E, para nunca perdermos o costume, meus pensamentos foram interrompidos! Isso não é meigo? As meninas estavam conversando entre si e eu apenas olhando para o nada, refletindo, quando um travesseiro atinge minha face. Sim, não foi muito complicado concluir que quem jogara fora Demi.
— Acorda, Fatinha! — Ela gargalhou.
— Oh, desculpe — Ri também.
Mas logo, mais interrupções; ouvimos algumas batidas na porta. Ju respirou fundo. Claro que se fosse Gil ou Mel ela não ficaria nem um pouco melhor.
Lia levantou e dirigiu-se para abrir a porta. E então, um sorriso bobo tomou conta de seus lábios. Alguém consegue adivinhar quem estava ali? Acertou quem disse Dinho.
— Oi, meu amor — Ela sorriu ainda mais e deu um selinho nele — Entre.
— Oi! — Ele se sentou do lado dela — Vim saber como Ju está — Olhou para ela com uma expressão engraçada.
— Uou, para quantas pessoas contaram? — Ela ironizou fazendo todos rir — Mas eu estou ótima, Dinho — Agora ela já sorria verdadeiramente.
— Que bom... Ah, Fatinha, Bruno estava vindo para cá também, mas encontrou Robert no meio do caminho e eles estão conversando.
— Robert? O diretor e professor? Eles são amigos?
— Bom, ele se formou ano passado...
— Acho que vou fazer uma visitinha a eles — Ju levantou correndo e limpando seus olhos.
— Para Ju — Gargalhei tentando segurá-la — Você é muito rápida.
— Eu sei. Agora vamos — Ela me puxou, e nem deu tempo de eu dizer um “tchau”. Todos que ficaram no quarto gargalhavam enquanto ela me empurrava até a porta.

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Assim que ela fechou a porta, esqueceu toda a sua pressa e voltou a agir como gente.
— Ju, sei que você fez isso só para não pensarem que você está sofrendo por causa de Gil... Não precisa esconder seus sentimentos.
— Não foi por causa disso, Fatinha. Se for para esquecer Gil, por que não com Robert? Ele é um ótimo partido. — Ela riu.
Logo, chegamos a onde eles estavam; ambos sentados no sofá em frente à TV e ambos rindo também. Suponho que a conversa estava realmente animada.
Cheguei e sentei-me ao lado de Bruno, que sorriu para mim murmurando um “olá”. Ju sentou-se em um pufe na frente do sofá. E então, só naquele momento eu percebera o quanto o seu vestido era colado e curto. E aposto que ela tinha consciência disto também.
— Oi, Bruno! Oi, senhor Pattinson — Ju falou sorrindo e fingindo formalidade. Esperta...
— Oh, por favor, não me chame assim. Não fora das aulas... — Ele riu — Sou apenas quatro anos mais velho que você.
— Ah, claro! E chamo como então? — O sorriso dela abriu mais ainda.
— Como quiser — Ele riu novamente — Vocês se chamam...
— Maria de Fatima... Fatinha — Falei pela primeira vez, e sorri fraco.
— Juliana — Com certeza o sorriso dela tinha intenções diferentes das minhas. Mas relevemos isso.
— Ju... Já ouvi falar de você.

— Espero que bem...
— Claro. Sinto que teremos um ótimo ano... — Ele a olhou de cima a baixo, o que a fez corar um pouco. Eu estava me segurando para não rir. O que será que ele ouviu falar dela para olhá-la desse jeito? Mas logo ele se levantou — Mas agora eu já vou indo. Já são quatro da manhã e amanhã temos aula, certo? Espero que não se atrasem — Ele riu com o tom autoritário que usou na última frase, e rimos também.
E logo ele se foi. Deixando uma Ju babando por cada pedaço do corpo que podia ser visto por ela até o mesmo sumir de nosso campo de visão. Todas aquelas gargalhadas que eu estava segurando, foram soltas ali mesmo. E eu vi que Bruno me acompanhava também.
— Como era a antiga Ju? — Perguntei ainda rindo, mas com medo da resposta. Ela revirou os olhos com um sorriso.
— Acho que deveria se preocupar mais com o horário do que com isso, será sua segunda noite mal dormida — Ela fez uma cara irritada, mas logo riu também.
— Já vou lá...
— Ah... Entendi! — Sorriu olhando para mim e Bruno. Falando nisso, ele estava tão calado...

Bruno ainda estava quieto; não chegava nem a olhar para mim. Ótimo que eu o encarava, e talvez isso o assustasse um pouco, mas eu já estava ficando preocupada!
— Aconteceu alguma coisa?
— Hã? — Ele pareceu “acordar”.
— Eu tinha perguntado se aconteceu alguma coisa...
— Ah! Não, não aconteceu nada, por quê?
Olhei-o reprovando-o.
— Talvez por que você não está falando nada, além de estar com o olhar totalmente distante. Desde que começou a festa! — Ele ia falar algo, mas eu o interrompi — Não, espera! Você está assim desde o início da festa, quando estávamos chegando e você começou a ficar tenso. É sério! Aconteceu algo?
— Já disse que não, Fatinha— Ele encarou o chão por uns instantes e voltou a me olhar — Eu só estou preocupado com a faculdade. Só isso, fique tranqüila — Sorriu.
— Com a faculdade?
— É... Sabe como é, início do ano...
— Ah, entendo... — Entendo nada, todos estão pensando que eu sou idiota?

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— Mas, então! Você e Lia se acertaram? — Ele pareceu ficar mais relaxado. Talvez por causa de o rumo do assunto ter mudado... Não que eu seja paranóica, ou perseguidora, é claro.
— É, parece que sim — Sorri apoiando minhas costas em seus braços, que me envolviam, como um colo.
— Ah, e Ju, como está?
— Incrivelmente, ela está bem! Claro que os olhos vermelhos e inchados dela já a denunciam, mas quando chegamos lá ela estava sentada lendo uma revista e sorrindo!
— Bem, isso é bom... Não é?
— Talvez. A não ser pelo fato de que Gil e Mel estavam transando no quarto ao lado.
Dito isso Bruno começou a rir. Na verdade, ele estava gargalhando e já estava ofegante por isso, mas nada que o impedisse de rir mais. E parece que foi contagiante, porque só naquele momento percebi o quanto a situação deles era cômica e comecei a gargalhar também, ficando com os olhos lacrimejados.

Alguns minutos se passaram e eu já estava no colo de bruno, com as pernas dobradas rente as suas, prestes a beijá-lo. Meus braços já enlaçavam seu pescoço, e eu já via o seu perfeito rosto se aproximando. Fechei meus olhos, e logo nossos lábios estavam se tocando.
Era incrível como ele conseguia ter absoluto controle sobre mim.
Logo senti sua língua fazendo o contorno de meus lábios cerrados, mas que logo ficaram entreabertos quando vi que ele queria aprofundar o beijo.
Suas mãos passeavam pela minha cintura, e de vez em quando desciam para a minha coxa. Mas logo ele as tirava dali, talvez se lembrando que eu não fazia o estilo “oi, pare de me beijar, vamos direto para a cama”.
Eu já ofegante, então parei o beijo com alguns selinhos. Não que naquele momento eu me importasse com a banalidade que era respirar, mas eu aproveitava cada momento que inspirava o ar para aspirar todo o seu perfume; aquele que me embriagava tão facilmente.
Sorri assim que abri meus olhos e vê-lo.
— Eu acho melhor você ir dormir — Sorriu enquanto passava seus dedos delicadamente sobre meu rosto.
— Ah não... — Resmunguei fazendo-o rir pelo nariz.
— Essa será a sua segunda noite mal dormida, como disse Ju. E eu não quero ser o culpado por você ser pega dormindo nas aulas.
Ri.
— Mas você também não dorme bem por duas noites, e... — Interrompi a mim mesma quando percebi o óbvio: — Ah, sim... Você já está acostumado — Revirei os olhos e dessa vez quem riu foi ele, assentindo.