Hurricane

Capítulo 19


Capítulo 19

Edmundo, ao lado de Lena, um centauro e um gigante, atravessavam todo o campo que separavam a fortaleza do acampamento de Miraz. Por mais que Lena sentisse que seu coração estava prestes a sair correndo de seu peito, insistira em ir com eles para fazer o comunicado. Mesmo com um centauro e um giganto escoltando o menino, ela queria ter certeza de que nada aconteceria com ele. E claro, teve ainda ajuda de Ripchip, que estava empoleirado em seu ombro direito.

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– Acalme-se, madame, nada acontecerá à Sua Majestade enquanto estivermos aqui. - disse o rato, tentando acalmar a menina.

– É meio difícil, Rip. - ela disse. - Saber que estaremos só nós cinco no meio de todo um exército telmarino não me deixa menos preocupada.

– Você realmente está preocupada com ele, não?! - o ratinho perguntou, em um tom mais afirmativo do que interrogativo.

Lena fez uma breve pausa, na qual olhou em direção a Edmundo, há alguns passos à sua frente. Continuou a andar, ignorando a grama alta que se embrenhava em seu vestido. Ela não tinha dúvidas de que havia uma pergunta implícita na voz de Ripchip, a mesma que Augustus a fizera, mas que se recusava a responder.

– Sim, Rip.

– Pode-se perceber apenas pelo seu olhar, madame. - o rato disse e Lena percebeu que ainda observava Edmundo, alguns passos à frente.

Tratou rapidamente de desviar o olhar. O que ela menos precisava neste instante era que ele percebesse e a fizesse corar por ter sido pega no flagra.

~*~

"Eu, Pedro, por graça de Aslam, por eleição e por conquista," - Edmundo calmamente, o que deixava Lena ainda mais nervosa, mas ela não ousava mexer um único músculo. Não enquanto sabia que Edmundo podia estar correndo perigo. Claro que ela corria o mesmo perigo, mas no momento ela não estava muito preocupada consigo mesma. - "O Grande Rei de Nárnia, Senhor de Cair Paravel e Imperador das Ilhas Solitárias, para evitar o abominável derramamento de sangue, por meio desta, desafio o usurpador Miraz a uma única luta no campo de batalha. A luta será até a morte. A recompensa será a total rendição."

Edmundo enrolou o pergaminho, sem olhar diretamente para Miraz, mas Lena o fez. Miraz era um homem rústico, com a barba cobrindo grande parte do queixo e das bochechas, mas seu olhar era tão frio e cruel que Lena não pode evitar sentir um arrepio subindo-lhe à espinha.

– Diga-me, Príncipe Edmundo... - dizia Miraz, com tão fria quanto o olhar, mas foi logo interrompido.

– Rei. - disse Lena, rapidamente, mas logo se arrependeu.

Miraz olhou-a duramente, como se ela fosse uma escrava que não tinha o direito de se pronunciar e Lena sentiu um ódio próprio sobre si, mas ao menos sabia que a atenção do tirano fora desviada de Edmundo. Olhou para o menino, como se pedisse desculpas, mas pela expressão que havia em sua fisionomia, soube que se ela não tivesse interrompido, ele teria o feito. Quando Miraz voltou a falar, não dirigiu-se a Lena, mas sim a Edmundo.

– Tem uma guarda-costas agora?! - ele disse em um tom zombeteiro e Lena praticamente teve que pregar os pés no chão para voar até o pescoço dele ali mesmo.

Quem ele pensa que é para dizer algo assim?!

– Se precisar, eu serei. - ela ouviu as palavras saindo de sua boca automaticamente e de modo tão firme que ela quase se espantou.

Miraz, porém, ignorou-a como se não passasse de uma simples barata.

– Como eu dizia, príncipe... - disse Miraz.

– Rei. - disse Edmundo, de modo quase nervoso.

– Anh? O que disse? - perguntou o tirano, já nem se dando ao trabalho de fingir estar confuso.

– É Rei Edmundo, na verdade. - disse o moreno. - Só Rei. Pedro é o Grande Rei. Eu sei, é confuso.

Miraz trocou olhares com seus assessores. - Por que arriscar tal empreitada se nossos exércitos vão eliminar vocês até o cair da noite?

Lena revirou os olhos. Cara, esse homem tem auto-confiança de sobra, hein?!

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– Você já não subestimou demais nossos números? - rebateu Edmundo e Lena disfarçou um sorriso. - Digo, uma semana atrás os narnianos estavam extintos.

– E vão ser extintos de novo. - Miraz disse com um convicção que quase chegou a derrubar Lena.

Quase, pois ela ainda acreditava que poderiam conseguir ir atrás de Aslam a tempo.

– Então deve ter pouco a temer. - Edmundo disse, causando uma risada de escárnio vinda de Miraz.

– Não é uma questão de bravura.

– E por bravura se recusa a lutar com um espadachim que tem a metade de sua idade? - Edmundo disse ironicamente, deixando, pela primeira vez, Miraz sem palavras.

– Eu não disse que me recusava. - Miraz apoiou-se na mesa, olhando friamente nos olhos do moreno.

– O senhor terá o nosso apoio, Majestade. - disse um dos assessores ao tirano. - Seja qual for a decisão.

Lena tentou não bufar em desgosto. Aqueles assessores só sabiam bajular Miraz e ela sabia que qualquer um ali, mesmo assim, não daria muitos conselhos contrários. Então por que, para início de conversa, eles estavam ali?!

– Senhor, sozinha nossa vantagem militar já fornece a desculpa perfeita para evitar o que pode ser... - dizia outro assessor, antes de ser interrompido.

Miraz levantou-se bruscamente, desembainhando a espada e controlando-se para não apontá-la para o peito do assessor.

– Eu não vou evitar nada! - ele rosnou.

– Eu só quis assinalar que meu rei está dentro do direito de recusar. - ele defendeu-se, indicando um guarda que poderia ajudá-lo.

– Sua Majestade nunca se recusaria. - este guarda disse, contrariando o assessor. - Ele aprecia a chance de mostrar às pessoas a coragem do novo rei.

Edmundo voltou seu olhar para Miraz, ansioso pela resposta que poderia dar tempo suficiente para as Rainhas e Lena conseguirem chegar até Aslam.

– Você. - disse Miraz, apontando a espada para Edmundo. - Torça para que a espada de seu irmão seja mais afiada que a pena.

Edmundo deu um sorriso de lado.

~*~

Lena estava tendo certa dificuldade em permanecer em cima de Augustus, mas Edmundo estava ao seu lado, selando o cavalo e ajudando-a a ficar na sela.

– Que droga, por que eu não podia ir com Susana? - resmungou Lena.

Edmundo riu baixinho. - Porque Augustus me prometeu te manter sobre ele. - ele disse, dando uns tapinhas no cavalo.

– Com certeza, Majestade. - respondeu o cavalo, em uma voz grave.

– Eddie. - Lena chamou-o e quando ele olhou diretamente em seus olhos, ela sentiu uma tremenda necessidade de beijá-lo. Mas ela não podia, pois sabia que se tentasse acabaria caindo do cavalo. De novo. - Tome cuidado.

– Você também. - ele abriu um sorriso fraco. - Me promete um coisa?

– Hum?

Ele pegou a mão dela e deu-lhe um leve beijo sobre seus dedos.

– Volta pra mim? - ele perguntou em uma voz embargada e Lena sentiu seu coração pesar mais do que toneladas.

Sorriu docemente. - Sempre.

Caspian não estava muito longe, ajudando Susana e Lúcia com o cavalo em que elas estavam.

– Destro sempre me serviu bem. - ele dizia a Susana, que estava responsável por guiar o cavalo. - Está em boas mãos.

– Ou cascos. - disse Lúcia.

– Boa sorte. - desejou Caspian, olhando diretamente nos olhos de Susana.

– Obrigada.

– Escute. - ele disse, pegando a trompa no cinto. - Talvez seja a hora de ter isso de volta.

– Por que não fica com ela? Pode precisar me chamar outra vez.

E ambos os cavalos saíram, deixando rei e príncipe olhando angustiados para as três garotas que seguiam para um futuro incerto.

– Que lindo, Lena. - disse Susana, quando seu cavalo trotou lado a lado de Augustus. - "Volta pra mim?"

Lena sentiu as bochechas queimando, enquanto Susana e Lúcia riam.

– Cala a boca, Susana! - ralhou Lena para a mais velha.

– "Pode precisar me chamar outra vez?" - caçoou Lúcia.

– Ah, quieta, Lúcia! - reclamou Susana, fazendo ambas as mais novas rirem.