De Volta Ao Reino Dos Gatos

Salvando uma gata


Seiko dormia calmamente em sua cama. Seus cabelos castanhos sobre seu rosto enquanto dormia de bruços, sua respiração regular por debaixo das cobertas verdes enquanto a luz do Sol invadia seu quarto. Era dia da semana ainda então, ela teria que acordar para ir à escola. Seus pais já estavam tomando café da manhã e quando seu despertador começou a tocar ela se remexeu na cama, resmungando.

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Esticou o braço até a mesa de cabeceira e apertou o botão para desligar o despertador, que era um relógio digital e se encolheu na cama.

– Ah... Escola... Que droga... – resmungou sentando na cama e esfregando os olhos. Levantou-se ajeitou a camisola azul e quando deu o segundo passo escorregou em seu coelho de pelúcia e caiu de cara no chão fazendo um baque surdo.

– Tudo bem ai em cima? – gritou sua mãe da cozinha.

– Não... – Seiko disse se levantando e indo para o banheiro fazer sua higiene matinal. Voltando para seu quarto, já usava o uniforme da escola. Penteou seus cabelos e colocou sua bolsa no ombro, depois desceu as escadas indo para a mesa da cozinha, onde seu pai lia o jornal e sua mãe uma revista. – Ohayo mamãe, papai.

– Bom dia querida. – os dois disseram automática e mecanicamente. Estavam usando seus ternos, típicos do trabalho. Havia muito tempo que era somente com isso que eles se preocupavam. Seiko encheu um copo com suco de laranja e o bebeu, em seguida, montou um sanduíche com alface, tomate, queijo, e uma fatia de presunto.

– Bem, vou indo. – ela disse colocando o sanduíche entre seus dentes e ajeitando a bolsa em seus ombros.

– Ah, querida... – sua mãe disse enquanto ela calçava os sapatos.

– Chim?

– Eu e seu pai vamos sair numa viagem a trabalho e voltamos no sábado.

– Cherto. Até lá então. – e dizendo isso saiu para a calçada. Do lado do muro estavam dois gatos. Seu bairro não tinha exatamente muitos gatos, mas não era difícil encontrar um. – Oi bonitinhos! – ela disse se abaixando e tirando o sanduíche da boca para tirar dois pedacinhos de presunto e jogá-los para os gatos que comeram contentes.

Em seguida começou a andar pela calçada comendo, até que uma garota passou correndo por ela segurando uma maleta e com um rabo de cavalo mal feito.

– Ei Haru-chan! – Seiko gritou correndo atrás da garota que parou de correr.

– Seiko-chan? Está atrasada também?

– Não estamos atrasadas pode se acalmar. – Seiko disse com um sorriso simpático.

– Não? Ah, droga... Achei que estava atrasada e sai sem nem tomar café da manhã... – Haru choramingou enquanto voltavam a andar.

– Aqui. – Seiko disse partindo seu sanduíche ao meio e deu um pedaço para a amiga.

– Ah! Arigatou Seiko-chan! – Haru disse comendo o sanduíche avidamente.

Yoshioka Haru não era a melhor amiga de Minamoto Seiko, mas, era uma boa vizinha e uma garota gentil e agradável que sempre a ajudava quando tinha problemas. Às vezes era um pouco estranha, mas Seiko não ligava muito para isso. Foram juntas pelas calçadas o caminho inteiro conversando até chegarem à rua da escola.

– Haru! Seiko! – se viraram e viram Hiromi correndo até elas.

– Yo Hiromi! – disseram as duas em uníssono. E assim as três foram juntas pelo resto do caminho até o pátio.

– Seiko! – olharam para o lado e um garoto um pouco alto de cabelos castanhos claros e um pouco magro, Noboru, o namorado de Seiko vinha na direção delas e abraçou a namorada. – Oi meninas!

– Ohayo Inoue-kun. – disse Haru. – Bem, nós já vamos indo. – falou puxando Hiromi pelo braço deixando o casal rindo da cena.

– E então, como estão as coisas? – Noboru disse colocando o braço em cima dos ombros de Seiko e andando para dentro da escola.

– Meus pais vão viajar... De novo. – Seiko disse colocando seus sapatos no pequeno armário azul enquanto Noboru fazia o mesmo. – Às vezes acho que eles não lembram que eu existo...

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– Claro que lembram... Só não anotaram no bloco de notas. – Seiko riu com isso enquanto iam até a sala de aula. – Assim que eu gosto, com um sorriso no rosto!

– Isso não significa que eu deixei de pensar a mesma coisa.

– Pelo menos você ficou de bom humor. – ele disse lhe dando um beijo no rosto e indo para sua sala.

Seiko entrou na sala de aula e sentou no seu lugar de costume ao lado de Hiromi.

– E então hein? – disse Hiromi se virando para ela junto com Haru. – Você e o Inoue-kun... – levantou a sobrancelha.

– Hiromi, você é muito intrometida! – disse Haru.

– Estamos ótimos. – disse Seiko com um sorriso.

– Mesmo? – insistiu Hiromi.

– Por que toda essa curiosidade?

– Ela tem inveja de você ter um namorado e ela continuar encalhada. – disse Haru rindo.

– Nani?! Não é nada disso! Só quero saber se eles estão bem, para caso não estejam e eles terminarem eu possa me preparar para consolá-la e xingar ele! – disse Hiromi cruzando os braços.

– Como eu disse, pura inveja. – falou Haru e ela e Seiko começaram a rir enquanto Hiromi ficava vermelha.

– E o que aconteceu com o Tsuge-kun? – perguntou Seiko.

– Ah, o Tsuge-chan?! – disse Hiromi dando um tapa no ar. – Ele é passado! Estou em outra! Já estou de olho em outro garoto.

– Ele é do time de futebol. – cantarolou Haru.

– Calada Haru!

– É o zagueiro. – Haru cantarolou outra vez deixando Hiromi vermelha.

– Hm... Acho que sei quem é! Ele é bem bonitinho! – disse Seiko.

– Olha o professor chegou! – disse Hiromi se virando para frente enquanto Haru e Seiko riam.

~*~

Já era hora da saída e Seiko estava sozinha perto do portão quando viu Haru carregando duas grandes caixas, uma em cima da outra, e a de cima estava aberta e tinha bolas de futebol ali.

– Ei Haru-chan! – ela gritou indo até a amiga. – Vamos voltar para casa juntas?

– Er... Desculpa Seiko-chan. – Haru disse tentando equilibrar as caixas. – Hiromi me convenceu a ajudar o time de futebol com ela para ela se aproximar do zagueiro bonitinho. Você não tinha aula de canto?

– Não, é só amanhã.– Haru deu um passo para trás para tentar impedir que as caixas caíssem.

– Talvez na próxima. – a garota com rabo de cavalo disse balançando um pouco os braços.

– Então você vai ter que se contentar com o seu namorado mesmo Seiko. E ai Haru! – disse Noboru ajeitando a caixa de cima que Haru carregava.

– Arigatou. – disse Haru andando devagar para os fundos da escola.

– Bem, vamos? – Noboru disse oferecendo a mão a Seiko, que a segurou e assim eles foram embora.

Estavam andando nas calçadas de uma rua movimentada agora.

–... E depois eu tive que trocar a fralda dela, sinceramente, você tem muita sorte de ser filha única. – contou Noboru enquanto caminhavam.

– Bem, assim pelo menos eu teria companhia enquanto passo dois terços do meu dia sozinha.

– Sinceramente você já está parecendo uma idiota com toda essa história...

– Nossa, - Seiko soltou a mão do namorado. – Obrigada pela parte que me toca. – e cruzou os braços parando de andar.

– Você fica uma graça com raiva sabia?

– Nem tente!

– Anda, admite. – ela falou a abraçando. – Você é uma idiota quando se trata dos seus pais. – Seiko não respondeu, só ficou com a cara fechada. – Você sabe que é verdade. – a garota suspirou.

– Tudo bem, mas idiota é uma palavra forte demais para isso...

– Talvez eu mude a palavra se você me der um beijo.

– Isso é chantagem sabia?

– Sei sim. – os dois se inclinaram, mas quando estavam prestes a se beijar, um gato cinza se espremeu entre suas pernas e se esfregou neles e deu um fino miado quando estes se separaram enquanto se esfregava nas pernas de Noboru. – Acho que esse gato gostou de mim.

– É uma gata. – disse Seiko e a gata deu outro fino miado. A gata tinha um pelo cinza, quase perto de um tom de azul, olhos vermelhos e uma argola prateada no pescoço.

– Como pode saber? – questionou Noboru.

– Primeiro, é só olhar para ela. Segundo, uma mulher reconhece a outra. – a gata se enrolou na perna de Seiko e depois saiu andando. Ela foi para uma faixa de pedestres a alguns metros dali, Seiko a encarou. A gata estava parada enquanto o sinal estava fechado, quase como se esperasse alguma coisa. – Tem algo errado.

– O que foi?

– Eu não sei, mas... Tem algo errado. – ela encarou a faixa por alguns instantes. O sinal abriu e quando os carros começaram a acelerar, e a gata deu alguns passos para atravessar a rua. Seiko ficou paralisada um segundo e tentou correr até a gata, mas Noboru a segurou.

– Ei o que você... – ela se desvelhenciou da mão dele e correu.

Um carro ia velozmente na direção da gata, que andava normalmente. Correu mais rápido, não acreditava no que estava fazendo, mas estava ciente disso. Agarrou a gata e quando chegou à calçada, tropeçou e caiu de cara na areia com algumas flores em volta e a gata caiu ao seu lado.

– Ai... – Seiko disse massageando seu rosto. – Quase quebrei o nariz...

– Ah! Não! Não! Não! Saiu tudo errado! – Seiko olhou para o lado e a gatinha estava de pé nas patas traseiras segurando a cabeça e a balançando. – Não era para você ter me salvo! Não! Não! Não! – ela disse para Seiko enquanto limpava a poeira de seu pelo.

– Acho que bati a cabeça meio forte... – falou a garota esfregando o topo de sua cabeça.

– Não foi assim com Lune! Bem, tecnicamente foi assim, mas... Argh! Meu plano deu errado! – a gata continuou a reclamar. – Agora ele não vai fazer! Vou ter que dar um jeito porque a pessoa errada me salvou!

– Vo-você fala?

– Huh? Ah, sim. Obrigada por me salvar. – a gata se curvou. - Embora tenha estragado meu plano...

– Er... De nada e... Des. Culpe...?

– Tudo bem, vou dar meu jeito. – a gata se pôs de quatro como um gato normal. – Mas não serei ingrata. Irei agradecer você assim que conseguir o que eu quero! – e saiu correndo.

– Ha-hai... – quando a gata saiu de vista Noboru chegou.

– Ei! Você está maluca? – ele perguntou se ajoelhando para olhar para o rosto dela. – Tudo bem que foi por uma boa causa, mas... Foi loucura! Ah, cara olha esse galo na sua cabeça e... O que foi? – ele disse quando Seiko somente olhava para frente com um olhar vidrado.

– Hã? Ah! É que a gata...

– A gata o que?

– Ela... Falou comigo. – ela olhou nos olhos do namorado.

– Falou com você? – Seiko assentiu. – Ai Deus... Vem, vou te levar pra casa. – ele disse a pegando no colo. – Acho que você bateu forte a cabeça.

– Ei, eu posso andar!

– Melhor não arriscar. Além do mais você não viu sua queda, pode ter até fraturado alguma coisa.

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– Eu estou bem!

– Seiko. – ele a olhou nos olhos. – Você disse que falou com o gato! Eu não vou arriscar! – e foram em direção a casa dela, com Seiko se sentindo um bebê nos braços de Noboru.

Ela tinha certeza que havia falado com a gata, mas... Parecia muita loucura mesmo. Provavelmente fora só sua imaginação.