Reprise Sa Chanson...

Cap. 15: A Herança


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–Você está batendo o queixo. - Jon falou, rindo de mim.

De fato, eu estava. Mas como não bater queixo? A temperatura havia caído o suficiente para eu ter de utilizar luzas e um cachecol. Como eu já havia dito: o frio aqui era significativamente rigoroso.

E eu ainda não havia entendido o porque de estarmos andando por ali aquelas horas da noite. Havia implorado pro Jon para irmos de manhã, mas NÃO! Tínhamos que ir ao banco aquelas horas...

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–Vamos, estamos chegando. - ele disse, virando a esquina.

–É bom mesmo... - falei, reparando em um certa fumacinha branca que saia da minha boca. Aquele tipo de fumaça que sai quando estamos com frio... Muito frio.

–É aqui... - ele disse, abrindo a porta de vidro.

Adentrei o local, amaldiçoando o ar condicionado ligado.

–Que droga! Esse povo tem amor por frio?

–Deve ser para esfriar a cabeça. Trabalhar em banco não é brinquedo...

–Como sabe disso?

–Não é meio óbvio? Quantas pessoas chatas e reclamonas devem passar por aqui todos os dias? Deve ser um saco.

–Tá, tá. - falei, encerrando o assunto. - Ainda acho que viemos aqui atoa, não tem ninguém...

Iria terminar meu raciocino, mas fui interrompida por um barulho alto. Virei-me rapidamente e notei um garoto desengonçado, se atrapalhando com vários papéis enquanto procurava passar por uma porta giratório. Pelo uniforme, supus que era um estagiário...

–Mas que merda... - ele sussurrava, enquanto conseguia sair pela porta. Abaixou-se para pegar algumas folhas caídas, e só então notou nossa presença. De uma forma negativa... Ele largou os papéis (todos os papéis) no chão e ergueu os braços. - O que vocês querem?

–Calma, amigo. - Jon disse. Ele se aproximou, e catou alguns papéis. Juntou-os e entregou ao garoto, que tremia bastante. - Sou Jon e ela é Melanie. Desculpe vir tão tarde, mas é que é uma emergência...

–Mas o banco já fechou... - ele disse, meio atormentado.

–Não iremos demorar. - falei, aproximando-me também.

–Mas...

–Olha, você não acha que seu chefe iria te recompensar se você fizesse hora extra? Se quiser, voltamos aqui amanhã e falamos isso.

O garoto ficou pensativo durante um tempo. E, depois de um longo suspiro, falou:

–Ok, ok. O que você querem?

–Queremos checar a conta bancária da mocinha aqui. - Jon disse, passando o braço por meus ombros, fazendo-me enrubescer.

–Certo, venham.

Seguimos por um porta (que não era a giratória) e fomos até a mesa mais próxima. O garoto sentou-se na cadeira atrás da mesa, e indicou outras duas para eu e Jon nos sentarmos. Feito isso, esperamos o computador ligar e logo os dedos ágeis o menino começaram a digitar.

–Qual seu nome? - ele me perguntou.

–Melanie.

–Só isso?

–Não. Sobrenome, - respirei fundo. - Carel.

Senti Jon me fuzilar, mas apenas o ignorei.

–Ok. Carel.... Aqui. Você trouxe os extratos?

–Sim. - puxei um punhado de papéis da bolsa. - Aqui.

Ele passou os olhos rapidamente pelos papéis mas logo parou. E olhou. E olhou. E abriu a boca, mas não disse nada.

–Estranho... - ele disse, voltando-se para o computador a fim de digitar.

Olhei para Jon, preocupada.

–O que houve? - ele perguntou.

–Ah-há! - ele gritou, me assustando. - Bom, Senhorita Melanie, parece que o sistema do banco fez um breve erro com sua conta. Confundiram a sua com uma menina de sobrenome... Carvalho. Esse povo! O que tem haver Carel com Carvalho?

–Tá... Mas, o que isso quer dizer? - perguntei.

–Quer dizer... - ouvimos o som da impressora ao longe. O garoto escorregou sua cadeira para o lado e rapidamente voltou com algumas folhas grampeadas em mãos. - que essa é sua real conta. Na última página, você verá o valor em dinheiro.

Peguei as folhas, receosa, e fui passando-as. Uma, duas... Até que cheguei a última. Jon se aproximou de mim, encarando a folha também. Ao final, achei o que procurava...

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Valor total:

Ouvi Jon prender a respiração. Eu engoli em seco e arregalei meus olhos.

Uma coisa é certa: nunca havia visto tantos zeros na minha vida...