Quando abriu os olhos, a dor já era menos sufocante e até mesmo o calor que o consumia parecia ter amenizado bastante.

Ao abrir os olhos, percebeu que o braço esquerdo se encontrava imobilizado pelas ataduras manchadas de verde pelo unguento que Kiki havia passado. A boca estava seca, então serviu-se da água que havia na mesa ao lado oposto ao braço ferido, permitindo segurar com o braço são.

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— Finalmente acordou. — comentou o ariano entrando no quarto, com uma expressão levemente abatida. — Como se sente hoje?

— Não sei... — respondeu Qüine ainda levemente confuso. — Parece que dormi por tanto tempo que nem sei onde ou quando estou... — e tentava se levantar, auxiliado pelo irmão.

— Dormiu quase o dia todo, e das poucas vezes que acordou, ficou delirando. — comentou o mais velho. — Ao menos a febre cedeu.

— Deve ter sido o que me deram para beber... — o outro comentou de maneira leviana. — Que gosto horrível!

Kiki puxava uma cadeira para se sentar quando, novamente, ouvia aquilo, soltando um suspiro.

— De novo isso...? Quando voltei com água fresca estava a chamar por alguém... Até disse “mamãe”.

— Eu disse? — indagou Qüine surpreso, vendo o irmão assentir. — Ah... Eu lembro de chamá-lo porque sentia sede... e alguém apareceu me dando algo para beber... mas não via nada! Por outro lado, sentia uma paz tão grande... Diferente daquele fantasma...

— Fantasma...? — Kiki franziu o cenho. — Olha, Qüine, ouvi-lo chamá-lo pela sua mãe eu posso até entender por que estava movido pelo delírio da febre. — e pausou, cruzando os braços e recostando na cadeira. — Agora, esse fantasma é algo que ficou praguejando desde quando o tiramos de Escorpião e isso está me deixando intrigado. O que estava fazendo no oitavo templo quando deveria estar dormindo como disse que faria?

— Ah, Kiki... Me dá um tempo...! — reagiu o Geminiano fazendo uma careta.

— Qüine você não é mais aquele garotinho que faz aquilo que dá na sua cabeça. — Repreendeu o lemuriano fitando-o seriamente.

— Talvez não fizesse se não ficasse omitindo as coisas de mim! — retrucou se voltando para o irmão. — Por que está sempre me escondendo tudo?

— Talvez não omitisse se soubesse que poderia confiar inteiramente em você sabendo que não tentaria fazer tudo à sua maneira. Não é assim que funciona! Já conversamos sobre isso. — pontuou o ariano incisivamente.

— Aquela garota quase morreu, Kiki. Aquela armadura... — disse apontando para o alto como que para o oitavo templo — ... quase a matou e ainda acham que eu não devo saber o que aconteceu? Fui eu que peguei o corpo dela esvaindo em sangue...

— E achou que indo lá sem a permissão de qualquer um a ajudaria com alguma coisa? — indagou Kiki indiferente à sua exasperação. — O que achou que poderia fazer lá? Aliás, por que dar seu sangue aquela armadura que, até o momento, se nega... SE NEGA, Qüine... a qualquer ajuda?

Qüine até mesmo tentou retrucar aquelas palavras, mas faltava-lhe argumentos, restando apenas se calar e socar a cama com a mão sã por aquela frustração. Ouviu o barulho de água e um copo sendo estendido a ele. Hesitou num momento, mas aceitou. Ainda sentia a garganta seca e ainda o gosto amargo daquele chá.

— Tudo bem... — disse após beber um longo gole, metade do copo com água, enxugando a boca com o braço. — Então me explique essa parada da armadura reagir daquela maneira tão hostil. Foi como se sentisse ameaçada, sei lá!

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— Eu não sei o porquê de ela estar reagindo assim. — Kiki confessou com um longo suspiro. — Só sei que está reagindo assim desde que Antares chegou ao Santuário... Talvez até antes, não tenho certeza. — e bateu de leve na perna, curvando o corpo para frente e arrumando-se na cadeira. — Ainda estava para restaurá-la na época, mas nunca ouvi falar que uma armadura pudesse ser assim, tão temperamental.

— Eu não imaginava que uma armadura pudesse ser capaz de reagir daquela maneira... — comentou Qüine, arqueando o semblante. — Embora lembro de minha mãe dizer sobre tornar uma armadura remota com o Cosmo de um cavaleiro. Ela ensinou isso ao meu pai. — e franziu o cenho, tomando nota do que leu no diário. — Mas não lembro de ela mencionar da possibilidade disso a ponto de projetar uma imagem fantasmagórica... — e arrepiou-se, involuntariamente. — Foi como se refletisse sua alma, sei lá!

— Lembro vagamente de os Bronze comentarem sobre encontrar a armadura vazia de Gêmeos quando chegaram ao terceiro templo, posteriormente descobriu-se que era Saga controlando-o[1]... — lembrou Kiki na ocasião, mas era ele quem franzia o cenho, percebendo o semblante de Qüine. — No entanto, você falou muito sobre isso em seus delírios... O que exatamente você viu?

Qüine ficou aturdido, forçando a se lembrar daquilo que lhe foi acometido na última noite. Inconscientemente virou-se para a direção onde seria o quarto onde Antares ainda estava acamada, uma vez que ainda estava em Áries, para onde foi levado após o ocorrido em escorpião.

"Aquela postura...", pensava ele enquanto se lembrava daquele 'fantasma' a atacá-lo e remetendo quando conheceu a aprendiz no Campo das Amazonas quando buscava o casebre onde viveu sua mãe. Lembrou-se da batalha que travaram, ainda que o próprio rapaz não estava realmente a lutar, somente a provocá-la. Aquilo soava realmente estranho.

— Eu não sei, Kiki. — respondeu, com um tom mais calmo e sério, incomum ao rapaz. — Não sei dizer o que ou quem era aquilo, apenas que parecia conhecer bem as minhas técnicas o bastante para se esquivar dos golpes com uma maestria incrível! — respondeu impressionado. — Aquilo sabia até mesmo caminhar na Outra Dimensão.

— Ahn? — reagiu o ariano levantando as mãos para o rapaz para cessar o que dizia. — Espere um momento, Qüine. Está me dizendo que, seja lá o que for essa coisa 'fantasmagórica' que diz, conhece o espaço dimensional? — indagou incrédulo, vendo o irmão afirmar com a mão na testa. — É sabido que Cavaleiros de Ouro tenham algum conhecimento da técnica uns dos outros, nada além do básico do básico, mas isso exige algo muito além.

— Mesmo eu ainda não tenho pleno conhecimento do plano dimensional. Não existem barreiras, apenas um horizonte infinito onde um único passo equivale a milhares de anos luz e que pode levá-lo a infinitos outros planos dimensionais. — explicava Qüine de modo mais didático possível. — Em outras palavras, mesmo eu posso me perder no plano. Seria como mergulhar num Buraco de Minhoca[2], mas sem um destino definido... mas aquele... fantasma... ele parecia saber muito bem por onde ir!

Kiki recostou na cadeira preocupado e pensativo sobre aquilo. Em todos aqueles anos, nem mesmo seu mestre, Mu, antigo Cavaleiro de Ouro de Áries, havia mencionado algo similar aquele presenciado pelo jovem e futuro Cavaleiro de Gêmeos. Não que duvidasse de suas palavras, mas se não presenciasse o estado que o encontrou e o Cosmo da armadura esmaecendo, soaria um tanto surreal aquela história.

— Qüine... — dizia Kiki levando as duas mãos, com as palmas juntas, frente ao rosto, à altura dos lábios. — O que exatamente você viu? — e percebeu a expressão do irmão, inexpressiva até. — Com o que se parecia esse... 'fantasma'?

O rapaz suspirou, deixando o copo já vazio na cabeceira da cama, ajeitando-se na mesma. Umedeceu os lábios como se tentasse encontrar palavras para definir aquilo. Por fim, deu apenas de ombros.

— Eu não sei. — respondeu por fim, fitando o lemuriano que o olhava intrigado. — Eu realmente não sei! Tinha uma silhueta humana... — e suspirou. — Mas não tinha uma definição em si. Poderia ser qualquer um ou ninguém... Ah! — e levou as duas mãos à cabeça. — Kiki... eu realmente não sei explicar o que vi. Tudo aconteceu rápido demais...!

"Como diabos explicar aquilo que vi? Aquela postura e todo estilo de luta daquela coisa...", pensava Qüine novamente virando a cabeça, discretamente, em direção ao quarto onde estaria Antares. "Aqueles olhos... Eu vi aqueles olhos. Era como os dela, mas...", e sentiu uma leve enxaqueca. Não poderia levantar uma falsa afirmação como aquela.

— Como disse, era como ver a armadura projetar sua alma ou parte dela... Sim, eu sei que parece louco o que digo. — defendeu-se o rapaz.

— Qüine, não quero que pense que estou duvidando do que disse, do que viu... — comentava Kiki de maneira cuidadosa. — Enquanto dormia eu lembrei da conversa que tivemos sobre as armaduras.... Sobre elas guardarem as memórias do cavaleiro que a vestiu, até mesmo da lenda sobre alguém que teria se tornado um com ela. — e pausou em suas palavras, mordiscando os lábios. — Não ficou impressionado com isso, ficou?

— Eu sei o que vi, Kiki. — comentou Qüine ainda fitando-o, sério. — Ainda que seja uma mera lenda poética de forjadores, aquilo me pareceu real o bastante para sentir a sua agulha entrando na minha carne. Isso não é um devaneio meu... Não me diga que...

— Eu não estou dizendo nada, Qüine! — afirmou o ariano fitando-o igualmente sério e incisivo em suas palavras. — Eu vi o Cosmo na armadura esmaecendo e o quão agressiva estava. E exatamente por isso devo lembrá-lo que elas não são meras indumentárias. O que fez, por mais nobre que tenha sido sua ação, desrespeitou a vontade dela e desencadeando essa... reação abrupta. Que isso sirva de lição. Mais uma! — e se levantou. — Chega de conversa e descanse. Irão trazer uma sopa para você muito em breve. E depois disso, trate de dormir de verdade, ouviu?

— Tem mais uma coisa que queria dizer. — comentou o rapaz vendo o irmão se levantar e caminhando em direção da porta. — Eu juro, só mais uma pergunta.

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Kiki respirou fundo, voltando-se para ele e fazendo menção para que perguntasse. No entanto, conhecia bem aquele olhar dele, e por alguma razão aquilo o intimidava.

— Por quê? — indagou Qüine com uma expressão rude. — Por que deixam Antares treinar com... com aquilo? — e aumenta o tom de voz, apontando para cima. — VOCÊS TÊM NOÇÃO QUE AQUILO PODE MATÁ-LA UM DIA?!!

O lemuriano fechou os olhos e respirou fundo, levando a mão na interseção dos olhos. Quantas vezes ele mesmo havia feito aquela pergunta e quantas vezes ouviu uma resposta que não lhe parecia condizente com o que via?

— Ordens de Athena, Qüine. — ele respondeu, embora seu tom de voz deixasse claro que também não aprovava aquela decisão. — Temos ordens para garantir que ela tenha acesso à Casa de Escorpião e que ela receba a devida atenção após isso. E, como você viu, ela ainda consegue fugir de nossos olhos sem que quatro Cavaleiros de Ouro percebam!

— ORDENS DE DEIXÁ-LA MORRER, É ISSO?!! — exasperou o rapaz com um tom incrédulo. — E se eu não a encontrasse, estariam com o corpo dela entregando ao barqueiro. É isso que querem?

— QÜINE...!! — Kiki estava perdendo a paciência, como poucas vezes acontecia e somente o Geminiano conseguia fazer. E o pior que, daquela vez, ele estava certo. — Muito bem, Van Qüine... — e cruza os braços, aproximando-se novamente alguns passos. — Diga. O que sugere quanto a isso?

— Do que adiantaria? Não me ouviriam mesmo. — retrucou, meneando negativamente. — Odeio esses malditos segredinhos...

— Aceite seu destino e torne-se um Cavaleiro de Ouro que esse segredo deixará de ser segredo. Quer saber o que está acontecendo, mas está pronto pra assumir a responsabilidade que esse conhecimento vai te trazer? — Kiki questionou, vendo o irmão fitá-lo.

— Essas responsabilidades incluem me contar sobre o meu pai que VOCÊ conheceu? — questionou de volta, vendo o ariano piscar aturdido. — Não se trata apenas de aceitar o legado do meu pai e sair por aí com a armadura de Gêmeos, mas do que aquelas pessoas lá fora... — e aponta para a porta, indicando o Santuário propriamente. — Poderão ver em mim ou através de mim. Será que vocês não entendem isso?

Os olhos do rapaz lacrimejaram, mas ele respirou fundo, segurando as lágrimas, virando o rosto.

— Não se trata apenas de segredos com Antares, Kiki. Eu tenho fantasmas que não são meus. — e voltou a fitar o irmão. — Eu ouço o que dizem do meu pai. Os mais novos não o conheceram e não sabem de mim, mas outros... — ele riu, mas denotando nervosismo. — ... esses me olham desconfiados como se me reconhecessem. Como aceitar um destino da qual não conheço ou que me negam a dizer? Eu quero aceitar o legado do meu pai, mas eu estou buscando saber sobre ele. Isso é o que Antares busca, Kiki? — e suspirou. — Enfim, deixa pra lá. Não posso saber mesmo, então... — e praguejou sem ganhar voz, recostando na cama.

Kiki apenas engoliu a seco aquelas palavras. Pensou em dizer algo mais, mas apenas deu às costas para sair reafirmando que a sopa já viria, deixando reinar aquele completo silêncio.

— Não vai me deixar ficar em Gêmeos, não é? — questionou Qüine, com um tom mais brando, mas também triste.

— Não. — respondeu Kiki com igualmente pesar, fingindo indiferença. — Quer... — e respirou fundo. — Quer que eu pegue o diário...

— Não... — o outro respondeu prontamente. — Vou... esperar a sopa... e dormir.

O lemuriano assentiu, deixando, definitivamente, o jovem Geminiano sozinho.

Quando a porta se fechou, ainda que não tenha sido fortemente batida, Qüine sentiu o impacto do quão duro foram suas palavras para o irmão, levando a mão aos cabelos e curvando o corpo para frente enquanto recolhia as pernas. Até pediria que trouxesse o diário, mas não queria que o irmão achasse aqueles pergaminhos que encontrara naquela área invisível do terceiro templo que ninguém parecia conhecer.

"Eu sou tão omisso quanto. Um mentiroso, até. Um hipócrita!", pensou, deixando a mão descer pelo rosto e lembrando da urna que havia encontrado, mas que emanava uma energia peculiar envolto de um manto que parecia sufocá-la.

Por fim, apenas se deitou, olhando para o teto e buscando entender aquilo que viu, aquela silhueta fantasmagórica, aqueles olhos. Apenas vinha um alguém em sua mente e aquilo o fazia se voltar para a parede ao lado onde sabia estar Antares.

Se é que ela ainda estaria adormecida.


───────.∰.───────

— Ele é mais difícil que imaginei. — comentou Merihk com os braços cruzados, recostado numa pilastra e olhos voltados para algumas armaduras empilhadas em suas urnas.

Kiki não necessariamente se assustou, nem mesmo ficou surpreso pelo Canceriano presente ali. Verdadeiramente ainda estava chocado e triste com as palavras do irmão que pensou responder, mas preferiu encerrar aquela discussão.

— Ouviu a discussão? — indagou ele, seguindo pela sala sob o olhar do Dourado.

— O suficiente e se me permite dizer... — respondeu cuidadosamente. — Por mais que eu ache o moleque mimado, e isso seja apenas uma casca, concordo com ele. Fazê-lo aceitar o destino, legado, seja lá qual for o nome que queiram dar, apenas para saber informações referente à mascotinha, seria uma irresponsabilidade.

— Eu sei. — respondeu Kiki, parando de costas ao canceriano, levando a mão ao quadril numa expressão de cansaço físico e mental. — Eu também não discordo dele. — e se voltou para o Dourado que já se aproximava. — O pior é que isso dói. Eu gostaria de contar-lhe muita coisa, mas nem mesmo eu posso dizer muito... — e olhou para direção do quarto, silencioso, sem presença de Cosmo ou qualquer energia que evidenciasse qualquer ação furtiva. — ... mesmo porque, aquilo que sei, é horrível. Triste. Como poderei dizer sobre o pai dele ser responsável, ainda que não fosse propriamente ele, de tanto horror, mortes...

— Mesmo eu apenas assumi quando preparado, Kiki. — comentou Merihk. — Dê tempo a ele. — e bateu de leve no ombro do lemuriano. — Qüine e eu temos histórias parecidas. Sei de suas dúvidas, de seus medos, mas ele é forte e confiante... — força um sorriso. — ... mas acho que não preciso te dizer isso, não é mesmo?

— Eu sei. — sorriu Kiki. — Quanto a isso, ele me lembra sua mãe, mas sua personalidade forte também seu pai... — e ficou sério. — E isso me dá certo medo.

— Ele não vai cair, Kiki. — comentou o Canceriano se voltando para ele, compreendendo aquelas palavras. — Sei que não gosta de falar sobre isso, mas... — e pensava um instante. — ... essa dita 'maldição' ou 'mácula' que há sobre Gêmeos, ele não vai se deixar sucumbir. Não perca sua fé nele.

— Eu acredito. — respondeu Kiki se voltando para o companheiro Dourado. — Apenas temo que, às vezes, Qüine me parece ser duas pessoas em conflito com ele mesmo. Como mesmo disse, uma casca guardando medo enquanto luta contra isso.

— Por isso digo que ele é forte. — sorriu o outro. — Ele não faz o tipo que se entrega. Seu brilho é intenso, tanto quanto seu destino.


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Ainda que sob grande silêncio, a armadura de Escorpião mantinha-se imponente em seu pedestal apesar de lacerações de antigas batalhas, desgastada pelo tempo em seu Oitavo templo.

No entanto, o seu Cosmo reagiu fazendo com que ascendesse gradativamente com intensas veias vermelhas à sua volta lembrando sangue, com a cauda do elmo erguendo-se no ar e a agulha do ferrão na ponta da cauda cintilasse preparada para um novo ataque. Contudo...

"OHM!"

Uma energia envolveu a armadura que reagiu aquilo, parecia querer desmontar-se, mas estava sendo impedida por uma incrível força que silenciava o brilho da agulha. A sombra de alguém vestindo a indumentária começou a se formar, parecendo resistir ao Cosmo que a cercava, mas sem grandes sucessos.

Tão breve quanto veio, logo desapareceu, embora a uma chama tivesse faiscado no local onde seriam seus olhos pouco antes. Ao contrário da cosmo-energia agressiva da armadura, uma mais serena surgia se contrapondo àquela.

"Acalme-se, Escorpião... Não há necessidade para tamanha agressividade"

Do ponto de luz no centro da sala. Duas perneiras Douradas surgiram tocando sutilmente o chão, acompanhado de uma capa branca com bordados dourados como seu interior.

— A sua ação foi um tanto... perigosa, tanto para o jovem Gêmeos como para sua pequena aprendiz que ainda se recupera dos ferimentos. — disse Klahan se aproximando da indumentária ainda envolta da sua redoma de luz. — Por muito pouco não provocou uma tragédia.

A luz intensificou-se sobre a armadura, conseguindo silenciá-la, por fim, fazendo a cauda ceder e repousar ao lado da indumentária quase morta em seu pedestal. Porém, um pouco de sua energia ainda era sentido.

— Ainda é cedo. Não é chegado o momento. Até que estejam todos prontos, deverei controlá-la, se preciso, até que tudo esteja devidamente alinhado... — e sorriu. — Foram muitos anos, e não permitirei que esta oportunidade seja perdida novamente.