Lembranças Do Inverno

"Adormeço de tristeza"


Ouço um apito de carro, olho pela janela e vejo minha mãe estacionando em frente na casa de Amanda, e abre à porta do quarto onde eu estava sem pedir licença.

— Gabriely! Você é louca? Como que você faz isso? — diz gritando.

— Mas mãe eu… — me interrompe.

— Calada. Arruma-se e vai pro carro. — passo a mão no rosto por causa da forte dor de cabeça.

Desço as escadas com a mesma roupa da festa da noite anterior, cabelo desarrumado, maquiagem borrada… Amanda me olha da cabeça aos pés e diz:

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— Quer que eu te empreste uma roupa?

— Não, ela ta bem assim. — minha mãe fala por mim. — Entra no carro Gabriely. E… Obrigada Amanda, por ter deixado ela ficar aqui por essa noite.

— Não tem de que Dona Heloísa. Tchau Gabi. — eu do um sorriso, entro no carro e coloco os fones de ouvido.

Minha mãe passa o percurso para casa sem dizer nenhuma palavra comigo. Chegando em casa ela senta-se à mesa e desabafa:

— Então é isso né Gabriely?

— Isso o que? — disse fingindo não saber o que era.

— Sínica! Você bebe até cair no chão e depois age como se não tivesse acontecido nada? — fala tentando se acalmar.

— Eu não bebi até cair no chão. Apenas tava tentando me divertir, já que é tão difícil eu ser feliz, achei que era melhor ficar inconsciente, pelo menos eu não vivia nesse mundo estúpido. — desabafo.

— Cala a boca! To com vontade de te bater agora! — grita.

— Então bate porra! Bate! Faz minha vida ser pior do que já é. — grito também.

— É isso que eu vou fazer agora. — ela se levanta e pega um cinto que estava em cima da mesa e, meu irmão Gustavo chega descendo rapidamente as escadas para tentar apartar a nossa briga.

— Parem! Mãe não precisa de agressão. — ele fala tentando nos deixar mais calmas.

— Não se mete Gustavo. — diz minha mãe.

— Ele sempre é o preferido né mãe? Sempre!

— Eu sempre te dei tudo pra você Gabriely.

— Ah claro. Você me dava coisas em material pra tentar recompensar o carinho, a atenção. — falo com lágrimas nos olhos.

— Vai lá pra cima Gabi, mãe ta nervosa, a deixa se alcalmar, daí vocês conversam melhor. — diz Gustavo.

Subo as escadas tentando segurar o choro, me tranco no quarto e desabo. Choro tanto que a dor de cabeça parece ter passado, deito no chão e adormeço de tristeza.