Aquela corrida toda fez Seiko suar, ela não aguentava mais correr. As lojas eram apenas borrões ao seu lado, e quando avistou o prédio da Kajinoya com seu grande nome escrito na lateral, diminuiu a velocidade até parar e se apoiou em seus joelhos ofegante. Tinha sorte de o uniforme da escola ser leve e não deixa-la com mais calor.

Levantou o rosto e viu a pequena lanchonete a qual Haru se referira e caminhou devagar até lá. Suas pernas doíam.

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– Bem... É aqui. – olhou ao redor até ver em uma das cadeiras, uma grande bola branca. Chegou mais perto e viu que era um gato gordo espremido na pequena cadeira, dormindo. – Bom, não custa tentar. – Seiko chegou perto do gato, mas ele não se moveu. – Ei. – ela disse e o cutucou. O animal abriu os olhos e a encarou. – Er... A Haru-chan me mandou aqui. Eu preciso muito de ajuda! Sabe dizer onde fica o Escritório dos Gatos? – o gato levantou a cabeça olhando mais fixamente para Seiko e só então ela percebeu uma mancha marrom em volta de uma das orelhas dele. O gato ficou em silêncio, e Seiko suspirou sentando em outra cadeira daquela mesa. – Não acredito... E agora o que vou fazer? Achar outra encruzilhada? Mal me aguento em pé... – e deitou a cabeça nos braços em cima da mesa.

– A Haru mandou você? – Seiko olhou para o lado e o gato sentara-se na cadeira. – Ela mandou? – por algum motivo aquilo ainda impressionava Seiko. Seria difícil se acostumar com gatos falantes.

– Sim. Pode me ajudar? – o grande gato a encarou alguns segundos.

– Me siga. – dizendo isso, pulou para o chão e correu para uma rua ali ao lado.

– Essa não... Mais correria! – lamentou-se a garota seguindo o gato.

A rua em que entraram era sem saída e viraram para a esquerda, incrivelmente as pessoas não estranhavam uma garota seguindo um gato. Em seguida, entraram em um beco a direita, e o gato subiu em um muro a alguns metros à direita. Seiko custou a se equilibrar naquilo, mas como passou correndo, não caiu. Depois o animal virou outra vez à direita, pulando em pequenos telhadinhos em cima de janelas de apartamento, a garota se sentia na aula de educação física saltando de um para outro. Até que o gato pulou e Seiko não teve tempo para pensar em não pular também, era um telhado de garagem e ela escorregou, mas conseguiu levantar antes de deslizar demais e correu novamente atrás do gato.

Ele passou por uma escada de uma casa ali ao lado e Seiko assim o fez. Então correu para outra ruazinha entre casas, já fazia um tempo que Seiko não via pessoa nenhuma. O caminho dava em outro beco, feito de grandes muros, e mais limpo que o primeiro. Subiu três degraus e se viu em uma alameda bem iluminada, ali também não havia ninguém. Olhou para a direita e o gato branco correu, passou por um arco de pedra, e ficou de pé nas patas traseiras. Sem nenhuma opção, a garota o seguiu.

Ao passar pelo arco, viu-se em uma pequena vila em formato arredondado. E com pequena vila, queria dizer em miniatura. Parecia feita sob medida para bonecas ou... Gatos. No centro, havia um grande poste de mármore com um pássaro em cima.

– Parecem casas de brinquedo... – comentou Seiko olhando ao redor. O gato branco foi até uma casa relativamente menor que as outras de cor verde. Tinha uma pequena cadeira ali, o gato sentou-se nela e colocou um jornal no rosto como se fosse dormir. – Mas... E agora? – perguntou Seiko.

– Espere Barão acordar.

– Barão? – o gato apontou para trás, onde havia uma vitrine, e uma estátua de gato ali. - Uma escultura? – a garota olhou em volta, e ao virar-se, viu o Sol se pôr. – Vai anoitecer. – então, a luz do Sol bateu nas janelinhas daquela vila toda, e refletiram na casinha verde.

– Agora vamos! Saia logo! – o gato branco resmungou se inclinando para a casinha. Logo, a luz do Sol foi embora, e um poste ao lado da casa e uma lâmpada em cima da mesma, acenderam-se. A pequena porta se abriu, e uma figura apareceu na porta.

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Era o mesmo gato que antes estivera na vitrine. Era muito parecido com todos os que ela já tinha visto nesses dias, mas tinha um corpo humano, e usava trajes elegantes incluindo uma cartola e uma bengala. Ele se aproximou de Seiko tirou a cartola.

– Seja bem vinda ao Escritório dos Gatos!

– Nossa! Você é o Barão?

– Sim, Barão Humbert Von Gikkinger foi o nome que a pessoa que fez me deu.

– Mas... Você era uma estátua!

– Esta dimensão é um pouco diferente da sua. Qualquer ser feito com sentimento tem alma! Como ele! – dizendo isso olhou para cima e Seiko seguiu seu olhar. A estátua de pássaro em cima do poste de mármore transformou-se num grande e belo corvo. – Esse é Toto!

– Muta, você tem trazido muitas visitas! – disse o corvo olhando para o gato branco, que ainda estava com o jornal na cara.

– Ela disse que a Haru a mandou. – Muta disse monotonamente.

– Haru? – disse Barão e se virou para Seiko. – Haru mandou você até nós?

– Hai! – confirmou Seiko. – Sou Seiko, e Haru me mandou aqui porque eu também tive um problema com o País dos Gatos.

– Todas as garotas fazem isso agora? – Muta perguntou. Toto voou até ele, pegou o jornal com suas patas e foi até a varandinha da casa verde. – Ei!

– Acorde bolo fofo! Temos que ajuda-la! – Muta resmungou alguma coisa e entrou na casa.

– Venha, conversaremos melhor lá dentro. – disse Barão fazendo sinal para Seiko entrar com eles na casinha verde.

Seiko engatinhou para passar pela porta e se agachou para conseguir entrar na casa, era um ambiente aconchegante.

– Sente-se aqui. – disse Barão sem paletó e cartola, apontando para um baú e ali Seiko sentou observando o ambiente. Toto apareceu no topo da casa na pequena varanda e Muta estava no sofá.

– Limão ou leite no chá? – Barão perguntou.

– Leite.

– Exatamente como Haru. – e lhe ofereceu uma xícara, tão pequena que ela beberia o chá em menos de um gole.

– Arigatou.

– É uma receita minha, não posso garantir que o sabor seja o mesmo todas às vezes.

– Haru-chan disse o mesmo quando fui tomar chá em sua casa uma vez!

– Ela disse? – perguntou Barão com um sorriso.

– Sim. – bebeu o chá. – Delicioso.

– Obrigado. Agora, - Barão sentou-se em uma poltrona. – Conte-me o que aconteceu.

– Bem, resumindo... Salvei a princesa Luna de ser atropelada, os gatos vieram me agradecer e... Me chamaram para ser madrinha do casamento dela com meu namorado.

– Ora... – disse Muta. – A princesa quis copiar seu irmão só para variar...

– Como assim?

– Aparentemente ela queria que o seu namorado a salva-se para ela usar a mesma desculpa que o pai quis usar para casar Haru com Lune. – disse Barão. – Mas ela teve que dar seu jeito sem isso e... Acho que ela não sabe da relação de vocês dois.

– E como você foi boazinha demais assim como Haru para salvar a gata, agora está nessa encrenca! – disse Muta.

– Onde estão seus modos?! – reclamou Toto.

– Calado galinha preta!

– Mas... – disse Seiko cabisbaixa. – Eu preciso salvar Noboru... Não posso deixar que o casem com aquela princesa! O gato que falou comigo hoje disse que ele está pedindo socorro... – os três animais olharam piedosamente para a garota. – Eu esperaria eles chegarem e iria sozinha, mas... Eu tropeço até no vento... Preciso de ajuda! Por favor! – Barão olhou para Muta com a sobrancelha erguida.

– Argh... Tá bem! – disse Muta.

– Iremos ajudá-la Seiko! – confirmou Barão.

– Ah! Arigatou! – disse Seiko feliz.

– Acho que eles não demorarão a vir busca-la... – comentou Barão recolocando seu paletó, a cartola e a bengala. – Vamos esperar lá fora. – dizendo isso, todos saíram da casa, mas Toto continuou na pequena varanda enquanto Barão lhe dava algumas instruções e Muta contava para Seiko a aventura deles com Haru e de como ele tinha sido heroico ao salvar todos.

Então, alguns minutos depois o gato caramelo surgiu da escuridão com muitos gatos cinza e foi até eles.

– Seiko-sama! Pelo visto compartilha de muitas coisas parecidas com a Haru-sama! Mas enfim, viemos busca-la, nyah! – disse o gato cor de caramelo.

– Ok, ok, tudo bem, mas... Eu tenho uma condição! – disse Seiko firmemente.

– Nyah? Que condição?

– Meus amigos tem que vir comigo. – disse se referindo a Barão e Muta.

– Er... Não sei se o Regente aprovaria essa ideia...

– Bem, se eles não forem eu não vou. Ai você vai desapontar o noivo da princesa e vai conseguir problemas com ela e logo... Com o Regente!

– Nyah! – gritou o gato cor de caramelo. – Problemas com a princesa?!

– Ela é horrível! – disse um dos gatos cinza.

– Não quero confusão com aquela louca! – disse outro.

– Vai ser muito peso, mas nada pior do que a punição que a princesa nos daria! – completou outro.

– Er... Tudo bem, nyah! – disse o gato caramelo por fim. Ao que parecia a princesa era uma tirana. – Podem subir!

– Subir? – repetiu Seiko confusa. Muta a empurrou e ela caiu em cima dos gatos cinza e pulou em cima deles. – Isso não machuca?

– Eles são feitos para isso. – disse Muta com um ar de sabe-tudo, mas os gatos aparentemente não concordaram com ele. Barão falou mais alguma coisa com Toto e se juntou a eles.

– Vamos! – disse o gato caramelo.

Então os gatos cinza começaram a correr, liderados por um gato preto e branco. Seiko se surpreendeu com quão rápidos eles eram pelas ruas. Quando eles foram em direção a uma parede, o coração de Seiko foi até sua garganta, mas uma espécie de portal se abriu e ao passar por ele estavam no terraço de um prédio, o qual desceram por sua parede e a garota não segurou o grito. Mas outro portal se abriu e eles foram parar em um parque, e por fim, atravessaram um portal em cima de um lago.

Depois disso, Seiko não se lembrava de quase nada, tudo parecia um contínuo borrão branco.