Camp Half Blood

Capítulo 16


Olhei-o com um pouco mais de atenção. Sua expressão era raivosa e ao mesmo tempo confiante. Eu iria partir para cima dele, porém fiquei acuada pelos olhos que espreitavam daquele nicho escuro, então achei por bem provocá-lo e tentar arrancar algo dele, ou simplesmente tirá-lo do sério.

- Carlos você parece mais magro. Tá de dieta? - Ele me olhou com fúria.

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- Não me provoque, Mary. Eu já estou cansado das suas piadinhas e indiretas.

- Mas ela não tá com indireta, eu achei que foi bem direto o que ela disse. - Ana respondeu, olhando para mim, e eu agradeci internamente aos deuses por ela ter entendido minha estratégia.

- Ana Paula, não me provoque. Vocês estão em desvantagem de poder, não deveriam ser tão insensatos e arrogantes.

- Nos obrigue a não ser. - Resmunguei.

- Tá e como você vai nos derrotar, Carlos? Com sua espada e os olhinhos vermelhos ali atrás? - Raul falou despreocupadamente. Aquele garoto com certeza tinha algum problema psíquico ou um ego muito grande. Em qual quer um dos casos, ele precisava de uma terapia.

- Por que está fazendo isso? - Ingrid parecia não acreditar que ele nos estava traindo. Não era novidade para ninguém que eles haviam tido algo, e isso era comentado em todo o Acampamento, até mesmo eu, que era novata, já sabia dessa história, que não havia dado certo, teve algum outra menina na jogada e ela se irritou e pediu distância, ou algo assim. Ela agora parecia prestes a chorar. Concluí que até mesmo para ele, essa situação devia estar sendo difícil. Pensei ter vislumbrado dor em seus olhos, mas seja lá o que foi, logo foi substituído por uma máscara de inexpressividade.

- Você quer distância? Então mantenha distância, simples assim! - Ele exclamou, olhando friamente para a Ingrid. Joy interveio e falou:

- Olha, você só tá aqui nos atrapalhando pra falar besteira? Desculpa, tá, mas a gente ainda precisa ir até o quinto dos infernos, literalmente, lidar com Hades, achar o elmo dele e voltar todo mundo feliz pra casa, okay? Se não quer fazer parte da missão, some!

- Joy, mas que diabos...? - Gigi começou a perguntar e levou uma cotovelada da Ana Paula, que apenas observava. Eu estava confusa, não fazia ideia do que fazer agora. De repente, Carlos olhou para mim e fez um gesto com a mão, e antes que eu percebesse, estava presa em uma bolha d'água. Roniara achou um jeito de arrebentar uma das portas e eu tentei gritar para eles correrem. Ingrid empurrou o resto do grupo e eles correram, aos tropeços. Ouvi o barulho de escadas e sorri internamente. Eles com certeza iriam se esconder e tentar pegar o Carlos de surpresa, ou deixar que ele fosse procurá-los e caísse em alguma emboscada. Porém eu duvidava que ele fosse ser tão imbecil a esse ponto.

Tentei me mover. Era como estar dentro de uma piscina flutuante, e por algum motivo, eu ainda estava conseguindo respirar. Ele me encarou e falou,sorrindo maleficamente:

- Vocês jamais imaginariam, não é? Chamo isso de prisão de água. Consegui desviar água de um velho encanamento quebrado aqui embaixo. Eu poderia afogá-la agora, mas gostaria que você sofresse um pouco, enquanto acho os outros e os aniquilo, e por último virá a Ingrid. - Ele sorria satisfatoriamente, e aquilo me irritava. - Agora vou atrás dos outros. Isso não vai demorar nadinha, logo eu voltarei.

Carlos subiu as escadas, com a espada na mão e eu tive vontade de bater nele até que ele morresse. A raiva era tanta, que eu senti minhas mãos formigarem, sinal de que iam se incendiar, mas ignorei a sensação, por estar dentro de água. Dei um soco na água ao meu redor e constatei algo emocionante: o fogo estava apagando, porém a água ao redor evaporava. Comecei a ter uma ideia. Se conseguisse forçar o suficiente e espalhar pelo corpo todo... Fechei os olhos e tentei me concentrar em espalhar o calor pelo resto do corpo e ao mesmo tempo tentei empurrar o suficiente para o exterior. Contei até três e empurrei. Consegui fazer evaporar a fina camada que segurava a bolha d'água e caí direto no chão. Dei um sorriso triunfante e corri para o sofá, onde as mochilas haviam sido empilhadas. Abri o bolso dianteiro da minha e tirei Aerys, minha lanterna-machado e subi as escadas delicadamente. Lá em cima, tudo estava escuro. No corredor, um grande relógio marcava quatro da tarde. Respirei fundo e abri uma das enormes portas. Era um quarto, provavelmente infantil, com um beliche, uma caixa de brinquedos e vários ursinhos espalhados sobre o tapete colorido. Lá dentro parecia não haver ninguém. Acionei o machado e segui, pé ante pé, para a outra porta. Era um quarto simples, com uma cama, um guarda-roupa e uma janela, que estava aberta. Tanto a roupa de cama quanto a mobília eram brancas, com exceção do enorme guarda-roupa, que era de madeira antiga e capaz de abrigar uma pessoa lá dentro. Uma de suas portas estava entreaberta, e eu estranhei. Ergui o machado e fui me aproximando devagar. Quando já estava bem perto, escancarei-a rapidamente e quase parti a Ingrid ao meio, enuqanto ela dava um gritinho e tentava se esconder atrás de uma pilha de casacos. Passado o susto inicial, nos entreolhamos e começamos a rir.

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- O que está fazendo aí, Ingrid?

- Passeando, o que você acha?

- Acho bom você sair do armário, que me diz?

- Acho bom você morrer. - Ela falou, saindo de lá.

- Tem mais alguém por aqui?

- Raul, sai daí. - Ela sussurrou para a parede e do nada, Raul apareceu ali.

- Mas que merda...? - Perguntei.

- Feitiço de invisibilidade. - Ingrid respondeu. - Sem mais perguntas, vamos sumir daqui e achar os outros.

Saímos dali e fomos delicadamente pelo corredor, Abrimos outra porta e demos com um banheiro enorme e bem organizado. Raul tirou um dracma do bolso e abriu a torneira. Jogou na água e pediu à deusa Íris para contatar o Acampamento meio-sangue. A imagem tremeluziu e o pátio central apareceu. Os campistas estavam reunidos nas mesas, em meio a algo que parecia um lanche comunal. Todos pararam de comer e olharam estagnados para a mensagem inoportuna.

- Oi galera, e aí? - Falei, acenando e Ingrid me deu um murro no ombro.

- Quíron, alguém chame o Quíron por favor. - Ingrid tomou a palavra, e numa das mesas, Iohanna levantou.

- Ele está na Casa Grande, se quiser posso ir chamá-lo...

- Não temos tempo,okay? Carlos se voltou contra nós e está nos procurando, ninguém sabe o que deu nele.

- E onde diabos vocês estão? - Gikah perguntou.

- Em uma casa vazia, na puta que pariu, em algum lugar além do fim do mundo. - Ingrid parecia apressada. Observei atentamente os rostos de todos os presentes na mesa. Alguns me eram conhecidos, como a Iohanna, a Deborah, o Juninho, a Giulia, o Wesley, e a outra Giullia. Alguns campistas porém pareciam exibir uma expressão discretamente sombria e um tanto quanto satisfeita. Aquilo pareceu perturbador.

- Enfim, tentem descobrir onde estão que mandaremos reforços. - Hanna parecia não saber o que fazer.

- Daqui que os reforços cheguem, a gente morreu. - Resmunguei, e Ingrid falou algo sobre termos que ir rápido. De repente, um dos campistas atrás de Iohanna levantou-se e puxou uma adaga, indo em direção a ela. Ingrid deu um gritinho, e a Gikah percebeu, dando um soco na barriga do garoto antes que ele tivesse chance de atacá-la. Outros se levantaram em seguida e cmeçaram um ataque. Um deles gritou "Morte ao Acampamento!" e saiu derrubando mesas. Nossos amigos estavam no meio da briga e pareciam lutar com furor. Alguém jogou algo e acertou a mensagem de Íris, que tremeluziu e desapareceu.

- Ai meu Zeus... - Ingrid estava pálida e não acreditava. Até mesmo Raul parecia chocado. Do nada, a porta do banheiro abriu e Carlos estava lá, com um sorriso do mal.

- Achei vocês. - Ele falou, e a torneira atrás de nós estourou, lançando água para todo lado.