Psico

Autenticando


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A autenticidade pode ser definida como gestos, atuações, pensamentos e a própria existência de um modo não pré estabelecido. Tudo que é influenciado por algo ou alguém, do modo que seu resultado final terá uma taxa de participação alheia, não é autêntico. Observando também que, na sociedade em que vivemos atualmente e no seu primórdio, basicamente não há algo que não seja meramente influenciado.

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Seríamos, então, não autênticos por natureza?

Não. A autenticidade é o que é verdadeiro, estabelecido por lei e visto como tal. Atuações e existências são verdadeiras, e não há a necessidade de uma regra para julgá-las. As mentiras e contradições, porém, anulam essa autenticidade e sua veracidade. A alma de uma pessoa, autêntica por natureza, mas corrompida por julgamentos falhos, mentiras secretas, abandono da verdade e outras coisas tal como grotescas não fazem parte do ser autêntico.

Seríamos, então, ainda autênticos?

Makishima Shogo é autêntico?


Um homem de estatura alta, com cabelos castanho médio lhe caindo meramente pela face, brincando com uma colher das mais antigas de metal numa xícara de café, sorriu. Seus olhos apertados e achocolatados não produziam o brilho comum que qualquer orbe teria mais sensatamente. Não, seus olhos eram brilhantes tais como um vidro polido milhares de vezes. Eles refletiam cada mísero raio de sol e qualquer espectador desavisado cegaria-se com tal luz.

Esse tal homem bebia com suas mãos duras e suadas firmemente presas a xícara. Ele possuía um grave problema de tremer em todas as circunstâncias suas mãos, e em caso de medo elas chegavam ao estado deplorável de derrubarem qualquer coisa que estivessem segurando. Triste, sim. E não eram poucas vezes que esse homem quebrava algo apenas apertando-o demais para não derrubá-lo.

Para evitar algo ruim, ele criava algo desastroso.

E era por isso que ele amava seu bastão de metal cravado de pequenas esferas pontiagudas: O quanto mais apertasse, mais firme ficaria, e quando mais firme ficaria em suas mãos, mais afiado cortaria o que quisesse cortar, como uma punição alheia em tudo o que ele aranhara e furara-se quebrando as coisas.

Tal força não era necessária. Ironicamente, as mãos do homem não tremiam no bastão de metal, tal como vibrassem e observassem com atenção todo o estrago que elas causaram apenas por serem desobedientes.

Nos dias anteriores, então, elas mais uma vez permaneceram quietas diante de um massacre. As mãos giraram e produziram força para triturarem, perfurarem, apertarem e baterem em mais um ser inocente. As mãos eufóricas e satisfeitas saíram do local manchadas de sangue, e com esse líquido viscoso contaminando-as elas não quiseram tremer para não desperdiçá-lo. Eram astutas. Eram parte do homem de cabelos castanhos.

A tremedeira era verdadeira, então ela era autêntica. O pavor do pobre ser atormentado por ela também era, e o dono de tais coisas era tão verídico como. Tudo no pobre corpo era autêntico, e seus olhos brilhantes refletiam essa verdade.

Não havia sensação mais verdadeira do que sentir o sangue de alguém falso deslizar por sua pele e não poder contaminá-lo.

O homem de cabelos castanhos também achava o outro homem, agora de cabelos brancos e olhos divertidos e amarelados autêntico, mesmo que essa palavra específica ele desconhecesse. Encontrara-o por acaso, sendo recomendado por um amigo dos mais inteligentes (um mestre na área de internet) e o homem despertara sua atenção. No dia suas mãos tremeram extasiadas, e em um breve período de conversa o tal homem também demonstrara interesse.

Semanas depois, ele pedira uma ajuda. Um plano. O homem de olhos brilhantes concordou, porque a autenticidade era tão clara no de cabelos brancos que ele não poderia negar. Partiu, então, para o local estabelecido e com gosto seu eu próprio e suas mãos brincaram com um corpo que deixaram morto.

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Bebendo, agora, o café, o homem de cabelos castanhos sorria para o de cabelos brancos. O de cabelos brancos lhe pedira outra coisa. Obviamente, o castanho concordara. Suas mãos tremeram levemente de ansiosidade.

Ele deveria abater outro tal como ele. De cabelos castanhos.