, sujos de lama para esperar, foi então que eu olhei para o espelho do retrovisor, meus cabelos estavam escurecidos pela lama, e maquiagem estava terrivelmente borrada, por muito pouco eu não tinha ficado parecida com aquela menininha do exorcista, tá eu to exagerando, eu sei.

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– Você está horrível Srta. Narvik – Loki falou sem expressão.

– Idem – falei com um meio sorriso – Vai me demitir? – perguntei fazendo pouco caso.

– Não – ele falou indiferente.

– Que misericordioso! – falei divertida.

– Não se engane minha cara assistente. Loki e misericórdia são duas palavras que não se encacham em uma frase.

Chuva rolava, parecia não ter fim.

– Escuta Loki – eu falei de repente – por que você não me mandou embora no inicio?

– Porque eu vi o seu potencial de longe – ele disse com um olhar distante.

– Serio? – eu falei surpresa.

– Não – ele riu cínico – quem veria potencial numa garota respondona mal educada.

– É, mas aqui está ela – eu falei com o cenho franzido.

– Você sabe como me aturar – ele disse por fim.

– A verdade é que você me transformou numa masoquista – falei debochada.

Por fim a chuva cessou e após darmos um jeito de colocar o carro de volta para a estrada, seguimos de volta para Oslo, Loki e eu fomos para o apartamento dele. É claro que algumas pessoas que passavam pela gente pelo corredor do prédio nos olhavam de um jeito estranho - teve uma senhora que nos fotografou com um celular, Loki a repeliu "gentilmente" - afinal não é todo dia que se encontram um casal sujo de lama. Ao chegarmos no AP dele, Fenrir nos recebeu alegremente ignorando o cheiro de lama molhada.

– Tem um banheiro no quarto de hospedes – ele falou enquanto fazia um cafuné em seu cachorro – aproveite e tome um banho.

– Mas eu só tenho essa roupa – eu falei apontando para o meu vestido, se que aquilo ainda era um.

– Darei um jeito nisso – ele falou – há roupas de banho dentro armário – ele falou indo em direção ao seu quarto.


Tomei um bom banho morno, depois olhei para o meu vestido que estava pendurado, pobrezinho, precisaria de alguns reparos, vesti o roupão de banho e enrolei meus cabelos na tolha, caminhei para fora do quarto procurando por Loki que não estava lá.


Achei estranho, sentei no sofá e Fenris apareceu manhoso subindo no sofá e colocando a sua cabecinha no meu colo. De repente ouvi um barulho, então a porta se abriu revelando Loki, já arrumado e com uma sacola.

– O que é isso? – perguntei um pouco envergonhada porque estava de roupão na frente dele.

– Algumas roupas – ele falou me entregando.

– Você comprou para mim, obrigada – sorri de forma tímida.

Loki me olhou desconfortável e soltou um pigarro.

– Pedi a Smila que me trouxesse.

(N/a: Smila se refere a Sra. Fairfax)

– O que você contou a ela?

– Nada, não entrei em detalhes, agora vá lá se vestir – ele disse sem me encarar.

Era impressão minha ou ele parecia constrangido.

Fui para quarto e tirei a roupa de dentro da sacola, era um belo vestido vermelho com a saia rodada, e estampa de flores em linhas douradas acompanhado de um lingerie e um par de sapatos pretos. Vesti-me e arrumei um pouco o meu cabelo embora eles ainda estivessem molhados, sai do quarto e fui até a sala onde Loki se encontrava sentado no sofá.

– Loki? – eu o chamei e ele virou o meu rosto para me fitar.

– Bem melhor agora – ele falou com sorriso misterioso nos lábios.

Ele estava com uma blusa social azul que lhe caiu muito bem, com uma calça social preta e sapatos sociais de mesma cor. Notei que galo em sua testa estava bem mais visível.

– Como está a sua testa eu perguntei?

– Dói um pouco, mas não e nada que atrapalhe – então ele mudou de assunto – se formos agora ainda chegaremos a tempo.

– Como? – eu perguntei confusa.

– O aniversario da sua mãe – ele falou.

– Vai me levar até lá? – eu perguntei tentando disfarçar o sorriso.

Ele não disse nada e apenas caminhou até a porta esperando que eu fizesse o mesmo, quando fiquei próxima a ele, Loki me fitou com seus olhos esverdeados.

– A proposito Srta. Narvik – ele pausou um pouco – sobre o que aconteceu naquela hora dentro do carro. Quero que fique claro que entre nós aquilo não existiu e que não houve nada. Entendeu?

Ele se referia ao beijo.

– Entendido, Loki – foi a minha resposta.